terça-feira, 16 de julho de 2024

CAIO COPPOLA: NEM TUDO O QUE É LÍCITO, É MORAL -



Todos somos livres para escolhermos os caminhos de nossas vidas.

Existem, entretanto, decisões que podem colocar em xeque toda a coerência que buscamos, ao longo de nossa existência - e que, alguns, procuraram apenas 'aparentar' possuí-la.

Exemplificando de modo curto e grosso: ser comerciante é lícito, obedecendo as prerrogativas legais. Todavia um Padre - mesmo com seus alvarás, impostos e licenças em dia - se colocaria em uma posição inaceitável ao resolver abrir, por exemplo, um sex shop.

Do mesmo modo um jornalista, que alcançou repercussão nacional comentando sobre política e destacou-se por seu embasamento e inteligência, perde toda a 'moral' em seus julgamentos ao candidatar-se justamente para as funções as quais tantas e ferozes críticas dirigiu.

Falo sobre Caio Coppola, e acrescento que o rapaz nada faz de ilegal - apenas não é moral, ao candidatar-se nas próximas eleições.

Ele não foi o primeiro, não é o único e nem será o último; mas tão sabidamente constrangedora é tal decisão que todos eles, que se candidatam, alegam as mesmas justificativas: afirmam conhecer bem os meandros sujos da política e que pretendem, com sua argúcia, sanear as imundícies que criticaram no passado e que tanto nos afetam.

A confiança é como um copo de cristal que, ao quebrar-se, esfarela e não admite consertos - perde-se para sempre.

Não à toa, apesar de reconhecer seu talento, jamais consegui "comprar" a figura de Coppola como alguém sinceramente imbuído de verdadeira indignação em suas críticas. Mais parecia-me um produto, dono de boa embalagem para o consumo das donas de casa e pais de família, mas cujo efeito é nulo - bastou-me seu apoio à candidatura de Sérgio Moro, em passado recente.

Um antigo ditado romano dizia que, para a mulher de César, não basta ser honesta: tem de "parecer" honesta.

Caio Coppola "parece" honesto, mas não terá meu voto.

Ou será o mesmo que um policial dono de boca de fumo.


Walter Biancardine



Nenhum comentário: