Tempos idos, ainda Presidente ou depois VP do motoclube que fundei, usávamos um ditado bastante popular no meio motociclístico: “o que acontece na estrada, fica na estrada”.
Sirvo-me de tais dizeres para fazer analogia com todos aqueles que souberam-se, em algum momento, homossexuais e seguiram suas vidas sem maiores problemas. E por quê faço isso?
Em primeiro lugar é preciso deixar claro que tenho amigos gays, trans, negros, amarelos, herbívoros e alguns até, suspeito, extra-terrestres. Sempre tive relações excelentes com os mais próximos e cordiais com os mais afastados e pouco se me dá o que fazem nas intimidades de seus quartos – do mesmo modo que creio ser um abuso intrusivo especularem sobre meus próprios hábitos sexuais, até porque Caetano Veloso já dizia que “de perto, ninguém é normal”.
O problema não é o que fazemos na cama: o problema é quando nos deixamos levar como massa de manobra de alpinistas políticos, oportunistas demagogos, que rotulam escolhas sexuais como “bandeiras de luta” e as transformam, de simples preferências, em “luta por direitos” – como se o fato do sujeito gostar de um boy magia o transformasse, automaticamente, em membro de uma minoria perseguida e morta – antes mesmo do café da manhã – por “nazistas, fascistas, direitistas” e etc.
Usar características pessoais como bandeiras ideológicas é golpe sujo, estelionato político, má-fé eleitoreira mas que, com o amparo da grande mídia – sempre ela, a eterna criminosa – arrebanha defensores até mesmo fora do espectro sexual abrangido.
A mãe do falecido humorista Paulo Gustavo, que tornou-se famoso com personagens femininos ou que satirizavam gays, é uma dessas pessoas que condenam héteros satirizando homossexuais mas esquecem-se, convenientemente, que seu próprio filho beneficiou-se deste mesmo tipo de humor. Um negro pode chamar a si próprio de "crioulo" (tal como aquele cantor) e tudo estará ok. Gays podem chamarem-se "bichas", em referências entre si, e igualmente não haverá problemas. Mas se eu apontar o dedo para um crioulo bicha na rua, serei eletrocutado na cadeira elétrica, é isso?
Infelizmente, tais idiossincrasias são uma das razões do linchamento moral que o nosso grande Emílio Surita (Pânico na TV, Jovem Pan) enfrenta.
Jamais vivemos tempos tão liberais em termos de sexualidade mas, paradoxalmente, pudicos em relação a quaisquer comentários ou, principalmente, piadas sobre ela. A verdadeira peste negra do pensamento, o “politicamente correto”, manietou a liberdade de fazermos simples comentários e matou – a sangue frio – o humor no mundo. Tudo é “discriminação”, tudo é “racismo”, “homofobia” e, segundo tais histéricos, o ser humano não tem o direito de comentar, ter opiniões ou mesmo fazer piadas.
O caso se deu pelo fato do excelente Surita ter imitado, de maneira humorística e em um programa misto de informativo e humor, alguém conhecido do público e que é homossexual. A atual direção da Jovem Pan – vendida e submissa à nossa ditadura – entendeu como verdadeira “blasfêmia” contra os “sacrossantos” e supostos “direitos” dos gays e isso bastou para dar o início a uma chuva de comentários, irados e raivosos, contra o pobre Emílio – que só fez uma piada.
Pergunto: um conhecido Foucault, que gastava-se em hipóteses filosóficas vãs e depois ia a clubes gays para deixar-se chibatear por garotões, deveria ter direitos diferenciados por isso? Um sujeito que apaixonou-se por outro cara deve ter algum privilégio legal, tal como leis específicas para ele? Ou mesmo meu falecido amigo Sergei – padroeiro do Rock and Roll – que transava com samambaias, mereceria leis que o “protegessem”?
Por óbvio que existe preconceito contra gays. Mas também existe contra nordestinos, negros, japoneses e até contra motociclistas (“são todos uns bandidos”) ou gente que usa óculos, os eternos “quatro-olhos”. Mas vale notar que o preconceito – no referente da palavra – só se dá quando o gay, negro ou seja quem for, é literalmente prejudicado, preterido ou discriminado por isso, tal como em uma seleção de emprego ou na utilização de um elevador – e exemplifico com elevadores propositalmente, pois remete diretamente aos banheiros masculinos e femininos.
A biologia não muda, e só existem dois sexos. Um trans terá de usar o banheiro masculino e pronto, pois a transexualidade – mais que uma homossexualidade de nascença – é uma escolha pessoal e o fato de alguém “sentir-se uma mulher”, árvore ou cachorro não cambiará seus cromossomos ou teores de testosterona. Isso não é preconceito, é fato.
Por outro lado, ao encontrar um amigo trans e o mesmo exibir o real aspecto de uma mulher – e conheço alguns assim – eu o chamarei de “ela” e cumprimentarei com um par de beijos no rosto, pois é o que meus olhos veem e pouco se me dá se utilizará o banheiro masculino. Já um Pablo Vittar, por exemplo, para mim é “ele” – pois é o que meus olhos veem – e fim de papo. Como me definiriam agora? “Nazista, fascista, direitista, taxista, onanista” ou “bicha enrustida”?
Quando alguém é ofendido por sua cor ou escolhas pessoais – sejam sexuais ou mesmo políticas – tal fato merece a execração do círculo de pessoas, o repúdio da sociedade contra aquele que assim age, mas nunca o longo braço do Estado onipresente punindo, por vias legais, um simples imbecil. E este é o risco que Emílio Surita corre, atualmente.
Quando uma ideologia castra-nos o riso, o sagrado direito de fazer piadas sobre os outros, tal fato apenas espelha uma conjuntura doente e que regrediu o povo aquém de uma das principais características da vida em sociedade, impondo um cotidiano sisudo, soturno, que nos ameaça até mesmo pela eventualidade de nossos pensamentos ou espontaneidade de opiniões – e isso é doença, causada por um Estado mau e opressor.
Nada tenho contra gays ou trans, mas abomino os “movimentos gays”, siglas com quase um alfabeto inteiro que as defina – pois que para cada gosto criou-se uma nova “espécie” sexual – ou quaisquer e óbvios instrumentos de utilização das pessoas como simples massa de manobra política.
Tal pensamento também se estende aos negros, nordestinos, gordos ou seja lá quais forem as novas categorias de “minorias discriminadas” que, diariamente, a mídia inventa.
O que fazem com Emílio Surita é pura catarse, expectoração de ódios e recalques pessoais – muitos de nascença e outros impostos pela mídia – e todo o escândalo nos mostra, na justa medida, as enormes dimensões de uma máquina política criada para arrebanhar e cevar grande e inocente massa de manobra, nutrindo-os com a clara fúria divisionista esquerdista.
Um gay que deseje casar não mudará os dogmas e a Verdade Revelada.
Um trans que precise ir ao banheiro – por linda que seja – usará o banheiro masculino, pois o DNA não converteu-se.
Um homem qualquer continuará fazendo piadas sobre magricelos, gente de óculos, gays, mulheres dirigindo, negros ou até macumbeiros, pois ideologias só transformam a psique quando aquele que a adota sucumbe ao poder patológico de seu doutrinador, e torna-se um doente – não um idealista.
Que Emílio Surita largue a pútrida Jovem Pan em boa hora, pois tanto ele quanto seus associados no Pânico serão muito bem vindos ao nosso “suposto Gabinete do Ódio” conservador, que contamina a internet com as verdades que ninguém quer ouvir.
Walter Biancardine
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