quarta-feira, 24 de julho de 2024

OS SÍMBOLOS EM TRUMP E O SONHO AMERICANO -

 


Recentemente comentei em meu perfil, no Facebook: “em Michigan, todos aguardando a chegada de Trump para seu comício de hoje. Enquanto isso, nos alto falantes, uma deliciosa ‘Dancing Queen’ ecoa pelo estádio. (...) PS: agora toca um bom e americaníssimo Elvis Presley. Um dia discorrerei sobre todos estes simbolismos evidentes.

Pois chegou a hora de falar sobre Trump e seus símbolos – o “sonho americano”.

Devolver à América sua grandeza perdida é a palavra de ordem que norteia e transpira em todas as aparições, discursos, falas e atitudes deste senhor Donald, o Trump. Entretanto, para o cidadão comum tal grandeza não se resume, necessariamente, ao poderio militar norte-americano; mesmo a parte que diretamente o afeta – mais empregos, menos impostos e uma vida confortável – se resumiria a uma coleção de chavões, promessas e propostas se não fossem acompanhados de elementos que atingem, em cheio, o subconsciente emocional da grande maioria dos habitantes daquele país.

O que era a “grandeza” americana, outrora ostentada e hoje perdida? Apenas dinheiro, poder militar e conforto?

Não, era muito mais que isso. Um verdadeiro universo de elementos afetivos, emocionais, lembranças de infância, músicas, casas, carros e outros detalhes, que tornavam aquele país prontamente identificável em qualquer fotografia exibida aleatoriamente, mesmo sem legendas ou descrições.

Como seria um retrato dos USA em 1975 – ano em que o Abba lançou seu sucesso “Dancing Queen” – ou mesmo nos anos 60, relembrados pelas canções de Elvis nos “rallyies” de Trump?

Nos bastaria, para ficarmos nos anos 60, rever alguns episódios das antigas e populares séries de TV, tais como “Jeannie é um Gênio” (I Dream of Jeannie) ou “A Feiticeira” (Bewitched), onde a sua poderosa indústria cinematográfica, por mais antiamericana que fosse em seu íntimo, refletia obrigatoriamente a vida invejável desfrutada pela classe média nativa, com suas grandes casas sem muros, dois enormes carros na garagem, uma infinidade de eletrodomésticos inacreditáveis e as doces confraternizações no “Thanks Given” ou Natal.

Neste passado glorioso – à parte os feitos heroicos da conquista do oeste – o eleitor de Trump deseja novamente morar naquelas espaçosas casas sem muros e, após um café da manhã cheio de cereais Kellog’s, despedir-se de sua esposa com um beijo, entrar em seu enorme conversível e rumar para o trabalho. A feliz mulher, por sua vez, colocará as crianças dentro da gigantesca “Station Wagon” estacionada na garagem e as levará para a escola, sem esquecer de dar uma passada no mercado depois, para trazer os dois infalíveis sacos de papel com pequenas compras, repletas de enlatados e congelados.

Ao ouvir um antigo sucesso de Elvis ou do grupo Abba, o americano médio é automaticamente transportado, em emoções e sentimentos, a toda aquela saudosa felicidade pacata cotidiana e a incomensurável sensação de segurança familiar – algo que, em muitos cidadãos, permanece em forma de carência e arraigada em seu cruel “day by day” da vida atual e adulta.

O que Donald Trump oferece não são apenas empregos, impostos mais baixos ou segurança em suas fronteiras. No universo do homem laranja, o pagador de impostos voltará a ter à sua volta todo aquele fabuloso, farto e seguro “american way of life”, difundido mundialmente por seus filmes e séries.

Na verdade, o ser humano médio – e pouco importa em qual país habite – vive uma onda “retrô” mundial, e tal fato não é à toa: os dias presentes são abjetos, sequer um comercial de TV guarda alguma inocência ou oferece brinquedos para as crianças; as músicas são tambores de guerra hipnóticos e verdadeiros arautos de uma “landscape” pós apocalíptica. Cada minuto vivido nos remete ao pesar, às preocupações mais sinistras e tal atmosfera “noir” nos obriga a aceitar e conviver com tudo aquilo que o ser humano tem de mais podre e depravado, pois tais degenerações foram "normalizadas" e impostas como regra.

A mágica surgiu, entretanto, nos Estados Unidos da América do Norte: o homem laranja promete uma vida não apenas mais fácil mas sugere – em cada símbolo sutilmente exibido em seus comícios – a volta da inocência perdida, da tranquilidade diária, e oferece seus serviços tal como a mão segura de um pai é estendida ao filho, para conduzi-lo em segurança.

Todo o conteúdo exibido como exemplos neste artigo é apenas uma parte infinitesimal deste verdadeiro “mundo”, portador de tantas referências, sorrisos e boas lembranças: em confronto direto com a descarada e massiva propagação da cultura “woke”, o “deep state” norte americano encontra-se em real desespero, pois não apenas o que Trump oferece é aquilo que o eleitor mais deseja como – para mal dos pecados democratas – já o fez uma vez, quando Presidente, e o cidadão bem o sabe capaz de fazê-lo novamente.

Permitisse a legislação norte-americana que Trump passasse dez anos ininterruptos na Presidência e, talvez, víssemos novamente enormes Cadillacs nas ruas de Nova York e o rock and roll voltar às paradas de sucesso, ao lado de bons “westerns” no cinema.

O americano médio assiste, hoje, a maestria com que Donald Trump enfrenta e sai vitorioso sobre a grande mídia e cultura de massa, responsáveis diretos pelo fim da grandeza americana.

Se ele fez uma vez, poderá fazer de novo.

Que Deus abençoe e proteja este homem.



Walter Biancardine





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