quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Da Redação


Lei Seca no trânsito


A tal lei seca no trânsito, ao que parece, tem produzido ótimos resultados. Ao menos para as estatísticas de ocorrências policiais, atendimentos nas emergências e narizes das esposas, que não são mais obrigados a aturar o bafo de cachaça dos maridos todas as sextas-feiras. Só quem reclama são os donos de oficina e empresários do ramo boteco-etílico-pé-de-cana, que estão vendo seus lucros irem pro buraco.

Lei seca nas redações

Existisse algum dispositivo nas leis que regulamentam as atividades da imprensa prevendo a fiscalização bafométrica nas redações, e teria jornal de portas fechadas hoje.

Nós aqui do Da Redação, não sabemos o porquê de tal implicância. Dirigir um jornal sob os efeitos do álcool não oferece perigo para os transeuntes, ao contrario de determinados acometimentos desequilibrantes do indivíduo, que o faz precipitar-se em cima dos outros, desnorteado e sem saber pra onde aponta o nariz. Isso é um perigo, em festinhas e inaugurações.

Lei seca neste artigo

Em plena temporada de eleições e não se pode falar de política! Se fala bem, multa. Se fala mal, cassa, fecha, prende e arrebenta. É mole isso? Ficamos muito sentidos com isso, e é por isso que o pessoal se reuniu pra tomar uns tragos aqui. Chama o Morcegão, chama o Odacir Gagau, gente! Não, porque nos somos muito gente, ta sabendo? Alguém aí pode tocar “Ronda”? “De noooite/ Eu rondo a cidade.../ A te procurar...”

Poxa, cara, estamos mal. Mal mesmo... Eleições aí e nem podemos falar. Pó cara, não é justo.

Fecha a conta, moço.

Ai, minha cabeça.

Da Redação


Aumenta, que isso aí é Rock’n Roll!

Neste domingo 13 foi o dia do bom e véio Roquenrôu.

Se você curte Creedence Clearwater, o ronco e o ride de uma Harley-Davidson, Steppenwolf no último volume, entorna um whisky Jack Daniel’s ouvindo os guinchos lancinantes e certeiros de uma Janis Joplin, põe fé numa tatuagem muito louca, acende incensos para os Mammas & Pappas, usa um jeans podre e cabelos quilométricos, achou uma curtição Keith Richard ter cheirado as cinzas do pai ou, tal qual o fundamental Sergei, transou com uma samambaia e não tá nem aí, seu dia foi festejado neste domingão do rockão.

Desde uma tarde iluminada em Mêmphis, Tennessee, em que um ex-motorista de caminhão entrou possuído nos estúdios da Sun Records e mandou um “That’s all right, mama” que o mundo nunca mais foi o mesmo.

Parabéns para os três acordes: mais que um ritmo, é uma atitude, um estado de espírito. Existem garotões roqueiros de 65 anos, que não se conformam, contestam e querem mais. E existem velhos de 25, que ainda nem nasceram em seus hábitos mauriçolas.

Grande Sergei, santo padroeiro do Rock nacional.

Acendam uma vela, que ele gosta.

PS: breve teremos outro encontro de motos em Cabo Frio. Mesmo que você não seja muito chegado numa custom nem curta ficar cheio de mosquitos embaixo do sovaco após pilotar uma chopper, vale a pena conferir.

A trilha sonora dessas baladas costuma ser de primeira.

Rock’n Roll!!


Da Redação


A fúria de Odacir Gagau

O conhecido e municipalmente famoso empresário boteco-etílico-jornalístico Odacir Gagau está fulo dentro das calças. Segundo fontes relativamente sóbrias próximas ao denodado escroque das letras, o motivo da furibundice seria o sentimento de ter sido lesado, espoliado naquilo que ele possuía de mais característico e que o timbrava tal qual uma assinatura: a distorção desavergonhada de fatos noticiados e a crítica impiedosa levada à efeito pelo seu rival bicho-grilo, Duende Cabrunqueiro, contra outro abastado capitão de imprensa local.

Que Gagau tenha sido passado pra trás nas cipoadas aplicadas ao Morcegão da Mídia foi um baque em seu ego, isso todos os seus amigos da Rehab, onde ele e Amy Winehouse passam as férias de julho, notaram. Mas a gota dágua foi tomar seu café da manhã de Jack Daniel’s com bombom de passas ao rum, lendo amarronzado pasquim dar um verdadeiro nó nas declarações de uma figura pública de sua cidade. Isso, para seu pobre fígado, foi dose. Ou melhor, overdose.

Ele e Amy Winehouse continuam lá, agora piores ainda e no soro, recebendo alimentação intravenosa de Praianinha 99º.

Da Redação

Injustiça

Nós aqui do “Da Redação” também queremos a Policia Federal nesta coluna! Não é possível que só as elites encasteladas no poder tenham o privilégio de receber toda essa atenção. E o que é pior: não só monopolizam os cuidados da PF como, depois que os briosos rapazes vão embora, viram pro lado e dormem! Nem fumam um cigarro e perguntam se foi bom! É um absurdo!

Vejam só: chega aquela turma toda, altos, fortes e atléticos, com aquelas camisas pretas sensuais barrando todo mundo na entrada da prefeitura pra ficarem mais á vontade lá dentro e depois vem alguém, com a cara mais lavada do mundo, dizer que não era nada disso que estávamos pensando e que eles são apenas bons amigos!

Isso é modéstia, bofe?

Mau gosto

Realmente a velhice é um problema de junta, mas não é só o junta tudo e joga fora, não. São as articulações, mesmo. As juntas do joelho, que não se dobram mais para agradecer o fato de ainda estar andando por aí com os pecados prescritos, as juntas da coluna, que não se estica mais para tentar enxergar um passo á frente, e principalmente as juntas do pescoço, que não se curvam em respeito ao talento alheio.

Mau gosto é ter os horizontes curtos.

Diria Ibrahim Sued: os cães ladram e a caravana passa.

De leve...

Blog do Carlinhos

Deu no blog do Carlinhos (carlinhosbuzios.zip.net):

“O canteiro central que está há mais de dois meses sendo construído na Av. José Bento Ribeiro Dantas vem dando o que falar e já provocou inúmeros acidentes. Sem nenhum planejamento, a obra tem sofrido várias alterações. Sempre de acordo com o que pensa um secretário ou outro, ou ainda para atender comerciantes amigos do rei.

Ontem a tarde mais um caos no trânsito foi provocado pela decisão do corso Nani, que resolveu não insistir na ignorância de fazer obra sem projeto e sem responsável técnico.

A população agradece, embora esteja pagando muito caro por mais esta incompetência”.

É isso aí.

Wunderbar

Segundo divulga a Prefeitura de São Pedro da Aldeia, desde março de 2008 frases como Guten Morgen e Auf Wiedersehen se tornaram comuns aos alunos do CIEP 146 - Professor Cordelino Teixeira Paulo. Por iniciativa da secretaria de Educação do Estado, a escola passou a ter este ano a língua alemã como mais uma matéria na carga horária do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

Enquanto isso, o salário dos mestres continua eine groïsse scheiss.

Da Redação

Da Redação

Bloguices

Ler alguns blogs de campanha, que pululam como mastodontes em Cabo Frio, pode ser divertido na mesma medida em que – pior que ser tendencioso, é sê-lo burramente –dedões rombudos, encarquilhados pela artrose, digitaram que o episódio da conversa gravada entre o prefeito da cidade e o militante do PT teria sido apenas um truque, armado com a intenção de queimar as chances de reeleição do Sr. Mendes.

Realmente, a tal falta de irrigação sangüínea na terceira circunvolução parietal esquerda é grave mesmo. A esclerose – ou a conveniência – impediu o volumoso senhor de lembrar que foi noticiado que o próprio chefe do Executivo teria começado esse papo.

O tempo passa e tem gente que nem nota.

Bloguices II

O mesmo provecto senhor, neste mesmo blog, afirma que conhecido deputado fala isso ou faz aquilo, tudo através de “seu” jornal.

Pior do que imputar á alguém a propriedade de algo que não lhe pertence, é a maneira clara com que denigre colegas (pois supõe-se que o referido senhor seja jornalista), tachando-os de “assessoria de imprensa” ou mesmo anulando-os, já que tudo que aparece no jornal é creditado á outrem – e os pobres colegas de profissão, que ralam o dia todo, pelo jeito se transformaram em digitadores.

É com esse mesmo desprezo ao trabalho alheio – e a inveja, por ser bem feito e atingir o alvo – que tal senhor pretende colher simpatias para a candidatura de seu protegido, na esperança de ganhar um carguinho e dormir por 4 anos, pança farta e pêlo liso.

Bloguices III

E pra terminar, que já vai longo o assunto sobre este senhor – vela demais para tão pífio defunto – ele graceja que um aparelhinho de MP4 custou R$45 mil.

Gravadorzinho caro? Pior que a insinuação duvidosa seria a certeza de uma pagininha na internet que, tivesse seu protegido alguma chance, poderia custar 4 anos do dinheiro do contribuinte, pagando o estacionamento de um apaniguado em uma Secretaria qualquer.

Fora do páreo

A turma dos azarões anda muito nervosa. Calma gente.


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Eu fumo sim, e tô vivendo – ainda

Meu primeiro contato com o cigarro foi nos meus longínquos 14 anos, após chegar a conclusão que astros como John Wayne, Steve McQueen, Paul Newman ou Robert Redford tinham as mulheres aos seus pés após algumas baforadas sexies.

O tempo passou, mas o cigarro ficou. De coisa sensual, artigo de galã, o cigarro tornou-se a estrela amarela bordada na manga dos viciados, segregados em guetos sociais promovidos pelo nazismo anti-tabagista.

Tal ponto chegou o paroxismo da discriminação e preconceito contra os fumantes que hoje, se você acender um cigarro na calçada, em pleno ar livre, verá dezenas de narizes entortarem em sinal de reprovação pelo seu ato hediondo, poluindo o oxigênio idílico, paradisíaco e puro que essas pessoas respiram enquanto esperam um dos milhares de ônibus que circulam na cidade, tossindo grossos rolos de fumaça preta que – pasme! – ninguém reclama.

Me sentindo um dinossauro anacrônico, um verdadeiro Mercedão diesel enfumaçando o habitat de meus semelhantes, decidi um dia parar com o vício. Tentei de tudo: rezas, simpatias, adesivos de nicotina – que me deram uma vontade desgraçada de acender um cigarro, acendi e quase morri de dor de cabeça – e tudo o que se oferecia como solução para a chupeta do adulto.

Tantas foram as promessas milagrosas, as mezinhas receitadas por reputados macumbeiros, acupunturistas que vazam o pobre feito um boneco de vodú e produtos diversos vendidos nos canais de "compre-compre" da TV que resolvi listar abaixo algumas das mais amenas que tentei. Pode ser que porventura a alma que agora me lê resolva experimentar e - quem sabe - funcione.

Simpatia do Cabôco Chupa-Vela:

Vá a uma loja de artigos de Umbanda, Quimbanda ou Qualquer banda - desde que tenha uma preta véia lá dentro - e compre uma vela daquelas fininhas, uma outra daquele tipo que se usa em casa quando falta luz, mais uma de calibre mediano e por último uma vela de 7 dias.

No primeiro dia, acenda a velinha e fume.

Sim, é isso mesmo, você não leu errado: acenda a velinha, e não a preta velhinha senão a encrenca vai ser braba. Fume com gosto, com vontade, até a cera começar a escorrer pelos cantos da boca e o pavio aceso tostar a ponta de seu nariz. Repita a operação nos dias subseqüentes, sempre aumentando o calibre da vela.

Se tudo der certo, em 4 dias você terá parado de fumar graças ao selo de cera que vai vedar sua boca e impedir você de fumar, beber ou comer porcarias. É uma simpatia fantástica, pois você para de fumar sem engordar.

Por alguma razão, é uma das preferidas na comunidade gay, mas isso não vem ao caso agora.

Simpatia da piteira de antena:

Ache na rua um carro cuja antena esteja levantada, quebre-a e leve pra casa o produto de seu vandalismo.

Na parte mais grossa da antena, ou seja, no primeiro elemento, corte-o com uma serra de metais em um canudinho aproximadamente do tamanho do cigarro que você fuma e enfie alí dentro o seu Derby - ou, para os mais abastados, seu Roliúde. Acenda e, com a quentura transmitida pela brasa do cigarro em contato com o metal, fume até fritar a beiça.

Simpatia da Assistência do Estado:

Vá até uma boca-de-fumo e compre uma morra de uns 750 gramas da marofa.

Enrole seu baseado, vá na madruga até a esquina da rua Barreiros com Estrada do Engenho da Pedra, em Olaria, e acenda a beata quando o camburão estiver passando.

Com sorte os PMs vão providenciar o tratamento oferecido pelo Estado aos dependentes de droga, que consiste na aplicação de uma série de murros na boca, até você falar fôfo.

Após a terapia inicial, o Estado também oferece uma temporada de desintoxicação na Rehab da 22ª DP de Bonsucesso, junto com 3 crioulos que vão fazer você ficar ocupado demais para pensar em fumar o que quer que seja, além do que eles te derem.

Pois é caros leitores, tanta simpatia e nada adiantou. A verdade é que eu gosto de fumar e, a bem da verdade, em poucos momentos o prazer é verdadeiro: ao acordar, após as refeições, após um café feitinho na hora, após aquilo que os casais fazem...como era mesmo o nome?, e após ou durante uma bela, gelada e sorridente cerveja. Todos os outros cigarros torrados durante o dia são vício puro, e são exatamente destes que eu gostaria de me livrar, mas não adianta: tal qual o alcoólatra, o tabacólatra não pode sequer ter o primeiro gole – digo, o primeiro pito. Se der, degringola e não é próprio do viciado saber moderar suas doses: ou pára de vez ou nem tenta segurar a onda. Acreditar que vai apenas reduzir é rematada besteira e nunca funciona.

Assim, hoje prossigo em minha jornada solitária, enfumaçado e anacrônico, rodeado apenas por nuvens de nicotina e olhares de repúdio.

Mas não faz mal. Estou mesmo chegando em uma idade em que os prazeres da vida vão se tornando cada vez mais contemplativos.

E o cigarro é o ícone da inércia introspectiva.

Credo.

Em tempo: a nova baboseira agora é o Detran querer proibir o motorista de fumar enquanto dirige. Vamos e venhamos: porque então não fazer uma lei em que obrigue os fabricantes de veículos a separarem o condutor em uma redoma anti-dispersiva, isolarem o pobre de tudo o que não diga respeito á atenção obsessiva ao trânsito, pretendida por eles?

Segundo o Detran, não passamos de indivíduos oligofrênicos, incapazes de fazermos nada mais enquanto dirigimos. Nos obrigam a dirigir com as duas mãos, não podemos usar celular, agora será proibido fumar e em breve tenho certeza de que será proibido conversar com o carona, ouvir rádio e até mesmo xingar aquele chifrudo que acabou de te fechar porque estava prestando atenção nos gestos do guardinha de trânsito.

Caros iluminados do Detran: o caso é que tem gente que devia ser mesmo proibida de chegar perto de um automóvel, sob pena de morte. O Detran deveria fazer uma prova de habilidade específica para motoristas; só quem tem o dom de dirigir, poderá conduzir um carro ou o que valha. Mas com essa demagogia de querer nos fazer acreditar que qualquer parvo pode conduzir um carro a 100 km/h nas rodovias e – graças à este ato temerário, que entrega uma arma nas mãos de um macaco – proibir o pobre coitado até de sorrir ao volante, é pura palhaçada e um belo jeito de engordar os cofres.

A pergunta que não quer calar: se prestar atenção no trânsito é uma preocupação tão grande do Detran, porque a fiscalização do órgão não passa a fuzilar os imbecis que passam à 40Km/h em um pardal que indica máxima de 50? Ou o Detran também não confia nos velocímetros?

Quem sabe, dirige. Quem não sabe, pega táxi. Essa que é a verdade.

Walter Biancardine é jornalista mas dirige carro, caminhão, ônibus, moto, barco e até avião, se seu brevet não tivesse expirado.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Felicidade não tem graça

É um fato sobejamente conhecido que só a miséria alheia é engraçada.

Por acaso algum de vocês já morreu de rir com seu vizinho te contando que foi promovido no trabalho, vai ser transferido pra Nova York e ganhar um puta salário em dólar?

Qual a graça em contar que você foi numa festa na mansão de seu amigo, e lá encontrou a Juliana Paes, bateu papo com Caetano Veloso e ainda aceitou o oferecimento do Roberto Justus para que você, além de não precisar ouvir a música que ele canta, dirigisse sua Ferrari, só pra experimentar?

Quem encontrará algum motivo para dar gargalhadas sabendo da aventura de seu colega de trabalho, que foi escalar a Pedra da Gávea e no meio do caminho, ao invés de uma pedra, encontrou o amor de sua vida?

Francamente, somos uma raça de invejosos, onde só a desgraça do próximo nos alivia a bílis.

Muito melhor é se mijar de rir com seu vizinho contando que, após ser demitido por justa causa – pego roubando clipes do almoxarifado – não pagou o aluguel, foi despejado e hoje vive em Gramacho, no barraco de zinco que a sogra emprestou, cozinhando miojo com salsicha – sua dieta já há seis meses.

É hilário ouvir o relato do porteiro de seu prédio, pobre de marre-marré, contando que foi num frege-mosca promovido por um amigo e lá saiu na bolacha com o Edimilson, cabo da PM, porque ele não parava de dar em cima de sua nega Jurema. Mais engraçado ainda ficou quando ele contou de seus colegas serventes de pedreiro cantando “Liga pra mim” no karaokê que tocava “Os 392 melhores pagodes de 2008” e depois ainda curtiu a bicicreta que o Cráudio emprestou pra comprar suveja no seu Zé da birosca.

E melhor ainda é, segurando o riso, ouvir seu amigo encher a cara de cachaça no pior boteco da Praça Tiradentes e declarar-se corno perante todos os fregueses, ao desabafar sobre os verdadeiros motivos de sua separação da Creuza, após seu reencontro com aquele primo que ela não via há muitos anos.

Pois é, caros leitores. Meus 12 fiéis que me acompanham sabem que a felicidade é inimiga de minha criação e por isso me abstive, por tanto tempo, de meus acometimentos literários.

Tudo começou ao ir trabalhar no Lagos Jornal, empresa sólida, de renome, e onde pude aparecer – para suprema irritação de alguns seres – muito mais do que devia, na opinião dessas pessoas. Depois, encontrar o amor de minha vida fez com que meu ibope despencasse à quase traço, tornando anacrônica minha alcunha de “Atormentado”, afinal encher a cara e dar vexame pra quê, se agora está tudo às mil maravilhas com o coração?

E agora, para maldição eterna dos que gostam de bater um tamborzinho em intenção da desgraça alheia, o golpe de misericórdia: o sacrifício do último símbolo de um passado negro, o “Ogromóvel” Chevette 82, em favor da Bandida – uma reluzente Shadow 600 no melhor estilo custom, sem muito à dever às boas e velhas Harley-Davidsons.

De minha cama escuto, nas madrugadas, os gritos lancinantes daqueles que dedicam suas vigílias à amaldiçoarem minha felicidade e a enfiar os dez dedos no orifício retal, no intuito de rasga-lo inapelavelmente. É uma coisa patética.

Decididamente, não posso mais vender minhas misérias, eis que não faria mais sentido e soaria bastante falso. Vai daí, gastei meus dias e noites à procura de uma boa linha a seguir, um novo estilo, uma nova inspiração, sei lá. E a abençoada lembrança de Juca Chaves me veio em mente. Sim! É isso!, iluminei-me com a lembrança: "ajude o Juquinha a botar gasolina em seu Jaguar"

Assim sendo, comunico aos três ou quatro leitores que ainda me restam que doravante escreverei apenas para que vocês me ajudem a pagar a gasolina aditivada de minha Shadow e meu restaurante japonês, em companhia de minha amada, linda e cobiçada Andréa.

Sorry, periferia.

( Para ler com voz de tumba )

“Uma nota:

Comunicamos o sacrifício de Ogromóvel Chevette 82 ocorrido neste mês de julho, em Cabo Frio. Seu proprietário, com profundo alívio, convida parentes e amigos para olharem e babarem com ele passeando em sua Bandida, motocicleta pela qual o finado veículo foi sacrificado.

O passeio ocorrerá quando ele e sua linda e inteligente mulher Andréa bem entenderem, nas ruas mais selecionadas da cidade. Desde já, o feliz casal agradece todas as pragas rogadas e os olhares invejosos, que serão devolvidos em dobro o mais breve possível.”

( repetir ad nausean, enquanto o olho gordo durar )

Walter Biancardine é jornalista, casado com uma mulher linda de parar trânsito, trabalha no que gosta e ainda tira onda de Shadow por aí. Durma com um barulho desse!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

O Inferno é menos rude que o Céu e a servidão

No início do século XVI, homens como Leonardo Da Vinci, Michelângelo e Rafael redescobriam a antiguidade clássica, a arte e filosofia gregas, e ajudavam a virar uma página tenebrosa da história da cultura humana – a era Medieval. Os descobrimentos se sucediam, o mundo era, afinal, redondo e uma Igreja Católica combalida por tantas contestações à seus dogmas contra-atacava com uma furiosa Santa Inquisição, onde definir-se como livre pensador serviria por sí só de argumento para ser incendiado em uma das santas fogueiras da purificação cristã.
Nesse contexto luziu a estrela do padre alemão Martin Luther, advogado, teólogo brilhante e, temeráriamente, um observador crítico que concluiu que as práticas da Igreja não condiziam com as Escrituras.
A Igreja Católica crescera de forma incontestável desde o fim do Império Romano. Imiscuiu-se no poder, fez parte dele até que afinal tornou-se o próprio, o braço armado de Deus em uma Europa fragmentada em feudos.
O maior poder espiritual que a humanidade já vira tinha agora preocupações bem terrenas: precisava de dinheiro para conter invasões turcas, precisava de tropas, de bons generais, e principalmente, precisava da união indispensável nos momentos de ameaça. O Papa Júlio nada mais era que um déspota, guerreiro e mulherengo que esporádicamente, entre as inúmeras amantes e suas brigas com Michelângelo, usava uma batina. O poder era vertical, inconteste. E as despesas também.
Cobrando por orações, vendendo indulgências, amealhando heranças e destruindo quem ousasse discordar dos métodos arrecadatórios desse Estado, o catolicismo tornou-se um espinho para Luther.
“O inferno é menos rude/ que o céu e a servidão”.(Milton)
Obtendo seu Doutorado em Teologia, Martin Luther começou a discordar frontalmente do mercantilismo que assolava sua fé, os vendilhões do templo e suas relíquias, a máquina arrecadatória azeitada pela eterna culpa, fomentada pela dívida impagável do pecado original que, ninguém sabia pois as escrituras eram em latim, já havia sido mais que remido por Jesus Cristo, que jamais jogaria essa dívida em rosto de ninguém.
“Nulla salus extra ecclesiae”. Não há salvação fora da igreja. E Luther tornou a frase em “Não há salvação que não seja Cristo”. O Cristo Jesus era apresentado por ele como um Deus amoroso, um Deus de alegria, sempre perdoando os pecados de seus filhos, acolhendo-os em Sua santa paz. Um Deus de Gregos e Romanos. Uma diferença brutal para o Jeová dos Exércitos irado e vingativo, que visitava os pecados dos pais até a sétima geração dos filhos. E o alívio dessa carga tornou-se a principal marca de sua reforma. A abolição do uso de imagens, o fim das indulgências, a extinção do mercantilismo no movimento religioso que ele dera início eram apenas marcas exteriores. Os fiéis eram atraídos sobretudo pela Igreja gratuita e sem culpas impagáveis. Era o Pai, que chamava seus filhos de volta à Sua casa, agora com Sua Palavra impressa em alemão, ao alcance do homem comum, graças ao gênio de Guttemberg.
“Benedicti fructus ventris tuum”
Mas toda obra humana está sujeita a seus mesmos vícios e paixões, e Luther sofreu a infelicidade de ver sua contestação tornar-se uma guerra medonha que, mesmo nos dias de hoje apresenta suas cicatrizes mal-curadas, como na Irlanda. E pior do que isso, tornou-se o homem que abriu caminho para um comércio santo talvez mais danoso que o combatido por ele, já que se utiliza, nos dias atuais, de todo o conhecimento acumulado e desenvolvido em milênios de extorsão, opressão, domínio psicológico, lavagem do cérebro e dos bolsos.
“Eli,Eli lamah sabactani?”
A perversidade, a ânsia de dominar, o amor desenfreado pelo dinheiro e toda a carga simbólica que ele traz são inerentes ao gênero humano. O protestantismo, como obra humana, não poderia escapar aos vícios do poder. Nietzsche afirma que o homem vive e pensa por meio de símbolos. Somando-se este fato à uma primária psicologia de massas teremos outro instrumento arrecadatório tão ou mais eficaz que o combatido por Luther, já que conta com o auxílio luxuoso da mídia, para inocular em milhões de almas uma escravidão tão mais perigosa quanto mansa e cômoda, já que hoje o crente não mais precisa do desafio de pensar: o pastor pensa e decide por ele. E cobra por isso, suavemente.
Todas as formas de poder que a humanidade já viu seguiram a mesma trajetória. Impérios, instituições, grupos. Nasceram humildes, combatidos, perseguidos até o martírio. Começa então o crescimento, já usando esse sangue como chantagem para atingir degraus cada vez mais altos, cada vez mais rarefeito e distante de seus seguidores, cada vez mais voraz em suas despesas e cobranças. E a distância da massa que o sustenta provoca por um lado o mito, já que não há liderança que seja companheira, e por outro a inevitável opressão - fruto da falta de compaixão, perfeitamente humana, para com os que nos são distantes.
“Perdoai-os, pois não sabem o que fazem”
Em um momento no qual a Igreja Católica ensaia uma tímida mea culpa pelos seus pecados e tenta virar a página da opressão e do comércio da fé, o evangelismo protestante pratica, às escâncaras, tudo o que seu fundador contestou. E como um outro nórdico, austríaco para ser exato, já concluira em meados do século passado: o grau de discernimento das massas é muito baixo. Esta observação, feita por um homem medonho, atinge sua trágica comprovação ao constatarmos que o povo vai, por seus próprios pés, entregar-se à servidão e à espoliação de seu dinheiro e livre-arbítrio nos diversos e suntuosos templos evangélicos, espalhados como shopping-centers, pelo mundo.
Martin Luther foi um teólogo fabuloso, animado pelo mais ardente desejo de servir bem ao seu Deus. Uniu o pensamento à ação e empreendeu corajosamente sua reforma para consertar o que, aos seus olhos, acreditava ser consertável.
Esqueceu-se entretanto o mestre de uma passagem da Bíblia, que se repete à exaustão no livro do Eclesiastes: Vaidade de vaidades, tudo é vaidade e desejo vão. Nada há que seja novo sob o sol. Nem mesmo as idéias de mudanças.
PS: Um homem disse uma vez : "não sejam como os Fariseus hipócritas, que pensam que pelo seu muito falar, serão ouvidos antes de todos, no Céu. Por isso quando orardes, dize apenas Pai Nosso(...) e o Pai, que sabe o que necessitas, te dará o que precisas".
PS 2 : Ainda este homem: "Quando orardes, não façam tocar as trombetas diante de ti. Ora em segredo e o Pai, que te vê em segredo, te atenderá"
O rôto exibicionista fala das imagens do esfarrapado idólatra. E ambos faturam.
Feci quod potui. Faciant meliorem potentis

Walter Biancardine é jornalista e de vez em quando, faz umas coisas muito doidas.

domingo, 16 de março de 2008

O Sol Que Encontra Seus Olhos Verdes

Que a minha noite lhe traga a paz
e a tormenta na cama;
Que minha escuridão seja por tí perdoada;
Que o vento frio de minha vida se aqueça em seu Porto
E que seu porto seja eu mesmo -
enfim seguro.
Descanse em minhas madrugadas;
velarei teu sono em minha insônia apaixonada;
Descanse do passado, porque ele não mais é;
nosso novo dia começa,
e em seu despertar
minha vida, enfim, amanhecerá.

Surrealismo Buziano

Toninho Gump

O não-comparecimento do prefeito de Armação dos Búzios, Toninho Branco, á CPI que investiga irregularidades cometidas em sua gestão – à parte o surrealismo do Procurador-Geral do Município, que tentava explicar que sua ausência não seria, absolutamente, um não-comparecimento – reflete apenas o descaso com que a aparentemente pouca percepção conjuntural do Sr. Branco o permite agir.
Esta mesma conduta já rendeu ao chefe do Executivo buziano um lugar garantido no anedotário local (vide box abaixo), mas em que pese o lado simpático e até inocente que esta situação quase limítrofe sugeriria, sempre existirá todo o ônus das ações de seus auxiliares e dele próprio; encantado pelo poder, indulgente consigo mesmo e incapaz de discernir intenções alheias.
Em um premiado filme hollywoodiano – Forrest Gump – é feita uma metáfora de como o destino, representado por uma pena de pássaro que voa ao sabor do vento, conduz o personagem aos mais improváveis rumos, levando um homem sem maiores predicados á posições de destaque na vida.
Parafraseando a situação – não o personagem – do filme, poderíamos dizer que a pena do destino conduziu o Sr. Branco, Toninho Branco, ao inimaginável cargo de prefeito de Armação dos Búzios. Sentado na cadeira de chefe do Executivo, embebedou-se de poder e tornou-se pouco vigilante com suas próprias ações. Acreditou que, como o homem mais poderoso da cidade, poderia impor seus desejos ao corpo de vereadores. Acreditou que, escolhido pelas urnas, jamais erraria em seus atos. E, pior, acreditou que todos em volta estariam lá sem nenhuns objetivos outros que não o agradar-lhe.
O tempo e o isolamento imposto pela debandada dos homens de bem á sua volta, que não suportaram a surdez e cegueira decorrentes das insuficiências, apenas assanhou a enorme confusão no tardio raciocínio do prefeito, cuja Câmara de Vereadores – esgotados todos os limites da complacência e paciência – instaurou a CPI.
Resta agora que cada um pague pelas suas ações e omissões. E que o exemplo do corpo municipal de Armação dos Búzios consiga alcançar toda a região e retire os seus edis de eventuais posturas subservientes.
Em uma cidade justa, um parafuso de R$250 reais pode levar um prefeito para a cadeia. O que poderá acontecer, em uma outra cidade e por via de uma CPI justificavelmente instaurada, á um chefe do Executivo se ele não conseguir explicar onde gastou mais de US$300 milhões de dólares?

Pérolas de Toninho Branco


O secretariado de Toninho Branco


Assim que se elegeu prefeito, já se amontoavam sobre a mesa de Toninho Branco os pedidos para ser secretários em seu governo, feitos por um grupo que o apoiava. Sem saber como enfrentar a situação, Toninho Branco pensou, pensou e lascou:
- Hoje estou aquí, eleito prefeito desta cidade. Mas se eu não tivesse ganho, eu não teria sido chamado para nenhuma secretaria porque sei que não tenho competência para isso.
E concluiu o absurdo com uma lógica férrea:
- Como é então que vocês, que não ganharam nada, querem ser secretários?

O muro da vergonha

Na falta de coisa melhor para inaugurar, Toninho Branco resolveu promover uma festa para apresentar o novo e caríssimo muro de uma escola, muro esse que consumiu 70% do valor total gasto para edificar o prédio inteiro que ele cercava.
Em seu discurso de inauguração, Branco atribuiu a necessidade da obra aos inúmeros cavalos que pastavam ao redor e explicou, para horror e pasmo dos pais dos alunos:
- É tanto cavalo que não sei mais quem é criança e quem é cavalo!

Enchendo lingüiça

Inauguração de uma diminuta pracinha, nas proximidades da Rua da Lingüiça, Búzios. Novamente, para horror e desalento dos presentes, o prefeito Branco discursa:
- Esta praça foi inaugurada para a família de um amigo meu, e não para essas mulheres que sobem e descem essa rua cacarejando!
Algum áulico mais esclarecido tentou trazê-lo de volta á razão:
- Mas prefeito, assim o senhor está chamando todas as mulheres de galinhas!
Do alto de sua ciência, Toninho Branco fulminou o pobre ignorante:
- E é só galinha que cacareja?

Forrest Gump é assim mesmo, gente. Não mexe com ele não, que ele é doentinho.

Surrealismo Buziano

O não-comparecimento do prefeito de Armação dos Búzios, Toninho Branco, á CPI que investiga irregularidades cometidas em sua gestão – à parte o surrealismo do Procurador-Geral do Município, que tentava explicar que sua ausência não seria, absolutamente, um não-comparecimento – reflete apenas o descaso com que a aparentemente pouca percepção conjuntural do Sr. Branco o permite agir.

Esta mesma conduta já rendeu ao chefe do Executivo buziano um lugar garantido no anedotário local (vide box abaixo), mas em que pese o lado simpático e até inocente que esta situação quase limítrofe sugeriria, sempre existirá todo o ônus das ações de seus auxiliares e dele próprio; encantado pelo poder, indulgente consigo mesmo e incapaz de discernir intenções alheias.

Em um premiado filme hollywoodiano – Forrest Gump – é feita uma metáfora de como o destino, representado por uma pena de pássaro que voa ao sabor do vento, conduz o personagem aos mais improváveis rumos, levando um homem sem maiores predicados á posições de destaque na vida.

Parafraseando a situação – não o personagem – do filme, poderíamos dizer que a pena do destino conduziu o Sr. Branco, Toninho Branco, ao inimaginável cargo de prefeito de Armação dos Búzios. Sentado na cadeira de chefe do Executivo, embebedou-se de poder e tornou-se pouco vigilante com suas próprias ações. Acreditou que, como o homem mais poderoso da cidade, poderia impor seus desejos ao corpo de vereadores. Acreditou que, escolhido pelas urnas, jamais erraria em seus atos. E, pior, acreditou que todos em volta estariam lá sem nenhuns objetivos outros que não o agradar-lhe.

O tempo e o isolamento imposto pela debandada dos homens de bem á sua volta, que não suportaram a surdez e cegueira decorrentes das insuficiências, apenas assanhou a enorme confusão no tardio raciocínio do prefeito, cuja Câmara de Vereadores – esgotados todos os limites da complacência e paciência – instaurou a CPI.

Resta agora que cada um pague pelas suas ações e omissões. E que o exemplo do corpo municipal de Armação dos Búzios consiga alcançar toda a região e retire os seus edis de eventuais posturas subservientes.

Em uma cidade justa, um parafuso de R$250 reais pode levar um prefeito para a cadeia. O que poderá acontecer, em uma outra cidade e por via de uma CPI justificavelmente instaurada, á um chefe do Executivo se ele não conseguir explicar onde gastou mais de US$300 milhões de dólares?

Pérolas de Toninho Branco



Osecretariado de T

Assim que se elegeu prefeito, já se amontoavam sobre a mesa de Toninho Branco os pedidos para ser secretários em seu governo, feitos por um grupo que o apoiava. Sem saber como enfrentar a situação, Toninho Branco pensou, pensou e lascou:

- Hoje estou aquí, eleito prefeito desta cidade. Mas se eu não tivesse ganho, eu não teria sido chamado para nenhuma secretaria porque sei que não tenho competência para isso.

E concluiu o absurdo com uma lógica férrea:

- Como é então que vocês, que não ganharam nada, querem ser secretários?

O muro da vergonha

Na falta de coisa melhor para inaugurar, Toninho Branco resolveu promover uma festa para apresentar o novo e caríssimo muro de uma escola, muro esse que consumiu 70% do valor total gasto para edificar o prédio inteiro que ele cercava.

Em seu discurso de inauguração, Branco atribuiu a necessidade da obra aos inúmeros cavalos que pastavam ao redor e explicou, para horror e pasmo dos pais dos alunos:

- É tanto cavalo que não sei mais quem é criança e quem é cavalo!

Enchendo lingüiça

Inauguração de uma diminuta pracinha, nas proximidades da Rua da Lingüiça, Búzios. Novamente, para horror e desalento dos presentes, o prefeito Branco discursa:

- Esta praça foi inaugurada para a família de um amigo meu, e não para essas mulheres que sobem e descem essa rua cacarejando!

Algum áulico mais esclarecido tentou trazê-lo de volta á razão:

- Mas prefeito, assim o senhor está chamando todas as mulheres de galinhas!

Do alto de sua ciência, Toninho Branco fulminou o pobre ignorante:

- E é só galinha que cacareja?

domingo, 9 de março de 2008

Andrea

Dona de um olhar tão calmo....
E da calma que esconde a sede,
Da vida que resiste,
É semente germinando após a seca,
Gargalhada que ressurge.
E urge que haja vida!
Vidas paralelas,
Mesmos caminhos, mesmas direções,
Horários diferentes.
E basta de tanto passado!
Vidas paralelas
Mesmos erros, mesmas soluções,
Lembranças insistentes.
Tantas coincidências,
Tantos desencontros,
Vidas paralelas
Por tantos outros pontos
Vidas loucas, vidas belas.
E as paralelas dos pneus,
Na água da chuva, são duas
Estradas nuas,
Onde corres para o que é seu.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Gestos de mulher

Tantas palavras sua figura inspira,
Tantas belezas sua alma lembra,
Tudo o que é suave,
Tudo o que é bom;

Em céus tão altos você se encontra,
Entre anjos, a inveja
De tudo em você;
E meus olhos viram o Divino

O sublime que emana,
O perfeito que exala,
A vida que doa,
O amor que espalha.


A graça das formas,
Gestos de mulher,
Alegria criança,
Senhora de mim.

Tão impossível alcançar,
Eu, cuja única luz
intuiu o Divino,
A fagulha de Deus,
Você, mãe de minha criação
E universo.

Posso saber-te,
Mas não posso conter-te,
Meu Alfa e Ômega,
Princípio e fim,
A que sempre esteve.

Por isso me guardo
Em um sentir que é uma prece,
Por isso te dei
Minha vida, minha alma

Minha Andrea.
A que sempre esteve,
A que sempre foi
E sempre será.

Heeei!

Walter Biancardine é jornalista, mas tem bom gosto...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Quosque tandem, Prefeitura, abutere patientia nostra?

Justiça e democracia tem entre si um fundamento em comum, que é o contraditório. Na Justiça, o emprego deste recurso tem por finalidade o convencimento de culpa ou inocência através de provas, enquanto em regimes democráticos a contradição obedece – queiram ou não – á uma dialética que conduz ao consenso.
A tese tem, necessariamente, que estar aberta a absorver a antítese para que se produza a síntese, a qual poderíamos nomear “maioria”, de modo mais livre e figurativo.
Consequentemente, a imposição vertical de uma opinião viola conjuntamente a noção de Justiça e democracia, ainda que esta imposição tenha sido obtida – paradoxalmente – através da própria Justiça.
Não foi outra a atitude do governo municipal ao impôr o silêncio aos seus críticos, obtendo uma liminar que suspendeu a veiculação de um programa incômodo.
É necessário entretanto aplaudir o bom-senso dos Ministros do Supremo Tribunal Federal que, mesmo tendo por objeto de julgamento um caso diverso, veio em socorro contra os “paradoxos jurídicos” e, em sua decisão, abriu as portas á verdadeira liberdade de expressão.
Resta torcer para que os novos ventos de liberdade, soprados pela mais alta Côrte de Justiça do país, finalmente cheguem á cidade de Cabo Frio.

Walter Biancardine é um cachorro, segundo sua mulher. Por isso mostra sua erudição em latim.

Guarda Municipal vira cabo eleitoral

A Guarda Municipal de Cabo Frio é regida pelo mesmo estatuto dos servidores públicos municipais e, portanto, apesar da aparência militarizada, não adota ainda a hierarquia e disciplina militar. Esta é a alegação para a provável não-punição dos responsáveis pelo ato público diante da sede do Governo Municipal, realizada recentemente, onde tentavam impôr ao prefeito a aceitação da candidatura á vereador do coordenador de segurança pública, Cláudio Moreira.
Cabem, entretanto as seguintes ponderações:
1- Uma força auxiliar, ainda que desarmada, impõe sua presença ostensiva através da farda adotada. Essa mesma farda, que a distingue de todos os outros servidores, também simboliza o próprio poder municipal nas ruas. Ora, ainda que não seja contra nenhum regulamento, a manifestação pública – ainda mais a favor de uma candidatura política – realizada por homens fardados empresta automaticamente a anuência da Prefeitura sobre o ato ou a partidarização da instituição. E, caso negativo, revela uma completa falta de tato dos seus organizadores, ao permitir que o público veja uma aparente indisciplina e exibição inaceitável de força contra o próprio município, que cede amedrontado e promete uma futura audiência.
2- Seja quem for o organizador ou organizadores do movimento, provavelmente terá atrapalhado mais do que ajudado. Ao mobilizar um corpo fardado em apoio às pretensões eleitorais do coordenador de segurança Cláudio Moreira, colocou o próprio na situação incômoda de explicar que ele, coordenador e virtual candidato esteve alheio a todo este processo, já que seria o principal beneficiado pela pressão imposta pela Guarda.
3- O diretor da Guarda Municipal, Isaías Brandão, tem um histórico de esforços emprestados à instituição que dirige. Anos de trabalho podem ser colocados em xeque pela indisciplina "velada" de membros exaltados da corporação.
Com relação ao esvaziamento da reunião extraordinária do Conselho Comunitário de Segurança, ficou patente a opção das secretarias municipais em participar das mesmas apenas quando obrigadas a isso. Mais estranheza ainda causou a ausência das polícias na reunião, pois são membros natos do Conselho, e mesmo sem a obrigatoriedade estatutária do comparecimento, não poderiam se eximir à obrigação moral de emprestar seu apoio a todos os atos que tenham como objetivo a melhoria na segurança pública do município que atuam.
Já as associações de moradores, em grande parte corroídas pelas ambições políticas de seus líderes e pela distribuição de portarias municipais aos mesmos, conforme relatado na mesma reunião do Conselho, perdem-se em brigas umas com as outras e entre seus próprios integrantes, resultando em agremiações supérfluas e sem nenhuma atuação em benefício de seus representados.
A soma de todos estes fatores resulta em um quadro decepcionante pela falta de autoridade moral do Executivo cabo-friense. Esquiva diante de uma Guarda Municipal em franca indisciplina, omissa com relação à desatenção de seus secretários para com um importante Conselho Municipal e sem nem ao menos tentar falar mais grosso com os bancos da cidade, a Prefeitura Municipal de Cabo Frio, seu atual titular e seus secretários entregaram, ao que parece, os destinos do povo cabo-friense às mãos de Deus.

Walter Biancardine é jornalista e se benze só de imaginar uma Guarda Municipal armada.

Questão de tempo

Em resposta a uma nota publicada na coluna Panorama Político do jornal O Globo, que denunciava o avanço da prefeitura sobre a arrecadação de 2009, o secretário de Fazenda Clésio Guimarães afirmou, segundo matéria publicada na Folha dos Lagos do último sábado, que a Câmara de Vereadores concedeu autorização para um empréstimo de R$76 milhões, mas que apenas R$11 milhões teriam sido retirados até agora.
Ainda segundo a reportagem, o dinheiro destinou-se a pagar “alguns fornecedores que estavam sem receber desde o ano passado”, nas palavras de Clésio Guimarães.
O secretário de Comunicação de Cabo Frio, Roberto Pillar, também apressou-se a informar na mesma matéria que haveria um outro equívoco na nota. Segundo ele, o pagamento seria feito com os recursos de 2008, e não de 2009.
Trata-se de um artifício, uma ilusão de ótica para desviar a atenção do eleitor. Ao contestar os valores, tentam acobertar a gestão desastrosa que os motivou.
Uma Câmara de Vereadores generosa assinou um cheque em branco – o termo é, positivamente este – no valor de R$76 milhões, que representam 20% do recebimento dos royalties que podem ser adiantados; como um “vale”, só que encarecidos por juros bancários, ao gestor municipal. Se ele retirou “apenas” R$11 milhões até agora e insiste na tese de que precatórios devoram o orçamento municipal, é muita ingenuidade acreditar que não solicitarão o resto a que têm direito.
Nunca é demais insistir: o que ninguém explicou – e que aparentemente não conseguem ou não podem – são os porquês do empréstimo. Ninguém até o momento apresentou um único argumento que demonstre, de forma cristalina e matemática, aonde foram parar US$315 milhões de dólares, embolsados pela prefeitura ao longo deste mandato.
Por mais que o eleitor olhe em torno, não enxergará este dinheiro em formas de realizações, já que trata-se de um governo inerte e apático. O pouco que fez não custaria nem 10% dos milhões e milhões de dólares que sumiram ralo abaixo, no cano da incompetência. Por outro lado, nem o Sr. Clésio e muito menos o Dr. Roberto vieram a público para realizar uma clara prestação de contas de nosso dinheiro. Limitam-se à uma abjeta auto-piedade, lamentando-se e pintando o atual governo como uma pobre vítima de acusações maldosas e infundadas, em uma reação infantil e estéril.
O que o contribuinte cabo-friense exige é um simples relatório de débitos e créditos, onde as despesas sejam discriminadas de forma transparente e comprovadas através de auditoria, já que o voto de confiança nos atos do Executivo, a cada explicação mal dada, se esvai à olhos vistos.
E se a vontade própria do primeiro escalão municipal não for suficiente para fazer com que cumpram seu dever de nos justificar onde enfiaram nosso dinheiro, que a Câmara de Vereadores então se redima de sua generosidade excessiva, instaurando uma CPI que o esclareça.
O Cheque em branco está lá: R$76 milhões.
Para este governo, usá-lo é uma questão de tempo.

Walter Biancardine é jornalista, fala em milhões o dia inteiro e conta trocados pra comprar cigarros.

A coragem dos cães miúdos

“Calunia, calunia que algo sempre fica”, já afirmava o pensador francês Voltaire.
Ao que parece, a máxima bretã fez escola em terras cabo-frienses tendo em vista não só recentes e descabidas atitudes de alguns adversários políticos, como também seus comportamentos ao longo dos últimos meses.
Que jornais improvisados cresçam como erva daninha em épocas próximas de eleições é um fato previsível, já que existem para extravasar todo o ódio incontido em quem vê perdidas suas chances no pleito. Que sirvam de instrumento arrecadatório de editores sem escrúpulos ou talento suficiente para merecer um emprego nos diários da cidade, também é sobejamente sabido por todos. Mas que se prestem ao papel torpe de acusar uma figura pública da cidade, cujo comportamento e caráter é mais que conhecido por todo o povo de Cabo Frio; que tenham a absurda leviandade de tentar vincular esta pessoa à tentativa de acobertamento de um estupro e, de quebra, acusa-lo de roubo puro e simples, passa de todos os limites. Mais que o comportamento covarde dos cachorrinhos miúdos, que se escondem entre as pernas de seus donos para latir aos estranhos, a acusação é pura e simplesmente um ato criminoso, e como tal deve ser tratado.
Podemos conhecer a índole de nossos adversários através das armas que os mesmos se utilizam para nos combater. E quando essas armas se resumem à mentira, calúnia e ao mais covarde anonimato, sabemos que este ser, que certamente se dispõe a sentar na cadeira de prefeito em 2008, é apenas um covarde mentiroso sem a vergonha na cara necessária para mostrar sua face em público – ciente das baixezas cometidas.
Usando a juventude como escudo, disfarçando o ódio em ímpeto juvenil, o pretenso jornal tenta se travestir de um grito espontâneo de adolescentes cabo-frienses, o que só piora sua situação: ao esconder-se atrás de jovens, o infeliz personagem quase os contamina com sua imundície de caráter. Mas a juventude de Cabo Frio repudia tamanho insulto a si mesma, não se permite ser usada como massa de manobra e não acolheu os despreparados jornalistas em seu seio.
Igualmente nomes sem expressão, constante em expedientes de jornais primários, não significam nada pois que se tratam apenas de capachos alugados à custa de dinheiro e dignidade. O verdadeiro autor das calúnias evidentemente se esconde sob uma capa muito mais cristã, tal como o lobo em pele de cordeiro.
E este mesmo covarde mentiroso, que aluga consciências jornalísticas, colhe agora as conseqüências de sua fraqueza e falta de caráter. Sofre a triste dor de reconhecer em todos os seus atos a ausência de grandeza, dignidade e espírito público.
A paz das salinas o acolherá em seu devido tempo.

Walter Biancardine é jornalista, macho pra cacête e tá doido pra dar um pau em alguém. Vai encarar?

O precário argumento dos precatórios

Existem quantias em dinheiro que são tão elevadas para nós, pobres mortais, que nem sempre nos damos conta do quanto elas realmente representam.
A atual administração do município de Cabo Frio bate insistentemente na tecla de que o pagamento de precatórios, originados em outras administrações, foi toda a sua ruína e devorou, incontinenti, 500 milhões de reais.
Não é o caso de se somar agora quantas casas populares poderiam ser construídas com esse dinheiro, ou até mesmo o fato de que uma cidade inteira seria facilmente erguida do nada e ainda sobraria alguma coisa para uma bela festa de inauguração. Por menor que seja nossa noção do que são 500 milhões, alguma coisa todos somos capazes de imaginar.
O que vem ao caso agora é a insistente ofensa que a atual administração atira à população cabo-friense ao apontar precatórios como a causa de sua falência: é chamar o cidadão de burro; é ter a absoluta convicção que nós, que sobrevivemos de contar trocados, jamais teremos a real compreensão do valor envolvido; pior, é o surrealismo do raciocínio apresentado – alguns poucos milhões em precatórios, que teriam sido capazes de engolir os 500 milhões de reais arrecadados – somado à mais deslavada mentira, ao atribuir ao ex-prefeito Alair Corrêa a autoria de todos estes empenhos, agora pagos pela prefeitura.
Não entendem, os despreparados administradores atuais, que quanto mais insistem na cantilena dos precatórios que teriam comido 500 milhões de reais, mais gritam aos eleitores cabo-frienses sua incapacidade de gerir os dinheiros públicos.
E amparado por um argumento primário, Cabo Frio se vê atualmente desassistido de seus serviços mais básicos; a cidade se enfeia e se estraga a cada dia; saúde, educação, emprego e segurança foram pelo ralo, junto com os royalties.
Mesmo assim, por conta desta mesma rubrica, o município teve nestes últimos quase três anos uma fantástica capacidade arrecadatória, e isso se traduz em uma lógica e igualmente grande capacidade de endividamento, dada a realidade de um fluxo de caixa que foi entregue ao atual gestor gozando da mais perfeita saúde.
Usando o exemplo de uma empresa de transporte de cargas, qualquer empresário pode, com um contrato de serviços assinado em suas mãos, pleitear e conseguir o financiamento para renovar toda a sua frota de caminhões, mesmo sem ter recebido ainda um tostão de seu cliente. O contrato assinado tem fé entre as partes, é a garantia de recebimento dos devidos. Imaginem então, caros leitores, o que pode conseguir uma prefeitura, amamentada à farta por royalties e outras benesses da natureza, que asseguram aos seus credores sua solidez, poder arrecadatório e capacidade de pagamento?
A verdade é que esses precatórios, cuja origem se perde em décadas atrás, poderiam ter sido pagos de uma forma ainda mais suave que a atual, diluídos em infinitas prestações que a arrecadação certa do município permitiria. Nem vale a pena discutir os valores destes títulos; não importa o quanto representem para nós, cidadãos comuns. O que importa é que, para o mar de dinheiro que entra diariamente nas burras da prefeitura, precatório é fichinha, é gota de água no oceano que nem vale a pena discutir, quanto mais usar como desculpa para disfarçar incompetência.
Alair construiu Cabo Frio. Mas já deixou a conta paga.

Walter Biancardine é jornalista e não faz a menor idéia de quantas cervejas se toma com 500 milhões

Medonho, enfadonho e outros "onhos"


Inicio de carreira, ninguém me lia. O Odacir Gagau, glorioso e famoso de hoje, era apenas um ilustre desconhecido. Fiz então um blog, para satisfazer minha vaidade de ler em letra de imprensa o que escrevía.
Assim, até hoje tenho o hábito de vasculhar a internet em busca de outros blogs como o meu, para me lembrar e rir da desgraça alheia; rir do tempo em que eu era pobre, lascado e sem as boquinhas que desfruto hoje, graças aos anos e anos do exercício da escroqueria jornalística. Vai daí, descobri um que me chamou atenção: é de um tal Sr.Bloblonho, que se diz um grande homem de imprensa, um “velho capitão”, mas que ninguém que eu conheça sabe onde mais escreve, além de seu escondido espaço internético.
Realmente, é de dar pena: esse tal Sr.Ogronho escreve, escreve e não consegue um só jornal sem juízo o suficiente para publicar seus acometimentos.
Talvez tenha sido por isso que ultimamente resolveu endossar ofensas contra um conhecido deputado de minha cidade, destilando todo o recalque de não ter um empreguinho na rede de comunicação do genro do mesmo, e por consequência fica agora esculhambando tudo o que vê e lê nela.
O Sr. Obronho não sabe mais onde esconder a raiva, coitado. Como tem sobrevivido de fazer bicos catando latinha na rua, reciclando o lixo e seus escritos – o que dá no mesmo – agora tenta se aliar a caluniadores com mais tradição, na intenção de conseguir uma carona rumo ao estrelato.
Abraçou um conhecido radialista, dono do programa “Clô, para os íntimos”, que foi o primeiro a dizer em seu programa feminino de rádio que um político daqui tentava tirar um notório pilantra da cadeia. O radialista lançou o boato, uma folha de couve oportunista ganhou uma licitação em que se leiloavam consciências e todos usaram o dinheiro da prefeitura pra falar alto e fazer churrasquinho. Sr. Vergonho não é bobo, e quer pegar carona na mesma grana. E na boca-livre também.
Outro dia, furibundo, (segundo amigos, furibundão!) disparou que o jornal onde escrevo e que gentilmente paga meu Epocler e sal de frutas, faz distribuição gratuita nas ruas, e que ela lesa os leitores que já pagaram pelo jornal. O pobre sem-mamata esqueceu de dizer que só fazemos essa distribuição no dia após, ou seja, distribuímos jornal de ontem. Avarento convicto, não admite isso. Reclamou também que um monte de funcionários da prefeitura, demitidos só porque não queriam brincar de caça ao tesouro com o prefeito, recorreram a um programa de TV para reclamar. Ora, se esses exonerados que segundo ele “esperneiam” no programa televisivo, fazem um escândalo desnecessário, que boquinha então o Sr.Enfadonho não perdeu, pra chorar sozinho em seu blog? Dá até medo de pensar!
O fato é que nem na prefeitura de minha cidade agüentam ele. Não tem boquinha na rede de TV e nem com o prefeito birrento, coitado.
A única coisa que o Sr,Demonho sabe dizer é que esse conhecido deputado está preocupado com os últimos produtos da “Fantástica Fábrica de Calúnias”, criada pelo município e conduzida por Willy Wonka. Dá pra notar o quanto o Sr.Medonho obra e anda para sua própria reputação. Concluí que dissessem o mesmo dele, talvez chamasse o autor para pagar-lhe um chopp, afinal, alguém falou dele!
P
ara que ele não se sinta rejeitado por toda a imprensa, e conhecido que sou pela minha imensa piedade, resolvi por isso gastar meu espaço escrevendo sobre o despossuído homem de imprensa, imprensado em dívidas no armazém e com seus vizinhos já ameaçando cortar-lhe a gatonet por falta de pagamento.
Sola não, Sr.Dodonho! Ao menos eu, tive paciência de te ler! Tá famoso agora!

Odacir Gagau é jornalista, escroque, chantagista, seguidor de Chateaubriand. Bloblonho... bom, Bloblonho é blogueiro...rsrsrs...

Medonho, enfadonho e outros "onhos"

Inicio de carreira, ninguém me lia. O Walter Biancardine, glorioso e famoso de hoje, era apenas um ilustre desconhecido. Fiz então um blog, para satisfazer minha vaidade de ler em letra de imprensa o que escrevía.
Assim, até hoje tenho o hábito de vasculhar a internet em busca de outros blogs como o meu, para me lembrar e rir da desgraça alheia; rir do tempo em que eu era pobre, lascado e sem as boquinhas que desfruto hoje, graças aos anos e anos do exercício da escroqueria jornalística. Vai daí, descobri um que me chamou atenção: é de um tal Sr.Bloblonho, que se diz um grande homem de imprensa, um “velho capitão”, mas que ninguém que eu conheça sabe onde mais escreve, além de seu escondido espaço internético.
Realmente, é de dar pena: esse tal Sr.Ogronho escreve, escreve e não consegue um só jornal sem juízo o suficiente para publicar seus acometimentos.
Talvez tenha sido por isso que ultimamente resolveu endossar ofensas contra um conhecido deputado de minha cidade, destilando todo o recalque de não ter um empreguinho na rede de comunicação do mesmo, e por consequência fica agora esculhambando tudo o que vê e lê nela.
O Sr. Obronho não sabe mais onde esconder a raiva, coitado. Como tem sobrevivido de fazer bicos catando latinha na rua, reciclando o lixo e seus escritos – o que dá no mesmo – agora tenta se aliar a caluniadores com mais tradição, na intenção de conseguir uma carona rumo ao estrelato.
Abraçou um conhecido radialista, dono do programa “Clô, para os íntimos”, que foi o primeiro a dizer em seu programa feminino de rádio que um político daqui tentava tirar um notório pilantra da cadeia. O radialista lançou o boato, uma folha de couve oportunista ganhou uma licitação em que se leiloavam consciências e todos usaram o dinheiro da prefeitura pra falar alto e fazer churrasquinho. Sr. Vergonho não é bobo, e quer pegar carona na mesma grana. E na boca-livre também.
Outro dia, furibundo, (segundo amigos, furibundão!) disparou que o jornal onde escrevo e que gentilmente paga meu Epocler e sal de frutas, faz distribuição gratuita nas ruas, e que ela lesa os leitores que já pagaram pelo jornal. O pobre sem-mamata esqueceu de dizer que só fazemos essa distribuição no dia após, ou seja, distribuímos jornal de ontem. Avarento convicto, não admite isso. Reclamou também que um monte de funcionários da prefeitura, demitidos só porque não queriam brincar de caça ao tesouro com o prefeito, recorreram a um programa de TV para reclamar. Ora, se esses exonerados que segundo ele “esperneiam” no programa televisivo, fazem um escândalo desnecessário, que boquinha então o Sr.Enfadonho não perdeu, pra chorar sozinho em seu blog? Dá até medo de pensar!
O fato é que nem na prefeitura de minha cidade agüentam ele. Não tem boquinha na rede de TV e nem com o prefeito birrento, coitado.
A única coisa que o Sr,Demonho sabe dizer é que esse conhecido deputado está preocupado com os últimos produtos da “Fantástica Fábrica de Calúnias”, criada pelo município e conduzida por Willy Wonka. Dá pra notar o quanto o Sr.Medonho obra e anda para sua própria reputação. Concluí que dissessem o mesmo dele, talvez chamasse o autor para pagar-lhe um chopp, afinal, alguém falou dele!
P
ara que ele não se sinta rejeitado por toda a imprensa, e conhecido que sou pela minha imensa piedade, resolvi por isso gastar meu espaço escrevendo sobre o despossuído homem de imprensa, imprensado em dívidas no armazém e com seus vizinhos já ameaçando cortar-lhe a gatonet por falta de pagamento.
Sola não, Sr.Dodonho! Ao menos eu, tive paciência de te ler! Tá famoso agora!

Acomodações e conveniências

Tem sido recorrente nos últimos meses uma acusação fácil de que toda uma equipe de jornalismo, mais precisamente a da Rede Lagos de TV e Lagos Jornal, seria uma “assessoria de imprensa” do deputado Alair Corrêa.
Tal é o calibre da asneira, que não vale o trabalho de refutar. Mas, por outro lado, desperta a certeza da quantidade de políticos e jornalistas que travestem a apatia, o “em cima do muro”, em ponderação e equilíbrio – e que, de alguma forma, também estamos incomodando consciências preguiçosas.
Apenas referente ao jornalismo, vemos o espetáculo deprimente de homens que se esconderam covardemente durante períodos negros da história do Brasil posarem de sobreviventes de ditaduras, agora dirigindo toda sua moribunda libido para a obtenção ou manutenção de benesses e privilégios, o soldo da omissão “ponderada”.
Sem nunca tomar uma posição clara diante dos fatos, limitam-se a acusarem fulano ou beltrano de destempero em seus embates políticos, e poluem a própria classe jornalística – a qual pertencem – com a pecha de “assessoria”. Acusam a todos de ofenderem-se mutuamente sem apresentarem idéias, mas eles próprios nada oferecem a não ser gracejos impotentes, que demonstram claramente sua condição de vencidos e de quem concluiu que não tem estofo para lutar, pois o medo é demais.
Tal é o assombro daqueles que vieram ao mundo sem um propósito, espectadores da vida. Ficam perplexos, não conseguem conceber o desejo de alguém deixar a segurança da platéia e correr os riscos de subir ao palco da vida; o engajamento, a tomada de posição assumindo as conseqüências decorrentes. Em seu flácido raciocínio, ao tomar uma posição, um homem inevitavelmente desagradará a alguém, e esse alguém poderá, eventualmente, prejudicar-lhe o seu obeso e preguiçoso futuro.
Tamanha falta de macheza e brios causa engulhos, principalmente ao ver que esta espécie de jornalistas “ponderados” desfruta de um conforto pago por aqueles que mais se beneficiam com o silêncio dos omissos ou com a covardia dos pseudo-ponderados.
É uma gente que, se cair de quatro, não terá mais forças – e o que é pior, nem vontade – de se levantar. O ar de quem sabe de tudo, de quem de tudo já viu e já provou, em sua pretensa sabedoria enfastiada e blasé, só esconde um medroso, desfibrado e cego para os destinos de seu povo, focado apenas na modorra de sua poltrona e chinelos.
A equipe de jornalismo da Rede Lagos de TV e do Lagos Jornal está imbuída de uma idéia, vive uma missão e assume os riscos. Que o leitor concorde ou não com os pontos de vista emitidos, será uma outra história. Mas todos saberão, sem disfarce, a que viemos à esse mundo. No fundo, tudo não passa de inveja e despeito, de quem reconhece que o jornalismo do Lagos Jornal e da Rede Lagos de TV põe a “cara na reta”. E essa coragem eles não tem.
Os eventuais gracejos admirados servem apenas para realçar a diferença entre os que ainda crêem em algo e os que, em cima do muro, só pensam em seu próprio ventre, faminto e obsceno.

Walter Biancardine é mal-visto até hoje por seus colegas de redação por causa deste artigo

Prolagos X Ampla

Repórter adora uma boca-livre e eu, sem destoar da tradição, compareci ao simpático café da manhã oferecido pela Prolagos nesta quinta-feira, 10, organizado com o objetivo de apresentar não só seu novo diretor-executivo, Felipe Marcondes Ferraz, como também oficializar diante da imprensa o início da gestão de seus novos controladores – o consórcio CIBE.
Não vou aqui desfiar todas as estatísticas, números, projeções e outros quetais perguntados, respondidos e apresentados durante o evento, pois sei que a eficiente Cristiane Zotich, assessora de imprensa da companhia, terá o maior cuidado em apresenta-los à mídia local.
O que me levou a escrever estas mal-traçadas foi a constatação de que o erro fica sempre mais tolerável quando percebemos que existe uma real intenção de acertar, e é o que a Prolagos aparenta estar tentando.
Todos conhecemos o lado ineficiente, irritante e por vezes incompetente mesmo, da concessionária da águas e esgotos que nos atende. E minha constatação veio à tona quando lembrei que tão grande quanto – ou talvez até maior que o da Prolagos – é este mesmo lado negro, apresentado pela concessionária Ampla. Ali sentado, ouvindo as explanações de seu novo diretor-executivo, me dei conta que ali havia ao menos a preocupação de dar satisfações, explicar e demonstrar as reais intenções de acerto. Nem levei em conta o lado maravilhoso e abnegado que o Sr. Ferraz apresentou, afinal este é seu papel, mas apreciei o gesto de consideração para com os consumidores que pagam pelos seus serviços.
Já com a Ampla, o buraco é mais embaixo, me perdoem a expressão. Aliás, nem sei se haverá buraco, eis que nem mesmo um escritório na cidade a companhia mantém, como se não fôssemos dignos de tanto.
Escondidos da indignação popular em um distante prédio em Niterói, seus chefes e executivos sentem-se à vontade para persistir na política que acredita sair mais barato para a companhia pagar eventuais indenizações à clientes irados do que investir na modernização da obsoleta rede da qual ela se serve.
Ignorando solenemente a imprensa, sem dar satisfações de seus atos – os quais só existem pela concessão outorgada pelo povo – e demonstrando um notório nojo daqueles que são seu sustentáculo, os consumidores, a Ampla passa ao largo disso tudo ancorada na crença da eterna tolerância do brasileiro e na passividade e conivência do poder público.
Para eles, uma boa imagem nada significa. É o conceito grosseiro que consideração e preocupação em bem atender não passa de rematada frescura – já que o importante é lucrar. E nesse rumo prossegue a Ampla, cada vez mais antipática aos olhos de seus clientes, sem opções diante do monopólio privado.
Entre um cafezinho e uma explicação do Sr. Ferraz, concluí que realmente ambas cometem erros às dúzias. Mas a Prolagos ao menos tenta melhorar.

E os salgadinhos estavam ótimos!

Walter Biancardine é jornalista e ameaçou pedir demissão se não fosse escalado para cobrir o evento e comer os salgadinhos.

Mofando na fila do Banco do Brasil

Sexta-feira, dia 4, o feliz dia de recebimento de meus caraminguás.
Cheque em punho, lá fui eu rumo ao Banco do Brasil para descontar tão precioso documento, que garantiria meu sustento até o próximo mês.
Ao adentrar a agência, a cena menos desejada e infelizmente a mais vista: uma fila indecente que engolia a pressa do clientes, cuja evolução era dosada pelos apáticos e indiferentes funcionários, imunes à demissões ou reprimendas de qualquer espécie, já que são funcionários federais.
Meu horário de chegada: 12:30. Meu horário de saída: 14:20
Cinco caixas atendiam umas cinqüenta pessoas – numero até nem tão alto – mas cujos infelizes componentes eram obrigados a ceder a vez aos incontáveis idosos que penavam em sua fila preferencial e eram atendidos em todos os balcões, para ver se assim desafogavam um pouco o salão.
Faço aqui um parêntese para dizer que nunca entendi essa história de fila de idosos em um país cuja população maior de 65 anos é cada vez mais numerosa. Destacar um só caixa para eles é tumultuar não só a vida dos idosos, pela ineficiência, como também atrasar os outros clientes, que precisam ceder a vez nos caixas comuns. O correto seria aumentar o horário de atendimento ao público, separando toda a parte da manhã apenas para atender à terceira idade.
Voltando ao meu tormento: protestos esparsos, resmungos eventuais e até mesmo sorrisos conformados com o próprio desrespeito sofrido podiam ser vistos naqueles que compunham a fila dos desafortunados. Um solitário funcionário tentava organizar uma espécie de triagem para apressar as coisas, mas era em vão. Irritado, confesso que cedi à vaidade e disse à ele: “ – Quando eu sair daqui, vou fazer uma reportagem sobre isso.”
E o tempo continuou passando, alguns espertinhos que sempre aparecem nessas horas tentavam furar a fila, outros, com um hábito tipicamente tupiniquim, postavam-se quase que sexualmente colados na gente – incrivelmente indiferentes à misturar seu suor aos suores alheios – e assim permaneci, perdido em cálculos para me distrair do tédio e concluindo que, naquele ritmo, eu levava seis minutos para percorrer um metro de fila.
Foi quando o funcionário responsável pela triagem voltou, me chamou e sutilmente comentou que falou com o gerente e ele mandou perguntar se eu tinha algum título para pagar ou algo assim, e se ele poderia me ajudar.
A cultura da corrupção parece que está no DNA de alguns brasileiros, mesmo. Respondi que eu não queria nenhum privilégio, que estava ali apenas para descontar um cheque e que iria permanecer na fila, até que chegasse minha vez de ser atendido e eu marcasse no relógio o tempo que levei.
Me abstraí do discurso em prol dos funcionários que ele fez, até porque, por mais que as maiores decisões venham das matrizes, um gerente tem autonomia suficiente para determinar o numero de caixas abertos.
Nesta mesma viagem de pensamento, relembrei as bravatas de nosso prefeito, que fez questão de mostrar sua macheza falando grosso com uma renca de gerentes, completamente indiferentes ao que ele falava. E lembrei também a tão mal-falada história da venda da folha de pagamentos dos funcionários da prefeitura e o posterior silêncio absoluto sobre qualquer assunto que lembrasse filas de banco, por parte do chefe do Executivo. Uma grande coincidência.
Acordei de meu devaneio sendo chamado ao caixa, uma hora e cinqüenta minutos após entrar na fila, certo de que meu almoço naquela altura do campeonato já tinha ido pro buraco.
E agora, sr. Prefeito? Acho que o senhor devia engrossar com os bancos novamente. Afinal, terem pago pela folha de pagamento da cidade não vai afetar sua imparcialidade.
Ou vai?

Walter Biancardine é jornalista e se acha importante pra cacête

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Tempo, tempo, tempo...

No tempo que você não está, não durmo
Todo tempo que você não esteve, nem vi
Sua ausência, sua falta em tudo
Não vivo, não vejo, não durmo.

Mas cada minuto que passa, um a menos me separa
Em cada minuto que estamos, um a mais me dá vida
Afinal feliz, afinal tranqüilo, seu cheiro na sala
E o peso de antes me vence, sem pensar na partida.

Vivemos de horas, de grãos, de instantes
Enchendo duas vidas que já foram vazias,
Quero seus dias, seu destino restante
Sem sono ou cansaço, nada sacia.

Perdoe meus erros,
E o que faço de errado;
Mas, a viver sem você
Melhor morrer á seu lado.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Movido à esculacho

Confesso, em meu nome e de meus coleguinhas ociosos, que esta é uma época muito triste.
Fim do horário de verão, fim do carnaval, fim do verão, fim das grandes férias começadas antes do Natal, data em que o país literalmente pára, permitindo que uma nação de adolescentes se delicie com os novos comerciais de cerveja, com a expectativa das novas modas e com a excitação porno-colegial da disponibilidade mulherística nas praias, nas ruas à tardinha tomando sorvete, juntamente com o irresistível impulso feminino de namorar nas férias de verão.
É a época do acasalamento! São as férias infantis de um país cuja grande massa populacional estacionou nos 17 anos, mãos peludas e cara sarapintada de espinhas, exigindo 3 meses de ócio, irresponsáveis sobre as catastróficas conseqüências econômicas para a nação.
Que pena que a alegria obrigatória do carnaval acabou! Que pena que não vamos mais poder brincar os festejos de Momo, como sejam, desfiles de carros com malas abertas exibindo à todo volume as músicas tradicionalmente carnavalescas – o creu, sucesso absoluto, e todos os outros funks sem os quais não há carnaval – muvucas intransitáveis, brigas, tiros, engarrafamentos e muita, muita risada....o povo adora isso!
Sinto um arrepio quando o carnaval começa e tenho a nítida certeza de que a cidade está entregue nas mãos do cão chupando manga...uma terra de ninguém, território sem lei, onde só o absurdo tem vez e a barbárie impera. Isso, para a plebe ignara, é a dádiva dos deuses – o que eles entendem como “liberdade”.
Fim dos 3 meses de “hora do recreio”, em que ninguém trabalha e ninguém explica como sobreviveu, pagou aluguel, comida e, principalmente, tanta cerveja.
Março chega, e com ele, a hora de crescer. Que pena ter de ser adulto de novo. Que pena o papai Governo não nos dar mais brinquedinhos entorpecentes como Micaretas, ruas fechadas, mega-shows gratuitos na praia...
É hora de sermos adultos novamente, é hora de uma nação de Peter Pan’s partir da Terra do Nunca e tentar ganhar o pão e a dignidade de cada dia.
Eu mesmo, só voltei a escrever graças aos pontapés de minha mulher – “vai trabalhar, filho da vergonha!” – e dos esculachos de minha patroa, Keetherine: “ Trabalha, vagabundo!”
Fui precipitado de meus devaneios lisérgico-ociosos para a dura realidade de aceitar que sem dar duro, não comemos. Graças à Deus, com o fim do verão, os comerciais de cerveja acabaram.
E assim, uma creche chamada Brasil teve seu chocalhinho tirado das mãos, e chora fazendo birra, pois está na hora de trocar a fraldinha e ir estudar.
Ai ai ai, Brasil! Que feio! E nada me tira a certeza de que o problema do Brasil é pediátrico, por culpa dos incontáveis “pais do povo”. Deus nos livre deles. Pé de pato, mangalô três vezes!

Vai trabalhar, vagabundo!

Walter Biancardine é jornalista, vagabundo e ocioso; e só voltou a trabalhar depois que sua mulher ameaçou não pagar mais seu whisky