sexta-feira, 1 de setembro de 2023

7 DE SETEMBRO: OU FICAR A PÁTRIA LIVRE, OU MORRER PELO BRASIL.

 

Já acusava o professor Olavo de Carvalho haver se tornado corrente, em nossa comunicação cotidiana, a desvalorização completa – ou, ao menos, a ressignificação mais conveniente – das palavras de nosso idioma. 

Assim podemos contemplar, com espanto, as mesmas pessoas que saíam às ruas de peito estufado por súbito patriotismo e cantavam a referida estrofe a plenos pulmões encolherem-se, agora, em suas respectivas casas, sob alegações diversas: desapontamento, decepção, frustração e até mesmo “desgaste emocional”. Alguns, mais sinceros, não escondem: ficarão em casa neste dia da pátria por medo mesmo.

Reconheço, cabisbaixo, a vitória da esquerda sobre nós: após incansáveis postagens nas redes sociais, discursos em botequins, papos no trabalho e até aquela conversa fiada com o barbeiro ou o motorista do táxi, referindo-nos ao brasileiro médio como “um povo omisso, que só quer saber de novela e futebol” e, em momentos de exaltação cívica, pespegando-nos à testa a pecha de “covardes”, bastou o sistema rosnar e mostrar os dentes no dia 8 de janeiro para que uma súbita epidemia de “prudência”, “frustração” ou “exaustão emocional” se abatesse sobre a maioria esmagadora do povo brasileiro – sim, pois nós, conservadores, a somos.

Todos os piores adjetivos são, podem e devem ser aplicados à esquerda, com exceção de frouxos, omissos e sem disposição de lutar pelos seus (vá lá) ideais. Na luta pela implantação de sua tão sonhada “ditadura do proletariado” os canhotos dos anos 60 não se furtaram a marcar – à custa de sangue, borrachadas e prisões – sua presença incessante nas ruas do Brasil, e assim persistiram até que, vemos e sofremos hoje com isso, a conseguiram.

Alegam alguns que as ruas não são o melhor caminho para nós, que devemos prioritariamente ocupar espaços – leia-se agir tal qual a esquerda, infiltrando-nos na máquina pública, no sistema de ensino, na cultura e grande mídia – e que as ruas só dariam aos ditadores, ora em plantão, mais motivos para endurecerem ainda mais.

Respondo apontando que há duas certezas em tal afirmativa: a primeira é que sim, precisamos infiltrar-nos, agir gramscianamente tal qual a esquerda, mas não posso omitir dois erros presentes na citada proposta, os quais já comentarei.

Com ou sem ruas, a ditadura endurecerá - é a segunda certeza. Tal como dizia Olavo de Carvalho, “prenda os comunistas antes que eles o prendam por crimes que eles cometeram” – assim vimos no 8 de janeiro, onde os infiltrados vândalos estão livres e os inocentes pagam culpas alheias – e este é o primeiro erro apontado. E, em segundo lugar e replicando mais fielmente ainda a esquerda, não só devemos infiltrar-nos na burocracia estatal, nas artes, cultura e mídia como, também, devemos exercer nossa presença incessante nas ruas - nos omitirmos será o segundo erro que acuso. Explicarei o porquê com fatos históricos.

É do conhecimento de muitos que havia um aparente “racha” na esquerda dos anos 60: uns defendiam a luta por meios gramscistas e outros, pela força das armas – em moeda mais corrente, abrangia desde guerrilhas, assaltos á bancos, sequestros até as indefectíveis e utilíssimas passeatas.

Lembre-se de Jung: um homem não vive sem símbolos e a garotada que apanhava de cassetetes nas ruas durante os anos 60 causava a comoção e simpatia necessária ao movimento que era “tão justo, tão bom”, a ponto de fazer com que jovens sacrificassem suas vidas em prol da “única solução viável para um Brasil e uma sociedade melhor”. Sim, estes jovens eram palpáveis; eram nossos colegas de escolas, o filho da vizinha, um professor que chegava na sala de aula com olhos roxos – e isto comovia e, compreensivelmente, revoltava a todos, eram símbolos perfeitos!

Estes rapazes de costas lanhadas e olhos roxos tinham duas funções, na complicada equação político-gramscista-junguiana esquerdista: faziam com que pais e mães de família não achassem tão “radicais” aqueles meninos que optavam pela guerrilha – afinal, o filho de dona Creuza tá aí, todo quebrado, tadinho! - mostrando que seria impossível a um jovem jogar tudo fora por algo que não fosse digno de dar sua vida, e também criavam não só os personagens mas – principalmente – o clima emocional para o trabalho gramsciano.

E todos nós nos embalamos nas músicas de Chico Buarque, nos filmes “proibidos” do Glauber Rocha, rimos com as piadas conspiratórias e cheias de parábolas – afinal, eram perseguidos! - de um Jô Soares até que, quando nos demos conta, éramos todos simpáticos e apoiadores da esquerda. E mais apoiadores ficamos quando os canhotos, cientes e seguros de seu aparelhamento estatal, cultural e midiático, trocaram a carranca conspiratória por um simpático sorriso de “diretas já”, permitidas por um regime moribundo e em franca rendição ao mais poderoso dos feitiços, ao qual não dera a devida atenção: grande mídia e cultura.

A verdade é que o gramscismo não teria prosperado sem o jovem de costas lanhadas e olhos roxos das ruas. E nossa atual ditadura comunista não estaria atualmente no poder no Brasil – e em muitos países do mundo – se tais pobres jovens não houvessem conquistado nossos corações. Racha? Uma ova!

É bem verdade que a grande maioria de tais meninos foram, verdadeiramente, idiotas úteis: morreram, aleijaram-se nas drogas, jogaram vidas, casamentos, famílias fora por conta do que acreditavam e que hoje, quero crer, todos sabem ter sido o mais pérfido e cruel dos contos-do-vigário já aplicados sobre a humanidade.

Uma grande mentira custou vidas, custou sangue e o destino de muitos. Ora nós, que sabemos a verdade, que a temos – junto com Deus – em nossos corações, não estaremos dispostos a nenhum sacrifício por isso? Nem por nossos filhos e netos? E não se trata de incitar que pessoas vão às ruas em atitude depredatória, vandalista. Pelo contrário, trata-se de demonstração pacífica, ordeira – silenciosa, inclusive – e dentro da lei: permanecermos de costas para as autoridades e tropas em desfile – e nossa bofetada será ouvida em todo o planeta.

Todos temos livre arbítrio, direito de escolha e, por enquanto, alguma liberdade e você tem a sua: ir ou ficar em casa.

Mas lembre-se de sua decisão ao cantar “Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil” na próxima vez.

O peso das palavras não pode ser relativizado.


Walter Biancardine



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