terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

O QUE ESCREVEMOS EM VIDA, IMPRIME-SE NA ETERNIDADE

 


Relendo comentários meus que o Facebook – para o melhor ou pior – não nos deixa esquecer, acusando-nos de termos escrito aquilo naquela data, encontrei alguns que podem ser interessantes se lidos já sob a ótica dos dias atuais. Senão, vejamos:


Em 28 de fevereiro de 2019

* Não vejo a esquerda como nenhum sinal de inteligência intrínseca. Apenas contam com um livro, uma ideologia que os une muito mais em sentimentos, em enfermidades da psique do que em crenças. A direita, por ser apenas o resultado natural da vida em sociedade, jamais teve esta síntese. Falta-nos um livro.


* Por vezes penso que a direita só sabe impor seus conceitos via mando pessoal, ditadura. Na falta de uma ideologia clara, sintetizada em livro, catalisa-se os anseios na figura de um homem. Esta é a obra que Olavo de Carvalho poderia fazer mas, sábio, recusa-se.


* Perambulando pelo YouTube, acessei o canal muito bom de Leda Nagle e lá estava ela, entrevistando Mario Sérgio Cortella.

É o Lair Ribeiro das faculdades, embrulhado em papel de seda tucano.


* Temo as possíveis semelhanças entre boa parte de nosso generalato e o de Maduro.


* Chegará o momento em que o deslumbre da direita com o poder, associado á sua "generosidade democrática" com arreganhos da mídia e acolhimento de infiltrados em suas fileiras, acabará por alijá-la desse breve e inglório instante de mando.


* Intervenção militar seria uma solução? Só se a mesma fosse levada a frente por oficiais com graduação máxima de Coronéis. Os generais, para serem assim designados, dependem da aprovação da Presidência da República. Quais Bolsonaro promoveu?


* Passada a euforia, percebemos que o clamor dos brasileiros nada adiantou, tudo permanece igual e os mesmos se arranjam em seus lugares. Antes de condenar Bolsonaro, bom lembrar de condenar o sistema, muito mais forte e auto-protetor. E contra o sistema, apenas balas resolvem.


* "Analistas políticos" que criticam a exacerbação dos partidários de Bolsonaro sofrem de miopia incurável: não enxergam tais demonstrações de raiva como a legítima expressão do clamor que elegeu o novo presidente, o desejo de que tudo mude já, radicalmente, sem concessões, diálogos ou outros subterfúgios infiltradores de comunistas. Condenar esta "fúria" nas redes sociais é burrice. Preferem, estes analistas, o povo nas ruas quebrando tudo?


* A direita precisa aprender a mandar.

Impor pontos de vista não se traduz em socos na cara nem tanques na rua.

Ser democrático não significa ser um arregão, bunda mole traidor.


* Nem a extrema-imprensa e muito menos o povo vê qualquer problema em um governo de esquerda indicar apenas simpatizantes ou militantes seus para compor os quadros.

Quando a direita assim igualmente procede, é acusada de polarização, partidarismo e - pasmem - "ideologizar" a administração!


* De apoiadores que confundem a justa crítica com um "romper em definitivo" até o próprio governo, que supõe ser "democrático" o ato de trair seus pontos de vista, temo que a direita logo perderá o (pouco) poder, e Bolsonaro apenas cumprirá tabela até o fim do jogo.

Não sabemos ganhar, muito menos exercer o poder.


28 de fevereiro de 2013

* Da institucionalização da ignorância, cafajestice, absolutismo ditatorial e cleptomania implantados por Lulla, passando pela insistência com que este patético déspota de oficina insiste em permanecer nas manchetes - com a conivência da grande mídia - tudo isso nos remete á constatação abismada de que não temos um só homem que aglutine forças políticas em contrário. O quadro sombrio se complementa com o verdadeiro golpe federativo sofrido pelos estados do RJ e ES, os quais apenas esboçam reações canhestras - obviamente sob o beneplácito do personagem Dilma. Da encruzilhada de roubos ao erário, ditaduras ensaiadas, censura e controle de mídia e assalto aos direitos dos Estados da Federação, restam-nos aparentemente apenas dois caminhos sombrios: o separatismo ou a força das armas. Falta apenas um líder.


Walter Biancardine

Quer ler bons livros?

Pretérito Perfeito:

Uma incrível viagem aos anos 60 pode levar alguém a rever seus valores?
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Esta é uma coletânea de contos, escritos entre 2007 e 2010, que reproduzem as histórias e causos que, invariavelmente, escutamos ao ambientarmo-nos em alguma cidade pequena e fazermos amigos.

Tais causos – a versão roceira das lendas urbanas – foram por mim escutados desde muito jovem, na então pequena e desconhecida cidade de Cabo Frio, Região dos Lagos, Rio de Janeiro.

Não ouso dizer que nenhuma delas seja verdadeira, contudo tantas e tão repetidas vezes as ouvi que resolvi publicá-las em livro, para que ganhem a notoriedade – ou infâmia – merecida.

Divirtam-se com elas.

Mas se me perguntarem se é tudo verdade, jurarei que só ouvi dizer.

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Olavo tem razão. E isso está virando rotina.

 

Aconselhado por meu professor e filósofo Olavo de Carvalho, fiz voto de pobreza em matéria de opiniões, nos encontros sociais. Agora, quem quiser saber o que penso, que me siga nas redes.

Entretanto e mais uma vez seguindo tal sabedoria, que parece dirigida com dolo sobre minha pessoa,  valho-me das palavras do mestre – ainda que tardias – sobre notória incompetência sentimental que possuo:

Amor é uma atitude de fomento da existência do outro. É propiciar o fortalecimento do outro.
Entretanto, frequentemente as pessoas não querem exercer o amor, mas apenas senti-lo, o que é um sinal de imaturidade, de perspectiva infantil, doentia. Devemos compreender que uma atitude de amor exige satisfação na renúncia, em abdicar de algo em benefício do outro. Em suma, é limitar o próprio espaço em favor do outro e gostar de fazer isso.”

Resta-me curar o narcisismo auto piedoso para alcançar a grandeza de apreciar a solidão em que vivo.

Walter Biancardine

domingo, 26 de fevereiro de 2023

MINHA CONVERSA NO ChatGPT – VOCÊ O CONHECE?

 

Não há uma só publicação que se leia hoje não contendo referências – muitas delas deslumbradas – á mais nova ferramenta tecnológica da atualidade: o ChatGPT. E o que é o mesmo?

Segundo suas próprias palavras, “sou um modelo de linguagem de inteligência artificial treinado pela OpenAI. Fui criado para responder perguntas e realizar conversas com pessoas de maneira natural e fluente, usando a linguagem humana. Meu treinamento envolveu a análise de vastas quantidades de texto em vários idiomas, o que me permite fornecer respostas precisas e relevantes para uma ampla variedade de perguntas e tópicos.

Ora, é um Oráculo de Delfos!

Pois bem: não é preciso ser um intelectual para saber que os tradicionais meios de formação da opinião pública – TV, jornais, rádios e cultura de massa – foram impiedosamente desmascarados pela voz do homem comum, nas redes sociais. Tal projeto, ostentando ambições futurísticas como o uso da inteligência artificial (ao que parece, a natural foi extinta), tem o objetivo de se tornar a nova referência mundial em termos de formação de consensos. O Google ostentou, por um breve momento, esse lugar e creio ter sido essa a origem de tal ideia: um Google que respondesse o consulente de uma maneira mais, digamos, intimista – mais “fofa” e amiga.

Não pretendo estender-me aqui em considerações sociológicas sobre esta iniciativa, apenas limito-me a lembrar que toda máquina – computadores principalmente – foram programados por alguém que, por sua vez, foi pago por outro alguém.

No mais, reproduzo o interessante “debate filosófico” que tive com a maravilhosa “inteligência artificial”, deixando as conclusões sobre tudo isso com vocês.

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sábado, 25 de fevereiro de 2023

A ESQUERDA É FALSISTA!

 


Antes que seja acusado de analfabetismo, esclareço que o termo é esse mesmo: falsista, ou seja, uma ideologia baseada em tudo que é falso, mentiroso, desonesto.

Seus ideólogos, desde o princípio – ainda no distante século XIX – se valem da premissa básica de qualquer ideologia, que é vender a mentira de um paraíso na terra que virá tão logo tais iluminados cheguem ao poder, executem todos os dissidentes ou opositores e imponham o mando vertical, ditatorial, sempre baseado na “necessidade do momento” que, uma vez resolvida, “trará o céu na terra”.

Para tanto cavalgam o medo, o pavor, tal qual fosse um cavalo em disparada louca de mentiras e boatos, cujo único fundamento é criar o temor geral de algo terrível prestes a acontecer – mas que apenas eles possuem a solução. E não se contentam apenas com a difusão de uma única mentira: o mal nascido século XXI conta com uma farta variedade delas, mas basta-me citar as mais recentes – COVID, plano para assassinar Lula em sua posse, o “Capitólio” brasileiro em 8 de janeiro, as máscaras e vacinas obrigatórias, OVNI’s, Putin “conservador” e Zelenski “libertador”, bombas nucleares em Yellowstone para acabar com o planeta, e por aí segue a longa lista.

O medo é a ferramenta de domínio das massas mais poderosa que existe sobre a terra: espalhe uma boa e terrível mentira e você terá, sob seu controle, milhões de cidadãos – uns verdadeiramente apavorados, outros indisfarçavelmente covardes – dispostos a obedecerem todas as suas ordens cegamente. E tal poder tem nome: engenharia social.

A mesma é praticada todos os dias, diante de nossas fuças, através dos maiores e mais poderosos cúmplice dos “falsistas”, que são a grande mídia e a cultura de massas. Elas fornecem o endosso aos absurdos engendrados por tais aspirantes a ditadores, baseada em confiança adquirida ao longo de mais de cem anos junto ao povo – “se deu no jornal ou saiu na TV, então é verdade”!

E a grande mídia e seus sócios – cinema, games, teatro, música, etc. - bombardeia-nos diariamente com informações apavorantes, disseminando um medo que permanece latente mesmo em nossas horas de lazer e diversão. Mas o diabo sabe chutar com os dois pés, e não se satisfaz apenas com isso: há que se mostrar claramente ao pobre ser humano que tudo aquilo que o mesmo acreditou no passado de nada vale ou é nocivo e prejudicial. E aí entram os “nazicistas” – essência do nazismo, ou seja, o narcisismo mais descarado possível.

Está a cargo dos “nazicistas” concentrar em suas personas – sempre conhecidas, famosas – todos os atos, declarações e opiniões as mais absurdas, chocantes, indecentes ou imorais possíveis – um ego intumescido, inflado e podre, orgulhoso de seu mau cheiro. Gente como Bill Gates, Zuckerberg, Macron, George Soros ou mesmo um sub-cova como Joe Biden espalham disparates nojentos e imorais pelas mídias do planeta, até chegarmos ao paroxismo de um sujeito – que se diz Papa mas que lá só chegou via golpe de Estado no Vaticano, apoiado por Obama – fardado de “Vigário de Cristo”, dizer que “Deus preparou um lugar no céu para os pedófilos”.

Pois basta somar o medo com a desorientação moral para termos o típico homem da atualidade. Tal espécime, em estrondosa maioria de 95% da população planetária, é incapaz de possuir valores internos e orientação do que é certo ou errado. Seu bom senso foi extinto pela grande mídia e tal criatura guia-se apenas por aquilo que esta mesma o aponta como certo ou errado, ou pelas opiniões dos amigos – o infame “consenso” – sendo tais amigos formados exatamente por doutrinações desta mesma mídia. Eis o gado falsista-nazicista que habita, atualmente, o planeta terra.

Um homem apavorado, que não sabe o que é certo ou errado e igualmente desprovido de bom senso não saberá como agir: ele precisa de um líder, de alguém que o guie e conduza seus destinos à segurança de seu comodismo habitual. E o mesmo está ao alcance de suas mãos através da mídia e dos políticos, desde que digam palavras doces à sua preguiça.

Haverá quem condene meus escritos afirmando que não podemos considerar tudo como mentira, pois seria um radicalismo perigoso. Pois bem, tal pessoa, com tal opinião, já demonstra que igualmente não possui bom senso nem valores: é óbvio que a capacidade de julgar, por si mesmo, aquilo que pode ou não ser verdade é essencial, e derivada destes mesmos bom senso e valores. Se tal pessoa externa esse temor, nada faz além de mostrar-se incapaz de tal julgamento e presenteia, a si mesmo, com o atestado de gado falsista-nazicista.

Só há uma pedra no sapato dessa gente, hoje: é a internet. Eis porque o “combate ao discurso de ódio” é tão propalado pela grande mídia.

Seu bom senso indicará por onde se orientar e formar sua própria opinião.


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Walter Biancardine


terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

VERBA VOLANT, SCRIPTA MANENT

Ousei-me, no dia de ontem, relatar experiências e descobertas durante a faina de publicar desatinos em livro e o resultado me surpreendeu, por vários aspectos.

Em primeiro lugar, recebi e-mails. Considerava esta uma forma já defunta de comunicação, tal qual os antigos telegramas fonados ou mesmo simples ligações telefônicas. Em sua grande maioria – da imensidão de 14 mensagens – parabenizavam-me por meu début como escritor mas condenavam o teor geral da feira de vaidades ali descrita, alegando – com razão – que eu poderia desestimular outros calouros, como eu, a lançarem-se em tal aventura por receio de parecerem simples ególatras, em busca de aplausos.

E este segundo e último ponto foi toda a razão que levou-me de volta aos teclados, neste momento – não posso esconder mesmo um certo sentimento de vergonha por ter produzido, ainda que involuntariamente, tal temor.

Enxergo, em toda plenitude de seu poder, o pecado predileto do Encardido – como seja, a vaidade – e sei dos quantos e tamanhos atos que ela é capaz de impulsionar no pobre ser humano, eterno buscador da igualdade mas ansioso por exibir-se diferente. O que não vi e causou-me surpresa foi o desejo sincero de muitos, ansiosos por imprimirem em papel não apenas histórias que desejam contar como, também, seus pensamentos, teses, conjecturas e mesmo valores e conceitos.

Em um mundo cuja história recente e toda a informação circundante no globo terrestre pode ser apagada à primeira falta de energia elétrica, causa-me enorme alívio perceber a quantidade de pessoas tais como eu, antigas e retrógradas como muitos apontam, mas que creem piamente no dito latino que titula estas mal-traçadas: “Verba volant, scripta manent”, infelizmente popularizada por infame vampiro de nossa atualidade política.

Assistir um video do bom e velho Olavo de Carvalho é necessário e muito bom, mas se não tivermos seus livros à mão, todo o fundamento das palavras voláteis no YouTube se perderá ou não encontrará solo propício onde criar raízes.

Não há tecnologia que substitua o poder e a perenidade do papel impresso e encadernado – portador, em si, de uma moral e dignidade que nenhum site, arquivo PDF ou vídeo do YouTube jamais terá. Igualmente, o mesmo livro poderá ser lido até mesmo à luz de velas se assim exigido, bem como seu manuseio – a sensação tátil e o cheiro inconfundível – sempre nos predispõem a uma atenção mais benevolente que à uma tela de celular. Os anos passarão, haverá energia elétrica e sua falta, a internet virá, cairá, será em 5G ou G nenhum, mas os livros ficarão para nossos netos e – quiçá – bisnetos.

Assim, encerro esta em sonora mea culpa se tal impressão, contrária à pretensões literárias, causei. E vou além: peço que escrevam! Escrevam sempre, sobre tudo, sobre todos, e não hesitem em publicá-los – por mais que os preços cobrados pelas editoras tornem quase inviáveis os exemplares de autores iniciantes, que serão invariavelmente vendidos tão caros quanto um Shakespeare.

Não é à toa que nada acontece na política sem que, antes, não tenha sido imaginado, previsto, suposto, desejado ou mesmo temido em livros. George Orwell é uma prova disso.

Escrevam hoje, jovens. Vocês podem moldar nosso mundo de amanhã.


Walter Biancardine


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Um homem falido e solitário, obcecado pelo passado e não enxergando nenhuma chance na
vida, tenta o suicídio mas fracassa. Começa então o que pode ser uma nova oportunidade, uma
viagem extraordinária ao passado, onde compreende que tudo o que amava era igual ao presente, e
que a vida real não tem o glamour das lembranças.
Da conturbada política dos anos 60 aos seus conceitos sobre o país, a família e Deus, ele
derruba os mitos de suas memórias, redescobre suas raízes e deve decidir entre dois amores:
uma é sua paixão de infância e outra é a resposta para sua vida.
Como escolher entre o desejo e a redenção?
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

VAIDADE EM CAPA DURA

 

A clássica história do escritor iniciante, que luta para encontrar um editor que aposte em seu talento e publique seu livro, ficou no passado.

Hoje em dia – aliás, já há uns bons anos – não é mais preciso ter uma boa história para contar, formas cativantes de narrá-las, esmiuçar teses originalíssimas ou escrever relatos e biografias portentosos para motivar as editoras – aliás, sequer dominar a língua portuguesa e ser dono de um belo estilo de escrita são necessários: basta pagar. 

Não é novidade o mecenato de alguns poucos abastados que, enxergando em profundidade uma obra apresentada por algum artista ou escritor miserável, bancam a mesma perante editoras e custeiam não apenas a impressão, revisão, edição e encadernação como, também, sua distribuição em todo o território nacional.

Não, não se trata disso. Hoje o mecenas é o próprio ego dos aspirantes ao título pomposo de escritor – ou, mais ribombante ainda, intelectual – que financia a empreitada. Se alguém que jamais ouvimos falar é apresentado como verdadeiro trabalhador das letras, exibindo invejável portfólio de uns 10, 15 livros – ou, por vezes, bem mais – não significa, necessariamente, talento ou receptividade por parte do minguado público literário brasileiro e sim polpuda e recheada carteira, para bancar tudo isso.

As editoras descobriram o maravilhoso mundo de nosso ego e atuam, hoje, tal como as redes sociais alavancando vaidades e cobrando – caro – por isso. É uma rede mais refinada, digamos, que aponta diretamente para um narcisismo deveras elaborado e, por isso, merecedor de ser extorquido impiedosamente até seu último centavo – pois nada é caro demais para vaidades potentes.

Os preços variam, de acordo com seu ego: de simplórios mil Reais, que permitem apenas publicação – sem revisão, diagramação ou distribuição em livrarias; você pega seus calhamaços e se vira – até astronômicos vinte e cinco mil Reais, que catapultarão você e sua obra diretamente para pequeno stand na FLIP! De modo pior, tais empresas sequer ruborizam e oferecem as citadas tentações em suas páginas na internet; um tiro certeiro, à queima roupa, em alguém cuja vaidade, muito provavelmente, é infinitamente maior que seu conteúdo.

Assim, graças ao talento financeiro de alguns, suas obras poderão ser revisadas, corrigidas de barbarismos paulofreireanos ou, até mesmo, contar com um “personal ghost writer”, que escreverá a obra inteirinha para você! Sim, é isso! Apenas dê a idéia e pronto: você será mais um dos “intelectuais cenográficos” do decrépito panorama cultural brasileiro.

Em relativa contramão disso tudo vai a Amazon – a qual, particularmente, não tenho nenhuma simpatia decorrente de suas panfletagens políticas – mas que oferece serviços de maneira menos libidinosa que as citadas editoras: apenas publica seu livro, seja em formato e-book para Kindle ou impresso, sob demanda. Seu mote de vendas é a poderosa estrutura de vendas que possui, cobrindo praticamente todo o globo terrestre e, se sua obra é compreensível e traduzível para outros idiomas, provavelmente oferecerá algum retorno financeiro ao autor.

Por outro lado, nesta mesma Amazon você faz tudo: revisão, diagramação e até mesmo a capa de seu trabalho, mas é de graça! Faça, tenha fé em Deus e publique!

E foi em tais paragens que atrevi-me a publicar meus desatinos. Em condições financeiras abaixo da linha do risível e sabedor do quanto pessoal, íntimo e de doloroso expurgo minha obra contém, também estou ciente que dificilmente poderá ser elogiada pela estrutura rítmica de sua narrativa – tudo aquilo saiu à fórceps de minha alma, doeu e não foi pouco, por mais ficção que a mesma contenha. Entretanto, à parte condenar o wokismo da empresa, sempre elogiarei a chance oferecida a autores como eu, que buscam um lugar ao sol na esperança de terem suas idéias discutidas e – é claro – algum retorno financeiro.

Afinal, o mercado literário ainda não foi desmonetizado por nenhuma decisão do STF nem queimas de livros em praça pública foram ordenadas, por súmula exarada do pleno.

Ainda.


Walter Biancardine

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domingo, 19 de fevereiro de 2023

A WHITER SHADE OF PALE

 

A alegria simples:

E tudo era alegria enquanto dançávamos, pois que a música era nossa, o ritmo ditávamos, os risos aumentavam, e os giros no salão também.

A euforia de nosso prazer se espalhava em todos, que se aproximavam e pediam:

- Mais! Mais!

A felicidade embebedou-me e o teto se foi longe, ao agachar-me para o beijo.

Gargalhadas, risos altos, aplausos – e nós, felizes a girar nossos sorrisos.

O garçom trouxe-nos as taças, e uma pausa se fez.

Saindo de lá, um conhecido solitário encontrou-nos e contou sua triste história.

Em tudo contrastava com nossa alegria, mas ela me disse:

- Não há razão nenhuma, a verdade é simples e basta ver.

Fingi não escutar, fingi não entender, apenas jurei que com ela não seria igual.

E descobri que uma decisão pode ser cega.

Só então entendi, enquanto o amigo falava, o por quê de sua palidez.


A loucura da festa:

E tudo era loucura enquanto dançávamos, nossos corpos pulsavam juntos e do modo que queríamos.

Nossa tonteira aumentava, o salão girava, a visão turvava.

A viagem não era só nossa, outros sedentos também pediam:

- Mais! Mais!

Em um mundo de pessoas com asas e paredes moles, o teto voou e no chão ficamos.

Gargalhadas, risos altos, aplausos – e nós, loucos, a girar nossas cabeças.

O garçom trouxe-nos as taças, mas nada mais cabia-nos.

Saindo de lá, um conhecido lúcido encontrou-nos e contou sua triste história.

Em tudo contrastava com nossos delírios, mas ela me disse:

- Não há razão nenhuma, a verdade é simples, não devemos fugir.

Fingi estar louco demais para compreender, apenas jurei que com ela não seria igual.

E descobri que a covardia embebeda.

Só então entendi, enquanto o amigo falava, o por quê de sua palidez.


A tristeza do fim:

E tudo era silêncio enquanto dançávamos, nosso abraço embalado era um réquiem de nós dois.

Girávamos no salão, em sentido contrário ao relógio. O luto era lento, suave e melódico, e não haviam mais risos e aplausos.

Eu estava surdo e jamais escutei quando ela pediu:

- Mais! Mais!

Em uma sala vazia, de paredes nuas, o teto se foi e enxerguei as trevas da noite.

O garçom trouxe-nos as taças, e não havia por quê beber.

Saindo de lá, um conhecido ferido encontrou-nos e contou sua triste história.

Não quis ouvir, não quis saber, apenas descobri que juras não evitam o igual.

Aprendi, tarde, que a mudez é fatal.

Só então enxerguei, enquanto o amigo falava, sua palidez de virgem vestal.

Só então enxerguei um tom mais branco de pálido.