sábado, 30 de dezembro de 2023

DÉCADENCE SANS ÉLÉGANCE


Neste sábado 30, avant première de Réveillón, a soberba incurável – fruto de berço, lamento – me invade e passo a derivar sobre o quão agradável seria aguardar a virada de ano na varanda do Copacabana Palace, embevecido pelo suave bouquet de um bordeaux Pauillac 2009 ou 2010 e beliscando arremedos de canapés, carregados de boa mousse de salmão.

A mesma deriva recomenda que nesta varanda sejam escutados os acordes de “In The Mood”, Glenn Miller, embalando nossa degeneração travestida de transcendência, e nos dando motivos para enlaçar nos braços a bela companhia que nos segue, deslizando ambos em suave dança.

Inegável o gozo mórbido que ostentamos, indisfarçavelmente, ao festejarmos a partida de menos um ano em nossas vidas – talvez seja o mesmo prazer auto destrutivo que impele muitos de nós à brutal piedade com supostos “oprimidos”, ao apedrejamento de princípios e valores à guiza de “sermos modernos e liberais” e que descobre, no fundo de um copo ou em bandejas de prata e cartões de crédito, a alegria prét-a-porteur sempre estampada nas redes sociais.

“Divina decadência!”, diria a personagem de Lisa Minelli no inesquecível filme “Cabaret”.

Sim, decadência à olho nu, décadence sans élégance como diz o título deste pretensioso artigo, exibidor de um extinto pedigree de seu autor, já vencido, fora do prazo de validade e das condições ideais de temperatura, pressão e saldo bancário para tanto.

A vergonhosa verdade é que, não fossem as condições em que vivo atualmente, somente meu saldo bancário denotaria a invalidade de meu pedigree: sim, pois é preciso sofrermos fome para entendermos a fome alheia; é preciso ilharmo-nos em solidão para entender o deserto do próximo; é preciso a mais profunda dor para darmos o devido valor ao mais simples amor.

Não tivesse eu vivido tais amarguras inacreditáveis e, certamente, ainda carregaria essa indiferença olímpica de uma jeunesse dorée, essa que se crê dona de toda a empatia apenas por colocar fotos nos perfis sociais, com mensagens de amor ao próximo e piedade pelos pobres.

Não terei Réveillón, terei virada de ano. Não terei sequer um Cabernet mas, com sorte, um Guaravita gelado e bolachas de água e sal. Não terei Glenn Miller – ele estará apenas em meu computador, veículo de meus sonhos e desvairios. Não terei uma doce companhia, mas meu fiel focinhudo estará a abanar rabos ao meu lado.

Não se apiedem ou manifestem empatia, entretanto: se nada aprendi com amor, descubro-me hoje um PhD na dor.

É o diploma mais valioso que um ser – que pretende-se humano – pode conquistar.

Feliz 2024 para todos!


Walter Biancardine




segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

A FAVELIZAÇÃO MENTAL E A CARNAVALIZAÇÃO DO ESPÍRITO -


Grata surpresa foi escutar a web rádio https://www.radio-ao-vivo.com/radio-as-velhinhas e desfrutar de músicas orquestradas, swings dos anos 40/50 e clássicos natalinos.

Para minha felicidade, vejo que ainda há quem respeite os significados das datas, pois a carnavalização do espírito, impingida aos brasileiros, faz com que não haja mais distinção entre o nascimento de Jesus e a putaria carnavalesca de Momo - tudo é motivo para rebolar, sentar, sentar, sentar e encher a cara de cerveja.

E isso nos mostra, claramente, o quanto o povo brasileiro está embrutecido, animalesco mesmo: faveliza-se tudo, de datas sacras às diversões usuais. Tira-se o coitado de uma favela, coloca-se o mesmo a morar em um Alpha Ville e, em uma semana, o lixo, roupas penduradas e um batidão ensurdecedor estarão tomando conta de sua nova casa.

Vivemos uma terra arrasada, civilizacionalmente falando.

Nada respeitamos - aqui, respeito é fraqueza - e nos tornamos obsessivos em ter como única meta na vida o acasalar.

Enquanto alguns poucos lembram-se do nascimento de Jesus, a imensa e esmagadora maioria quer apenas entupir-se de cerveja, esperma e gritos - à guiza de sorrisos.

É preciso civilizar esta horda, a qual chamamos de "brasileiros".


Walter Biancardine



quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

NOTA DE FALECIMENTO


Faleceu hoje, após longa e dolorosa agonia, a República Federativa do Brasil, vítima de falência múltipla dos órgãos públicos e instituições.

O corpo não será sepultado, devendo apodrecer aos nossos olhos durante os dias, meses e anos vindouros.

Recomenda-se, neste momento de luto, esquecer a política, evitar comentários em redes sociais, expor publicamente opiniões e posicionamentos contrários ao Soviete Supremo.

Também é conveniente beber até cair, entregar-se ao sexo desvairado, à bebida, lacração e às drogas - ou pelo menos fingir-se sob seus efeitos - para agradar Suas Excelências Ditatoriais Togadas, Ungidas por Satanás, e proteger-se de prisão sem processo ou crime. Em suma, copiar o "desbunde" esquerdista dos anos 60.

É isso ou sair empunhando um fuzil, nas ruas, a deflagrar uma guerra civil.

Pede-se não enviar flores.


Walter Biancardine


ANOS E ANOS DE PROFISSÃO

 


Algo estranho é não poder precisar quantos anos temos no exercício de nossa profissão.

No meu caso, mais que um trabalho, o jornalismo e a escrita - juntamente com a análise política, social e os estudos - ultrapassam tal definição, pois é minha vocação. E vocação é aquilo que você é compelido a fazer, mesmo existindo coisas que dariam muito mais prazer - no meu caso, a aviação.

Escrevo desde que me entendo por gente: de simples redações escolares, as quais juntavam colegas de classe para ouvi-las, passando por histórias em quadrinhos, cartas para revistas e jornais (na vã esperança de ver meu nome publicado, mas jamais foi) e até jornais escolares ou de bairro, colados nos tapumes de obras, estes foram meus primeiros passos.

Confesso que, por vinte longos anos, nada escrevi ou publiquei, pois via-me às voltas com namoros, casamentos, filho que nascia e meu trabalho na OEA e, depois, a aviação.

Impossibilitado de voar, o acaso e um amigo - Oswaldo Guimarães - me trouxeram de volta ao jornalismo: ele me convidou para trabalhar como repórter na Rádio Ondas FM, já em Cabo Frio, onde a insanidade de um chefe, conhecido como Habib (Hassalam), permitia-me escrever o que me passasse na cabeça e, por diversas vezes, ultrapassasse os 30 segundos regulamentares dos boletins radiofônicos.

E daí pra frente é tudo história conhecida: Lagos Jornal, Diário Cabofriense, Lagos TV, Opinião... coisas que me renderam apelidos carinhosos como "o câncer da mídia", "nazistinha de Alair" e um impressionante placar: 50% da intelectualidade de Cabo Frio me desconhece, e os outros 50%, me odeia.

Não os culpo: em 2007 eu já dizia - para escândalo de minha editora - que não existe jornalismo imparcial. E, somado ao meu posicionamento claramente conservador e de direita, foi o suficiente para me excluírem do páreo e ser congelado no freezer dos "malditos".

Não importa, sempre fiz o que acreditei nestes meus - quantos? - anos e anos de trabalho.

E permanecerei batucando meus teclados até que a morte, sorrateira e pontual, encerre minhas atividades.

Seguimos em frente.


Walter Biancardine



terça-feira, 28 de novembro de 2023

O FIM DE UM PAÍS CHAMADO BRASIL


Parece que chegamos ao fim. A indicação de Flávio Dino para o STF é apenas o último ato desta ópera bufa, do teatro farsesco que é a república brasileira.

Sem nenhum disfarce, o sistema age contra o povo – que o sustenta – em verdadeiras operações de guerra declarada, que muitos ainda enxergam como “vingança” ou mera ostentação de poder. Não, tal interpretação é primária. 

Em primeiro lugar, existe a necessidade do grupo esquerdista conseguir equilibrar forças dentro do atual núcleo de mando da ditadura, o STF, empurrando um seu soldado para lá. Alexandre de Moraes ganhou a notoriedade atual justamente por sua audácia como um combatente globalista, indicado por Michel Temer, e não seriam os tênues – ainda que maléficos – Zanin, Lewandowski ou o despachante Toffoli que conseguiriam equilibrar tais forças: eles precisavam de alguém tão bruto quanto.

Flávio Dino tem o talhe, arrogância e desfaçatez cínica, necessários para equilibrar o jogo de poder dentro da cúpula ditatorial do STF – basta lembrar que, para chegar à Presidência, o Capo José Dirceu teve de implorar a soltura de Lula (o único cuja popularidade, no passado, justificaria a fraude das urnas) e aceitar um papel coadjuvante no sistema atual. Assim, uma vez aprovado seu nome na teatral “sabatina” do Senado, teremos dois rinocerontes a chifrarem-se mutuamente e equilibrando o jogo de forças, no núcleo duro da ditadura – para pasto e gáudio de José Dirceu, chineses, Foro de São Paulo, tráfico internacional de drogas (Cartel de Los Soles), Putin et caterva.

No corner oposto deste ringue de luta pelo poder, temos o até então invicto Alexandre de Moraes amparado pelos globalistas internacionais da NOM – Nova Ordem Mundial – e financiados por gente como Bill Gates, George Soros, Klaus Schwab, Ford Foundation e toda a cultura de massa e grande mídia mundial. E, em meio ao choque de tais locomotivas, está o desinformado, despreocupado e medroso povo brasileiro.

As chances que o Senado barre tal excrescência – a última vez que um postulante ao STF foi barrado tem a distância de um século – são mínimas, em decorrência não apenas de “rabos presos” mas, igualmente, da covardia e falta de um espírito de sacrifício patriótico, por parte dos congressistas.

O surpreendente comparecimento do povo brasileiro às ruas neste último fim de semana, entretanto, pode ser um longínquo vislumbre de esperança, se o mesmo se repetir em frente ao Senado, no dia da sabatina.

Não creio, todavia, que na conjuntura das circunstâncias atuais – e sua dinâmica peculiar – tais parlamentares se deixem impressionar por quaisquer manifestações populares: habitantes de um outro planeta, pertencentes à uma verdadeira casta, tudo que os interessa é manterem-se como tal – ainda mais em momentos turbulentos como os que vivemos.

O Brasil está prestes a mergulhar nas mais longas e negras décadas de sua história republicana, e o país que conhecemos hoje, em breve, não mais o será como tal.

Se a chance de termos sucesso com o povo nas ruas é de 1%, então tentemos.

É só o que nos resta.


Walter Biancardine



domingo, 26 de novembro de 2023

ALTER EGO

 


Se existe uma característica que procuro manter como jornalista, analista político, escritor ou mesmo mero cronista de "faits divers" é a de jamais apagar o que escrevi.

Por mais errados ou embaraçosos que sejam tais escritos - merecedores de um "delete" nas redes - penso que os mesmos tem o condão de expor ao leitor os impulsos, enganos, raivas, mágoas ou mesmo entusiasmos que põem o sangue dos mortais comuns, dentre os quais me incluo, em ebulição.

O ser humano é, por vezes, mero joguete de tais fluxos e refluxos emocionais, e ter a pretensão de expor-me como um robô - frio, mecânico, isento de emoções e capaz de opiniões infalíveis - não faz parte de minha lista de ambições e, sequer, considero um objetivo louvável. Meus erros e deslizes, tais como filmes do XVideos, são explícitos.

Andei, nas últimas semanas, vitimado por enxaquecas, furiosa dor de dentes e uma gripe cavalar, as quais prostraram-me na cama sustentado apenas por poderoso e lisérgico medicamento que, ao menos, aliviava tais mazelas.

Tão logo senti-me em forma, recebí a visita de meu irmão, a qual foi objeto de artigo o qual somente agora dei-me conta de haver escrito.

https://walterbiancardine.blogspot.com/2023/11/exagerado-jogado-aos-seus-pes.html 

Sim, pois não me recordo do quanto ou do quê bebi, mas seja lá o quê ou quanto foi, o álcool contido nos mesmos disparou o gatilho alucinógeno dos medicamentos.

Sensação estranha, de filme de terror psicológico, a de sentir-se um passageiro de si mesmo, aparentando normalidade absoluta (ao menos isso: sou um bêbado digno) mas com a consciência orbitando o planeta Saturno.

Talvez tenha eu falado um pouco demais, exagerado além da conta, insinuado tormentas sentimentais, mas não importa: tal comportamento não faz parte de meu cotidiano e deslizes assim, eu espero, podem ser perdoados.

Não apagarei o que escrevi - penso até que meu alter ego lisérgico tem algum talento, embora repita muitas palavras - nem pedirei desculpas por eventuais monstros subterrâneos meus, que tenham escapado momentaneamente.

Encerro esta dirigindo-me aos jovens, que apreciam tal combinação - álcool X medicamentos - para adverti-los a ter cuidado: após uma boa noite de farras, poderão acordar no dia seguinte cursando humanas na faculdade e votando no PT.

Quem avisa amigo é.

.

Walter Biancardine



sábado, 25 de novembro de 2023

EXAGERADO, JOGADO AOS SEUS PÉS -


Não vivi seis décadas para ser intimidado por dogmas mundanos.

Tudo pode me fazer mal, envenenar, aumentar meu colesterol, minha pressão ou encurtar minha vida. O que ninguém tem a sacrossanta coragem de dizer é O QUANTO disso preciso comer, beber, fumar ou fazer para que me prejudique.

Saí com meu irmão. Comi o que quis, bebi o que deu tempo, ri o que pude e guardei o choro no bolso.

O significado disso é muito maior que o atrevimento de qualquer poeta ou prosador, a passear sobre as alegrias ou desgraças alheias.

O valor disso é muito superior a quaisquer avisos sinistros e carontianos que todos os doutos, amparados pela magna ciência, tenham a autoridade de julgar.

Em meu cotidiano de náufrago em ilha deserta, tenho a autoridade moral - e física - para empanturrar-me, embebedar-me ou esvair-me em palavrório desconexo, pois tal não é minha rotina e, muito menos, o alvo de minhas atenções estava presente.

Hoje tive essa oportunidade, e valho-me de uma rede social para esfregar isso nos olhos daqueles que condenem os excessos.

Desvairios não matam.

Torná-los hábito, sim.

Salvo a ressaca, amanhã acordarei ótimo!


Walter.
Biancardine, eu acho.



quarta-feira, 22 de novembro de 2023

AUTOFAGIA POST-MORTEM

 


Pelo que vejo, a morte de Clerison está fazendo com que o brasileiro médio de direita, conservador, se torne um "anarco-niilista" - contra tudo e contra todos, condenando tudo e todos, apontando podres de tudo e de todos.

Tal reação desemboca, inevitavelmente, em um processo de desunião e autofagia do ainda ralo movimento de direita conservadora no Brasil. A ansiedade, a exigência por reações rápidas – que, por vezes, são inconvenientes politicamente – acabam por provocar posturas semelhantes à de populares em meio a grandes aglomerações: atitudes impensadas, bruscas, precipitadas e, no mais das vezes, que terminam por prejudicar os que estão juntos conosco, em nossas reivindicações.

Ninguém, nem Bolsonaro, escapa da fúria desiludida das virgens vestais que apenas reclamam, trancadas na segurança de seus lares e sempre temerosos de irem às ruas – única atitude que pode embasar atitudes de congressistas aliados.

Isso, entretanto, não exime Bolsonaro de explicar por que ainda não se pronunciou.

É o que se espera de um líder.


Walter Biancardine



terça-feira, 21 de novembro de 2023

TRADUZINDO DÚVIDAS


Confesso que ler meus artigos traduzidos para outro idioma é decepcionante. 

Reconheço não possuir nenhum domínio de linguagens estrangeiras e, portanto, sinto-me amputado da segurança da palavra exata ou da sutileza sugestiva - exaspera-me ao ponto de desejar que o interlocutor estivesse à minha frente, a compreender mímicas e olhares.

Quando as palavras são nossa ferramenta de trabalho, a exatidão ou sugestão que deixamos escapar podem provocar erros fatais - que conhecimento tenho do francês para pretender ler Sertillanges ou Jacques Maritain no original? Insuficiente, portanto terei de confiar as buscas nas mãos do tradutor de suas obras.

E quem traduzirá as minhas buscas, certezas ou agonias, se mesmo em português - de tão aleijado e disforme que está, no uso corrente - mal ou nada compreendem?

Não tenho respostas para isso.

Resta-me apenas continuar os estudos, exibir certezas, lamentar amores e confessar tantas perguntas, sem ambicionar entendimento ou mesmo discordâncias portadoras de alguma substância.
Está nas mãos de Deus.


Walter Biancardine 



segunda-feira, 20 de novembro de 2023

EU ACUSO!


Cleriston Pereira da Cunha, conhecido como “Clezão” e um dos presos do 08 de janeiro, faleceu hoje na Papuda por uma convulsão seguida de parada cardíaca. Cleriston sofria de diabetes e hipertensão e a PGR já havia se manifestado favoravelmente à sua liberdade. O caso não chegou a ser analisado pelo Ministro Relator do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Ele tinha 46 anos, era réu primário, sem individualização de conduta e o laudo médico atestava que havia risco de morte. Foi preso ainda em 8 de janeiro por estar dentro do prédio do Palácio, se protegendo dos ataques de bombas e tiros com balas de borracha, desferidos pelo "glorioso" e pérfido Alto Comando do Exército Brasileiro.

Segundo o analista político Flávio Gordon, “ele estava preso porque era preciso ‘proteger a democracia’. Afinal, não foi essa a desculpa vil usada para justificar TODOS os abusos de autoridade cometidos pelo Judiciário, desde a instauração do Inquérito do Fim do Mundo? Abusos que, finalmente, culminaram na morte desse preso político?

Já eu, por outro lado, lembro a ilegalidade e incoerência filosófica do conceito de “crime político” pelo mesmo jamais dispor de leis que atendam os requisitos de “lex sempiterna, perennis et immutabili” – uma lei perene, imutável sob qualquer regime, pois o que é considerado “mal” não pode mudar conforme a ideologia vigente.

Deste modo, e servindo-me de um básico Direito do Consumidor – pago impostos para obter serviços – valho-me da prerrogativa de “inversão do ônus da prova” para acusar de assassinato premeditado, doloso e com requintes de crueldade, os senhores Rodrigo Pacheco, Alexandre de Moraes e demais titulares das cadeiras do Supremo Tribunal Federal. 

Os mesmos, obedecida minha prerrogativa de inversão do ônus da prova, é que deverão apresentar refutações cabais de sua inocência diante desta absurda morte, deste assassinato cometido por uma junta governamental espúria e ditatorial, que exerce o governo da Nação à revelia da autorização popular.

Fatos trágicos como esse expõem, sem disfarces, a verdadeira face da ditadura judiciária imposta ao povo brasileiro. Não há como deixar de ver seus crimes, suas manipulações e estupros interpretativos das leis bem como o mais sórdido rancor e ódio, com o qual caçam – com ímpetos de extermínio – todos aqueles que não se curvam em obediência passiva aos seus desmandos.

Devemos lembrar, entretanto, que odiar uma ditadura é muito fácil e sem maiores consequências. Por isso, é preciso dar nomes – os nomes dos ditadores, os nomes dos estupradores de nossos direitos legais, os nomes dos ladrões do dinheiro público, os nomes dos assassinos do senhor Cleriston.

E os mesmos saem, todos os dias, nos noticiários – normalmente cobertos por elogios e enfeitados de louvores interpretativos, verdadeiramente lisérgicos, entoados por sua maior cúmplice e igualmente assassina de direitos e gentes: a grande mídia.

Tudo o que fizermos, de hoje em diante, não será “perturbação da ordem” ou mesmo, como tentam caracterizar, “atos de terror”: estaremos apenas exercendo nosso direito à legítima defesa.

Pois todo brasileiro de bem é, hoje, um alvo destes assassinos.


Walter Biancardine


"Meu dever é de falar, não quero ser cúmplice. Minhas noites seriam atormentadas pelo espectro do inocente que paga, na mais horrível das torturas, por um crime que ele não cometeu."

Emile Zola




terça-feira, 14 de novembro de 2023

UM ANO DE SENTENÇA, UM ANO DE LIBERDADE

 


Neste dia 15 de novembro completa um ano em que, repentinamente, perdi a mulher que amava, minha casa, meu modo de vida, hábitos, raízes, décadas de história, amigos e membros da família – tudo isso em menos de três dias.

Súbito, vi-me isolado, sem amigos e sequer onde dormir ou o que comer, e não fosse a generosidade e amor ao próximo de Alair Corrêa, oferecendo-me uma “casinha na roça”, meu destino seria os acostamentos de estrada ou marquises de prédios.

Um ano se passou.

Um ano de absoluta solidão, de não ter uma só alma viva por perto que pudesse conversar e tão distante do núcleo habitacional mais próximo que, uma caminhada até o mesmo, custaria uma hora e meia de pernas trabalhando.

Mas a vida é surpreendente, principalmente quando o nosso maior amigo – Deus – nos ajuda: o que, à princípio revelava-se um apocalipse em minha existência, acabou por se tornar a melhor coisa que poderia acontecer comigo.

Neste ano de solidão – minha “peregrinação no deserto” – consegui manter a psique sã e mergulhar profundamente não apenas em auto análises como, igualmente importante, numa investigação minuciosa de toda a conjuntura de minha vida, a qual revelava-se de uma dependência emocional contumaz e prejudicial, ao ponto de inibir-me intelectualmente diante da mulher amada – canhestra tentativa de demonstrar amor sob a forma de submissão da minha própria inteligência.

Um simples teste de caráter revelou-me o erro de pessoa: a mulher que amava jamais existira. E apenas fazer ouvidos de mercador às vozes dos meus complexos de inferioridade – “posso ser burro, mas posso também escrever” – renderam três livros e centenas de artigos onde, por mais que de mim discordem, ao menos admitirão a solidez dos meus pontos de vista e uma sanidade intelectual inacreditável, após tão inaudita e torturante provação enfrentada.

Este pode ser o resumo deste ano: uma dúzia de meses onde enfrentei o que poucos homens encarariam sem sequelas e, ao fim, enxerguei toda a dor e sofrimento como lição mais que necessária, para me tornar digno de outro patamar, o qual não lembro de, algum dia, nele ter estado.

O coração está curado – única dor que sinto é contra mim mesmo, por ter permitido que sentimentos manipulassem a razão e cegassem meus olhos – e a mente, de modo inacreditável, encontra-se mais produtiva e potente que jamais esteve.

Ainda enfrento uma vida bastante dura, com privações e sacrifícios diários, mas não posso deixar que a ansiedade me domine: estou reconstruindo o que, durante 60 anos, recusei-me a plantar. Assim, quaisquer reclamações de minha parte seriam, além de levianas, injustas. E essa reconstrução também passa pelas mesmas mãos deste senhor, Alair Corrêa, que convidou-me a gerenciar seu hotel. Tenho um teto, estou empregado e meu intelecto permanece são e produtivo.

Posso considerar este ano como longa e necessária internação em uma rehab emocional, o qual me rendeu bons frutos: da indigência certa ao cargo de gerente, e da demência traumática à publicação de três livros.

Creio ter, finalmente, aprendido a transformar limões em limonada.


Walter Biancardine





domingo, 12 de novembro de 2023

AOS JOVENS DE HOJE, QUE INGRESSAM NO MERCADO DE TRABALHO:

 

Quando em um debate xingarem sua mãe, apontarem seu pé chato, hábitos sexuais ou uma legião de antigos relacionamentos que não te querem nem pintado de ouro, isto significa que seu adversário não tem nada de concreto, real, contra você, suas posições ou atitudes – isto se chama "argumentum ad hominem".

Igualmente, tal adversário pode estar tomado por sentimentos pessoais – raiva, despeito, frustração, inveja – ou, simplesmente, ter um QI de samambaia de plástico.

Ou tudo isso junto.

Por isso meu caro jovem, que agora ingressa no mercado de trabalho: se, em uma discussão, xingarem sua mãe, parabéns: você está com a razão e venceu a demanda!


Walter Biancardine



quarta-feira, 8 de novembro de 2023

MESSAGE IN A BOTTLE

 


Minha vocação é a escrita: jornalismo, teses, ensaios, livros, análises políticas, romances e até versinhos de pernas tortas, quando em agonia sentimental.

Muitos, porém, não entendem e creem ser estratégia de disfarce de um caráter duvidoso o fato de nenhuns pudores eu sentir em expor o que tenho de pior.

Acreditem: o que carrego de decrépito, mostro. E, se entre tantos deméritos um caráter vago, mau ou ausente existir, o mesmo poderá ser facilmente identificado no que escrevo.

E qual a razão de mostrar meu mais abominável?

Simples, pois tais desabonos são publicados entre diversos artigos que produzo e, assim, o leitor poderá ter a certeza de minhas linhas serem plenas de sinceridade - desejos de glória, reconhecimento ou elogios são, tais como os citados, inexistentes.

Se não há reconhecimento no que faço, igualmente não o procuro.

Minha ambição está quilômetros acima, objetivando que as pessoas raciocinem por si mesmas, que não sejam mais marionetes da grande mídia e que enxerguem versões censuradas de vergonhas públicas e explícitas.

E quem me lê saberá que nada ganho com tais atividades, que o desinteresse pessoal é absoluto - afinal, o quê um bosta como eu, já velho e acabado, poderia desfrutar disso?

O Brasil pede socorro, a inteligência humana envia seu S.O.S. e eu sou apenas a garrafa que carrega a mensagem.


Walter Biancardine



domingo, 5 de novembro de 2023

NÃO CUSTA PENSAR:

 


O descaramento ilimitado das instituições brasileiras não teve pudores em libertar um ladrão, condenado em todas as instâncias, para que sua passada e extinta "popularidade" justificasse a fraude eleitoral que se preparava, dando vitória ao mesmo e à quadrilha.

Do mesmo modo, estas instituições condenaram "ad libitum rex" Jair Bolsonaro à inelegibilidade, com idêntico propósito, visando já as vindouras eleições presidenciais: não importa quem Bolsonaro indique ou apoie na corrida eleitoral, o mesmo perderá, graças às nossas extraordinárias urnas dotadas de livre arbítrio.

E a justificativa - sempre dada pela mídia cúmplice - será fácil e previsível: "Fulano de Tal não tem a mesma popularidade de JB" ou, pior, "Bolsonaro perde prestígio e não consegue transferir votos para seu candidato".

Somente um verdadeiro milagre - o indicado por Bonoro obter uma votação ainda mais massiva, absurda mesmo, aos níveis de quase unanimidade - poderá quebrar a farsa, que já está preparada e pronta para ser usada no próximo pleito, destinada a nos aprisionar para sempre na atual ditadura comunista que vivemos.

Desistam de buscar alguém que nos salve: nem Bolsonaro nem ninguém poderá.

Somente nós, em insurreição aberta, poderemos criar condições de atuação para os poucos congressistas que nos restam.

Acordem.


Walter Biancardine

.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

FERIADO

 


Sem nenhum pudor escrevo sobre esta véspera, mesmo sabendo o significado do dia de amanhã. Sim, pois dores de perdas não serão amenizadas chorando sobre túmulos que muita gente visita (quando visita) apenas anualmente.

Não, a dor que quero falar é outra: é a dor da solidão; de não ter ninguém para sair, relaxar, conversar bobagens, fazer planos loucos ou mesmo engrenar em desafios intelectuais que, fatalmente, desembocariam em uma cama selvagem e plena de admiração.

Véspera de feriado, quero sair e não tenho como.

Véspera de feriado, quero beber um chope e não tenho com quem.

Véspera de feriado, quero um fim de noite com beijos mas não existem bocas.

Não existem bocas, não existem perfumes, não existem graça, encantamento, doçura e companhia.

Véspera de feriado, descubro que o finado sou eu.


Walter Biancardine



terça-feira, 31 de outubro de 2023

OS ESTRANHOS SERES QUE SE DEDICAM A UMA CAUSA

 


A foto que ilustra este artigo é uma montagem que, por brincadeira, resolvi fazer em homenagem à minha amiga de tantos anos, Dra. Liliana Ruck.

Quem pode imaginar que tal bela senhora, divertindo-se em rodar bambolês - retirados na foto montagem - dedica-se a salvar vidas, ameaçadas pela ignorância e prepotência de governos e big farmas, fazendo conferências nas três Américas - do Sul, Central e do Norte?

Habituamo-nos a ver tais pessoas, circunspectas em suas entrevistas e aparições públicas, e esquecemo-nos que são gente também - sim, com problemas normais, família para cuidar, necessidade de relaxar, se divertir e, por vezes, fazer coisas bobas como rodar um bambolê.

Mas pessoas como nossa doutora enfrentam uma rotina de pressões, ameaças - sim, ameaças - boicotes, censuras e sabotagens, sempre mostradas pela grande mídia como "paranóicos da conspiração".

Agora o cirrótico presidencial tornou obrigatória a vacinação contra a COVID para crianças, e os congressistas nada fizeram.

Um veneno passa a ser inoculado compulsoriamente em nossos pequenos e ninguém teve a coragem de se rebelar.

Mas nossa amiga, Doutora Liliana - e seu bambolê - arrisca sua vida para nos livrar de tal maldição.

Ela é uma pessoa normal, como todos nós.

Por quê não podemos ser como ela?


Walter Biancardine



terça-feira, 24 de outubro de 2023

A EX-JOVEM PAN BAURÚ – O SISTEMA É TOGA, PARCEIRO…

 


Quando o querido apresentador Pittoli anunciou que a rádio em questão – Jovem Pan Baurú, uma afiliada da rede Jovem Pan – não mais fazia parte do grupo, não foi nenhuma surpresa.

A análise feita ao vivo por ele próprio, explicando a trajetória de ambas empresas e que culminou no cancelamento do contrato, por parte da concedente, foi de uma clareza exemplar e seguindo os bons preceitos do jornalismo: simples, direto, objetivo e sem apelar para dramas ou sensacionalismos.

Não será impossível, entretanto, que eventuais ouvintes tenham achado o bravo Pittoli culpado em alguma das apelações citadas acima, mas o fato é que a situação em si é, realmente, dramática e surreal.

Tal atitude, por parte do Grupo Jovem Pan, nos mostra de maneira irrefutável algumas das verdades básicas do jornalismo as quais, cinicamente, são escondidas. Mais que notícias ou furos de reportagem, o que uma empresa de notícias busca é o poder. E o Grupo JP bem arriscou posicionar-se contra o sistema vigente no Brasil mas, após a “eleição” de Lula, compreendeu com clareza meridiana – e rapidez olímpica – que fecharia suas portas caso se mantivesse em clara oposição ao governo – agora oficialmente ditatorial e comunista – que vivemos.

Temos, então, um Pittoli em carreira solo, na abençoada e corajosa Rádio Auri Verde – nome aparentemente predestinado da emissora que um dia afiliou-se ao Grupo JP – carregando consigo os milhares de seguidores que angariou, ao longo de sua trajetória.

Entretanto, observemos: o número de seguidores que canais, publicações ou mesmo páginas conservadoras conseguem colher, seja em quais redes sociais forem, é a verdade esfregada na cara dos cínicos ditadores, os quais pretendem convencer-nos que um ladrão alcoólatra, ditador em cirrose terminal, conseguiu maioria dos votos, da preferência e confiança do povo, nas últimas e teatrais eleições brasileiras. Em contraponto basta lembrar que o citado ladrão cirrótico, em suas lives, mal batia 4 mil cabeças – quiçá pagas para assistir.

Mas, já dizia Capitão Nascimento no filme Tropa de Elite: “O sistema é foda, parceiro”. E é mesmo.

Principalmente o sistema tributário, que torna impossível ao empresário cumprir rigorosamente todas as normas e obrigações impostas, sem que seu negócio vá à falência. Talvez pareça artimanhas de antigos coronéis da velha República mas o que funciona não muda, e num piscar de olhos dúzias de fiscais – tributários, trabalhistas, da saúde, direitos das minorias, o que estiver à mão – baterão à porta do comerciante conservador – talvez um patrocinador da Rádio Auri Verde – sufocado em meio às obrigações da bitributação vigente ou quaisquer outros absurdos normativos, e o crucificarão com multas estratosféricas, cuja única intenção é quebrá-lo e fechar seu negócio – sim, pois é impossível andar dentro da lei no game demoníaco imposto pelo sistema, parceiro. E ele é foda.

Tal lúgubre lembrança vale não apenas para a corajosa Rádio Auri Verde mas, também e como já citei acima, para as empresas que ousarem patrocinar seus programas – uma espécie de Sleeping Giants fiscal.

E assim o cerco se fecha, garantido por nossa passividade bovina, por nossos medos e traumas, dando caminho livre à sanha de um processo que se repete, de maneira idêntica e cínica, por todas as repúblicas no planeta terra.

Não me atrevo a especular quanto tempo ainda teremos o bravo Pittoli e sua Rádio Auri Verde entre nós, mas arrisco dizer que mal completará aniversário.

Falta pouco para nos tornarmos verdadeira república soviética – bocas caladas, povo encolhido, eleições de cartas marcadas, prisões, torturas, mortes ou exílios.

E este é o país que nós, bravos patriotas, estamos deixando para nossos filhos e netos.



Walter Biancardine



domingo, 22 de outubro de 2023

PEDINDO ATESTADO

Amigos, hoje é dia de minha mudança.
Saio da casinha onde vivi quase um ano - onze meses, para ser exato - e passo a ocupar o andar superior da recepção do Resort Chave Chalé, em uma suíte que ajeitei para mim.
A internet - com a ajuda e empurrão de Deus - será ligada amanhã, se tudo der certo e o provedor entender minhas súplicas.
Assim, de agora até o final desta segunda feira estarei ausente das redes, mas é por um bom motivo: VIDA NOVA!


Walter Biancardine



ELE É O CARA



Antes de publicar o artigo anterior, no qual contei as novidades, quis dar ciência à Alair Corrêa – verdadeiro marco na história de Cabo Frio – por citá-lo no mesmo.
A resposta, autorizando, de tal modo encheu-me de orgulho e alegria que aqui a reproduzo.
Não há palavras para agradecer o que este homem fez.

"O que fiz foi sem imaginar que tivesse sido algo tão importante, a ponto de você exaltá-lo publicamente, OBRIGADO! Mas, se assim o fiz, foi somente por vontade de fazê-lo.
Deus me permitiu olhar para você e encontrar alguém que precisava de um solavanco, um empurrão, um despertamento para um reinicio de vida!
Sabia que balançava um bom homem, com algum conhecimento, mas não tinha noção de toda sua cultura, que passo a conhecer ao ler seu texto e constatar mais essa sua riqueza!
Considerando que lhe entreguei a gerencia de um dos meus negócios, acredito que tal responsabilidade o ajudará a dar a volta por cima, ajudando a si mesmo e contribuindo para o sucesso da minha empresa!
Como falei, tudo aconteceu porque Deus me fez voltar o olhar para você! Walter, agora você faz parte do meu grupo de funcionários e de amigos também. Vai estar junto dos meus filhos, me ajudando em um dos meus negócios, o nosso Chave Chalé Hotel!
Seja bem vindo, Walter Biancardine! Que DEUS, me permitindo olhar para você na hora de seu descrédito, seja o inspirador para um sólido crescimento!"


Alair Corrêa



sábado, 21 de outubro de 2023

SIC TRANSIT EGO

 


Somente os que me acompanham pelo canal do Telegram estão cientes, mas creio que é chegada a hora de compartilhar as novidades: completamente desviantes da depressora rotina de más novas, desta vez são boas.

Como muitos sabem – pois jamais escondi nada de ninguém, sucessos ou fracassos – em apenas três dias perdi a mulher que amava, estava desempregado, não tinha mais casa, lugar para dormir, carro, moto, gente em volta, família e mesmo os pobres gatos, que comigo coabitavam, se foram juntamente a toda uma rotina de quinze anos de feliz casamento. Do dia para a noite, perdi minhas referências, raízes, amores, companhias e mesmo hábitos.

Verdadeiro náufrago da vida, olhei à volta e só havia o oceano tempestuoso e os tubarões de sempre. Mas, tal como nos filmes, um homem – um só, e que nada teria a ganhar fazendo-me favor algum – estendeu-me a mão e me abrigou, naquilo que literariamente chamei de “minha casa na roça”. 

Por quase um ano morei em sua propriedade, um Parque Aquático desativado, cercado apenas por bois, cavalos, porcos e solidão. A mais absurda, penitente e torturante solidão, daquelas de se passar uma semana e nos darmos conta de não termos pronunciado uma só palavra, sequer. Mas eu tinha um teto, e esta solidão – agora vejo – foi ferramenta de Deus.

Já algumas vezes escrevi sobre a real imensidão do significado do “deserto”, verdadeiro personagem bíblico: nele, esvaziamo-nos de todo o mal, toda a mundanidade e de péssimos hábitos, conceitos e mesmo valores e “verdades”, que a “realidade da vida” nos ensina, ao longo de nossa caminhada.

Ao contrário do maléfico nirvana budista – ou mesmo da “destruição total de tudo” da Escola de Frankfurt e dos delírios de Nietszche – esse “esvaziamento” total, quando imbuído pela palavra cristã, faz com que ressurjam todo aquele “bom” que (sabemos que) tínhamos, aquelas virtudes que “nasceram” conosco, nossa essência humana, o gracioso poder da empatia, da transcendência e, finalmente, da compreensão de toda uma vida repleta de abstrusos.

Mas, além da solidão absoluta, outra coisa é necessária: falar, falar muito, sozinho, sem a vergonha de pronunciar em voz alta os mais horrorosos e fétidos pecados que (por sorte) tenhamos a consciência de havermos cometido – uma autocrítica em proporções transcendentes – e isso só será possível em absoluta solidão, ou chamarão o hospício para recolher o maluco, mais um, que perambula pelas ruas falando consigo mesmo – consigo e com seus demônios.

Eu tive essa sorte, travestida de maldição. Consegui manter-me lúcido, progredi vertiginosamente na busca da verdade e aqui nasceram, de minhas mãos, três livros – já publicados e que atestam, se não a qualidade do escriba, ao menos sua psique sadia e o fogo vivo de suas buscas.

Cumpri minha sentença – ou melhor, meu aprendizado – determinado por Deus e proporcionado pela empatia e piedade deste amigo, Alair Corrêa, verdadeiro ícone na cidade onde escolhi morar, Cabo Frio. Sim, pois este cidadão foi quatro vezes prefeito, duas vezes deputado e igualmente foi o responsável pela total e maravilhosa mudança deste município, colocando-o no mapa do Brasil e do turismo internacional.

E o quê ele teria a ganhar com isso, se nada mais precisa provar a ninguém?

Nada, essa é a verdade. Tal ato foi devido à pura empatia, amor ao próximo e um grande coração.

E onde entram, afinal, as boas notícias?

Neste momento, este Parque Aquático está em verdadeiro processo de metamorfose e sofre obras para sua reabertura, juntamente à novidade de um belo Resort – o qual a gerência deste último estará a meu encargo.

Talvez para o leitor, ser humano normal que é, ser convidado para um emprego não pareça nada de transcendente – uma bela notícia, no máximo – mas para aqueles que acompanharam toda minha trajetória creio ser evidente muito mais estar em jogo do que um simples salário: é a volta da dignidade, de sentir-me “inter pares” – um igual – e para quem já dormiu em pátios de postos de gasolina ou nos matos dos acostamentos das estradas, sentir-se “um igual” é algo que ultrapassa a capacidade de expressar toda a alegria envolvida. Para mim, em minhas condições e após atravessar tantos desertos e privações de alma, é um acontecimento capital.

É evidente que não tenho mais o otium sine dignitate necessário ao pensamento, às escritas, à maromba intelectual. Tudo isso tenho deixado de lado – e friso, momentaneamente – em favor das inúmeras tarefas que, agora, preciso desempenhar. Entretanto já vivemos o bastante para sabermos que o tempo acalma as tempestades e, em breve, toda uma rotina de trabalho será criada e nela meu labor intelectual tem seu lugar garantido.

Estou com um livro à meio caminho – e por enquanto interrompido – no qual tento desfazer aquela quase “piada de mau gosto” sobre a discussão entre o determinismo e o livre arbítrio, algo que soa-me como as crueldades praticadas por irmãos mais velhos, quando éramos crianças e nos perguntavam quem preferíamos: papai ou mamãe. Mais piada ainda se torna ao abordar pela ótica que tenho tratado com mais ênfase, que é o determinismo behaviorista, e este livro terá de esperar um pouco.

Agora sou um homem normal, tenho um emprego e, em breve, terei minha casa e meu carro.

Back to basics!



Walter Biancardine





domingo, 15 de outubro de 2023

CRIANÇAS

 




Devo minha existência hoje, por sobre o planeta Terra, a algum português que embarcou em uma caravela e resolveu arriscar a sorte na Terra de Santa Cruz.

Igualmente carrego, em meu sangue, o legado de um possível romano que (quem sabe?) teria vendido um bloco de mármore á Michelangelo - ou, anteriormente, ter sido destroçado por espadas bárbaras em alguma guerra do imperador Tibério.

Não fosse o cumprimento do preceito bíblico "crescei e multiplicai-vos" - hoje denegrido em "sanha procriatória, causadora da hiperpopulação" - e nenhum de nós, eu inclusive, estaria aqui.

Penso que o ser humano pertencente às classes mais esclarecidas está se tornando assexuado, anestesiado para o desejo carnal que secunda o afeto. E as consequências disso são expostas no orgulho com que se declaram "pais de pets".

Não é segredo meu gosto por animais: vivo entre bois, vacas, cavalos, porcos, galinhas e seus colaterais: lagartos, preás, cobras, garças, mergulhões. Jamais mataria ou infligiria sofrimento a qualquer um deles - pelo contrário, muitos viram (gravei em vídeo) o pangaré "Pé de Pano", que se afeiçoou á mim e me segue por toda a parte. Igualmente já tive inúmeros cães, gatos, hamsters e até gambás, que me visitavam em casa para comer a ração dos gatos, seus amigos.

Mas isso não me torna "pai de pet".

Assim declarar-se é uma barbaridade proferida pelo vício da moda, onde as pessoas não se dão conta da enormidade que dizem. Não sou "pai" e, muito menos, "tutor", pois quem tem este último são crianças abandonadas, que contam com a sorte de ter alguém que as oriente na vida.

Bichinhos fofinhos não transmitirão meu legado, a ancestralidade que herdei destes romanos despedaçados por espadas bárbaras ou de algum português louco, que aventurou-se ao embarcar nas caravelas.

Bichinhos fofinhos não levarão meu sangue adiante, não poderei ensinar-lhes meus valores, minhas crenças e neles depositar a fé de que farão desta miséria em que vivemos, um lugar melhor.

Bichinhos fofinhos não carregarão - para o melhor ou pior - meu sobrenome e, muito menos, me desejarão um feliz dia dos pais.

Bichinhos fofinhos podem, isto sim, ser amigos, companheiros, fiéis e afetuosos - e serão, com certeza, chorados após sua morte.

Mas jamais serão meus filhos.



Walter Biancardine.





sábado, 14 de outubro de 2023

O NAZI-FASCISMO ACADÊMICO BRASILEIRO


Eventualmente acusam-me de fazer “tábula rasa” do meio acadêmico brasileiro, por eu desprezar todos os seus integrantes e, assim, exercer uma clara condenação da intelectualidade – tal como feito por Hitler e Mussolini, no exercício da consolidação de seus poderes ditatoriais.

A roda gira, o mundo dá voltas mas caímos sempre no mesmo ponto: o brasileiro médio está a tal ponto moldado pelo gramscismo, onipresente na grande mídia e cultura de massas, que sequer se dá conta do fato de seu comportamento ser evidente vassalagem aos ditames da esquerda – “Acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é”.

Se houve um setor onde o expurgo de pensamentos dissidentes foi total, absoluto e impiedoso, este local foi o meio acadêmico. Entre as “paredes douradas” do saber acadêmico nacional, é absolutamente proibido “não ser de esquerda”. Alunos são ridicularizados nas salas de aula, discriminados pelos colegas, oprimidos e excluídos socialmente – por vezes ameaçados fisicamente – e, para piorar, seus trabalhos, estudos e teses merecem apenas o mesmo e abominável comportamento de seus mestres: nota zero, não aceitação de teses e, eventualmente, o uso de tal estudante como alvo de chacotas em sala de aula – bullying, para usar uma palavra que eles tanto gostam e “reclamam” de sofrer (lembre-se: “acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é”). E este processo – este sim – é o mesmo que Hitler e Mussolini utilizaram, em suas ditaduras.

Não é preciso que um eventual observador seja conservador ou mesmo liberal para se dar conta que as teses de pós graduação, por exemplo, são, absolutamente todas, de viés esquerdista. As mesmas ganham aprovação, menções honrosas, destaques e subsídios. São orgulhosamente publicadas por universidades que nada ensinam – apenas doutrinam – em seu fanatismo cego stalinista, e reduzem a produção acadêmica nacional ao nível de redações de quinta série ginasial, escritas por revoltado e espinhudo adolescente, desejoso de “parecer intelectual” e impressionar as meninas.

Tais teses foram vergonhosamente expostas por útil artigo publicado pela Gazeta do Povo, endossando o que digo há tempos, e que pode ser acessado através do link https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/dez-piores-teses-premiadas-pela-capes-em-2023/?utm_source=cpc&utm_medium=cpc&utm_campaign=fbklivre&fbclid=IwAR1cHJutcBd5Xf5jaLHHbMuTZWSKF4tDJt_fkC5f46j2q8LTSB1FsDsKg1A .

Já as teses imbuídas de outra ótica – não necessariamente conservadora – não estão disponíveis para que eu as exemplifique aqui: simplesmente não são aceitas. Ou o aluno se amolda à ideologia do Soviete Supremo ou esqueça quaisquer pretensões de posgrado.

A lógica mais primária nos permite concluir, com segurança, que as excelências acadêmicas superiores – seus “mestres” e, por vezes, renomadíssimos naquele círculo privé, denunciado no livro “O Imbecil Coletivo”, de Olavo de Carvalho – exalam o mesmo e pestilento viés, imposto aos alunos e reciprocamente lambido, entre os pares.

A academia é o lar da discussão. Lá, o debate deve ser livre e todos os tipos de pensamento e vieses devem – ou deveriam – ser estudados e debatidos com isenção, impondo ao professor sua obrigação natural: ensinar, orientar, e não doutrinar. Para deixar mais claro: o problema não é a exposição de teses esquerdistas e, sim, o seu monopólio nas universidades. As mesmas se resumem, portanto, em uma fábrica de imbecis monocórdios, tangidos por outros imbecis superiores que “chupam dialética” dia e noite, mas não a permitem. E isso é nazismo em estado puro.

Tais imbecis monocórdios são os que “orientam” o pensamento intelectual brasileiro desde meados da década de 60 e, portanto, nada mais natural que a sociedade em que vivemos tenha se barbarizado aos níveis horrorizantes que todos conhecemos, hoje.

Sem nenhum pejo, podemos pegar Cortellas, Karnais, Chauís e até pitadas de Paulo Coelho e adicionarmos à horrorosa e totalitarista sopa, cozinhada pelos Chefs do Supremo Tribunal Federal: todos eles são ervas daninhas da mesma rama, o veneno produzido é idêntico e consequência natural de sua correlação.

Mas quem se intoxica, vomita e não sai do banheiro, vitimado pelo piriri ideológico, é um só: nós, o povo.



Walter Biancardine





quinta-feira, 12 de outubro de 2023

“MISERICÓRDIA QUERO, NÃO SACRIFÍCIOS”

 


12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
Não, não escreverei comentários pedindo a intervenção da Virgem por sobre nossa carecida Terra Brasilis - por demais necessitada e ela sabe disso, dispensa meus rogos.

Mais útil valer-me de algumas poucas linhas para lembrar que a Igreja Católica, em seu ensino teológico, é objetiva na diferença do culto que prestamos à Deus, à Nossa Senhora e aos santos.

Em grego, o termo "douleuo" significa "honrar", e não "adorar". No sentido verbal, "adorar" (ad orare) significa simplesmente orar ou reverenciar alguém. Para que não reste dúvidas, a própria Vulgata - Bíblia original, em latim - diz "Tu adorarás o teu Deus" (Mt 4, 10) mas, por outro lado, também enuncia: "Abraão, levantando o olhos, viu três varões em pé, junto a ele. Tanto que os viu, correu da porta da tenda a recebê-los e, prostrando em terra, os adorou". (Gn 18, 2).

Creio ter deixado bem expostos os dois sentidos, indicados pela própria Bíblia: adoração suprema, devida só à Deus, e adoração de reverência, devida à outras pessoas.

Em português claro, o culto de "latria" (do grego "latreuo") quer dizer "adorar", reservado à Deus. Já o culto de "dulia" (do grego "douleuo"), significa "honrar". Já a "hiperdulia" é algo acima do culto de honra sem, entretanto, atingir o culto de adoração - Nossa Senhora ou, em meu caso particular, Santa Therezinha de Lisieux são exemplos.

E para zerar nossa equação, lembro aos que eventualmente protestem alegando ainda que toda "inclinação" ou "genuflexão" é um ato eminentemente de "adoração" - só devido à Deus - recordo que isto pode ser até mesmo um ato de agressão, como no caso dos soldados de Pilatos que zombaram de Jesus, inclinando-se ao "Rei dos Judeus" em descarada galhofa.

Que católicos e evangélicos deixem de rezingas e unam-se, portanto, em adoração ao nosso Deus único e Uno - que é o mesmo de Israel. Nos trágicos dias que vivemos, a misericórdia é mais bem vinda que fundamentalismos religiosos.



Walter Biancardine



quarta-feira, 11 de outubro de 2023

CONSIDERANDOS -

 


A filosofia, em termos de prática, é um processo existencial e não há término - para o filósofo - que não seja sua morte. O simples interesse em "quais livros ler" e, efetivamente lê-los, não fará de ninguém um buscador da verdade e sim, apenas, um erudito.

Para completar, limitar-se á leitura não funciona, também, por ser preciso viver - junto com o autor dos mesmos - o drama que o fez conjecturar suas hipóteses, o caminho que seu pensamento e vivência percorreram, em busca da verdade primeira sobre aquilo.

Só depois de tudo isso absorvido é que poderemos começar a formar alguma conclusão sobre a obra e seu autor, a qual eventualmente nos levará a tecer hipóteses, ensaios ou mesmo estabelecer uma dialética com base no mesmo.

A filosofia é uma atividade muito séria, é a adoção de um modo de vida condizente com suas crenças e pensamentos, buscar a verdade primeira e, obviamente, a prisão do filosofar em um sistema acadêmico apenas o atrofia e expõe tais portadores de seus diplomas ao ridículo.

Ou os condena a apenas lecionar.



Walter Biancardine



terça-feira, 10 de outubro de 2023

DESCONTROLE DA BOCA

 


A quase totalidade dos brasileiros não consegue entender sequer metade do que dizemos e, talvez por isso, tenha em tão baixa consideração as palavras que saem de sua boca, as que escreve ou mesmo as que repete – falando ou escrevendo – de terceiros.

Já faz parte de nossa rotina ouvirmos pessoas dizerem barbaridades despreocupadamente, sem nenhum constrangimento. Se confrontadas à evidências da asneira dita, inevitavelmente refugiam-se em sorrisos e alegações que “não entendemos, foi apenas força de expressão/sentido figurado/modo de dizer”. E ainda reclamam que levamos tudo muito a sério!

Pior ficou com o advento das redes sociais, onde o irresponsável compartilha algum texto onde sequer 10% foi por ele compreendido, os mesmos 10% foram entendidos erradamente e, para completar, o infeliz incauto sequer leu o restante escrito, repleto invariavelmente de asneiras, absurdos ou mentiras. E, como estamos em redes sociais e blindados atrás de um monitor ou celular, ao serem contestados reagem sempre de maneira furiosa, tão overdosed de testosterona que cegaria um Olavo de Carvalho.

É preciso entender e aceitar a imensa, pesadíssima responsabilidade que temos sobre cada sílaba por nós proferida, afinal a capacidade de dizer algo e de compreendermos o que nos foi dito é primordial distinção que nos afasta dos quadrúpedes. Palavras não podem ser “desditas”, pois seus efeitos não podem ser “desproduzidos”: no máximo, a asneira – se não causadora de desgraças pelo desentendimento – será “compreendida” pelo ouvinte tolerante, sempre recheada de alegações semi-irritadas de que ele “leva tudo muito á sério, era só um modo de dizer”. Se escritas, todo o exposto acima será multiplicado á enésima potência, pois não há como “desescrever” (apesar dos asnos atuais recorrerem á fácil remoção de seus “posts”).

Toda a miséria acima exposta tem por objetivo servir de alerta à nossa “despreocupação” em nossas conversas, ao uso abusivo e irresponsável de “figuras de linguagem” ou “sentido figurado” que distinguem um bate-papo no bar, com amigos, de uma conversa de trabalho, estudos, negócios ou mesmo em momentos privados em que o entendimento claro – devido a seriedade da ocasião – assim o exige.

Uma pessoa que não vê nenhum problema em ir á um encontro de trabalho vestindo bermudas e camisa de malha traduz, em seu aspecto, sua clara irresponsabilidade sobre o que diz.

A palavra é o bem mais precioso que possuímos. Como confiar em alguém assim?



Descontração e malemolência só nos levaram à merda. Quem sabe um pouco de seriedade não nos empurre á frente?

Walter Biancardine



domingo, 8 de outubro de 2023

A GUERRA CONTRA DEUS – AS FALSAS VOZES SE LEVANTAM

 


As redes sociais são a “cracolândia” da sociedade humana e, em momentos de tensão como o que atravessamos atualmente, diante das agressões do Hamas á Israel, o anti semitismo de muita gente é exposto sem nenhum disfarce, nas patológicas postagens que calhamos de, eventualmente, ver.

Inadmissível seria, entretanto, qualquer espécie de censura a tais entrevados, pois possuem os mesmos direitos de externar suas opiniões que todos nós. Igualmente é covardia inaceitável abandonar as redes, pois graças a elas a grande mídia perdeu o monopólio da verdade e, hoje, podemos saber de fatos que jamais seriam expostos poucos anos atrás. O que podemos fazer é estarmos preparados – cultural, intelectual e psicologicamente – para atravessarmos ilesos tal mar de ignorância, graças ao nosso discernimento e bom senso, inclusive, filtrando o que é bom e o que é nocivo.

Indo direto ao ponto – Hamas, muçulmanos, Sharia e outros – é importante deixar claro que nossa “tolerância com os intolerantes” é o poderoso motor que nos conduzirá, inevitavelmente, ao fim da civilização ocidental judaico-cristã.

Por décadas a indústria cultural, show business e grande mídia entupiram nossos ouvidos e nos adestraram, pavlovianamente, a uma atitude de passividade diante de barbarismos horrendos e sub humanos, praticados por povos hostis os quais, para cúmulo da hipocrisia covarde, abrigavam-se de suas conflagrações internas nos refúgios seguros dos países ocidentais.

Tal postura de “tolerância” revela o que temos de pior: na realidade, consideramos tais pessoas como cachorros – irracionais que, coitados, não sabem o que fazem. Assim, do alto de nossa “superioridade”, mostramos á sociedade como somos evoluídos e os acolhemos com paninhos para dormir, um pote de ração e ossos para roerem. Em nosso covarde desprezo íntimo e inconfessável pelos mesmos, não percebemos – ou nos recusamos a enxergar o mal – que tais “cachorrinhos” tem, em sua gênese religiosa, ódio mortal contra tudo o que somos, o que representamos, e quase justificável desprezo por nossa covardia. E eles nos matarão e esquartejarão nossos corpos na primeira oportunidade, pois esta é a verdadeira, óbvia e visível razão de sua “fuga” para países com uma tradição cultural que desprezam: o domínio de Allah e morte aos infiéis.

Nós, ocidentais, sofremos uma terrível compulsão suicida de nossa civilização e deliberadamente cegamo-nos, amparados pela grande mídia assassina, preferindo proteger e fazer manifestações em favor da barbárie religiosa (disfarçada de “tradições culturais”) ou – requinte de “isentões” – considerarmos, todos, apenas lixos humanos idênticos em sua podridão mas sempre merecedores de nossa “piedade” superior. E o nome disso é vaidade – a mais rasteira e abjeta vaidade.

Vamos exemplificar o modo de agir destes últimos, os “isentões”, pela maior dificuldade em detectar sua perfídia: nas redes sociais – Xwitter, especificamente – celerados digitais publicam supostas cartas de (assim eles denominam) um dos “papas” da maçonaria, Albert Price, na qual teria revelado pelos idos de 1871 que “tudo o que hoje acontece em Israel é parte de um plano dos ‘Illuminati” para provocar a terceira guerra mundial, através do fomento do sionismo contra palestinos”. E a tal carta citaria “exemplos”, expondo acontecimentos da primeira e segunda grande guerra, “profetizando” demencialmente o que já aconteceu e oferecendo isso como “prova” de suas alegações, aos idiotizados leitores. Para piorar, usa o povo judeu como meras peças de seu xadrez medonho e finaliza – este é o ponto – apontando Israel como verdadeira “espoleta” que detonará o terceiro conflito mundial.

Evidentemente, esclarecem ao embasbacado leitor que a tal carta “sumiu” e que as informações são oriundas de um site, https://bibliotecapleyades.net/ , o qual – de maneira nenhuma – tem autoridade ou legitimidade para atestar a veracidade dos absurdos lá contidos e “profetizados”. Como disse acima, apenas vaidade, a vaidade de “saber o que ninguém sabe” e sair bem na foto.

Deixemos de lado tais misérias primárias, entretanto, e analisemos a parte que nos afeta de modo mais direto – como seja, a participação sempre criminosa da grande mídia, no conflito em que o Hamas agride covardemente Israel e o povo civil judeu.

Não há como disfarçar: a grande mídia está, toda, contra Israel. Basta folhear qualquer jornal e lá veremos os assassinos sendo tratados como “combatentes” ou, no máximo, “extremistas”, enquanto senhoras de idade – presas ilegalmente por manobra pérfida do alto Comando de nossas Forças Armadas – estampam manchetes nestes mesmos jornais sob a acusação de serem “terroristas”, perigosíssimas e letais, com suas Bíblias e bengalas.

Ora, o simples fato da grande mídia, serva do globalismo, estar contra Israel já exclui, à priori, este país da acusação – feita por renomados ou mesmo anônimos dementes – de ser um Estado participante do criminoso processo de globalização e imposição de governo único mundial o qual, nestas horas, deixa de ser tratado como mera “teoria da conspiração”.

Em diversos artigos anteriores já escrevi que a grande mídia, ao longo do século XX e em nosso, atual, é sempre agente ativo em todas as conflagrações mundiais. Não há uma só guerra, nos últimos 150 anos, que editores sedentos de poder não tenham, de alguma forma, promovido, piorado, desvirtuado ou conduzido tais morticínios em favor dos interesses de seus soberanos – e sabemos quem são.

E esta mesma mídia – convenientemente cega – jamais, em todos os inúmeros conflitos em que Israel esteve envolvido, seja como Estado ou povo judeu, lembrou-se de noticiar a perfídia sempre utilizada contra eles. Dos vagões de trem nazistas, onde atulhavam-se judeus rumo á “campos de trabalho” (diziam os nazistas, os mesmos que os levavam às câmaras de gás “para uma chuveirada”) á mais recente guerra do Yom Kippur – onde o povo foi pego de surpresa em seu mais importante dia religioso, o Dia do Perdão – jamais, repito, a grande mídia teve o pudor de lembrar ao mundo que, se todas as guerras são horríveis, as contra os judeus sempre foram mais, fruto de criminosa perfídia, sempre empregada e nunca denunciada.

O atual e tétrico momento que Israel atravessa não foi diferente: os ataques foram realizados ontem (shabbath), com o agravante que, nesta mesma data, era relembrado o dia da Festa da Torá, a Festa do Tabernáculo – era o último dia de tal festa, um dia de alegria, de famílias reunidas e, novamente, tal perfídia nenhum grande jornal lembrou. Todos pegos de surpresa e mortos como moscas: homens, mulheres, pais, mães, avós, crianças, bebês, turistas, todos.

Nenhuma lembrança. Ao contrário, insinuam – junto com “isentões” das redes sociais – que seria impossível, á um sistema de defesa tão sofisticado quanto o de Israel, não detectar o avanço terrestre (coisa inédita) do Hamas sobre suas fronteiras bem como a chuva de mísseis, disparados contra os judeus. Tudo isso seria, segundo tais “luminares”, uma “estratégia de Nethanyahu (aquele “fascista extrema-direita!”) para ter motivos de atacar e dizimar o povo palestino”.

Meu professor Olavo de Carvalho ensinou-me que, para analisarmos um fato, precisamos nos imbuir das conjunturas que cercaram tal acontecimento e as pessoas nele envolvidas. Só assim, “respirando a mesma atmosfera” e sentindo idêntica “vibração” conjuntural, poderemos entender o que se passava na cabeça dos personagens e construir uma verdadeira dialética em tal análise.

Ora, não é impossível que tenha realmente havido tal traição por parte de comandos de tais forças de fronteiras – e ressalto aqui a discriminação “comandos de forças de fronteiras” para distinguir de quaisquer propósitos estratégicos de Nethanyahu. O que analistas apressados não levam em conta é que, se tal hipótese for verdadeira, isso de maneira alguma reflete a cabeça de um judeu típico, um israelita, seja ele soldado ou estrelado general em comando. A presença dos ensinamentos da Torá é constante na consciência de maioria absoluta do povo judeu, e um general comum – por mais importante que seja em suas funções – não escaparia dos grilhões de sua própria cabeça.

Assim, a se comprovar que houve realmente uma leniência proposital em tais forças de fronteira, ela terá sido ordenada não por um general judeu, mas por um israelense fardado e traidor. E eles são exceções, tal como Judas Iscariotes o foi.

Para completar o horrendo cozido de fake news midiáticas, insinua-se também que Volodmir Zelenski – sim, aquele da Ucrânia que muitos apontam como “herói” – teria fornecido armas ao Hamas e que, na verdade, Putin é que estava certo, Putin sim, é que seria o “herói conservador”. Impressionante virada de casaca em frações de segundo, por parte da mídia podre e de “interneteiros” sem a menor noção, interessados apenas em pix, cliques em seus vídeos e pouco se lixando para o fato de nenhum dos dois, acima citados, prestarem.

Tal é a tormenta na cabeça das pessoas que muitos chegam ao ponto de fugirem do problema alegando que ambos – judeus e muçulmanos – detestariam cristãos e, portanto, que se danassem e morressem juntos. Tal pensamento é típico de cabeças ignorantes, que atribuem idêntica persona á muçulmanos e árabes.

O árabe não é nem jamais foi nenhum problema. Temos no Brasil inúmeros descendentes de libaneses, turcos e chegaram mesmo a ser poderosa mola impulsora de comércios – e folclores – no país. Já o Islã é uma ideia pessoal do sr. Maomé que prega a morte para quem não se submeter às suas regras, e isso é uma coisa bem diferente. Este sim, é o fanático que nos odeia e nos matará – depois de abrigar-se entre nós – na primeira oportunidade que tiver, obedecendo a Sharia.

Quanto a hipótese de judeus odiarem cristãos, é tão descabida que só poderia ser fruto da grande mídia, anunciando como “confrontos entre cristãos e judeus” meras batalhas por disputas de territórios ou pontos estratégicos no Oriente Médio.

Não há como um judeu odiar um cristão, e vice versa. Temos o mesmo Deus e, de diferente, apenas o fato de termos aceitado Jesus como o Filho do Altíssimo, enquanto eles ainda aguardam seu Messias. Todas as citações de que o Corão “reconhece e respeita Jesus e a Virgem Maria” enquanto a Torá “não os trata com nenhuma dignidade” são apenas recortes dolosamente selecionados e expostos, com finalidades por demais óbvias para serem comentadas.

Neste momento, Israel acaba de decretar guerra ao Hamas – repito e ressalto: ao Hamas, não aos palestinos, à Faixa de Gaza ou seja o que for.

E é hora de compreendermos que não se trata apenas de uma guerra contra um país ou um povo: é a guerra contra Deus, o nosso Deus Único, e devemos total solidariedade ao povo judeu e ao Estado de Israel.

Lembremos que o pacifismo abre as portas para os abusos e por isso Jesus encheu os vendilhões do Templo de pauladas, e de lá os expulsou.

E que Deus nos proteja e abençoe a todos – cristãos e judeus, unidos em defesa d’Ele.



Walter Biancardine