Não sou bolsonarista, não sou olavista e o mais próximo que poderia encaixar-me em um sufixo seria dizer-me direitista.
Tal morfema pressupõe uma adesão incondicional, cega, à pessoa referenciada, e não tenho - por índole e zelo filosófico - tal tendência, por maior que seja minha admiração por alguém.
Bolsonaro, por exemplo, é credor de todo meu respeito mas já exibiu atitudes com as quais discordei profundamente - e discordo até hoje. Ademais, se um belo dia Jair Messias resolvesse apoiar o aborto, certamente causaria não apenas o fim de minhas considerações como, igualmente, mereceria repúdio integral. Votei, voto e votarei em Jair, mas jamais o seguirei incondicionalmente.
Igualmente o professor e filósofo Olavo de Carvalho, meu mestre a quem devo o despertar de minha plenitude de consciência bem como a apresentação da filosofia como caminho para a busca da verdade: também com ele divirjo de maneira irreconciliável - até porque, infelizmente, meu mestre já faleceu - e poderia citar o breve exemplo de Olavo considerar o conservadorismo como ideologia e eu, não.
Para mim, tal pensamento não reserva nenhuma "promessa de um mundo melhor" nem propõe mudanças na sociedade para que este fim seja atingido. Apenas luta para que o que é bom permaneça e o que é mau, seja extirpado - ou seja, é apenas o resultado de toda a evolução do homem em sociedade.
Quem reduz uma pessoa com o sufixo "ista" apenas tenta aprisioná-la em um personagem pré-definido, desumanizá-lo para exterminá-lo sem remorsos, tratá-lo como um boneco a ser jogado em um canto qualquer.
Não sou "ista", apesar de tudo o que falam. Tenho uma longa trajetória no desenvolvimento de meu pensamento - obviamente prenhe de influências diversas, que vão de Olavo a Tomás de Aquino e Platão, passando pelo Tião da Borracharia - mas a resultante desta salada sou eu, único e inclassificável, para melhor ou pior.
Os últimos 22300 acessos em meu blog não podem ser à toa.
"Yo soy yo y mis circunstáncias" (Ortega Y Gasset)
Walter Biancardine
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