quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

"Apenas cumpro meu dever", ou "Defendo a democracia" -


A "Banalização do mal" é uma expressão criada por Hannah Arendt (1906-1975), teórica política alemã, em seu livro "Eichmann em Jerusalém", cujo subtítulo é "Um relato sobre a banalidade do mal".

Acompanhando julgamentos de criminosos de guerra e também relatando e analisando as sessões que resultaram na condenação de Otto Adolf Eichmann, funcionário do Governo Nazista responsável pela captura, deportação e morte de milhares de judeus na Europa, Arendt se deteve sobre a questão da responsabilidade do réu em questão.
Ela percebeu que, ao contrário do monstro que esperava, o carrasco era apenas um burocrata que "cumpria seu dever". E compreendendo esse divórcio do caráter e personalidade humanos, escreveu seu famoso livro.
Segundo sustenta Arendt, a banalidade do mal é o fenômeno da recusa do caráter humano, alicerçado na negativa de reflexão e na tendência em não assumir a iniciativa própria de seus atos ("apenas cumpro meus deveres").
Este livro se tornou um best-seller, um clássico, e podemos utilizá-lo nos dias de hoje para compreender personalidades que vão de Marcola a Alexandre de Moraes: um apenas "toca seu comércio" e outro, mais nobre, "defende a democracia".
Igualmente podemos utilizá-lo em agentes da Polícia Federal os quais, obedecendo ordens claramente ilegais, prendem pessoas por crimes inexistentes ou mesmo para a grande mídia, que a tudo isso relata, endossa e apóia.
O que fazemos em vida - bom ou mal - ecoa na eternidade.
O povo não esquecerá.

Walter Biancardine