sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal e que se danem

Mais um natal, o 47º de minha torta existência.
Onde estão todos?
Por aí, e se eu quiser vê-los, será preciso renunciar à tudo o que me tornei.
Precisarei ser - não o que sou, por mais abjeto que pareça a minha tosca presença nesta terra - mas apenas uma massa informe, amoldada a tudo o que os outros disseram, pensaram ou tentaram fazer de mim.
Não sou flor que se cheire, sou insuportável e realmente inconvivível, mas ao menos sou autêntico e meus absurdos são e foram feitos e ditos de maneira absolutamente convicta e sincera - posso não estar certo, mas creio em meus erros piamente.
Não há quem me suporte, e não culpo ninguém por isso.
Se alguém, que conviveu comigo, me acha um grosso, mal educado, tosco, brigão, rude, paranóico ou mesmo metido a dono da verdade, eu posso aceitar. Dêem-me o merecido pé na bunda antes que eu me chute por conta própria.
Mas se alguém me acha feio que seja, mas sem ter convivido comigo - tudo baseado em opiniões alheias - então à esses eu digo que não há remédio além do preconizado pelo imortal Nélson Rodrigues: "Cresçam", e aprendam a vida pelos seus próprios sentidos.
Sim, eu sei: sou o fim da picada, não há como dialogar comigo.
E é por isso que o Natal, para mim, é apenas uma data fictícia para uma falsa comemoração de uma instituição folclórica: familia.
Minha familia sou eu e meus fantasmas.
E que se danem os que se fazem de surdos, cegos e desentendidos.
Feliz Natal para mim. E para meus fantasmas também.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Vencido?

Tudo é passivel de vícios: pessoas, famílias, relacionamentos.
Existem pessoas aparentemente exuberantes, falam alto, riem alto, a ansiedade estampada nos olhos exoftálmicos, gesticulantes, a verdadeira “alegria da festa” - pois, segundo elas mesmas, “precisam de gente, precisam viver!”
Ser a alma da festa, dominar, impor opiniões ou mesmo proclamar com orgulho que “fulano come aqui, na minha mão” é característica deste tipo de gente. E elas realmente conseguem impor. Se não pela racionalidade, que seja através da lavagem cerebral de um discurso ininterrupto anos a fio.
A compulsão de dominar é evidente quando toda uma família possui a mesma caracteristica: as brigas olímpicas só cedem lugar quando o rompimento iminente e definitivo os obriga a substituir a gritaria pseudo alegre e comunicativa pelos “veneninhos” cotidianos, destilados ad nauseam – verdadeiro esporte familiar, derivativo de prazeres mais construtivos. E tome veneninhos – uns contra os outros, outros contra um e todos contra os execrados pelo atrevimento de não prestarem reverência a suas superioridades.
De nada adianta proclamarem-se radiantemente felizes, pois a realidade de suas solidões – não de amigos de farras, pois isso é fácil. Falo de amores – desmascara a verdadeira impossibilidade de convívio com quem quer que seja.
Não existe ninguém totalmente santo nem totalmente demônio, é bom que se diga. Mas, à parte a boa indole ou os bons sentimentos destas pessoas, o fato é que elas vencem. E não apenas vencem, elas massacram, deformam a mente de quem não pode fugir de perto e não tem consciência do estrago que fazem.
E é aí que vencem.
Quando terceiros – inocentes, sem parâmetros comparativos ou com os mesmos determinados por estas mesmas pessoas – são envolvidos neste insano redemoinho, tentar demovê-los de suas convicções herdadas é rematada perda de tempo. Tenta-se, tenta-se e nada. Não há como expor pontos de vista contrários sem que isso não envolva desnudar as falhas daquele que moldou suas ideias. E aí, o recolhimento – sair de cena – impõe-se.
Resta esperar que o tempo cumpra seu papel – com todo o sofrimento que isso acarreta – e que o machucado envolvido involuntário amadureça para pensar por sí próprio, ainda que a custa de abominar ambas as duas partes do triângulo conflitante.
Só aí, quando a criatura descobre-se independente de seu criador, ela poderá ver o mundo com seus próprios olhos.
E então, de nada mais valerá a alegria sufocante e insana; a necessidade de viver e de ver gente será finalmente inferior ao fato, perfeitamente natural, de que ninguém é dominado e teleguiado por ninguém, eternamente.
Bem aventurados os que enxergam o mundo por seus próprios olhos, decidem quem merece seu afeto e são capazes de dar, a cada um deles, a justa medida de seu merecimento.
Aos turbulentos, ofereça a paz.
Aos recolhidos, a boa vontade de ouvir.
As portas do mundo sempre estão abertas aos homens de boa vontade.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Abissum abissus invocat

Certos dias a vida, a convivência com outros seres humanos e minha própria existência principalmente, assemelha-se à grande estelionato: muito me cobra, nada me oferece em troca.
Pessoas cobram. Tudo cobram: posturas, opiniões, ser alegre, atitudes, pontos de vista, ser otimista, afetos, desafetos, ser "pra cima!" - tudo é uma festa! A festa da alegria obrigatória.
Negada nos é a paz de estar à sós consigo mesmo, de curar a alma em recato, a não ser pelo sumiço e reclusão - sempre classificada pelos cobradores e comentaristas do alheio como "fuga".
Quase meio século de vida, e ainda não descobri uma razão para minha existência - uma missão, que fosse.
Nada, tudo aleatório, menos a boa sorte, que nunca vem.
Existir é uma sentença, e acordar é a punição que se renova a cada manhã.
E quem tenta nos animar só nos ofende e oprime, com a superioridade de seu otimismo hiperativo.
Melhor é destino de aborto: sem deixar grãos de amores eternos.
E sem deixar montanhas de reclamações cujo único perdão é oferecer-se escravo.
Não me critiquem, não me julguem, não tentem me animar.
Ninguém obriga uma coruja a apreciar o belo sol.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Queria ser Peter Fonda e filho do John Wayne com Grace Kelly. Mas sou só o primo pobre do Austin Powers

Em minha infância e adolescência, sempre tive toda a liberdade do mundo: a liberdade dos que são, simplesmente, ignorados.
Uma criança é como um avião decolando - não se deve abortar o procedimento, sob pena de um desastre catastrófico. E o que acontece quando sua própria casa, seu porto seguro, se encarrega de conscientizá-lo, diuturnamente, de que você já perdeu, está fora do páreo por besta que é? O que acontece após 16, 17 anos dessa lavagem cerebral ininterrupta?
Culpar os pais, amaldiçoar o passado, dizer-se sobrevivente é a saída de uns. Nem mais fácil, nem mais difícil - apenas menos amorosa com os progenitores. Já a saída de outros é florear os raros bons momentos, pela falta absoluta de bases afetivas. É o momento em que o filho salva a pele dos pais.
É, sob esta ótica, preferível insinuar uma felicidade passada - evidentemente ilusória - do que cair na real que somos frutos de um nada absoluto.
Cinco almas, cinco fantasmas. Três vieram esperados, ou ao menos encarados com naturalidade.
Um, acidente. O outro, vingança.
Mas nenhum se salvou.
Amaldiçoar o passado, libertar-se dele? E o que restará em mim?
Se viemos do caos, é natural que construamos um personagem com histórias, tradições, manias. Se deixamos isso pra trás - por inconveniência óbvia e gritante - não correremos o risco de, aí sim, nos transformarmos em zumbís? Sem recheio, sem referências, sem histórias contadas sob óticas doentes mas ainda assim, histórias?
Não sei as respostas, mas meu senso prático e minha noção do ridículo me manda falar sobre minha história apenas como um passado saudoso, já que ressuscitar todas as mágoas beirando meio século de vida é um contra-senso.
Adolescente revoltado já é um saco. Imaginem um velho transviado!
Igualmente, esquecer minhas ilusões, minhas histórias da carochinha, libertar-me e deixar que as traças me purifiquem. Ok, faz sentido, mas e agora?
E agora nada, pois poucas páginas do triste catálogo das teratologias familiares foram escritas com tintas tão negras quanto esta.
E só quem viveu - ou sobreviveu - sabe.

Minhas dores não são piores ou mais fortes que as de ninguém. São apenas minhas - e únicas.

Fé cega

Existem pessoas que exercitam o otimismo (ou fé, cada um chama como quer) de uma maneira que eu, em minhas trevas da incompreensão, chamaria de "doentia" - por que toca as raias do absurdo.
Tal qual um médico que se embrenha seis anos entre cadáveres e emergências plantonadas ao molho pardo, o sujeito descobre ao longo de sua experiência o quanto o ser humano é frágil. Basta uma poeirinha em um vaso sanguíneo e pronto: o poderoso ditador do Ladrostão ficará reduzido a um vegetal.
Para este - odiado e execrado por toda uma população - o diagnóstico não vem acompanhado de nada. Resume-se a um "o Ditador sofreu uma isquemia associada a uma poliesculhambose galopante reumática, que atingiu o córtex provocando o tilt cerebral e um edema irreversível do juízo". E ponto final.
Mas se o enfermo é alguém que o doutor nutre afeição, a coisa vai diferente: "o meu querido sofreu uma isquemia associada a uma poliesculhambose galopante reumática, que atingiu o córtex provocando o tilt cerebral e um edema irreversível do juízo, mas tudo vai ficar bem se ele tentar reagir!"
É compreensível, afinal médicos também são seres humanos.
Mas, o que fazer quando esfriamos a cabeça e compreendemos que o quadro é irreversível?
Não sei.
Eu, como doente, imploraria a esse médico tão amigo, que gosto tanto, por minha salvação. Não por minha vida, mas para tê-lo, ao meu amigo, junto à mim enquanto pudesse.
Mas jamais me atreveria a prescrever tratamentos ou esperançar curas, já que sou apenas uma besta ignorante. Responsabilidade demais nas costas desse doutor? Sim, com certeza é.
Mas é a responsabilidade de quem enxerga o que o outro ainda não viu, sua incapacidade ou doença.
Passividade? Pode-se dizer que sim, mas simplesmente prescrever uma receita e achar que somente os esforços do doente o curarão, é ledo engano.
E assim o paciente entra em uma espiral descendente, onde ele passa a enxergar sua doença, sabe que outros a enxergam, mais ou menos que intui o caminho a seguir mas sabe que jamais o fará sozinho.
Doenças sociais, que afastam o próximo do convívio do paciente, ainda tem este requinte de perversidade: isola-o, torna-o um animal selvagem à espera de um veterinário que jamais virá.
A diferença é que os animais são mais nobres, sabem que não há mais saída e ficam para trás, ao menos para morrerem com dignidade.
E quando nada mais resta, que se salve ao menos a dignidade.
Mas os doentes sempre acreditam, em uma fé irracional, que uma mão se estenderá.

"Bem-aventurados os que crêem, pois serão salvos"

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Feitiço X feiticeiro

Tanto quis, tanto pedí para saber de tudo;
Cada mágoa, cada tristeza, cada aborrecimento...
Era um tempo em que eu não sabia de mim mesmo
Tempo em que acreditava poder consertar erros fortuitos.

Hoje sei que o erro sou eu;
aborto vivo, paradoxo humano
e o feitiço se vira a cada lamento, finalmente apresentado

Cada dor que percebo, me vejo nela
cada queixa, lá estou
cada tempo perdido, foi comigo
ao invés de providências, vergonha

Se a sorte existir, serei perdoado
sempre viví da grandeza alheia
se a sorte existir, esquecerei os escombros
da guerra que ser eu causou.

Se a sorte existir, serei esquecido
a vida alheia não para, e dela viví
se a sorte existir, perdoarei a mim mesmo
pela crença absurda de ser bom à alguém.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Chega

Cansaço infinito, que sempre se repete de uma forma quase cíclica, intermitente, renitente, tentando vencer – claro – pelo cansaço.
De tudo cansei. Da sensação à certeza de ser uma página negra na vida de tantas pessoas; estôrvo, peso, incômodo, fardo para uns; vergonha, embaraço, disparate para outros. Mas em tudo isso, onipresente, a decepção imposta a todos.
Pensam que discuto muito, que gosto de brigas. Mas o que ninguém enxergou ainda é que uma vida de encrencas traduz apenas minhas eternas desculpas – para mim mesmo ou para os que me cercam.
A polêmica, para uns, é temperamento. Para mim é saída de emergência, manual de usuário.
Mas o tempo passa, a idade chega e seus primeiros e ingênuos sinais são um cansaço e descrença nos outros e na vida. Ledo engano.
Passam dias, meses, mais anos ainda e mais velho fico. O estágio agora é outro, pois no alto de minha vivência constato, horrorizado, que a desilusão, a decepção e a pequenez é comigo mesmo. Afinal os outros caminham, progridem, conquistam – e eu, com minha imensa sabedoria e prepotência, onde cheguei?
A auto-piedade é uma fase rápida, passa assim que o nojo consigo próprio se instala.
Manda a educação que se afaste dos outros um ser tão abjeto, e assim me embrenho cada vez mais em minha toca. Envergonhado por ser a fraude que um dia despertou admiração e amor em alguém, mas que revelou-se obscena miudeza ao longo dos anos, esquivo-me cada vez mais.
E o cansaço transforma-se em exaustão.
Agora sou incapaz sequer de discutir. A vergonha é tão grande que impede qualquer contestação defensiva, e o pensamento fixa-se apenas em parar de incomodar. Sim, mas como fazê-lo?
Não o sei.
Em outros tempos, mais jovem e apenas amargo, tais sentimentos renderiam laudas e laudas de auto-piedade mas hoje as letras e frases pingam tal qual as últimas gotas de uma caixa dágua vazia.
E assim à aflição soma-se a mordaça.
Mas talvez seja o melhor, mesmo. Para que eu acredite que Deus zela por mim e me impede – ao menos – que minha vergonha aumente ainda mais em ganidos miseráveis.
O pensamento cessa, as ideias se acabam – e as desculpas também.
O cansaço vence a dor.
E existe algo de divino e piedoso nisso.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Rio, Cidade Maravilhosa...é ruim, hein!?

Rio de Janeiro: o melhor é de longe!
Transcrevo abaixo artigo de autor desconhecido, porém deveras observador, no qual relata as peculiariedades e faceirices dos bairros da eterna Cidade Maravilhosa, que breve hospedará - sem exigir resgate, é o que espero - cidadãos do mundo inteiro para desfrutarem a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Que me sirva de consôlo por amaldiçoar tanto uma outra terrinha de merda, Cabo Frio, sabendo que aqui sempre poderia estar pior - e que, se não está, é porque nem ser ruim os minhocas da terra sabem fazer bem.






Segue o texto:

BAIRROS DO RIO ZONA CENTRAL: Estácio, Cidade Nova e Catumbi: Bairros de merda que ninguém sabe que existem - pelo menos... não de nome. Ficam entre a Tijuca e o Centro da Cidade. Na verdade, as únicas provas de sua existência são o metrô e a prefeitura. 
Lapa: Historicamente ocupado por prostitutas, drogados, mendigos, travestis e cafetões. Hoje em dia é ocupado por prostitutas, drogados, mendigos, travestis e cafetões. 
Rio Comprido: Os moradores do Rio Comprido insistem que moram na Tijuca. Como se realmente fizesse diferença... 


ZONA NORTE: Andaraí: Espremido entre a Tijuca, Maracanã, Grajaú e Vila Isabel, o bairro do Andaraí teve seus momentos de glória ao ser retratado na novela Celebridade, mas, atualmente, voltou a ser o que é na realidade: porra nenhuma. Confundido diversas vezes por seus limites, seus moradores admitem morar em todos os lugares adjacentes, menos no Andaraí. 
Bonsucesso: o bairro mais mal localizado da cidade, conseguindo a façanha de ser cercado por 17 favelas, e ainda sim ser o bairro mais evoluído da Leopoldina. 
Cascadura: Possui cerca de 1527 ônibus por habitante e uma estação de trem. 
Cachambi: Também conhecido como Norte Shopping. 
Encantado: É um bairro que não existe, está cadastrado por engano pela prefeitura. Alguns dizem que foi fundado pelo filho da Fada Madrinha. 
Engenho de Dentro: É um pardieiro onde a única coisa que presta é o recém construído Engenhão, Estádio alugado ao Botafogo (um time de merda com uma torcida chorona que não chega a 10 pessoas). O passatempo de seus moradores é ficar fofocando na fila do Guanabara. 
Grajaú: A definição correta para este lugar é "porra nenhuma", pois todos o consideram Grajaú um sub-bairro, mas não é da Tijuca e nem de Vila Isabel. Reza a lenda que existe uma reserva florestal por lá, mas ao que parece não passa de mais uma lenda urbana. 
Inhaúma: Se o nome já é feio, imagina o bairro... seu maior ponto turístico é um cemitério onde pervertidos se encontram a noite para fazer sexo. 
Madureira: O segundo lugar mais quente e zoneado do mundo. O bairro atrai macumbeiros e tias vendedoras de salgadinhos de toda cidade em busca dos produtos de "excelente qualidade" comercializados no Mercadão de Madureira (conhecido como o shopping da macumba). 
Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro e Marechal Hermes: Quando você ouvir alguém dizer: ihhh isso é lá na casa do caralho! a coisa fica num desses bairros. 
Maracanã: É uma extensão da Mangueira, com favelas verticais chamadas de prédios. Não há nada o que se fazer lá, a opção é se tornar um dos 30 moradores que correm em volta do estádio todo dia. Basta chover e pode-se esquiar ou andar de jetsky pelas ruas alagadas do bairro. 
Méier: A capital do subúrbio carioca. Habitado por gente cafona, mas metida a descolada e moderninha. É dividido ao meio pela linha do trem, criando a noção de possuir uma metade feia e outra mais ainda. 
Ilha do Governador: A Ilha é uma espécie Niterói que fede. Se não fosse pelo aeroporto do Galeão ninguém, são, iria até lá. Como está fora do continente os moradores acham que estão em uma comunidade de elite, mas na verdade é uma Vila da Penha cercada de cocô por todos os lados. 
Lins de Vasconcelos: Local Incerto e Não Sabido L.I.N.S. 
Olaria: Um pobre bairro que fica entre Penha e Ramos que não tem nada de especial, a não ser pelo seu famoso clube onde acontecem grandes bailes, como o Baile do Havaí e as domingueiras que aglomeram massas de toda parte da Leopoldina e seus cabelos empastados de creme. Tem também uma "praça de alimentações", a famosa 5 Bocas. 
Irajá: Só Greta Garbo pra ir até lá ou Gilberto Gil pra inserir esse bairro horrível em uma de suas músicas. A principal atividade econômica do bairro é o cemitério. 
Del Castilho: Se resume a algumas coisas: o shopping Nova América, favelas e o cofre forte da Igreja Universal do Reino de Deus. 
Pavuna, Anchieta, Ricardo de Albuquerque e adjacências: Fazem fronteira com nobres municípios da Baixada Fluminense como Duque de Caxias, São João de Meriti e Nilópolis. A principal atividade econômica dos bairros é a indústria funerária, a exploração de serviços como a gatonet e a gato-velox e o jogo do bicho. P.S.: As adjacências são lugares como Guadalupe, Jardim América, Costa Barros, Barros Filho, Acari, Coelho Neto e Parque Colúmbia, que deveriam ser cercados por grades. 
Pilares e Tomás Coelho: Conhecida por ser sede da rebaixada Caprichosos de Pilares, que se localiza embaixo de um viaduto mais usado como banheiro masculino. Resume-se apenas em um viaduto, camelódromo e favelas. Os moradores também tentam incluir o Norte Shopping no bairro, mas na verdade fica no bairro vizinho, Cachambi. 
Todos os Santos: Duvido que você saiba onde fica!! Os moradores desse bairro têm grande dificuldade de pegar táxis, já que nenhum taxista conhece o bairro de nome. 
São Cristóvão: Lugar feio, sujo e caindo aos pedaços. Hoje se resume à estação de trem-metrô e à Quinta da Boa Vista. 
Santa Cruz, Campo Grande, Realengo e Bangu: Juntamente com Cuiabá, são fornos disfarçados. Aparelhos de ar condicionado não funcionam porque derretem. 
Tijuca: Fica num vale abafado cercado de favelas habitadas por gente miserável. Composta ex-revolucionários, comunistas e anarquistas. Os tijucanos podem ser facilmente reconhecidos. São caboclos pensando ser ingleses. Sua mais nova invenção está em chamar a praça Varnhagem (também chamada de "Buxixo", pelo tijucano) de Baixo Tijuca, imitação deprimente do Baixo Gávea. Largue sua sogra por 10 minutos na Tijuca que uma bala perdida resolve seu pobrema. 
Vila da Penha: Como a Vila Valqueire é um bairro de pobre metido a rico. É cheio de casas antigas e feias. A maior diversão dos moradores é fazer caminhada no valão, Ops! a rua Oliveira Belo. Ainda existem moradores que acham que a Vila da Penha não possui favelas por perto. 
Vila Isabel: É uma reta que só tem boteco, casa de vila, outro boteco, casa de vila, outro boteco... ah, e uma porrada de pedras portuguesas soltas pelas calçadas. 
Vila Valqueire: Um bairro nos confins (realmente lá no inferno) do subúrbio habitado por uma gente muito feliz só por não estar na merda total que estão seus vizinhos Campinho, Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro e Marechal Hermes. Se for telefonar para alguém que mora lá faz um 21... O bairro mais próximo fica várias léguas de distância. 
Vicente de Carvalho: Dividido pelo metrô, tem o lado da favela (favela sem shopping) e o lado do shoping (favela com shoping). tem como cidadão ilustre o falecido Escadinha, traficante famoso. Assim como o binômio Tijuca-Rio Comprido, os seres viventes nessa área juram que moram na Vila da Penha, bairro "nobre"(??) das adjacências. 


ZONA SUL: Largo do Machado: Esse "bairro" não existe. Devia se chamar estreito do Machado. Há lá apenas uma estação de Metrô com esse nome, mas do tipo que nem tem escada rolante. Se você está num carro e fala: olha estamos entrando no Larg... já está no Catete. 
Leme: Um bairro vizinho de Copacabana, cercado de pensionistas que residem lá há mais de 100 anos, muitos bêbados e pivetes da favela local que infestam a maravilhosa praia de Copacabana. 
São Conrado: Abriga uma das maiores favelas do mundo, a Rocinha, embora os cegos moradores do bairro falem que a Rocinha é um bairro à parte de São Conrado ou ainda tentem empurrá-la para a Gávea ou mesmo pro Leblon. Todas as janelas de casas e edifícios têm vista eterna pra Rocinha. Bem, os apartamentos de frente pro mar não dão vista pra Rocinha. Só pros seus moradores que pela manhã tomam sol, tarde assaltam turistas e à noite se acasalam nas mornas areias do Pepino. 
Copacabana: Bairro decadente habitado por funcionários públicos que andam em bandos. A área é dominada jogadores de dama e xadrez de rua. O maior hobby é fazer compras na Av. Nossa Senhora de Copacana, o Champs-Élysées deles. Consta do Guiness Book de records, junto com o Catete, como a maior concentração de quitinetes no ocidente. 
Gávea: Passagem de luxo pra Rocinha. 
Botafogo: Se botá fogo num prédio, lambe tudo. Prédios velhos, apertados, escuros e sufocantes. Paraíso da fumaça negra. 
Flamengo, Glória e Catete: Além dos mendigos e de gente afastada pelo instituto (que respondem por 98% da população desses bairros), os outros 2% são de velhos falidos, principalmente portugueses que empobreceram junto com o bairro e ex-suburbanos que vão morar lá em vilas antigas, cortiços e quitinetes só para dizerem que moram na zona sul e não precisarem aguentar horas de trem ou ônibus até o trabalho.
 Ipanema: Abriga as mulheres mais gostosas da cidade. Só que elas não moram no bairro, mas vêm da Tijuca, Méier, Campo Grande, atrás de um mauricinho com um carro bacana. O resto é só viado e praia (fechada para moradores aos domingos). Também freqüentado por lutadores de jiu-jítsu e seus pit-bulls. Parece um grande estacionamento porque o trânsito fica parado das 8 às 23h. Os moradores são todos neuróticos por causa dos buzinaços intermináveis. Já está sendo apelidado de Nova Botafogo. 
Laranjeiras: É tão ruinzinho que tem um palácio que nem o governador quer morar. Faz fronteira com lugares bonitos (Catumbi, Santa Teresa...) O filme melhor impossível com Jack Nicholson foi inspirado nos moradores de Laranjeiras que andam nas ruas se desviando de cocô de cachorro. 
Leblon: É um bairro com gente rica. Grande concentração de corruptos, colarinhos brancos e, evidentemente, políticos. Também tem cocô de cachorro. 
Lagoa: Lindo. Espaçoso. Visual espetacular. Mas por causa das duas bocas do Rebouças fica inacessível das 8 às 23 h. Conhecido como a Abaeté carioca. A lagoa tem a água escura e podre. Se você molhar as mãos na água pode escolher: tifo ou hepatite. Os moradores possuem máscaras antigás para usar durante o período de mortandade de peixes. Com assaltos freqüentes, é um veradeiro buraco negro de bicicletas.
 Urca: Único bairro aposentado do mundo. 



ZONA OESTE: Vargem Grande e Vargem Pequena: São como o Acre é para o Brasil: Ninguém lembra que existe e só tem mato. Rumores sobre a existência de um parque aquático falido ou sobre uma mansão habitada por Xuxa não foram confirmados, já que ninguém conseguiu achar esses bairros para conferir de perto. 
Barra da Tijuca: (do espanhol Baja - Baixada) Uma espécie de Brasília com praia. Habitado por emergentes e pseudo-socialites que não têm grana pra morar no Leblon ou em Ipanema, a Barra da Tijuca é um bairro que adotou o Paulista way of life, onde as pessoas ficam em shoppings a maior parte da sua vida. Pela sua distância do resto do Rio de Janeiro, é considerado por muitos como sendo uma outra cidade. O governo de São Paulo inclusive já entrou com um processo para anexar esta "cidade" ao seu território por ela ser mais próxima de São Paulo do que do Rio de Janeiro. Alguns habitantes da Barra, aliás, acreditam que moram em Miami. 
Recreio: Uma roça de luxo, que tenta se equiparar à Barra. Habitada por emergentes que não conseguiram ir pra Barra e vão pra lá pra dizerem que moram na Barra. É como um "estepe", um "consolo" para os emergentes que não tiveram grana pra morar na Baja. A padaria mais próxima está 1 ano-luz de distância.
 Cidade de Deus: É disputado por dois bairros: Jacarepaguá e Barra da Tijuca. Quem mora em um diz que a favela faz parte do outro bairro e vice-versa. Graças ao filme de mesmo nome (e que não ganhou nenhum Oscar também) a Cidade de Deus agora é conhecida no mundo todo, principalmente por causa dos traficantes, dos tiroteios frequentes e das drogas, como maconha, cocaína e Tati Quebra-barraco. 



Autor desconhecido
O cara que escreveu isso é um gênio.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Fraudes, erros, enganos, decepções, etc...

O que fazer quando descobrimos que somos uma fraude?
Que tudo aquilo que diziam admirar na gente não passa de uma camuflagem involuntária, de gestos, opiniões, o que mais seja mas todos cuidadosamente arrumados pelo destino e encanto alheio para vestir-nos com a aparência de príncipes?

O que fazer quando descobrimos que somos um erro?
Um erro da natureza, um aborto; que nossos hábitos, gostos, manias e limitações - principalmente as limitações - são socialmente inaceitáveis?
Mudar, tentar mudar, é o que todos dizem. Mas há um limite para isso, pois só descobrimos que somos um erro quando constatamos que somos 100% errados, nada escapa. E aí? Devolver para a fábrica? Reinventar-se?
Reinventar...palavra fácil de dizer, mas impossível de fazer quando o ato envolve praticamente nascer de novo.

O que fazer com nossos eternos enganos?
Consertá-los, pedir perdão, é o normal. Mas se os enganos são nosso pão de cada dia, alimentados vigorosamente pelo fato de sermos uma fraude, um erro da natureza? Rezar por uma paciência infinita alheia, que nos perdôe? Ou tentar a impossível reinvenção, com o fim de parar de errar?

O que fazer com a decepção inexorável dos outros, sobre nossa pessoa?
Nada. Talvez este seja o ponto final do raciocínio - que muitos poderão chamar de conformista, derrotista, comodista e outros "istas". Como fazer com que um megalomaníaco torne-se modesto franciscano? Como fazer com que um vaidoso torne-se insensível aos espelhos? Como mudar a essência, a natureza de um ser, por pior que ela seja?
A ciencia ainda não tem a resposta.

Talvez devamos buscá-la no que de aproveitável este ser abortivo ainda tenha - quem sabe um bom senso de isolar-se, por mais que condenem essa atitude (incompreensível de início mas com benefícios sempre sentidos ao longo do tempo).

Quem sabe a auto crítica de saber-se um erro da natureza e, se não há como parar de errar, que ao menos tenha a grandeza de errar sozinho.
Quem sabe a honestidade de, amando, permitir que a amada seja finalmente feliz, longe de todo o mal que ele a causa.
Quem sabe fechando os ouvidos para todos os argumentos compreensivelmente contrários, que virão.
Quem sabe, finalmente, a coragem?

L'audace, l'audace...toujour l'audace...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Delírios morféticos de um pescoço empenado

Quando o urubú tá de azar o debaixo, realmente, consegue cagar no de cima.
O caso é que, em um ato bucolicamente doméstico, fui dar uma agachadinha (hummmm...boiola) para pegar meu chinelo e arrumei uma ingrizia no pescôço, resultando em uma fantástica dor de cabeça de uma semana, incurável, misturada com um portentoso torcicolo e mais um monte de merda originadas pela velhice, sedentarismo e falta de hábito - graças à Deus - em dar agachadinhas.
Estando agora eroticamente rígido, tal qual um falo em prontidão procriatória, a única solução encontrada pela moderna medicina para aliviar a dor e meus queixumes foi a administração de morfina, a qual tem produzido altas ondas - tão boas que já escreví 14 músicas de sucesso internacional, gravei 3 álbuns históricos que me colocarão ao lado de Jimmi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison e aquela cachaceira da Amy Whiskyhouse, além de ter realizado expedições astrais por toda a galáxia - uma delas, inclusive, ao banheiro nefasto de uma rodoviária, tendo eu chegado em péssima hora, pela tardinha.
Ia eu dizer mais alguma coisa, mas não lembro mais o que é. Deve ser o efeito da tal codeína - nome chique da morfina - que me permite, ao menos, virar o pescoço e passar os dias sem ganir de uma dor tão filha da puta que não desejo nem à Dilma. Mentira. À Dilma eu desejo, sim.
Não sei que fim vai levar este tratamento, se à rehab ou à cura. Estou já há uma semana nessa balada e nem sinal de melhoras. Fui ontem tirar radiografias mas os facultativos me disseram que eu "estou muito bem!", que foi só uma distensão. Vamos ver no que vai dar. O que sei é que andar de moto assim é uma loucura! Nem escuto os xingamentos e a sensação é de estar em um tapete voador de Ali Maluf e os 40 Ladrões.
Assim, sem mais para o momento,escrevo esta portentosa catilinária sobre a ameaça das drogas em minha vida burguesa, a "onda do mal" que pode prejudicar minha juventude e adolescência dos meus poucos 47 anos tolhendo, de vez, todo o radioso futuro que terei ao alcançar, finalmente, a idade adulta.

Encerro perguntando se alguém teria o enderêço de um japonês pra me estalar e ver se conserta essa merda, antes que eu me transforme num Keith Richard.



Amigos leitores, aceitem um grande abraço de seu amigo venusiano, e de todos os Incas Venusianos e do Nacional Kid.

Muito doido.

sábado, 23 de julho de 2011

Flertando com o Diabo


Pretendia escrever hoje a segunda parte de meu Febeapá cabofriesco mas a morte da cantora Amy Winehouse sobrepujou qualquer vontade de fazer o que fosse, além de encher a cara em respeito à defunta.
A maldição dos 27 continua viva: Janis Joplin, Jimmy Hendrix, Jim Morrison e agora, Amy.
É isso aí garotada. o diabo não flerta - ele quer um relacionamento profundo. Quer seu corpo, sua alma, seu sangue, sua vida. Quem acha que vai fumar unzinho, bater uma carreirinha e sair na boa, se prepare porque perdeu, maluco.
Perdí a conta do número de amigos que se foram por overdose. Só agora, de relance, posso listar uma meia dúzia sem muito esforço. Garotada que pegava onda comigo no Arpoador, que comia sanduíche natural no Pepê, mas que caia de cabeça na marofa achando o mesmo que todo otário acha: "Quando eu quiser, saio dessa". Sai não, brôu. Só se for num saco preto.
Se a onda da droga fosse ruim, ninguém entrava, essa é que é a verdade. Dá barato, é a maior loucura. O único problema é o preço: sua vida. Tá disposto a pagar? Então vai em frente maluco, mas se lembra que além da sua vida, a grana que você deixa na mão do vagabundo paga a bala que vai matar sua mãe, otário.
Não cheguei aos 47 anos impune. Fiz muita porcaria por aí, me arrependo mas não vou bancar a Madalena Arrependida aqui. Meu caso é raro, pois tive sorte - muuita sorte. E a sorte é aleatória, injusta, não vê cara nem coração.
Que a partida estúpida da Amy sirva de lição aos milhares de deslumbrados que acham um fuminho a maior onda, a maior transgressão, coisa de descolados. Saiam enquanto é tempo, porque o Diabo canta suavemente, sua música é doce, mas o preço é sua vida.
Um epitáfio comum à todos os que acharam a viagem melhor que a vida: "Perdeu, otário".
Descanse em paz, Amy. Vou continuar meu porre em sua homenagem.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Respeito

Havia eu jurado que não mais escreveria nada, enojado que estou da política, das pessoas, do mundo e de todo o vasto elenco das calhordices humanas que vicejam nesta infeliz cidade.
Acabei com meu jornal, esquecí do "Crônicas e Agudas" e nem rádio ou TV presto mais atenção.
Isolei-me do mundo e tanto se me dá os assassinatos inexplicáveis e impunes, as falcatruas judiciárias, os trambiques, conchavos e, principalmente, a decepcionante pequenez de pessoas que brigam entre sí, esquecendo um adversário comum. A vaidade, soberba, ira e bajulação desmedida entranhou no DNA dessa gente e por isso lembrei-me de esquecê-las.
Mas a verdade é que minha decisão refletiu apenas um egoísmo idiota, de quem usa o cansaço da vida e processos judiciais absurdos como desculpa.
É certo que não mais quero saber de política ou de toda a imundície que a cerca, mas deixei profundo débito perante a pessoa que mais amo na vida e que me conheceu jornalista.
Sei que ela aprendeu a amar e admirar não apenas o homem, mas aquele que escrevia, que dava a cara pra bater, que se desnudava em público e rasgava seus tormentos para quem quisesse ler. E até hoje, do momento em que cessei minhas atividades até estas mal-tecladas, ela conheceu apenas um destroço, a sombra de um homem que um dia fez seus olhos brilharem e que embaçou-se em sua covardia.
Tenho sido um zumbí, vagando sem função pela vida e empurrando o corpo de um (outrora) homem que não tem significado para ela, já que havia me tornado um amontoado de carne não-pensante.
Mesmo o meu filho, do qual não sei por onde anda, como está e o que faz, dedicou-se à escrever pelo meu feio cacoete literário e se nenhuns motivos de orgulho ele tem de mim, ao menos encontrou ocupação mais nobre que dopar-se em frente à TV e video-games, e creio que isto serve de um pouco de sombra do sol inclemente do desprêzo que ele me devota.
E é em respeito à estas pessoas que tento voltar a escrever. Para que eu ao menos pareça com a pessoa que um dia fui.
Talvez, bem lá no fundo de mim, em algum oásis dentro do meu deserto, ainda exista uma água salvadora que me dê inspiração.
Não mais política. Não mais ódios, denúncias ou ira.
Apenas histórias, tal qual minhas redações da sexta série.