terça-feira, 2 de julho de 2024

INTROMISSÃO INCONSTITUCIONAL -


Na vida diária conseguimos encontrar as mais inesperadas formas de consciência de nossa real situação política, tais como nos deparamos com um boiadeiro (para mim, algo cotidiano) perfeitamente ciente dos males, inconveniências e intromissões do STF não apenas em nossas vidas ou, igualmente, sofremos a tristeza de vermos pessoas com o dito “terceiro grau” – médicos, advogados, engenheiros – a resumirem suas críticas em simples tabula rasa, classificando tudo e todos como “ladrões”.

Sei que tenho leitores entre ambas categorias – boiadeiros ou advogados – e, para os eventuais desinformados, resolvi exemplificar os atos abusivos desta citada Corte através de um exemplo mais palpável e facilmente compreensível.

Suponha ser você um cidadão casado, com filhos, e que atravessa uma crise conjugal com sua mulher. Ambos gastam-se durante a semana em seus trabalhos, veem-se somente à noite e, compreensivelmente, não usarão tal breve período de descanso – preparativo para o dia seguinte, duro e difícil – discutindo os problemas de seu casamento.

Pois bem: eis que chega o fim de semana e, obrigações com as crianças à parte, o casal precisa se haver com a visita constante, repetitiva e infalível de um amigo em comum, que os busca alegando atravessar período difícil e solitário; tudo o que deseja é espairecer e encontrar com quem conversar.

Esta situação permanece durante semanas, meses, e você e sua mulher jamais encontram tempo aos sábados e domingos – dias mais folgados – para resolverem seus questionamentos, já que devem atenção ao visitante. Ora, chega um dia em que você, já farto, chama este amigo e o diz atravessar, igualmente, um momento ruim com sua esposa e que precisa resolver isso. E qual é a reação de tal amigo? Concorda, aparenta compreender e até mesmo, eventualmente, oferece alguns conselhos – mas no fim de semana seguinte lá está ele novamente, a empurrar suas carências por sobre a sobrevivência do casal!

Assim age o STF diante do Congresso Nacional, diante do Poder Executivo – notadamente no governo Bolsonaro – e no trato com a Constituição Federal, com a diferença que a Corte Suprema não se vale de seus próprios problemas para impor sua intromissão perante o Congresso ou seus rasgos à Constituição; pelo contrário, vale-se dos problemas do Parlamento para – alegando “ajudar” – intrometer-se e sobrepujar, com a força da Lei, as deliberações desta casa legislativa.

Ele é o “amigo inconveniente”, que nos permite até duvidar se o mesmo busca apenas lenitivo para suas feridas ou visa, no fundo, o fim do casal – ou Congresso, para ficar bem claro.

É incompreensível que muitas pessoas ainda não enxerguem haver o STF fechado e inutilizado o Congresso, somente grave desinformação ou a deliberação de alienar-se poderá explicar tal ignorância, que não ocorreria se a situação fosse em seu casamento, tal qual o exemplo acima.

Quase sou forçado a crer que a verdade esteja no intento de alienarem-se, e baseio esta conclusão em um testemunho prestado pelo conhecido professor Bellei, postado em seu X-Twitter, no qual expressa seu pasmo ao perceber que, caminhando pelas ruas de seu bairro à noite, tudo o que ouve vindo das casas vizinhas são as vinhetas da Rede Globo – a mesma Rede Globo onipresente nas TV’s de qualquer restaurante de comida à quilo que você procure para almoçar.

São décadas de adestramento comportamental, décadas de hipnose gramscista, e será um trabalho longo e árduo “desadestrar” toda uma população.

Mas toda longa caminhada sempre começa com um humilde e pequeno passo.

Andemos, pois.



Walter Biancardine



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