quarta-feira, 20 de setembro de 2023

QUANDO UM “GREAT RESET” É NECESSÁRIO -

 

Que o amigo leitor não se assuste com o título; não se trata de haver eu aderido ao globalismo, às abstrusas ideias marxistas da Escola de Frankfurt ou adotado um arremedo da dialética de Hegel, pregando a destruição de tudo – inclusive do homem, visando o “Ubermensch” (1) – a fim de que, do nada resultante, apareça algo de bom e novo.

A questão se reveste de um caráter mais profundo e espiritual, e peço a atenção dos que me prestigiam com a leitura para algumas citações e correlações – analogias, poderia dizer – que farei abaixo.

Vamos começar pelo básico: Hegel acreditava não existirem verdades absolutas, prontas e objetivas. Sempre haveria um embate entre ideias, e uma nova – e melhor – surgiria como resultado. Consequentemente, em sua tese, o mundo está em constante mutação na sua forma de pensar, com ideias sendo combatidas por opostos e parindo novas ideias, as sínteses. Todavia, elas não permanecerão assim pois aparecerão outras ideias, contrariando-as, e assim por diante.

O marxismo cultural da Escola de Frankfurt abraçou este pensamento e não é de se espantar que, como resultante das teses de um de seus frutos – Antônio Gramsci – seja percebida a clara intenção, subjetiva, de total destruição dos valores, conceitos e padrões que balizam e sustentam a civilização judaico-cristã ocidental, as "novas ideias" combatendo as "antigas".

Ora, por outro lado é fácil perceber que, nas Sagradas Escrituras, o deserto – leia-se “o nada” – quase atinge as dimensões e profundidades de verdadeiro personagem, sendo recorrente não apenas fugas como auto-exílios e retiradas voluntárias para tal lugar, a fim de meditar. Descontado o fato de que são nas escaldantes areias do mesmo o local onde, costumeiramente, as maiores revelações são feitas aos escolhidos, seu simbolismo primário é o “esvaziamento” completo de si mesmo, buscado pelos que para lá acorrem.

Tal “esvaziamento” pode ser entendido como uma “destruição completa de tudo”, tudo o que houver dentro daquele homem, para que algo novo e bom surja. E é justamente neste ponto que se dão as diferenças que colocam tais “destruições” em planos antagônicos: uma de caráter meramente ideológico, estratégico e de domínio sobre o próximo - nietszcheano - enquanto a outra objetiva algo muito mais elevado: uma faxina interna, espiritual; o esvaziar-se de tudo de ruim que a vida nos cumulou para que os valores, princípios e as verdades eternas (e dane-se Hegel) aflorem e nos conduzam. Temos então nada menos que a Palavra de Deus nos lembrando da necessidade periódica de tal faxina em nós mesmos – e, quando insisto no fato que o cristianismo é a mais introspectiva das religiões, muita gente enxerga-me como louco ou, simplesmente, debocha.

Ora, pude sofrer uma experiência pessoal da necessidade e eficácia de tal “esvaziamento” após dez meses de solidão absoluta, onde senti dentro de mim a citada faxina ocorrer. Valores, princípios, conceitos e o correto pensar ocuparam meu íntimo, antes repleto de ideias prontas, julgamentos contraídos da virose midiática e, principalmente, retornou-me a clareza ao enxergar – na sua inegável verdade primeira – as ações e pensamentos humanos. Nada mais natural que a chocante constatação de que nutri vã paixão por alguém que jamais compartilhara o “idem velle, idem nolle” comigo tivesse, como resultado, a desaparição súbita, completa e irreversível de tais sentimentos – ao fim e ao cabo vivo, hoje, em estado de “alforria” e de alegre e confiante expectativa no porvir, coisa impensável até poucos dias atrás. (2)

Esperando ser perdoado por despencar das alturas bíblicas para o chão de pedra de minha realidade pessoal, prossigo em direção ao principal intuito deste artigo, que é a suposição de que o Brasil – mais especificamente o brasileiro – atravessa, neste momento, o seu “deserto” patriótico.

Desnecessário dizer que há muito o que purgar, nas areias solitárias de nosso “reset”. Por anos fomos contaminados com conceitos, ideias e valores que nenhuma correspondência fazem ao que sempre fomos e vivemos, desde que o Brasil é Brasil. Diariamente assistimos tudo aquilo que nos é caro ser, debochadamente, jogado na lata do lixo pela grande mídia, sob a alegação de serem “coisas antigas, ultrapassadas”. Em acréscimo, obrigaram-nos a aceitar a transformação de uma sociedade em verdadeiro bordel, prenhe de drogas, doenças, crimes e – coroando tudo isso – a instalação desavergonhada de uma ditadura judiciária que a tudo comanda, incentiva e favorece.

Nos dias que correm – coisa jamais imaginada – temos justificável medo de enviar nossos filhos às escolas e faculdades, eis que desvirtuadas foram de suas finalidades precípuas e, hoje, dedicam-se exclusivamente a lavarem os pobres e jovens cérebros, adestrando-os como cães, obedientes ao apito midiático da ditadura vigente. Um sistema de ensino assim, perverso, imoral e mau – causador de danos reais á capacidade cognitiva juvenil – apenas faz coro á anomia institucional que vivemos, já que as mesmas – todas – foram completamente tomadas por hordas de gafanhotos vermelhos, ao longo dos mais de quarenta anos passados, desde a “redemocratização”.

Não mais temos valores, conceitos e tradições. Não mais temos liberdade para expressarmos nossas opiniões, se divergentes das permitidas. Não mais temos liberdade para escolher nossos representantes políticos – e crer que lá permanecerão sem que “cortes superiores” os extirpem. Não mais podemos andar nas ruas, pois o crime impera. Não mais temos o direito á propriedade privada e, sequer, á vida, já que o aborto está em pauta.

E tal quadro de coisas pode ser chamado de “destruição completa de tudo”, conforme pregado pela Escola de Frankfurt.

Os brasileiros estão, neste momento, no deserto – embora contra a vontade. Nada mais temos, nada mais podemos, nada mais somos. É a hora em que as verdades absolutas – e, novamente, dane-se Hegel – podem aflorar na consciência dos milhões majoritários de cidadãos e impeli-los às ações corretas, à uma verdadeira re-fundação do país – pois o original é morto.

São Tomás de Aquino ensina que “toda ação, se destinada a restabelecer a verdade, não só é bem vinda como necessária”, e ninguém poderá acusar o santo Doutor católico de “ter pensamentos revolucionários”. Assim, creio estar chegando a hora em que, após esvaziarmo-nos – ainda que compulsoriamente – nos desertos impostos pela esquerda, precisemos tomar atitudes incisivas rumo á verdade e ao bem.

O Eclesiastes diz que “há a hora de plantar, hora de colher; hora da paz e hora da guerra”.

O marxismo já impôs seu “great reset” no Brasil.

É hora de sairmos do deserto e lutarmos.


Walter Biancardine


(1) "Super-homem" - Conceito nietszcheano, que consiste em um ser superior aos demais, modelo ideal para elevar a humanidade. Para ele, a meta do esforço humano não deveria ser a elevação de todos, mas o desenvolvimento de indivíduos mais dotados e mais fortes. Nietszche criou tal conceito para dar fim a uma vida escravizante mas, ao fazê-lo, acaba por coincidência “matando” Deus.

(2) Para uma análise mais detalhada do referido acontecimento, consultar https://walterbiancardine.blogspot.com/2023/09/hiroshima-em-meu-peito-gracas-deus.html





terça-feira, 19 de setembro de 2023

HIROSHIMA EM MEU PEITO, GRAÇAS A DEUS!


A história nos ensina que, por vezes, entre dois grupos em conflito insolúvel e persistente o advento de uma desgraça, desproporcionalmente maior, no campo de batalha acaba por tudo solucionar – se não a vitória de um dos lados, mas a destruição pacificadora de ambos adversários.


Não foi o caso sucedido em Hiroshima, onde tal assimetria resultou na ruína japonesa somente, mas serve como analogia à solução da situação sentimental que se arrastou por anos em mim, culminando com as últimas e desgraçadas quatro estações, onde julguei-me prisioneiro em uma situação de conflito aparentemente irresolvível.

Por muito tempo remoía eu acontecimentos do passado, os quais levantaram-me dúvidas jamais esclarecidas e sempre abafadas pela saudade e toda a carga de afeto envolvida. Assim, adotando táticas básicas – primárias mesmo – neste xadrez sentimental, levei a coisa ao ponto em que ou seriam confirmadas as piores suspeitas, ou se descortinariam chances de um retorno ao relacionamento – um “tudo ou nada” cujas consequências, temia eu, poderiam ser devastadoras.

Quando escrevo “piores suspeitas” não se trata de figura de linguagem. Eram questões gravíssimas que jogariam por terra todo um edifício de caráter, a suposição moral construída durante tantos anos de convivência – mas, cedendo ao meu xeque-mate amador, tais e terríveis temores foram confirmados por sua (dela) derradeira e recente atitude, resultante de minha estratégia.

Jamais houve “idem velle, idem nolle” (1), jamais crenças, valores e conceitos em comum, nada além de táticas feminis de manipulação e domínio – e o gigantesco arranha-céu, erguido sob a cegueira do amor, veio ao chão por completo em surpreendente e rápida implosão.

Para minha surpresa, nada senti – ou sinto – além de enorme alívio. Toda a carga emocional, lembranças e acontecimentos se dissolveram de imediato e apenas posso dizer restar-me um “incômodo de vazio”; algo como se sofrêssemos meses com uma perna engessada e, um dia, tal acessório é removido: o alívio é grande mas, estranhamente, parece que nos acostumamos à excrescência e sua falta é notada. Como em Hiroshima após a bomba, restou apenas um vazio e, no meu caso, de forma alguma melancólico – ao contrário, confiante e esperançoso.

Deus não nos abandona, nunca estamos sós: se Ele permitiu tanto tempo de dores e sofrimentos foi apenas para que eu tivesse parâmetros de comparação com a verdadeira felicidade – sensação de alforria – que sinto agora.

Neste momento sou absoluta e inacreditavelmente feliz, e todas as demais contingências materiais de minha precária subsistência tornam-se infinitamente mais leves, sem a pesada, sinistra e obscura carga sentimental, varrida do mapa por pacificadora Hiroshima.

E mais linhas não fez por merecer, a pessoa, em seu obituário.



Walter Biancardine

(1) - "Amar as mesmas coisas, odiar (repudiar) as mesmas coisas".


domingo, 17 de setembro de 2023

DESAGRAVO AO DR. CAIVANO

 


Recentemente, após escutar na Jovem Pan Baurú que o Dr. Cláudio Luis Caivano havia encerrado seu canal no YouTube por falta de condições, expus apressada indignação com este fato. Ora, se eu e minha porca vida pessoal ainda subsistimos, por que ele – famoso advogado – não poderia considerar-se em condições para tanto?

A verdade é que, impulsionado por privações próprias, não tomei os cuidados básicos de um jornalista, não averiguei por completo o fato – sim, porque a notícia induziria qualquer um a conclusões semelhantes às que cheguei. Somente há poucos dias atrás, e nem sei movido por quais motivações, busquei saber o quê, de fato havia acontecido – assisti uma participação do mesmo, na já citada Jovem Pan Baurú – onde ele explicou a realidade cruel que enfrenta.

Obviamente que o renomado Dr. não vive de Bolsa-Família como eu, mas a verdade é que perdeu todos – todos! – os clientes em seu escritório de advocacia e, suponho, esteja hoje sendo obrigado a tentar manter-se á tona sobrevivendo de eventuais palestras ou participações em programas e eventos diversos.

E quando digo “manter-se á tona” é algo muito sério: certamente vive em uma boa casa, com despesas obrigatórias bastante altas e – de fato, não sei – talvez mulher e filhos, que nada tem a ver com o atrevimento do Doutor em defender o Brasil e fazer com que fosse jogado ao limbo. Sim, há um padrão de vida a manter!

Certamente enfrenta um dobrado, o sósia barbudo do Marcos Mion, mas o fato é que todo e qualquer corte de despesas é bem vindo, e todo o tempo a mais que puder dispor para tais participações em palestras, seminários, eventos ou mesmo programas representa, ao fim e ao cabo, mais alguns trocados na surrada conta bancária de Caivano. Nada mais natural, portanto, que esconda seu canal do YouTube no fundo da gaveta, até que a coisa se normalize ou, ao menos, se estabilize.

Fui precipitado, imprudente, injusto e faço aqui um mea-culpa por tamanho escorregão jornalístico.



Walter Biancardine




quarta-feira, 13 de setembro de 2023

MAS...QUANDO, EXATAMENTE?


Em que momento o sonho acabou?

Em que momento vestir-se para causar boa impressão tornou-se brega, sendo hoje a moda usar farrapos de marginais?

Em que momento a mulher deixou de sonhar com seu príncipe, um bom casamento, dedicar-se ao homem amado, sua casa, seus filhos e passou à subserviência ao patrão pagador de seu salário?

Em que momento "descontração" tornou-se sinônimo de bandalha?

Em que momento cortejar uma moça passou a significar pamonhice?

Em que momento o respeito virou atraso de vida?

Em que momento as crianças pararam de brincar e começaram a jogar?

Em que momento nossos sonhos se tornaram matéria para o divã de um terapeuta?

Em que momento a vida normal acabou?



Pergunte a Antonio Gramsci.

Pergunte a grande mídia, as artes e a cultura de massa.

Pergunte aos designers de moda.

Pergunte aos ideólogos e suas ideologias.

Pergunte aos políticos progressistas.

Pergunte a você mesmo e sua maldita ingenuidade.

Você, por desejo de se enturmar, matou seus próprios sonhos.
E a vida civilizada no planeta terra.




Walter Biancardine





QUARTA CAMADA DA PERSONALIDADE – A MALDITA QUARTA CAMADA!


Não cabe aqui uma dissertação completa sobre a brilhante tese do filósofo Olavo de Carvalho, a qual denominou “As doze camadas da personalidade”; àqueles desejosos de aprofundarem-se no tema, basta consultar os escritos de meu saudoso professor.

Todavia, creio ser conveniente explicar – em um misto de justificativa pessoal, autocrítica e puxão de orelhas alheias – alguns pontos relativos a minha conduta nos últimos artigos, as quais podem ser facilmente classificadas como exemplos perfeitos de estagnação na quarta camada da personalidade. E em quê consiste tal camada?

Senão vejamos, segundo as palavras do próprio Olavo de Carvalho: “Nesta camada, o indivíduo se coloca como alguém muito especial, que tem direito a praticamente tudo. Se a demanda de afeto continua pela vida afora isto significa que a camada não foi resolvida. (…) Ele acredita que necessita de muito amor, de muito afeto, e não age em seu próprio benefício a não ser com o apoio alheio. (…) São pessoas que nunca se colocam em teste, pois fogem aos desafios. São os tímidos, os dependentes, que não querem vencer, que só querem ser amados. Na verdade, esses indivíduos não precisam de amor, como imaginam, e sim de dificuldades para que possam começar a ter respeito por si mesmos.

Como exposto, o ponto base é a necessidade de ser aceito, amado, e, subsequentemente, a reação passional de tal indivíduo a ações ou acontecimentos que o contrariem, enquanto estacionado em tal camada. E onde entro eu, nisso?

Para você que é um leitor penitente, que insiste em ler de maneira assídua meus artigos, cabe o aviso que não são as eventuais lamentações sobre a perda do amor de minha vida que me situam na quarta camada. A dor de corno é ampla, geral e irrestrita, isenta de quaisquer diagnoses psicoterapêuticas e, portanto, todo cidadão normal tem o sacrossanto direito de chorar o cotovelo inflamado.

Entretanto, a decisão de – em nome da sinceridade – escrever somente sobre temas que me despertem reações emocionais mais intensas, esta sim, pode ser situada em tal estágio. São as reações passionais, embora no caso específico que cito – o meu – as mesmas sejam usadas com o propósito de provocar empatia dos leitores. Igualmente, valho-me de tal expediente nos momentos em que dedico-me a uivar, solitário, pela falta de minha amada e sobre isso já descrevi, creio que de maneira bastante compreensível, os motivos em artigo anterior.

Irrita-me, todavia, o comportamento de boa parte dos que me seguem – seja no YouTube, Instagram, Facebook ou mesmo nesta página – os quais podem ser perfeitamente encaixados na camada quatro e que, inclusive, foi objeto de diagnóstico do professor Olavo, ao afirmar que “a grande maioria do povo brasileiro está na quarta camada”: “o indivíduo se coloca como alguém muito especial, que tem direito a praticamente tudo.(…). Ele acredita que necessita de muito amor, de muito afeto, e não age em seu próprio benefício a não ser com o apoio alheio,(…) fogem aos desafios. São os tímidos, os dependentes, que não querem vencer, que só querem ser amados.

Creio serem desnecessárias maiores explicações, com exceção de observar o fato de que as reações passionais em caso de contrariedade, características dos habitantes desta camada, estão ausentes no povo como um todo. As razões são óbvias e abrangem desde uma grande mídia instilando o medo até as ações efetivas da ditadura vigente, processando e prendendo descontentes – isto sim, um dado real. E, em um povo psicologicamente destruído após a falsemia de COVID, é perfeitamente compreensível.

Não estacionei na quarta camada, a mesma é por mim usada como um artifício de persuasão. E, se não disponho de diagnóstico clínico a oferecer (aguardo, ainda, que o SUS libere atendimento psicológico para minha suposta depressão), os fatos concretos, duros e brutais de meu cotidiano se encarregam de colocar-me, no mínimo, na quinta camada. E são tais fatos, perdoem-me, que provocam minha indignação com boa parte dos brasileiros: perdi a mulher que amava, perdi minha casa, minhas raízes, as pessoas que eu amava sumiram, já enviei mais de duas centenas de currículos (além de haver comparecido a mais de 20 entrevistas) e não há emprego; vivo uma solidão de náufrago – sem uma alma viva a quilômetros ao redor – não tenho condução para ir á civilização mais próxima, não vejo meu filho e vivo de bolsa-família (o que cobre apenas dez dias do mês).

Mas é apenas minha vida pessoal. Continuo acreditando no Brasil, tenho a fé absoluta que sairemos desta ditadura – mas, para isso, precisamos agir, ir às ruas, protestar!

Entretanto, olho em volta e tudo o que vejo é medo, reclamações chorosas, ânsias que apareça algum herói e resolva os problemas do Brasil, sem que tenhamos de fazer nada além de acompanhar nas redes sociais – e, quando a vitória estiver garantida, postar fotos enrolados na bandeira nacional, dizendo-se “um patriota lutador”.

Não creio que a grande maioria das pessoas tenha a vida que tenho, sofra o que sofro, em igual angústia, solidão e privação. Certamente possuem – ainda que com todas as lutas e dificuldades cotidianas – vidas normais.

O que falta para que, finalmente, ajam?


Walter Biancardine

 


terça-feira, 12 de setembro de 2023

O CRIME PERFEITO TEM O AMPARO DA LEI

 


Os últimos atos da Suprema Corte brasileira demonstram, de maneira irrefutável, a usurpação de poderes praticada pelo Judiciário contra nosso Legislativo inerme, omisso e absolutamente chantageado pela toga.

Em velocidade estonteante para os padrões jurídicos, o Supremo Soviete Federal aprovou a volta do imposto sindical e já tocou a bola para o gol de placa da esquerda, que é a aprovação do aborto – inicialmente até a 12ª semana de gestação.

Desnecessário dizer que tais matérias são temas pertencentes ao Congresso, com representantes eleitos pelo povo e que, teoricamente, refletem os conceitos e valores de seus representados. Criou-se, entretanto, um mecanismo que nada mais é que um conto do vigário refinado pelo direito – que todos temos – de recorrer à Justiça, se nos sentimos prejudicados. 

Assim, o Congresso aprova o fim da cobrança do imposto sindical, uma legítima expressão da vontade popular que, no entanto, desagrada á fábrica de militantes esquerdistas. O mesmo se dá quanto ao aborto, que contraria a pregação frankfurtiana da destruição dos valores cristãos de nossa sociedade. E qual é a grande jogada, que há tempos esfregam em nossas ventas?

Ora, representantes chorosos de ambas as causas procuram o Supremo Soviete Federal e lá apresentam suas petições em contrário, as quais são – de maneira inevitável e repetitiva em coincidências – prontamente atendidas, gerando assim uma anulação gritante dos desejos do povo (expressos pelo Congresso) em nome de suposta e recorrente “inconstitucionalidade”. A julgar pelo número de vezes que tal alegação foi usada, a Comissão de Constituição de Justiça do Legislativo é, supostamente, formada por mecânicos, pedreiros ou balconistas de loja, dada a “notória incompetência”: todas as leis que por lá passam são derrubadas pelo Soviete Supremo, o olimpo da sabedoria jurídica.

O que temos de fato, no momento, é que devemos nos preparar para a volta das intermináveis greves, passeatas com queimas de pneus e depredações do comércio e tudo isso financiado pelo dinheiro extorquido compulsoriamente do salário do trabalhador. Do mesmo modo, a liberação do aborto até a 12ª semana de gestação – sim, será aprovado, alguém duvida? - abre as portas necessárias para a ampliação desse prazo até o paroxismo de, em futuro não muito distante, ser necessário perguntar a mãe, após longo e doloroso trabalho de parto normal:

- Berçário ou aborto?



Walter Biancardine




segunda-feira, 11 de setembro de 2023

CRITICAR COM CUIDADO -


Em rompantes de raiva costumamos atribuir a totalidade dos defeitos da raça humana àqueles que nos provocaram tal acesso, mas a verdade é que, se quisermos um revide ou simplesmente nos precaver, precisamos enxergar tal desqualificado em sua totalidade - os óbvios defeitos e as qualidades, que nos recusamos a ver.

Não é de hoje que sabemos haver o físico Albert Einstein "chupado" sua "Teoria da Relatividade" do genial Poincaré, em vigoroso "blowjob" plagiário. Entretanto, fosse nosso amigo Al um bocó e tal não teria feito, por absoluta incapacidade de compreender - e mesmo explicá-la depois, à admiradores ingênuos.

Transplantando tais vigarices para latitudes mais tropicais, ocupamo-nos desancando o cachaceiro Lula e seus sequazes além do ditador vigente, Alexandre de Moraes (cadê as "ibagens" da Itália?) e diversos outros.

Cabe, entretanto, a ponderação: nós, que somos tão inteligentes, ficamos aqui apenas sofrendo as consequências das arbitrariedades e roubalheiras que tais elementos praticam. Só que eles, com todos os defeitos que sabemos e mais outros que os imputamos, estão lá, com o Poder nas mãos, canetas miraculosas que tudo assinam - mas são uns idiotas!

Pois é.
E nós, "espertos", só aqui, levando fumo.

É parar pra pensar.



 

domingo, 10 de setembro de 2023

COM QUEM VOCÊ SE CONFRONTA?

Somente a solidão pode nos proporcionar o confronto único e exclusivo com o que somos, a oportunidade de encontrarmos nossa essência. Se, por mais sozinhos que estejamos, conseguimos alguns poucos amigos - um pequeno círculo - nossa busca terminará por ser a adequação á esse grupo, ao consenso dominante.

Escrevi já algumas vezes que uso minha solidão como um silício, a penitência de alma que proporciona o postar-me diante do Único, o Onisciente do qual nenhuns pecados meus - e minha essência - poderei esconder. Quando adotamos tal parâmetro para a unidade de nosso próprio conhecimento (e, consequentemente, de nós mesmos), o universo de nossos pensamentos, valores e objetivos transcende o cotidiano que a busca do pão de cada dia nos limita e impinge. Ao fim e ao cabo, o perdão de Deus é a maior graça que podemos e devemos buscar.

Mas existem efeitos colaterais adversos, dentre eles - e muitos devem estar fartos de ver-me exibi-los - a depressão, auto crítica exacerbada e a adoção de um determinismo que beira o eclesiástico (do Eclesiastes) - fatalista, quase pessimista e cruel em conclusões.

Isto, entretanto, é um processo; sigo á meio caminho e somente Deus sabe se o concluirei.

As contingências de minha vida pessoal agravam tal quadro mas, paradoxalmente, são tais vicissitudes que me proporcionaram esta oportunidade - muito difícil recomendá-la a outros.




 

sábado, 9 de setembro de 2023

PEQUENAS ALEGRIAS


De volta aos escritos, após longo e negro túnel, motivado por tocante coincidência de pequenos detalhes. Para alguns, pouco ou nada podem significar mas, para mim, carregam em si o resumo de uma felicidade que há muito joguei fora.

Cerca de quinze minutos atrás liguei a cafeteira para passar um novo e fresco café, tendo saído logo em seguida para buscar o almoço, sempre generosamente fornecido por seu Dail de quinta á domingo. Ao voltar e abrir a porta de casa - eram exatas 17:05h - o cheiro do café recém coado invadiu-me as narinas, o coração e a alma.

Tal como acontecia quando jovem, voltando da padaria e com minha mãe tirando o café da velha Bender.

Tal como acontecia até recentemente quando, ao voltar da rua trazendo paçoquinhas, minha (ex) mulher cobria a mesa com a toalha e lá colocava a garrafa térmica recém abastecida, um cesto de pães e manteiga "Aviação".

Tal como acontecia quando eu era homem, gente, indivíduo prestante, com gente que eu amava ao meu redor.

Sozinho, sentei na cama, sorri e agradeci a Deus.

Muitos sequer boas lembranças possuem.

Amanhã é outro dia.



quarta-feira, 6 de setembro de 2023

GARDÊNIAS E JOANINHAS

 


E então ela plantou uma gardênia em meu coração.

Joaninhas vieram e lá habitaram.

Seus olhos verdes viram que era bom,

e passou anos plantando.

Preparou a terra, arou, semeou

e pediu que eu cuidasse.

Meu egoísmo me fez esquecer,

não reguei, não cuidei,

restaram sementes secas

e as joaninhas se foram.

A chuva em que me viste, entretanto,

enxarcado à beira da estrada,

despertou as sementes, e floresceram.

Agora sou um jardim,

mais cheio de amor do que jamais,

gritando, em desespero,

pela volta das joaninhas.

Pouse em mim, olhos verdes.



terça-feira, 5 de setembro de 2023

A CORAGEM DE SER COVARDE

 


É um crepúsculo que não me abandona, trazendo sempre noites de culpa e remorso.

Busco permanecer em pé convencendo-me que, se não há mais razões para perambular pelos vazios que me cercam, devo eu, entretanto, o pagamento por tantos males que causei. Sim, preciso me redimir, penso, emprestando um nome mais bonito às tais pendências e tentando crer que, antes de ir, manda a vergonha que eu as pague.

Olho o passado e dou conta de ter vivido tal como um drogado, alguém cujo egoísmo o entorpeceu durante décadas e que, só agora, beirando a sobriedade da velhice e internado em solidão, percebe o desprezível que foi e o farrapo moral que tornou-se.

Sim, são muitas dívidas, há muito o que pagar – ou do que me redimir, como digo em franca auto piedade.

Mas sei somar 2 + 2, compreendi minhas limitações, fraquezas e incapacidades. E, em um raciocínio puramente contábil, concluo que a quitação de tais débitos é impossível – é hora de declarar falência e retirar-me do ramo.

Não tenho, entretanto, coragem – o paradoxo de faltar bravura para ser covarde.

Permanecerei tal qual pano de chão, esquecido em algum canto, até que um desespero impulsivo seja mais forte que a resiliência que traveste o medo.

Sigo cumprindo minha longa sentença de entardeceres.

Não preciso de um 6 de setembro para lembrar de comprar o pão.


A solidão e o tempo
trouxeram a aridez
em minha vida;
Não foram escolhidas,
ao gosto do freguês,
Nem o tempo, a miséria,
muito menos a solidão sofrida.



sábado, 2 de setembro de 2023

O DOM PODE TORNAR VOCÊ UMA FARSA

 


Existe preocupante ambiguidade quando adotamos a escrita como ofício e, pior, a consideramos o exercício de uma arte, espelhando-nos em luminares como Tácito, Machado de Assis e outros. E tal sentimento bifronte se revela quando, ao finalizarmos a obra, intuímos que toda a bela construção parece carecer de verdadeiro lastro na alma e nos sentimentos de quem a produziu; trabalho magnífico, convincente, verossímil e de esmerada técnica que parece não carregar em si, entretanto, um je ne sais quois humano.

Em passado distante já me vi, em jornais, defendendo situações políticas com as quais não concordava mas, para melhor ou pior, saí-me muito bem. Em outras palavras, exerci meu ofício tal qual um bom advogado desempenha, com brilho, suas funções – não vindo ao caso se defende punguistas ou acusa viúvas, pois prevalecerá a destreza em seu trabalho e sobre o mesmo as pessoas tirarão suas conclusões e formarão opiniões.

Laudas tratadas como arte inevitavelmente empurrarão seu autor ao mesmo abismo emocional frequentado por atores, poetas, pintores, escultores e toda a plêiade humana que nada mais útil sabe fazer: invariavelmente acabam por duvidar da própria sinceridade, desconfiar de seus sentimentos e crer-se notória farsa. 

Teria Vinícius de Moraes a certeza íntima que a bela poesia, escrita para a mulher que verdadeiramente amava, iria convencê-la? Ou a moça em questão, sabedora de sua desenvoltura no ofício, a encararia apenas como grande gentileza do amigo famoso? E o próprio Poetinha, nos inevitáveis momentos de autocrítica? Julgaria amar tanto assim quanto escrevera ou a “mão invisível que guia a caneta” – sim, ela existe – teria possuído sua pena e lavrado o que de melhor caberia no papel e nas emoções alheias, não traduzindo tão exatamente, todavia, o que ele próprio sentia?

Como confiar na sinceridade de um amigo que é ator, e nos procura para pedir ajuda em grave problema – segundo ele – que enfrenta?

Se há algo que pode destruir um homem é a mentira e, talvez movido por essa certeza, há tempos decidi limitar meus comentários políticos aos assuntos que me despertam algo de passional – se, no trato que dou às palavras, pode haver alguma desconfiança, ao menos não haverá quanto aos sinceros motivos que me levam a escrever. Inúmeras vezes o assunto palpitante era, por exemplo, alguma CPMI no Congresso. Entretanto, a fúria interior levava-me a desancar STF, sistema judiciário e outros quetais. Eram rosnados sinceros.

Igual razão me fez não mais escrever cartas para a mulher que amei toda uma vida: ela me conhece, sabe que posso até – com boa vontade – ser quase convincente com lápis e papel nas mãos e, por isso, me abstive. O que, eventualmente, por aqui garatujo são explosões, rompantes passionais - a mesma passionalidade que enxergo como o que há de mais verdadeiro em minha caneta - de um amor que tornou-se impossível guardar em mim e que, hoje sei, ela jamais verá.

Não quero nenhuma sombra de dúvidas quanto ao maior, mais precioso e profundo sentimento que tenho, hospedado em mim desde tenros 8 anos de idade. Por isso, prefiro pedir ao bom Deus que me dê a oportunidade de falar com ela frente a frente – ainda que gaguejante, trôpego em palavras mal escolhidas, nenhuma noção de romance e incapaz de olhar em seus olhos, sob pena de arriscar um beijo e levar um tapa.

Sei, entretanto, que tal chance jamais acontecerá e, por isso, recolho-me ao abismo; condenação perpétua agravada por formação de quadrilha com poetas e atores.

E faço lives no YouTube para mostrar que, se sou muito mais feio que estas laudas ao menos endosso, com boca claudicante, o que a porca mão escreve.

Tal qual a chance que espero, com a mulher amada.


Walter Biancardine


NOTA DO AUTOR – Em meu livro “Pretérito Perfeito” ( https://clubedeautores.com.br/livro/preterito-perfeito-4 ) expus o outro lado da moeda que descrevo acima. Em minha obra, dividi a mulher que amo em duas: alguns fatos reais foram usados para compor a Dra. Andressa, tais como ser médica, termos vivido uma lua de mel apaixonada entre viagens de moto e lenços amarrados na mesma, entre outros pequenos detalhes. Já para a judia Hanna consegui transpirar, em quase totalidade, a alma de quem ainda amo: a paciência infinita com minhas dúvidas e problemas (sempre esperando meu amor), o fato de deixar uma vida para trás e ficar comigo, a capacidade de enxergar minha alma e até mesmo a pegada “hippie” da personagem. Isso resultou em claro sintoma de uma contra-parte do que descrevo acima, pois hoje temo confundir o amor verdadeiro que sinto por ela com a paixão que descobri pelas personagens que criei.
É um caso perigoso, um misto de idolatria com patologia da psique, tudo isso fruto de um amor impossível de morrer.
Tal como escrevi no livro, “se não pode ter a original, que fique com a cópia”.





sexta-feira, 1 de setembro de 2023

7 DE SETEMBRO: OU FICAR A PÁTRIA LIVRE, OU MORRER PELO BRASIL.

 

Já acusava o professor Olavo de Carvalho haver se tornado corrente, em nossa comunicação cotidiana, a desvalorização completa – ou, ao menos, a ressignificação mais conveniente – das palavras de nosso idioma. 

Assim podemos contemplar, com espanto, as mesmas pessoas que saíam às ruas de peito estufado por súbito patriotismo e cantavam a referida estrofe a plenos pulmões encolherem-se, agora, em suas respectivas casas, sob alegações diversas: desapontamento, decepção, frustração e até mesmo “desgaste emocional”. Alguns, mais sinceros, não escondem: ficarão em casa neste dia da pátria por medo mesmo.

Reconheço, cabisbaixo, a vitória da esquerda sobre nós: após incansáveis postagens nas redes sociais, discursos em botequins, papos no trabalho e até aquela conversa fiada com o barbeiro ou o motorista do táxi, referindo-nos ao brasileiro médio como “um povo omisso, que só quer saber de novela e futebol” e, em momentos de exaltação cívica, pespegando-nos à testa a pecha de “covardes”, bastou o sistema rosnar e mostrar os dentes no dia 8 de janeiro para que uma súbita epidemia de “prudência”, “frustração” ou “exaustão emocional” se abatesse sobre a maioria esmagadora do povo brasileiro – sim, pois nós, conservadores, a somos.

Todos os piores adjetivos são, podem e devem ser aplicados à esquerda, com exceção de frouxos, omissos e sem disposição de lutar pelos seus (vá lá) ideais. Na luta pela implantação de sua tão sonhada “ditadura do proletariado” os canhotos dos anos 60 não se furtaram a marcar – à custa de sangue, borrachadas e prisões – sua presença incessante nas ruas do Brasil, e assim persistiram até que, vemos e sofremos hoje com isso, a conseguiram.

Alegam alguns que as ruas não são o melhor caminho para nós, que devemos prioritariamente ocupar espaços – leia-se agir tal qual a esquerda, infiltrando-nos na máquina pública, no sistema de ensino, na cultura e grande mídia – e que as ruas só dariam aos ditadores, ora em plantão, mais motivos para endurecerem ainda mais.

Respondo apontando que há duas certezas em tal afirmativa: a primeira é que sim, precisamos infiltrar-nos, agir gramscianamente tal qual a esquerda, mas não posso omitir dois erros presentes na citada proposta, os quais já comentarei.

Com ou sem ruas, a ditadura endurecerá - é a segunda certeza. Tal como dizia Olavo de Carvalho, “prenda os comunistas antes que eles o prendam por crimes que eles cometeram” – assim vimos no 8 de janeiro, onde os infiltrados vândalos estão livres e os inocentes pagam culpas alheias – e este é o primeiro erro apontado. E, em segundo lugar e replicando mais fielmente ainda a esquerda, não só devemos infiltrar-nos na burocracia estatal, nas artes, cultura e mídia como, também, devemos exercer nossa presença incessante nas ruas - nos omitirmos será o segundo erro que acuso. Explicarei o porquê com fatos históricos.

É do conhecimento de muitos que havia um aparente “racha” na esquerda dos anos 60: uns defendiam a luta por meios gramscistas e outros, pela força das armas – em moeda mais corrente, abrangia desde guerrilhas, assaltos á bancos, sequestros até as indefectíveis e utilíssimas passeatas.

Lembre-se de Jung: um homem não vive sem símbolos e a garotada que apanhava de cassetetes nas ruas durante os anos 60 causava a comoção e simpatia necessária ao movimento que era “tão justo, tão bom”, a ponto de fazer com que jovens sacrificassem suas vidas em prol da “única solução viável para um Brasil e uma sociedade melhor”. Sim, estes jovens eram palpáveis; eram nossos colegas de escolas, o filho da vizinha, um professor que chegava na sala de aula com olhos roxos – e isto comovia e, compreensivelmente, revoltava a todos, eram símbolos perfeitos!

Estes rapazes de costas lanhadas e olhos roxos tinham duas funções, na complicada equação político-gramscista-junguiana esquerdista: faziam com que pais e mães de família não achassem tão “radicais” aqueles meninos que optavam pela guerrilha – afinal, o filho de dona Creuza tá aí, todo quebrado, tadinho! - mostrando que seria impossível a um jovem jogar tudo fora por algo que não fosse digno de dar sua vida, e também criavam não só os personagens mas – principalmente – o clima emocional para o trabalho gramsciano.

E todos nós nos embalamos nas músicas de Chico Buarque, nos filmes “proibidos” do Glauber Rocha, rimos com as piadas conspiratórias e cheias de parábolas – afinal, eram perseguidos! - de um Jô Soares até que, quando nos demos conta, éramos todos simpáticos e apoiadores da esquerda. E mais apoiadores ficamos quando os canhotos, cientes e seguros de seu aparelhamento estatal, cultural e midiático, trocaram a carranca conspiratória por um simpático sorriso de “diretas já”, permitidas por um regime moribundo e em franca rendição ao mais poderoso dos feitiços, ao qual não dera a devida atenção: grande mídia e cultura.

A verdade é que o gramscismo não teria prosperado sem o jovem de costas lanhadas e olhos roxos das ruas. E nossa atual ditadura comunista não estaria atualmente no poder no Brasil – e em muitos países do mundo – se tais pobres jovens não houvessem conquistado nossos corações. Racha? Uma ova!

É bem verdade que a grande maioria de tais meninos foram, verdadeiramente, idiotas úteis: morreram, aleijaram-se nas drogas, jogaram vidas, casamentos, famílias fora por conta do que acreditavam e que hoje, quero crer, todos sabem ter sido o mais pérfido e cruel dos contos-do-vigário já aplicados sobre a humanidade.

Uma grande mentira custou vidas, custou sangue e o destino de muitos. Ora nós, que sabemos a verdade, que a temos – junto com Deus – em nossos corações, não estaremos dispostos a nenhum sacrifício por isso? Nem por nossos filhos e netos? E não se trata de incitar que pessoas vão às ruas em atitude depredatória, vandalista. Pelo contrário, trata-se de demonstração pacífica, ordeira – silenciosa, inclusive – e dentro da lei: permanecermos de costas para as autoridades e tropas em desfile – e nossa bofetada será ouvida em todo o planeta.

Todos temos livre arbítrio, direito de escolha e, por enquanto, alguma liberdade e você tem a sua: ir ou ficar em casa.

Mas lembre-se de sua decisão ao cantar “Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil” na próxima vez.

O peso das palavras não pode ser relativizado.


Walter Biancardine



quarta-feira, 30 de agosto de 2023

SOBRE GAYS E TRANS -


Andei ouvindo comentários a respeito do vídeo que postei em minha página no Facebook, de um rapaz norte americano que faz uma paródia de conhecida música onde, em sua versão, esfrega na cara dos deslumbrados a cruel verdade sobre a mudança de sexo, resultante da lavagem cerebral - verdadeira hipnose - promovida pela cultura de massas e grande mídia.

O meu ponto de vista é de uma obviedade incontestável: conheço gays, conheço trans mas, por acaso, não conheço ninguém que tenha se submetido a tal operação. Em minha ótica, gays são gays e ninguém tem nada a ver com o que fazem na cama - desde que não tragam esta mesma cama para a rotina do dia a dia: trabalho, estudos, vida social. Ninguém aceita um hétero que, por sua condição, saia por aí arrepanhando as partes para cada mulher que passe ou que embole-se em agarramentos quase explícitos com sua parceira, em público. É questão básica de educação e respeito e convido-os a pensar em que momento uma simples preferência sexual tornou-se um "estilo de vida".

É gosto ou auto afirmação?

Quanto aos trans, meu critério é singelo: se cruzo com ele na rua e nada vejo além de uma mulher que passou por mim, eu usarei indubitavelmente o pronome feminino e como tal o tratarei. E o inverso também é válido, pois nada no mundo me obrigará a chamar Pablo Vittar de "ela". Vou acreditar no que Pablito diz ou no que meus olhos veem? Vou me violentar, mentir para mim mesmo apenas para satisfazer as idiossincrasias do rapaz?

Eu era um adolescente quando Rogéria reinava e a famosa Roberta Close surgiu e sempre as chamei de "ela" - este é meu parâmetro.

Quanto a última categoria - a dos operados, que parece incluir o moço do vídeo - inevitavelmente sinto dó por serem verdadeiramente enfeitiçados por uma cultura de massas doentia, que impingiu-lhes dolorosa, cruel e irreversível mutilação, as quais sempre terminam por acarretar sérios transtornos psicológicos e - em número grande demais para nos omitirmos - chegam mesmo ao suicídio.

Uma grande mídia, uma cultura de massas que exibe tamanha força ao ponto de convencer alguém a mutilar-se, a extrair glândulas produtoras de hormônios imprescindíveis ao seu equilíbrio biológico, e tudo isso em nome de uma fantasia psicótica transmitida por filmes, vídeos, músicas, teatro e as pequenas mensagens subliminares, contidas em todos os meios de comunicação, esta grande mídia e cultura de massas deve merecer apenas nosso repúdio. 

Trata-se de um veneno, de um sinistro agente de desestabilização que trazemos para o conforto de nossos lares em forma de aparelhos de TV, rádios, revistas e jornais impressos, computadores e seus youtubers.

Um ser humano é livre para agir como quiser, vestir-se como quiser, amar quem quiser.

Mas não para mutilar-se, vitimado por verdadeiro feitiço que poderá levá-lo ao suicídio e dor dos entes queridos.



terça-feira, 29 de agosto de 2023

ESQUERDA, STF E FUCKING GIANTS: A OBVIEDADE


Somente aos desavisados pegou de surpresa a notícia que a cofundadora do Sleeping Giants Brasil, Mayara Stelle, palestrará no seminário “Combate à Desinformação e Defesa da Democracia”, evento promovido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a notícia, o evento será realizado nos dias 14 e 15 de setembro deste ano e é organizado pelo STF em parceria com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e o Colégio de Gestores de Comunicação das Universidades Federais (Cogecom).

A estudante de direito aparece listada como palestrante de um painel que vai debater a “regulamentação das plataformas sociais digitais e a monetização da desinformação”. O painel da cofundadora do Sleeping Giants Brasil será liderado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Recentemente, Moraes contrariou a PGR e arquivou um inquérito da Polícia Civil de São Paulo contra o Sleeping Giants Brasil, que era investigado por suposta prática de difamação contra a emissora Jovem Pan.

Desenhando para os desentendidos: impossível um grupelho como os Sleeping Fucking Giants possuírem, somente graças á força da internet, poder tão avassalador que paute decisões de marketing de multinacionais e grandes conglomerados de empresas brasileiras. O que há, na verdade, é a cumplicidade de figurões extremamente poderosos – verdadeiros organizadores do grupelho digital – que o usam como (vá lá) “a voz da opinião pública, exigindo que não se patrocine a extrema direita ou o boicote aos seus produtos e serviços será feito”.

Para tais empresários é algo que, coincidentemente, caiu do céu pois em tempos de descarada economia fascista – onde a única solução de sobrevivência empresarial é ter como sócio majoritário a quadrilha Federal – alegar que “foram pressionados a não anunciar em páginas de extrema direita” soa mais razoável aos olhos, ainda que incrédulos, de acionistas e boa parte de consumidores.

Temos então um tripé que se constitui de um Fucking Giants como “representantes da indignação popular contra a extrema direita”, um Supremo Tribunal Federal no papel de jagunço – que fará sentir o peso de sua mão de ferro sobre lombos empresariais recalcitrantes – e uma quadrilha de traficantes de drogas, pedófilos, cachaceiros entreguistas e globalistas, mais conhecido como “Governo Federal”, de braços abertos para recebê-los com polpudas licitações e, quiçá, até novamente com o título de “Campeões Nacionais”, tal como AMBEV e JBS no passado recente.

Nada poderá, a srta. Mayara Stelle, dizer em tal palestra que não tenha sido escrito pelo sr. Cabeça de Ovo, sob comum acordo dos demais membros citados da quadrilha. Ao fim e ao cabo, trata-se apenas de dar um verniz “legal” aos processos de censura da internet – banimentos, desmonetizações, processos e prisões, tal como já acontece, ao arrepio da lei.

Fucking Giants, STF, Governo Federal (atual), políticos e o Foro de São Paulo nada mais são que um octópode – fedorento polvo, à imagem e semelhança de uma lula – a enlaçar, com seus inúmeros braços, a defunta democracia brasileira para estrangulá-la.

E a sinceridade de sua indignação, caríssimo leitor, será medida por sua reação.
Pense bem.


Walter Biancardine



ANÁLISE DE UMA PSIQUE APAIXONADA


Perceberá o leitor a facilidade com que alterno, nesta página, entre análises políticas e temas pessoais que em nada dizem respeito á situação atual do país.

Veteranos que porventura ainda me acompanhem saberão que um dos fatores pelos quais jamais temi expor opiniões políticas, acusar pesadamente algo ou alguém ou mesmo elogiar o que fosse é o fato de nunca haver ocultado nada de minha porca vida pessoal. Não haverá segredos, falcatruas ou coisas mal explicadas com as quais eventuais desafetos possam me chantagear, e assim, há décadas, movo-me com tranquilidade pelos meus escritos.

Já publiquei as maiores e mais particulares misérias bem como tive o indecente despudor de expor uma felicidade absurda por ter conquistado, finalmente, a inacreditavelmente linda mulher que sempre amei desde tenra infância. Todos viram como penso, de quem gosto, quem não gosto, minhas gafes, dúvidas, realizações, certezas, bebedeiras, fracassos, minha fortuna e miséria – esta última, ao que parece, destinada como epílogo no livro de minha vida.

E é nestas últimas páginas da existência que dei conta das inúmeras referências a “casa”, um tema ultimamente recorrente e que pode levar a dúvidas quanto a sinceridade de meus ganidos: se são pela falta da mulher amada – viúvo de uma fada viva, cujo coração palpita, mas não mais por mim – ou a perda do lar e segurança da infância.

Tenho limitado conhecimento sobre a psique feminina – conhecedor fosse e não estaria abandonado á estas horas – mas sobre minha porca e atormentada alma, desta posso falar. E percebo que existe uma mistura que os anos se encarregam de produzir, quando tais aspectos são analisados.

Homens adultos ainda guardam, dentro de si, conceitos infantis e que jamais são superados: sem a mulher amada, não há um lar. É a satisfação gloriosa de voltar para casa ao fim do dia e ser recebido por aquela que te ama e devota a vida a seu favor – cuidando de você, tratando as feridas de seu dia de caça no trabalho, te alimentando e perguntando como foi seu dia. Este é o lado infantil, o momento em que ela, por mais sedutora que esteja, o acalenta e embala suas dores, angústias e dúvidas.

Refeito, alimentado e de banho tomado, o homem adulto retorna: está em eterna guarda de seu ninho, vigilante, e dará mesmo sua vida – sem piscar os olhos – para proteger a mulher que ama, o lar que ela deu á ele e os amados em volta. Neste momento, os papéis trocam e é a vez do homem a abrigar em seus braços, proteger sua feminilidade, fragilidade de um cristal raro, dar segurança em suas dúvidas e aflições, fazê-la sentir-se amada, protegida, cuidada, admirada, amparada, sem dúvidas sobre sua disposição de morrer por ela e sempre, sempre lembrá-la de como é desejada, inocente sedutora e, de todas as formas, linda.

E esta mulher amada e protegida, que o protege e ama também, junto ao lar que ela encarna, histórias, valores e referências em comum, que só aumentam conforme os anos passam e são verdadeiro espelho daquela alma gentil, a isto um homem – ou ao menos eu – chama de “lar”.

Esta é a evolução natural da psique do homem. Farrapos como eu, certos de que tudo perderam, cientes da condenação á solidão perpétua, sequer esperanças a inteligência permite-lhes sentir: acabam por regredir e refugiar-se nas lembranças mais tenras – uma espécie de “colo de mãe” com as velhas e surradas tatuagens frustradas que afirmam: “Amor, só de mãe”.

Assim nascem histórias, livros que, não fossem escritos, terminariam por implodir o escriba e levá-lo aos sanatórios.

Ao menos naquelas páginas a terei para sempre.




segunda-feira, 28 de agosto de 2023

SEM QUERER

Acordei hoje pela manhã e me dei conta que não queria escrever.

Aliás, não queria ligar o computador, não queria saber das notícias e muito menos parasitar a felicidade alheia, escandalosamente estampada nas redes sociais.

Lá fora um clima londrino – garoa, vento e um frio anormal – justificavam que eu igualmente não quisesse caminhar pelos pastos, como faço rotineiramente em minhas desesperadas tentativas diárias de manter a lucidez, através de uma auto análise medíocre e a sempre presente, feroz e porca auto crítica – a qual ainda preciso decidir se não é um complexo de inferioridade, caridosamente travestido.

A verdade é que hoje acordei sem querer – em todos os sentidos possíveis.

Não queria acordar, não queria trabalhar, não queria ter de buscar comida, não queria nada.

Sem querer, forcei-me a caminhar pelo pasto e concluí que, sequer, queria existir. Não uma tendência suicida mas apenas a percepção que seria melhor nem haver nascido – um aborto que não teria trazido falsas perspectivas de felicidade á ninguém, que igualmente não teria decepcionado, frustrado, magoado, irritado, indignado ou atrasado a vida e a felicidade de ninguém – a inocência indiscutível da não existência. Sim, pois da vida só legarei meus erros, e só por eles se lembrarão de mim.

Morbidamente, imaginei o quê aconteceria se eu morresse repentinamente e a conclusão não foi memorável: nada. Certamente algum povo local daria por minha falta, mas pelo respeito e cerimônia com que me tratam e desejosos de não parecerem incômodos, inevitavelmente uma ou duas semanas passariam até que – a natureza é sábia – o cheiro de podre de minha carcaça noticiasse a todos o meu paradeiro. E então? Ora, se um estorvo fui em minha existência, na morte não seria diferente pois algum parente teria o sórdido trabalho de remover meus restos e enterrá-los alhures – inclusive financiando tais despesas, que nunca são baratas.

Minhas tralhas – pequenas lembranças, obsessivamente colecionadas e guardadas, de um passado em que ousei ser feliz – por sua insignificância em número e valores, acabariam no lixo com exceção deste computador, que ainda bem pode ser usado mais alguns anos. E só, the end, fim.

Mas persisto em minhas auto análises, na sôfrega busca de não ceder á tentação da loucura, e finquei meus pés na lama gelada, no chão, na realidade. Sim, tudo isso é devaneio, a maldita solidão que convida fantasmas para nos assombrarem.

É preciso espanar tais pensamentos, é preciso viver, é preciso querer!

Mas o único “querer” que me veio á cabeça depois disso foi:

- Quero ir pra casa.

E eu a joguei fora.




sábado, 26 de agosto de 2023

SETE DE SETEMBRO: EU VOU

 


Em dias de judiciário putrefato e desacreditado, notório e atuante capanga na instauração da mais perigosa ditadura que o Brasil já viu, um pobre e míope desembargador alcança seus quinze minutos de fama ao aconselhar que os brasileiros não compareçam ao tradicional desfile cívico, em comemoração ao grito inútil da independência, dado por nosso primeiro e atormentado Pedro, Imperador.

Replicado exaustivamente nas redes sociais e endossado por comentaristas corajosos da Jovem Pan Baurú, renomados mas completamente desprovidos de senso da dinâmica histórica que nos envolve, tal apelo apenas nos eternizará no papel de bovinos passivos e medrosos, fornecendo graciosamente aos ditadores de plantão a certeza de nosso medo e submissão, ingrediente essencial à manutenção de qualquer sistema arbitrário como o nosso.

Alegam os de têmpera mais fraca que irmos às ruas poderá render-nos prisões, agressões e, talvez, até borrachadas nas costas, dadas pelos mesmos bravos periquitos que tanto aplaudimos em passado muito recente.

Talvez sim, talvez não – se nosso comportamento, indubitavelmente, demostrar que ali estamos em absoluta mas discordante paz, exercendo o sacrossanto direito não apenas de ver um desfile como, inclusive e principalmente, demonstrarmos nosso nojo e repúdio relativo aos integrantes de sua cúpula.

E como faremos isso? De maneira simples, mas extremamente eficaz – inclusive sob as óticas da política, dos Generais e, principalmente, da grande mídia: ao passarem as tropas, que todos se postem de costas para as mesmas, não voltando até que todo o destacamento tenha terminado seu desfile.

Simples assim; sem faixas e cartazes comprometedores, sem gritos e provocações, sem atitudes bruscas ou intimidadoras. Apenas demonstraremos nosso nojo, nosso asco moral a depravados de farda, merecedores de um Conselho de Guerra por traição à Pátria, que ousam posar de heróis em uma farsa vermelha cujo enredo, por demais conhecido e repetido em toda a América Latina, já o sabemos de cor e salteado.

Os bravos amigos da Jovem Pan Baurú – talvez a única do grupo que ainda mantém a testosterona original da empresa que desbancou a Rede Globo – não conseguem enxergar a verdadeira bofetada na cara que Generais, políticos e autoridades receberiam, se tal acontecer? Ou a pandemia histérica do medo igualmente já tomou seus corações?

É preciso lembrar que nada de errado estaremos fazendo, apenas nos postaremos de costas – e nada, ninguém ou nenhuma lei nos obriga a ficar de frente.

Lembremos também, para finalizar, que o medo é contagioso: basta um covarde, entre centenas de bravos, para que todos se encolham.

Eu vou no desfile de sete de setembro.

De costas.



Walter Biancardine



O HOMEM CERTO NO LUGAR ERRADO


Recente postagem do ex BBB e agora comentarista de sucesso, Adrilles Jorge, causou discussões nas redes sociais pelo fato do mesmo declarar que, em seu ponto de vista, o ex Presidente Jair Bolsonaro poderia fazer muito mais pela minguada democracia brasileira permanecendo no exterior, ao invés de circular pelo Brasil como atualmente vem fazendo.

Quem segue minhas lives domingueiras no YouTube ou lê os artigos que escrevo, facilmente concluirá que sou da mesma opinião do irrefreável falador Adrilles.

De fato, nada temos a esperar das instituições pois o país vive uma anomia institucional jamais registrada em nossa história: totalmente aparelhado pelo esquerdismo e pleno de um esprit de corps que raia o sentimento de casta, o estamento burocrático assiste satisfeito a derrocada da democracia sem mover um músculo à favor da mesma – mas incansável, quando o propósito é acabar de enterrá-la. E tal patologia, atrevo-me a dizer, atinge inclusive as altas patentes das Forças Armadas.

Igualmente o que, em tese, seria a casa mais poderosa – o Poder Legislativo – encolhe-se amedrontado diante das inúmeras e incessantes ameaças do Supremo Tribunal Federal que é, por desvio elitista constitucional, a única instância competente a julgá-los, processá-los e prendê-los – e motivos para isso não faltam. Assim, as togas platinadas exercem descaradas chantagens contra um Congresso que, em festejada mas enganosa tese, seria majoritariamente conservador. O que vemos, entretanto, é que rabos presos tem o poder de empanar quaisquer veleidades idealistas da quase totalidade do Parlamento, reduzido a centenas de covardes engravatados.

O ponto focal é que temos o Foro de São Paulo – leia-se tráfico internacional latinoamericano de drogas ou Grupo de Puebla, se preferirem – amparado internacionalmente pelo Partido Democrata norte americano, serviços de inteligência russo, chinês, cubano e globalistas diversos (eurasianos duguinistas inclusos), utilizando as “excelências supremas” como verdadeiros capangas, jagunços brutamontes que exercem um gangsterismo cívico eliminando sumariamente os adversários, cangaceiros de toga cujo único objetivo é a consolidação, através do reconhecimento internacional, da já atuante e efetiva ditadura comunista no Brasil.

Gastei o vexaminoso ano de 2023 em descarada campanha para que permanecêssemos nas ruas, com faixas e cartazes em inglês, fotografando e filmando estes atos para postá-los nas páginas de congressistas, personalidades e instituições internacionais reconhecidamente conservadoras. Acreditava eu que, deste modo, poderíamos criar alguma comoção, provocar – ainda que por meras razões eleitoreiras de alguns – a solidariedade e o escândalo necessário para que nossa situação pudesse, com sorte, causar embaraços, constrangimentos diplomáticos e até – não custaria tentar – sanções diplomáticas que arrasassem internacionalmente nossa atual ditadura.

Entretanto, nada disso foi feito, e nem será.

O povo, ainda em choque pela farsa de nosso “Capitólio” de 8 de janeiro e apavorado com a vileza das prisões – mais de mil e duzentas delas, anunciadas com orgulho por generais pérfidos que seriam condenados por traição à pátria em qualquer democracia real – encolheu-se em casa, destruído civicamente por um Exército que, até então, seria o “braço forte e mão amiga” que nos salvaria, e já em vertiginoso surto psíquico após dois anos de pandemia, vacinação fatal e forçada, uso obrigatório de máscaras inúteis, lockdown repressivo e depressivo e o bombardeio exasperante do mais mortal dos venenos: a grande mídia.

Diante de todos estes dados – que ninguém, convenientemente, lembra – estaria o pequeno e esganiçado Adrilles Jorge sendo exagerado? Jogando contra o país? Em meu ponto de vista, não. Pelo contrário: revelou-se de uma lucidez prática, de uma objetividade que, confesso, faltou-me.

Muito mais estardalhaço pode causar um Bolsonaro boquirroto, rasgando o verbo das verdades inconfessáveis de nossa defunta democracia diante da estarrecida imprensa internacional – afinal ele é ex Presidente de um país chave no equilíbrio da alimentação global – do que nós, povo ensandecido a bradar pelas ruas, contando apenas com a sorte de sermos vistos e acolhidos nas redes sociais internacionais. Não bastasse isso, Biroliro é o mais expressivo político sul americano dos últimos anos e conta com parceiros como Donald Trump – e, facilmente, dos demais candidatos republicanos à presidência dos Estados Unidos – e reconhecido poder de negociação e influência mundial.

Ao meu ver, Adrilles Jorge acertou na mosca em suas proposições e quem hoje o condena, enxerga inconvenientes ou inutilidade em tais ideias, nada mais é que um sapatênis, um isentão cumprindo seu papel de lubrificante para a glamurosa enterrada final do enorme membro comunista em nossas bundas.


Walter Biancardine



OS SEIS SENTIDOS DO AMOR


E os meus olhos viram uma verdadeira princesa, tal como nos contos de fada, e enlaçamos nossas pequenas mãos para entrarmos na igreja. E da inocência de crianças brotou o amor mais puro, que sequer o tempo, as sujeiras e cicatrizes da vida iriam manchar.

Apertei suas mãos – tão pequenas nestes dias, mas ainda assim hoje – e somente dezenas de anos depois pude tocá-la além disso. Minhas mãos sentiram sua pele, a ruivice adornada pelo ouro platinado de cabelos tão finos que perderam-se em minha alma, que já crescida, descobria outros encantos em tudo dela que pudesse encostar. Pele quente como o verão, refrescada pelo verde selvagem que então, finalmente, olhava para mim.

O calor tem cheiro, algo que nos enche por dentro e aquece; a mistura cosmética vencida pela paixão que farejei e jamais esqueci; a vaidade faceira derrotada pelo desejo. E mais não digo para não parecer cachorro, cheirando enlouquecido cada polegada de sua sorte, curvilínea e imerecida.

Mas, inevitável, descubro-me com a boca molhada. Gosto inesquecível e inconfessável, desejar devorá-la por completo, bebê-la de um só gole tal qual licor quente que nos amansa o sono. Não: mais que licor, uma fruta – frutas embriagam mas estas, em sua natureza, não devem ser bebidas.

E no tanto que meus sentidos percebiam isso, também mereci ouvir sua voz – tão suave – enlouquecer e enrouquecer, rugido de fera bravia que anunciava: o devorado era eu.

Tudo foi tão rápido que, sequer, pensei no que fazia. O que fiz, em desespero, quebrou o encanto da fada, e a fera recolheu-se, ferida.

Mas tal como as almas – não eternas, mas imortais – um amor assim é destino. Não importa o quanto eu viva, não importa mesmo se morro, pois tais destinos não foram traçados por vontade nossa.

Que venha a morte e tudo leve de mim. Mas nesse amor ela não tocará, pois é imortal.

E terei a eternidade para reconquistá-la.

Este é o sexto e verdadeiro sentido do amor.