Reação natural no ser humano é buscar assuntos mais amenos quando o ambiente torna-se pesado demais, os sentimentos mais íntimos acendem o sinal de alerta e prenunciam nuvens negras na conjuntura ou, como diriam os mais jovens, a “vibe” fica “carregada” e desagradável.
Não à toa gastei os últimos dias escrevendo futilidades, divagando sobre whisky e jazz ou mesmo comentando histórias familiares mal contadas; tudo isso objetivando fugir de prenúncios e constatações sinistras que, por mais que eu finja não ver, pesam-me os ombros e a consciência.
Este peso não diz respeito à minha situação particular precária ou mesmo ao estado pós-operatório que me encontro mas, sim, à clara percepção do que brevemente virá, ao observar o posicionamento dos jogadores em campo e nossa inocência e inação diante disso.
Conversava recentemente com um velho amigo, via WhatsApp, e o mesmo advertia-me sobre meus escritos, alertando que poderiam causar-me problemas e, até mesmo, processos e prisão. Ora, este amigo está longe de ser um ignorante, possui o terceiro grau completo e atua na profissão que escolheu mas, ainda assim, não consegue diferenciar uma reportagem, denunciando crimes, de um simples artigo opinatório. Mais: assume como “normal” alguém ser preso por algo que, no máximo, renderia processos de calúnia, injúria e difamação – caso provada a culpa. Pior: crê piamente na lisura do sistema, não admite como possível instituições como o TSE sofrerem influências externas e põe a mão no fogo sobre a impossibilidade de adulteração no registro e contagem eletrônica de votos, jogando todas as hipóteses na caixa cômoda e fácil da “teoria da conspiração” – posto que são hipóteses terríveis demais para sua humana capacidade de suportar.
Uma das pesadas constatações com que tenho de lidar é o fato que uma pessoa ostensivamente inteligente e de nível superior não sabe interpretar um texto e, de modo pior, claramente “deleta” partes essenciais do mesmo, as quais contrariam frontalmente suas alegações – um misto de mecanismo psicológico de fuga com simples desejo de “ganhar a discussão”, e não de compreender o que se passa, independente de suas convicções ideológicas.
Tal fato causa-me profundo abalo, pois trata-se de alguém que conheço há anos, amigo leal mas, mesmo assim, ainda orientado pelos noticiários de TV e pleno de ideias pré concebidas e preconceituosas contra quaisquer informações que não sejam oriundas dos “meios oficiais de comunicação”: TV Globo, Record, Band, SBT, etc. Se ele, do alto de sua inteligência e cultura pensa assim, o que se passará na cabeça de pessoas não tão privilegiadas quanto ele? O que pensarão milhões de eleitores, Brasil à fora?
Infelizmente meus temores não cessam por aí: toda a conjuntura geopolítica – planetária – leva-me quase ao pânico, ao perceber que as peças do jogo de xadrez estão sendo ostensivamente movimentadas e nada podemos fazer, independente de termos governantes gêmeos em pensamentos políticos ou oriundos de outras preferências.
Os países mais importantes da Europa, como Inglaterra, Alemanha e França estão sob governos de esquerda – e evitarei discorrer sobre as estranhas contabilidades de votos que levaram estas ideologias ao poder. Nos Estados Unidos não há como ser otimista com relação a Donald Trump, pois claro está que os Democratas – independentemente de seu candidato – “ganharão” as eleições; a mídia norte americana já aponta abertamente nesta direção e, como sempre, o ativismo judiciário (copiado de nós), somado à força do terror disseminado pela TV e jornais, provavelmente enterrarão Trump – e ele que se dê por satisfeito, se não terminar atrás das grades.
Já na Rússia, Vladmir Putin age como bem entende contra a Ucrânia (nem de longe defendo Zelenski, mas sim os ucranianos) e, pior, propõe uma “governança única” para os países que compõem o BRICS – leia-se uma só gestão política, um só judiciário e, obviamente, uma só força militar, policial, de inteligência e repressão. E nós outros, botocudos, estamos alinhados a tais canalhas pelas mãos imundas de Lula.
Por falar em América Latina, toda ela – com exceção provisória da Argentina e do Paraguai – está já nas mãos da esquerda globalista, bem como o principal país, híbrido entre as Américas do Norte e Central, México, igualmente assim se encontra.
O domínio mundial do discurso esquerdo-globalista (woke) é claro e jamais agiram de modo tão ostensivo e com tamanha fúria, em suas intervenções. A grande mídia – sempre aliada do mal – comporta-se de maneira quase inacreditável, apostando em uma “realidade paralela” baseada nas teorias nazistas de “repetir uma mentira até que ela se torne uma verdade”, e noticia fatos completamente distorcidos, rotula pretensões oposicionistas sob as pechas mais odiosas e embasa a indústria cultural em suas produções hipnotizantes, formadoras de uma juventude completamente dopada, em termos de realidade das coisas.
Todos os absurdos que assistimos aterrorizados no Brasil repetem-se, com ligeiras variações locais, por toda a Europa, pelas Américas, Ásia, Oriente Médio e até mesmo o impávido Japão não está imune a tal veneno.
A alienação – inocente ou covarde – observada no amigo citado ao início deste artigo, não se diferencia do comportamento médio do homem europeu ou norte americano de modo geral, e assim se fecha um círculo autofágico, incentivado e patrocinado por metacapitalistas como Soros, Schwab, Bill Gates, Rockfeller e Ford Foundation, bem como amparados pela inteligência russa e dinheiro chinês.
Confesso que, por vezes, a carga desta consciência que possuo – brutalmente resumida e amputada nas linhas acima – torna-se pesada demais para mim e, covardemente, fujo.
Tal como a orquestra do transatlântico Titanic, ponho-me a valsar em divagações familiares, musicais ou mesmo em anedotas particulares enquanto finjo não ver, desesperadamente, o naufrágio da civilização ocidental que ocorre sob as bênçãos e omissões de um Papa militante, o qual recusa-se, sequer, a amparar nossas almas.
Tremo ao pensar que, em breve, o conceito de “civilização” será apenas uma vaga e distante lembrança, parte de doces memórias de tempos que não mais voltarão.
E viveremos em um mundo de escravidão e escombros, cenário de vídeo game, cercados de zumbis drogados e ameaças depravadas, amparadas por alguma poderosa e planetária Gestapo.
O que será de meu filho?
O que fará meu amigo, quando isso acontecer?
O que farão as pessoas que pensam como ele? Se lamentarão?
Será tarde demais.
De fato, é mais agradável especular se a vovó Condessa de Barral tinha ou não um chamego com o Imperador Dom Pedro.
Aproveite a vida civilizada, antes que acabe.
Boa sexta feira a todos.
Walter Biancardine
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