Digno de nota é o fato de não dispormos de um só herói, no sentido específico do termo, em toda a gama de publicações ficcionais no Brasil.
Quando digo "herói" refiro-me á coragem física, moral, intelectual ou mesmo espiritual - não há, pois em nome de um tacanho "realismo", a falta de caráter é a tônica dominante em tais personagens; uma trilha quiçá aberta pelo indecente "Macunaíma", cuja aclamação reflete, à perfeição, todo o valor dado por nossa "elite" cultural à falta de vergonha na cara.
Sabemos que nada se dá na vida real sem que, antes, tenha sido publicado em algum livro - fato por demais evidente e de acontecimentos sobejamente coincidentes com a literatura. Cabe, então, a pergunta: onde a nata literária nacional pretende levar o Brasil? Que espécie de exemplos creem os mesmos serem capazes de oferecer ao público, através de seus personagens ditos "heróicos"?
Por inúmeras vezes afirmei ser o "brasileiro típico" uma cruza perfeita entre Jeca Tatú e Macunaíma, e infelizmente ainda não tive a oportunidade de perceber que estava errado.
Que Shakespeare ocupe as mãos - e as cabeças - de nossos filhos.
Walter Biancardine
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