terça-feira, 4 de novembro de 2008

Da Redação

...E por falar em saudades, onde anda você?

Um dos integrantes da Boca Maldita afirma que, toda vez que escuta Cauby Peixoto cantar, sente até uns arrepios. Pobre rapazinho. Mas o fato é que, saudades do Cauby à parte, no meio jornalístico (no bom sentido, é claro) só se fala em outra coisa: o sumiço de Odacir Gagau.

Nós outros aqui do Da Redação andamos muito carentes da sua presença, de seus escritos completamente insanos em sua tripinha de papel na qual ele debulha seu vale de lágrimas. Como sabemos que ele também sente nossa falta, puxando assunto quando andamos sumidos, mandamos nosso alô para o conhecido empresário boteco-etílico-evanescente-jornalístico: volte para seu vale de lágrimas, sentimos sua falta. Até porque, considerando o salário pago em sua nababesca folha, sustentada por anúncios-vagalume (aparecem ou somem, segundo as conveniências), vale é uma coisa que não deve faltar por lá.

Falando em falar...

Foi o que se viu: as elites encasteladas no Poder desembarcaram de três ônibus com sua farofinha, seu óleo diesel de bronzear, sua bola pra bater pelada e correram – em hordas – pela praia, formando um verdadeiro arrastão de VIP’s de primeiro escalão ocupando, incomodamente, todos os espacinhos nas estações de rádio e TV.

Os farofeiros do Poder batucavam na lataria das rádios e TV’s gritando que com eles ninguém podia e acabaram incomodando o sono de muita gente, inclusive o sono da Dona Justa, que tirava um cochilinho ali perto. Perguntada pelos nossos inúmeros repórteres sobre o que ela achou da confusão, a senhora – que, mesmo deficiente visual e muda, enxerga longe e o que diz tem peso – respondeu de modo lacônico: “Não quero conversa com vocês”

Mau-humor desgraçado, essa mulher.

Hospitalidade

O verão já está pegando o ônibus na Rodoviária Novo Rio e daqui a pouquinho bate ás portas de Cabo Frio, caros co-anfitriões. O problema é que, como todo veranista, o verão é um cara muito abusado e que gosta de bagunçar nosso coreto aqui na terrinha. Vai daí, um dos piores hábitos desta criatura inconveniente é o de, além de só aparecer uma vez por ano, quando vêm passa três meses direto, mexe em nossos relógios e ainda traz aquele amigo chato, o mosquito da dengue.

Precisamos dar um jeito nisso e fazermos com que essa turma bote a cabeça no lugar. Simancol é bom e esse mosquito é um cara muito enjoado. Por isso, antes que eles cheguem trazendo sua farofinha, esvazie as garrafas que você guarda no fundo do quintal; venda aqueles pneus velhos, que empoçam água, pro borracheiro; não deixe a água empoçar naquele vaso em que seu vizinho esquisitão plantou aquela coisa estranha que parece um pé de mamona e, principalmente, fique de olho vivo pra ver se acha algum fumacê rodando por aí, porque eles só gostam de passar onde tem restaurante, pra esfumaçar a comida dos outros e gozar da cara dos clientes.

Um conhecido empresário, careca-restauranteur, disse que vai criar a picanha defumada por conta desses carros. Como diria Odacir, então tá.

Da Redação


Meio ambiente é metade de um ambiente?

Muita gente boa ainda acha que cuidar do meio ambiente é coisa daqueles eco-chatos que proliferaram por aí a partir da década de 80. Desde naturebas que não comiam carne para não maltratar os bichinhos até as ações do Green Peace, marqueteiro que só ele, com muitas dessas intervenções claramente questionáveis – quase com um cheirinho terrorista – aprendemos que pode até ter acontecido algum exagero, do tipo promover um concerto reunindo Sting, Bono Vox e o U2 para salvarem as baleias canhotas do Afeganistão, mas a causa em si é mais que justa: é uma questão de sobrevivência do planeta, e quem não acredita nisso é por pura ignorância.

Uma ótica mais real e palpável

A distância anestesia, é um fato. Ver pingüins besuntados de petróleo após a catástrofe do Exxon Valdez, mesmo sendo uma imagem chocante, não nos causa tanto impacto como vermos, ao vivo e em nossas barbas – ou melhor – em nossas praias e matas, a natureza apodrecer e morrer. E o que é pior: por nossa culpa.

Já há um bom tempo setores da sociedade se mobilizam para conscientizar o público do perigo que objetos aparentemente inofensivos se tornaram, para o meio ambiente. Pilhas, baterias de celulares, garrafas pet ou sacolas plásticas se transformam em verdadeiras placas do pior colesterol, entupindo e sufocando as artérias do planeta após serem descartados. No caso das garrafas pet e das sacolas plásticas, o mundo acaba e elas continuarão lá, indestrutíveis, contaminando, poluindo e enfeiando mais ainda um planeta sem vida.

Selecionando o alvo

Vamos apontar com uma mira mais seletiva: as sacolas plásticas. Além do risco óbvio que elas representam nas mãos de crianças – qualquer plantonista da emergência de um hospital pode atestar a quantidade absurda de atendimentos de urgência feitos – elas se incluem na funesta categoria dos materiais praticamente indissolúveis, isto é, uma vez jogados no lixo lá permanecerão por milhares de anos, sem sofrer alterações significativas com o passar do tempo. E aí cabem algumas perguntas: quantas sacolas plásticas você utiliza e joga fora, por ano? Quase sempre, o destino final destas sacolas é servir de saco de lixo. Pois bem: você conhece o destino final de seu lixo doméstico? Existe algum programa de coleta seletiva ou mesmo de tratamento de resíduas em sua cidade? Será que as lojas e supermercados não poderiam contribuir, adotando outros tipos de embalagens para você carregar suas compras?

Procure saber, pois perguntar não ofende.

Esmiuçando

Nós outros aqui no Da Redação e no Lagos Jornal resolvemos começar a escarafunchar o assunto. Isso não significa que iremos sair por aí vasculhando o lixo alheio em busca de pistas comprometedoras, como os agentes secretos da TV ou de alguns governos, mas sim através de matérias e reportagens sobre o assunto. Vamos levantar dados técnicos, estatísticos, tomar declarações de pessoas relacionadas ao tema, enfim, trazer para você leitor o quadro real que convivemos e causamos todos os dias, com nossas ações ou mesmo omissões.

Da Redação

Fomos despejados, mas voltamos!

Uma coisa que nos magoa profundamente é a intolerância: só porque atrasamos uns poucos 9 ou 10 meses o aluguel deste espaço cultural-edificante-transcendental, nosso senhorio nos despejou assim, de uma hora pra outra e sem mais aquelas. Nossos milhões de leitores, indignados, cobriram as dependências deste jornal de cartas iradas, exigindo nossa volta ao espaço habitual, e só por isso – graças à vocês, leitores! – nosso empedernido senhorio cedeu (no bom sentido, é claro) aos clamores do público e permitiu que voltássemos com nossa Kombi cheia de colchões, armários, cabideiros, estrados e nosso bujão de gás com capa de renda de bilro.

Não tem solução, solucionado está

Como não podíamos nos furtar a veicular nossos vitupérios no dia de ontem, o único jeito foi arrumar um laranja que assinasse uma falsa coluna, onde despejaríamos nossa produção. E foi o que se viu na edição de ontem: pagamos 20 contos e dois maços de Hollywood à um ilibado profissional para que assinasse nosso quebra-galho. Assim, a bem da verdade, é nosso dever informar que o referido cidadão não é o responsável por escrever estes desatinos, e que quaisquer processos não devem tê-lo como réu. O cara é gente fina, não merece isso e nem tem nenhum tostão furado no bolso idem pra pagar indenizações, coitado.

A vaca foi pro brejo?

Assim é a vida, caros leitores: uma grande cópula. Um dia se está por cima, noutro, por baixo – segundo bela definição de Cospe-Grosso, renomado filósofo e dono de botequim do Buraco do Boi. E é justamente lastreado pela sua experiência bovina que o pensador se abalou a tecer considerações e paralelos entre a nossa situação atual e a de conhecidos prefeitos eleitos aqui na região. Vejam suas palavras: “Considerando que o boi baba porque não sabe cuspir e que o cuspe é a dispensa sumária, enquanto a baba é algo assim como um ‘vai ficando enquanto pode’, vocês aí no Da Redação continuem se agarrando neste local privilegiado enquanto puderem, enquanto ninguém vier lembrar a vocês quem é o dono e os expulsem de novo daí, só por causa de uns caraminguás. Igualmente é o que está sendo feito por prefeitos mal-feitos, porém eleitos: vão ficando, ficando, fingindo que nada sabem, pois quem sabe a Justiça esquece. Assim, enquanto uns estão de mansinho, primeiro esquecendo uma calça no quarto, depois trazendo uma escova de dentes e deixando na pia, e por aí vai, outros deram um chá de sumiço – igualmente confiantes em uma eventual memória curta dos homens de toga”, disse ele, e concluiu: “Não vos iludis, pobres mortais, eis que Justiça talha mas não farda e a vaca poderá ir para o brejo: vacum brejus est”, arrematou, brilhantemente.

Amanhã, se ninguém se lembrar de nós, estaremos aqui novamente.

Da Redação


Quem vai pro paredão?

O Big Brother da Câmara de Cabo Frio

Fontes absolutamente seguras do Cartório Eleitoral de Cabo Frio, sem dar certeza, afirmaram que não sabem de nada e, se soubessem estariam na dúvida, sobre a situação de quem sai e quem não sai com a entrada (no bom sentido, é claro) de Bento, o Silas, na Casa Legislativa do município. Segundo um incerto amanuense, que não assegurou nada – muito pelo contrário – o TSE ainda não remeteu um único e miserável processinho pra eles se divertirem. Ficam lá em Brasília, gastando tempo comendo bobagens no Gilberto Salomão ou passeando de toga embaixo da antena de televisão (uma cidade que tem uma antena como ponto turístico não pode ser uma cidade séria!) ao invés de se aplicarem à complicada matemática logarítimo-eleitoral-quântica, que irá definir, juntamente com os telefonemas dos Ministros telespectadores, quem levará o pé supremo, ou melhor, do Supremo – Supremo Tribunal do Bial.

Explicando a matemática eleitoral para todos

Para entender a conta que define quem cederá (no bom sentido, é claro) a vaga para que o Bento Silas a ocupe, basta prestar atenção às seguintes explicações, que são muito simples: Primeiramente cada um no seu quadrado, após o que, basta multiplicar o quociente de eleitores com joanete no pé esquerdo pelo índice já manipulado das estatísticas de criminalidade. Com o resultado, divide-se pela terceira potência elevada ao Viagra, cujo resto será o multiplicador de opiniões introduzidas sub-repticiamente (no bom sentido, é claro) nas urnas fabricadas pela Amy Winehouse Company – que também produz roletas, dados e baralhos, todos viciados, que calcularão – com a ajuda imprescindível daquelas calculadorazinhas que apitam – o número final. De posse deste número, basta fazer a análise numerológica do nome dos candidatos. O que tiver o número igual ou mais próximo, roda.

Existe também uma segunda opção, mais curta, que é o par ou ímpar, mas este não está sendo muito cotado diante da impossibilidade de se introduzir, na soma dos fatores que alteram o produto, os acordos cochichados nos bastidores do Poder.

Notícias que abalam e influenciam o destino do mundo

Juntamente com a sucessão do xerife norte-americano Billy The Bush – que poderá colocar na liderança o primeiro negro, Obama Hamilton, outros fatos de transcendental importância estão por acontecer, e o Brasil pode se orgulhar de ser o palco de vários deles, tais como a origem da crise que derrubou as bolsas do mundo, que foram as especulações do mercado internacional sobre quem sairá – Braz Enfermeiro ou Ruy Machado; ou o desconhecido paradeiro do Eleito do Arraial, ou ainda o destino político de Dona Jura e seus 9 votos.

Um outro acontecimento capital, que abala as fundações do mundo, é a inauguração do banheirinho do coreto da praça, em Cabo Frio. Este é um assunto que preocupa particularmente a Bush, que tem obrado muito na política internacional, ultimamente.

Da Redação


Apertem os cintos, o eleito sumiu!

Aqui na região, só se fala em outra coisa: o sumiço do prefeito eleito de uma cidade vizinha.

Tamanha é a preocupação, a agonia e – por que não admitir – o desespero do povo, que a única coisa que se observa pelas ruas da referida localidade é o povo assobiando de pavor, gargalhando de medo, fazendo compras de preocupação, passeando pelas praias de angústia, paquerando de tensão, trabalhando de paúra ou mesmo dormindo à sono solto, de tão horrorizados que estão.

A Justiça Eleitoral bateu às portas do suntuoso puxadinho do Eleito, em busca de explicações sobre o que ele estaria fazendo de madrugada, escondidinho, pulando o muro de seu programa eleitoral para o do vizinho da outra cidade, calças na mão e intenções inconfessáveis. Atendeu Dona Velhinha, a progenitora do mesmo, que disse que ele tinha saído pra comprar cigarros há 5 dias, mas já voltava, dentro de mais uns 10. Se quisessem sentar e esperar, ela trazia uma água.

O Eleito

Rapaz atlético e saudável, nosso amigo Eleito nem de longe admite que está desaparecido em paradeiro incerto e não sabido. Pelo contrário: em uma sessão mediúnica, ele baixou no terreiro pra comunicar que está tranquilinho, pegando mariongo escondido dentro da Gruta Azul, mode fritar com aperitivo de baratinha dágua e Itaipava bem gelada.

Ele também declarou que seu repouso transcedental se deve ás pressões da campanha eleitoral, a qual, como é sabido por todos, foi acompanhada bem de perto – aliás, de dentro – por um conhecido médico de nossa cidade. Uma junta médica, pra ser mais exato, que garantiu a integridade física de sua mente e o perfeito equilíbrio emocional de seu corpo.

O Triângulo das Bermudas

Já saiu de moda, mas não custa lembrar. Afinal, nem precisa ser eleito para entrar no rol dos sumidos. Tiramos como exemplo Forrest Gump, derrotado em suas pretensões de reeleição em outra cidade vizinha à nossa, que misteriosamente também desapareceu sem deixar sequer o habitual rastro de declarações desastrosas.

Fontes da Boca Maldita dão conta, entretanto, que o mesmo cidadão teria sido visto na Funda, uma localidade onde ele jurava que seria imbatível, raspando o casco de uma canoa de pau. Pé Rachado, conhecido pescador do local, jurou que Forrest Gump tem estocadas em uma palafita diversas tarrafas, todas compradas com dispensa de licitação e com preço simbólico de 5.000 reais cada uma. Mas isso deve ser história de pescador.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Da Redação

São tantas emoções...
Nem tudo são tapas e farpas entre os dois principais periódicos da nossa progressista cidade: Odacir Gagau abandonou seu merecido descanso na Rehab Saint Jack Daniel’s, da qual rumaria direto para o Gantois, e pousou na redação de seu jornal para solidarizar-se com nós outros.
Ao que parece, o jornalista compartilha o ponto de vista de que eventuais aplausos dados pela imprensa à quaisquer governantes devem ser feitos através das páginas de seus jornais, e não pelas mãos ávidas da claque editorial presente à pantomima coletiva da última semana.
Merece nosso brinde.



Es muele o quieres más?
Desde que Guttenberg imprimiu sua primeira folha que criou-se o hábito da troca de mimos entre governantes e os arautos dos seus feitos. Até aí, nada de novo sob o sol.
A novidade que veio dar na praia, na qualidade rara de vexame, foi a declaração prestada na coletiva (s.f., do verbo ‘coletar’, ex: “eu coletei todo o dinheiro que pude”), na qual indigitado orador prefeito desceu da dignidade de seu cargo e veio fazer do evento um comício, expondo sem nenhuma vergonha a nudez de suas intenções: quebrar na solda a brava rapaziada do Lagos Jornal , arrotando a enormidade que nenhuns anúncios ou auxílios o ousado e intrépido nos prestaria.
Enquanto a inacreditável claque editorial da - vá lá - imprensa local urrava em regozijo exigindo sangue e tripas, ninguém lembrou de esclarecer que nunca pedimos nada.
Mas latiram mesmo assim, pro mestre ver.
Triste abanar de rabos, que condena toda uma imprensa à subserviência mais abjeta.
Fausto Wolf deve estar socando sua tumba de raiva, após estas eleições.



quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Da Redação

O Mercado é um rapazinho muito nervoso

Todos que conhecem o homo de negócios porto-riquenho Sr. Mercado (“ligue djá!”) sabem que ele é um mocinho com os nervos à flor da pele.
Histérico porque seus negócios estavam afundando (no bom sentido, é claro) no mercado imobiliário norte-americano, o investidor multicolorido enterrou tudo (no bom sentido, é claro) o que tinha nos mercados europeus: “Jô quiero poner mis mijones (en el bueno sentido, claro) en un lugar que tenga seguridad”, disse ele aliviado – sem trocadilho – graças à palavra forte e máscula de Gordon Brown, o Bofe Bom das Libras Esterlinas.



Mercado assustadinho

“Ele é assim mesmo, gente. Não judia não, que ele é doentinho e tem problema de nervo”, disse Dona Creuza, a avó brasileira que criou o jovem Mercado. Assustadiço por natureza, Memê tem como uma das características principais de sua complexa personalidade o horror ao risco. Foge espavorido ao menor espirro das instituições financeiras norte-americanas ou européias e, ultimamente, tem levado sua fobia do incerto até aos mercados asiáticos que, segundo ele, “ultimamente tem parecido avião da Gol, cai toda hora”.
Entendam o pobre rapaz, gente: tudo o que ele quer é a mão forte e segura de um Banco Central másculo, onde ele possa descansar sua cútis (no bom sentido, é claro) já marcada pela pátina das tensões desta vida de incertezas.
Uma pena, pois é sabido o seu lado mau: a cada susto mundial, Mercado foge com as economias de alguém. No mau sentido, é claro.

Ele vive do que põe no banco

Esta era a dura (no bom sentido, é claro) rotina de Mercado: sentadinho na praça, assistia a vida passar vivendo do que punha no banco.
Cansadinho desse marasmo, a mona resolveu dar um “up”, rodou a baiana e abriu seu próprio banco, o “Poupança de Ouro”.
Cruel, o destino que sempre perseguiu este bom menino criado pela avó trouxe a medonha crise financeira que agora põe em pé (no bom sentido, é claro) os cabelos dos banqueiros de todo o mundo.
Graças a Deus Mercado tem um senhor que ajuda, o tio Bush do Big Stick, que prometeu segurar (no bom sentido, é claro) sua barra bancando todos os seus eventuais prejuízos, desde que o espertinho não use o dinheiro para comprar títulos do governo americano ou de sócio da Le Boy, no Rio. Tio Bush mandou que enterre tudo no mercado, e não no dele – quer dizer, no do governo.
Uma lição clássica de economia.

E o Kiko?

Mercado tem um parceiro (entendam como quiserem, cansei) chamado Kiko Ygnácio, mais conhecido por seus apelidos: Kiko Tencoisso ou o mais curto, KY. Todos sabem que, a cada crise de Mercado, o KY entra em ação, pedinchando favores aos poderosos encastelados no governo para tapar os rombos (no bom sentido, é claro) em suas contas. A fórmula é simples: se dá lucro, é do Mercado. Se dá prejuízo, pega o KY e empurra na gente.
Quem vive de comprar e vender imóveis aqui na terrinha deve ter muito cuidado com Mercado. E mais ainda com KY.
Afinal, só quem pode prever o futuro são os marqueteiros de algumas campanhas eleitorais, e estes já gozam (no bom sentido, é claro) de merecidas férias em Miami.
Provavelmente em um dos hotéis do menino Mercado.

Esse é o capitalismo que não ousa dizer seu nome...

Da Redação

Gastando o latim

Em um momento agnóstico-ateu-melancólico-exibicionista, nós outros no “Da Redação” resolvemos ostentar nossos conhecimentos em latim, considerando que é uma língua morta e que um cadáver lingüístico seria o ideal para espelhar em comentários o falecimento de nossas crenças mais sagradas, como sejam: Papai Noel, Duendes, Mula-sem-cabeça, Urnas Eletrônicas e Saci-Pererê.

Nosce te ipsum “Conhece a ti mesmo”

Existem pessoas cujas personalidades dependem diretamente do momento que vivem: seja da sua profissão, do cargo ocupado ou até mesmo de seu estado civil. Assim, temos jornalistas que – fora do ramo – reduziriam sua capacidade na nobre arte de fazer amigos e influenciar pessoas à, no máximo, três ou quatro amigos do boteco. Da mesma forma existem homens públicos que, sem um cargo, nada seriam além de – digamos – um bom rapaz. Vale a sabedoria dos antigos, que nos aconselha a nos certificarmos do poder de nossas asas antes de intentarmos um vôo longo.

Audi, vide, tace, si vis vivere in pace, "Ouve, vê e cala, se quiseres viver em paz"

Relendo antigos textos, é possível constatar queixas incomodamente freqüentes sobre fumaças de ditadura nos ares da região. Considerando as atuais circunstâncias, nós aqui do “Da Redação” – cientes de nossa condição de café-pequeno-raia-miúda – entendemos por bem calar nossa boca, antes que entre uma mosca municipal.

Prudência e caldo de galinha, já dizia vovó...

Ecce homo, "Eis o homem".

Uma antiga lenda conta que um burro carregava, nas procissões da igreja, a imagem da santa em desfile pela cidade. O pobre animal cada vez mais se envaidecia, inchado de orgulho e soberba, pelos aplausos, choros emocionados, agradecimentos comovidos e pela verdadeira histeria que se formava à sua passagem, acreditando que ele seria o motivo das honras. Isso perdurou até o cavalariço da igreja resolver empregar outro animal neste serviço, já que o nosso burro – noviço, xucro e sem jeito – poderia acabar derrubando a santa de seu andor. Como o cavalariço era muito bonzinho, permitiu que os dois animais desfilassem na procissão, e só então caiu a ficha de nosso amigo, o burro jovem: finalmente percebeu que os aplausos e vivas eram pra santa, não pra ele.

Olho vivo gente, que cavalo – e muito menos burro – não desce escada...

Aquila non captat muscas, "A águia não cata pega moscas", isto é, uma pessoa importante não se incomoda com minudências

Odacir Gagau agora nem se dá ao trabalho de olhar para a plebe ignara que o cerca. Impando de soberba, o empresário boteco-etílico-mediúnico-jornalistico passa ao largo da turba e ruma em seu iate, o “Blood Mary”, sem escalas para a Bahia. Segundo consta, ele teria que quitar algumas dívidas no Gantois. Saravá, zi fio.


Da Redação

Odacir Gagau, o médium

Morcegão Cabramal está orgulhoso e feliz, com a grande sorte que deu: apostar nos poderes mediúnicos (únicos mesmo!) do empresário boteco-etílico-curimbeiro-jornalístico Odacir, o Gagau. Graças à esse dom, Cabramal conseguiu convencer meia dúzia de empresários e políticos a gastarem dinheiro antecipadamente produzindo – e pagando, é claro – comerciais de página inteira em seu jornal, que foi às bancas noticiando a vitória de seu arrimo, digo, candidato, poucas horas após a divulgação dos resultados.
Bom de lábia, Morcegão convenceu Gagau que somente seu DOC – Diário Oficial do Cabo – poderia ostentar tais anúncios de felicitações sem levantar suspeitas sobre a lisura do pleito. Cabramal sempre bate na tecla de que seu jornal é imparcial, e portanto nós não precisamos ler mais nada, só o dele.
Neste momento, Cabramal está na residência do Chefe do Executivo servindo para ele, em sua cama, um caprichado café da manhã com açúcar e com afeto. Mas com a maior imparcialidade, é claro.

Podres poderes

Odacir Gagau perdeu o bonde da história, nessas eleições. Se deixou levar pela conversa mole de Cabramal e desperdiçou seus poderes em benefício de outros.
Paranormal desde criancinha, Gagau sempre ouvia de seus coleguinhas: “Odacir, você é um mérdium!”, dentre eles seu amigo de infância – o sinistro Morcegão.
Traumatizado em não conseguir utilizar seus poderes para o bem, Odacir abandonou sua pequena São Traíres natal juntamente com seu amiguinho Cabramal, para tentar a vida em paragens mais propícias. Perseguidos pelo remorso de um passado e de uns cheques obscuros e sem fundos, a dupla deu com os costados – no bom sentido, é claro – em terras cabo-frienses, onde rapidamente descobriram que o meio mais rápido de ser importante o suficiente para merecer uma mesadinha municipal era ser dono de um jornal.
A trajetória de ambos, daí em diante, é sobejamente conhecida: separaram-se litigiosamente e hoje um é dono do DOC – Diário Oficial do Cabo – e o outro dirige o Release dos Lagos.
Ultimamente tem sido bastante comentada a volta da dupla, graças à amizade providencial de Biugueites da Silva, um conhecido hacker que mudou-se há pouco para a região.
Resta saber o que adivinhações inexplicáveis, cheques ariscos e acrobacias digitais reunidas podem produzir nos destinos de uma cidade, quando associadas à jornais domesticados.

Nada muda

Odacir Gagau, após árdua participação eleitoral, já está com sua reserva feita na Rehab Saint Jack Daniels, nas Highlands escocesas, para uma bela temporada de descanso ao lado de sua parceirona, Amy Winehouse, e de seu mais novo amigo inseparável, Keith Richards.
Não se sabe ainda quem vai pagar a conta de estadia tão luxuosa, em companhia tão chique.
Keith Richards prometeu levar umas cinzas das boas. Amy Winehouse também prometeu alguma coisa, mas esqueceu o que era.

Para pensar pendurado no saco de alguém:

“Mais vale uma urna na mão do que dois eleitores voando”

Guerra civil

Enquanto o Sr. José Elias Alves Pinto, pai de Danillo Lopes Barros Pinto, assassinado em uma festa nesta ultima sexta-feira, concede uma entrevista á minha colega e editora Keetherine Giovanessa, não posso deixar de escutar seu depoimento.
Manda a regra que um jornalista não escreva na primeira pessoa e muito menos se emocione com o que à ele é dito, mas não há outra maneira de relatar as palavras de um pai perplexo, que ainda fala do filho morto conjugando o verbo no presente, sem aceitar a brutalidade injustificável, motivada por um mero empurra-empurra em uma festa.
Um animal, menor de idade, que se julga imune e impune, acima do bem e do mal, muito macho por portar uma arma – que seria bem melhor utilizada explodindo seus próprios miolos inúteis – sente sua macheza ofendida por um aparte dado pelo rapaz e resolve, como “justa” retaliação, matar o responsável por ofender sua realeza de menor impune.
Sangue, dor, tragédia. E nenhuma testemunha, das centenas de presentes à festa.
A polícia é feita de homens, e homens se emocionam. O delegado Rodrigo Santoro da 126ªDP, segundo as palavras do Sr. José Elias, tem prestado um grande e solidário apoio. Mesmo a PM, ou melhor, os homens da PM, se solidarizaram na dor de um pai que perdeu o filho para a animalidade de alguém que, perante a hipocrisia legal brasileira, não sabe o que faz e precisa ser tutelado.
Homens da PM, homens da Polícia Civil, homens de bem, ricos, pobres ou remediados, todos são iguais, hoje, na desgraça da insegurança pública de Cabo Frio e na dor de tantas mortes sem sentido. Ou quase: falta incluir neste rol as centenas de testemunhas, presentes à fatídica festa, que ainda não tiveram a humanidade e hombridade, a atitude digna de prestar um testemunho perante a Polícia.
Com certeza as polícias conseguirão algum resultado nas investigações, motivadas muito mais pela dor humana, pelo que de inevitavelmente pessoal a tragédia alheia nos toca, do que pelas condições oferecidas pelo Estado e por aqueles que determinam as políticas de Segurança Pública.
Essas políticas são feitas de estatísticas, de frios números, que – se em sua insensibilidade numerária não refletem o trágico – muito menos espelharão a verdade, na vergonhosa interpretação destes mesmos índices. Onde está agora o Comando do 25ºBPM e suas boas notícias de queda na criminalidade? Determinando a fiscalização severa, para evitar a “ameaça” que um IPVA atrasado pode trazer aos motoristas, engarrafados em suas blitzes diárias?
Atônito, desfilhado, sem norte e mais surpreso ainda com as recentes notícias do estupro de uma criança em Arraial do Cabo, com o assassinato em plena luz do dia, no centro de Cabo Frio, de outro rapaz – sete tiros à queima-roupa e uma despreocupada fuga de bicicleta – o pai do rapaz organiza agora uma passeata pela paz.
Todos de preto, todos de luto, todos indignados, mas ninguém seguro.
Esta é a verdade da segurança pública da região.
A verdade é a nossa dor, e não os números alheios.
Mais mortes virão, na medonha rotina da guerra civil do Rio de Janeiro. Mais protestos, mais passeatas, mais choro e mais dor. E tudo continuará igual.
Até quando iremos agüentar calados? Quando será a nossa vez?
Quando?
Quem viver, verá.


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Subversão

“Muito doido”, é o mínimo que se pensava – quando pensava – em recente encontro de motociclistas aqui na terrinha.

Como velhice é estado de espírito, jovens saudáveis de uns 60 anos passeavam empoleirados em cascudas Harley-Davidsons, ostentando bela e loura garupa. Ele, semi-balofo, semi-careca, mas plenamente feliz com seu colete de couro, jeans e um vasto rabiscar de tatuagens pelo corpo. Ela, já ligeiramente passada mas ainda bastante potável em sua calça de couro – e os dois felizes e jovens em si mesmos.

Quem foi que disse que ruga é doença?

Nos dias deste encontro, quem dele participou viveu algo semelhante ao que deve ter sido experimentado em um distante Woodstock. Não se assustem com a comparação, mas a sensação de “o sonho acabou” ao final do evento provavelmente foi a mesma.

Dias e dias vivendo em um mundo de cabeça para baixo, onde as melhores idéias das melhores cabeças podiam encontrar eco, onde o proibido valia, o sério era engraçado e – miraculosamente – tudo dava certo, sem conflitos, brigas ou desentendimentos.

Isso, meus amigos, se chama subversão saudável. Um mundo virado de pernas pro ar, mas só de sacanagem.

Mas então tudo acabou e voltamos ao nosso trabalhar e padecer, eis que tal é o destino dos homens.

Novamente amarrados em regras, gravatas, cadarços, apitos de guardas, compromissos, obrigações, enfartos, hospitais e – inevitável – cova. E assim uma vida se passou, sempre dentro das regras, sempre certinho, sempre sem-graça.

O problema é que tem gente que não entende o espírito da coisa e resolve subverter o que não deve, fazer piada onde não pode e virar de pernas pro ar não apenas um evento, pensado e criado para isso: essa gente vira uma cidade inteira de pernas pro ar e não vê o menor problema nisso.

É a subversão estatal, onde o poder esculhamba a si mesmo em suas ações bizarras.

Vimos muito disso nos governos militares e há quem diga que existe uma recaída local nos dias de hoje. Eu não sei de nada, e mesmo que soubesse não diria, que não sou besta.

Só o que sei é que tem gente que perdeu toda a sua graça quando trocou seu jeans surrado por calças de linho e seu t-shirt pelo blusão vermelho, que já está até me dando nojo de tanto que vejo.

Que Deus permita que eu continue envelhecendo com dignidade, ou seja: eu, minha moto, meu jeans podre e meus cabelos – cada vez mais compridos e mais brancos, e sem que ninguém possa me apontar o dedo e dizer que virei a casaca.

Depois não digam que não sabiam

A ausência de platéia na Audiência Pública realizada no Fórum de Cabo Frio nesta terça-feira foi o mais definitivo indicador de que o brasileiro médio crê piamente que já sabe de tudo.

O salário de um profissional é aferido, entre vários outros parâmetros, também pelas horas trabalhadas e o salário de um juiz de Direito e de uma promotora pública não são exatamente uma mixaria. Pois bem, ambos destinaram uma fração expressiva de seu dia para atender ao que, acreditavam, seria um concorrido evento repleto de eleitores portadores de questionamentos, dúvidas e ansiosos por esclarecimentos relativos ao belo emprego que darão à alguém neste 5 de outubro. Interessante notar como atualmente se fala em dinheiro público, mas ninguém se sentiu lesado ao não comparecer à um evento que beneficiaria a nós mesmos, e com isso jogar no ralo duas horas de salário de um juiz, de uma promotora, de um chefe de cartório, além dos custos referentes à utilização da sala do Tribunal do Júri, tudo pago por nós.

A verdade é que este tipo de questão não está na moda e por isso não foi comentada. Na moda está indagar sobre um governo que pagou milhares de reais por algo que custa trocados, por exemplo, sempre utilizando o poderoso refrão do “isto é dinheiro público”. Muito justo, havemos de convir. Mas e o custo invisível, que sangra os cofres tal qual essas faturas? Tudo bem, notas fiscais marotas podem ser estampadas em retumbantes manchetes, ao passo que horas de trabalho pagas por nós e jogadas no lixo só aparecerão na mente do leitor/eleitor se ele tiver a boa vontade de raciocinar e lembrar que tudo o que um servidor faz em seu horário de trabalho é pago pelo contribuinte.

E este é só o lado financeiro do “Desperdício Brasil”: a outra faceta é a arrogância tipicamente latina do macho que tudo sabe, incapaz da prudente humildade de dizer “não sei” e aprender em seu próprio benefício.

Milhões de reais foram gastos por você leitor, para organizar esse Dia Nacional da Audiência Pública em todo o país, e que ninguém compareceu – ao menos em Cabo Frio. Milhões de reais que poderiam ter um destino menos inglório se servissem ao menos para que você soubesse o que pode acontecer se o vencedor de uma eleição tiver seu registro cassado. E então? Assume o vice? Assume o segundo colocado? Ou serão feitas novas eleições?

Mas a desimportancia destes temas se refletiu no vazio da enorme e cara sala do Tribunal do Júri, vazio esse que é o espelho perfeito da consciência de cidadania de grande parte dos brasileiros.

Pensem bem, pois serão quatro longos anos pela frente – pouco tempo para quem escolhemos e tempo demais para quem repudiamos. Quatro longos anos, com tudo o que eles podem trazer de bom ou de ruim – e custeados por vocês, caros leitores.

Depois não digam que não sabiam...

A imprensa em debate

O comportamento dos noticiários analisado por quem é notícia

De erros resultantes de informações mal conferidas até notícias pura e simplesmente distorcidas são alguns pontos que geram controvérsia sobre o papel da imprensa. Por outro lado, denúncias que jamais seriam investigadas, crimes e situações de descaso também só encontram solução em grande parte devido ao trabalho dos jornais, rádios e Tvs da região. Um dos temas mais controversos é a imparcialidade da imprensa, apregoada e defendida por uns e rejeitada por outros, que defendem um jornalismo engajado, enfocando a notícia sempre sob a ótica de um ideal e denunciando os fatos que, muitas vezes, são decisivos na história de uma comunidade. Sobre temas como esse, prestaram seus depoimentos com exclusividade ao Lagos Jornal o Dr. Caio Romo, juiz eleitoral de Cabo Frio; Dra. Isabela Padilha, promotora eleitoral da cidade, Dr. Eisenhower Dias Mariano, presidente da 20ª Sub-seção da Ordem dos Advogados do Brasil em Cabo Frio, e o comandante do 25º Batalhão de Polícia Militar, Coronel Adilson do Nascimento.

Cel. Adilson Nascimento, comandante do 25º BPM

Enfocando o relacionamento imprensa/PM ou imprensa/25º Batalhão, digo que este é o melhor possível. É uma relação de respeito, eu respeito o direito da imprensa de informar, meus policiais estão autorizados a passar as ocorrências diariamente.

Várias emissoras de rádio, TV, alem de jornais, vem aqui todos os dias pela manhã para colher informações sem nenhum problema. O policial militar só não pode dar o enfoque pessoal sobre um fato, mas informar é obrigatório.

Digo que grande parte do que eu falo é reportado. Alguma coisa que fuja do que foi declarado, da informação real, nós entramos em contato com o veículo responsável e nos é dado o direito de resposta, então eu – particularmente – não diria que tenho problemas com a imprensa local. Os eventuais que tive com relação a declarações minhas foram prontamente sanados, inclusive até a própria Inter TV fez um dado estatístico no início deste ano que não condizia com a verdade que foi declarada, e eu voltei a aparecer – no mesmo horário – tendo o direito de resposta. Eles assumiram a falha que houve e, com relação aos jornais impressos, toda vez que peço uma complementação ou correção, ela é feita.

Existem matérias que criticam o comando do 25º Batalhão e eu acho que elas são válidas, pois não estamos aqui apenas para receber elogios. A crítica é necessária, elas tem que ser encaradas como uma correção. Se, por acaso, uma ação policial não for correta, essa crítica é valida e necessária.

Nós torcemos para que seja levado ao público sempre a verdade, sem conotações pessoais, naquilo que é veiculado todos os dias na imprensa.

Dr. Eisenhower Dias Mariano, presidente da 20ª Sub-seção da OAB

Entendemos que a imprensa desempenha um papel relevante ofertando aos cidadãos a oportunidade de formarem a sua própria opinião sobre fatos. E no processo eleitoral não é diferente. Falhas ocorrem e devem ser detectadas pelo público alvo e corrigidas e reparadas pelos seus autores. O ideal é que todas as mídias atuassem com a mais absoluta isenção, o que é quase utópico.

No caso da ação de exceção de suspeição recentemente proposta contra a promotora eleitoral de Cabo Frio, inicialmente é preciso registrar que, ao nosso ver, o Ministério Público vem se desincumbindo a contento das suas atribuições neste processo eleitoral, valendo destacar o nosso apreço e louvor à Promotora Drª Isabela Padilha, ora com atuação junto ao Juízo Eleitoral em Cabo Frio.

O Ministério Público não enfrenta - ou não deve enfrentar qualquer limitação ao direito de se manifestar quando entrevistado. O que disse a Promotora Isabela Padilha, e temos todas as entrevistas, não configurou, ao nosso ver, qualquer excesso funcional. Apenas trouxe esclarecimentos aos eleitores em geral. Vale acrescentar que não tomamos conhecimento do teor da Exceção de Suspeição aforada pelo Partido Político em face da referida Promotora, mas o ajuizamento de uma ação contra qualquer pessoa, entre tais o servidor público, é uma liberalidade que pode ser exercitada pelo titular de um direito ou de ação, comportando a responsabilização decorrente do ato temerário e infundado.

O momento e o próprio processo eleitoral acabam acirrando ânimos, provocando emoções incontidas e produzindo até certos excessos por parte dos políticos e demais partidários ou torcedores, de modo que tudo isso deve ser visto com cautela.

Não acredito, nem quero crer, que a ação do Partido Político possa ser interpretada como desrespeito ao Poder Judiciário ou ao Ministério Público. Mas se houve excesso ou lide temerária, os interessados podem ou devem ter o direito à reparação.

Gostaria de aproveitar para falar algo sobre as recentes impugnações e indeferimentos de registros de candidaturas: inicialmente devo dizer que não conheçemos o teor dos Processos de Impugnação nem as decisões deles resultantes. Mas reafirmamos que o Ministério Público local vem atuando nos moldes e da forma como a sociedade, de que é parte a OAB, espera, de modo que cabe a cada um interessado o direito de ter assegurado o devido processo legal e o de exercer o amplo direito de defesa constitucionalmente assegurado a todos.

Vale lembrar que na decisão final do STF prevaleceu o princípio da presunção de inocência até transitado em julgado, referente aos candidatos que respondem à processos. Ao nosso ver, a decisão do STF prestigiou a norma legal que exige o trânsito em julgado, o que aliás era a nossa expectativa manifestada em diversas entrevistas e oportunidades.

Mas de qualquer modo, a iniciativa do Poder Judicário, do Ministério Público, da OAB, da CNBB, demais instituições e entidades brasileiras, contra os denominados FICHAS-SUJAS, acabou produzindo um retumbante efeito moralizante positivo, o que nos traz a esperança de já neste pleito e ainda mais nos próximos, os eleitores saberão identificar os que merecem exercer cargos tão representativos da sociedade.

Dra. Isabela Padilha, promotora eleitoral

O que podemos observar é que a legislação eleitoral não proíbe que um determinado veículo de comunicação apóie um candidato. Este fato o Dr. Caio Romo, juiz eleitoral, vem insistentemente colocando em suas reuniões. O que não pode haver é um veículo de comunicação, pelo fato de apoiar um determinado candidato, falar mal dos outros concorrentes no pleito – a chamada “propaganda negativa”, que é irregular e passível de punição. Guardadas as devidas proporções, o papel da imprensa na campanha eleitoral tem sido muito importante uma vez que cabe a ela o papel de informar os eleitores dos fatos – graves ou não – que estejam acontecendo no processo eleitoral.

Acredito que em nenhuma eleição anterior o eleitor esteve tão bem informado sobre o que está acontecendo e isso se deve aos meios de comunicação, que tem cumprido o papel garantido pela constituição, que assegura ao cidadão o direito a informação.

É claro que, por vezes, observamos determinados excessos que são coibidos nos termos legais, mas esse direito citado acima, de ser informado, deve ser priorizado sobre qualquer outro aspecto. Quanto a eventuais desvios éticos na conduta da imprensa, é uma questão que prefiro não abordar porque cada profissão tem seu código de ética e acredito que os jornalistas também se guiem nestes princípios para fazer um trabalho sério. Existe realmente uma diferenciação entre o que chamamos de “excessos” e os desvios éticos; entre ser tendencioso apoiando um candidato e a questão ética no sentido de veicular uma notícia que não corresponda com a verdade. E quando a imprensa envereda por esse caminho as coisas podem tomar uma proporção bem mais grave, sujeitando o meio de comunicação a uma investigação judicial por abuso, se isso produzir reflexos no processo eleitoral. A conseqüência dessa investigação pode ser uma representação que culmine inclusive com a inelegibilidade do candidato beneficiado.

Portanto, de um modo geral, o balanço que eu faço do comportamento da imprensa apresenta um saldo positivo. Uma vez que seu papel de informar seja cumprido, que o eleitor seja conscientizado e considerando que maior parte do que tem sido veiculado atende esse objetivo, o balanço que faço desta atuação é positivo. Eventuais excessos e desvios éticos existentes são situações que vem acontecendo, em meu ponto de vista, em uma escala menor que o efetivo cumprimento de seu dever de informar.

Para finalizar, acredito que bons e maus profissionais existam em todas as áreas, mas é claro que a imprensa também deve se auto-policiar para evitar que estes excessos e desvios éticos aconteçam.

Infelizmente sabemos que existem profissionais sérios e não sérios e, em razão disso, fatos deste tipo acabam acontecendo.

Dr. Caio Romo, juiz eleitoral

Acredito que o papel da imprensa seja informar, ela não fabrica fatos, ela os noticia. Quando a imprensa assume uma posição tendenciosa, a meu ver ela perde a credibilidade. Acreditou que um jornal, rádio ou TV deixam de ser confiáveis quando, sistematicamente, falam bem de um candidato e mal de outro. Veja bem: não existe ninguém perfeito, todos nós temos qualidades e defeitos mas o que importa no final disso tudo é que o saldo seja positivo. Da mesma forma os candidatos possuem qualidades e defeitos, fizeram coisas boas e coisas não boas. Então não considero razoável da parte da imprensa uma posição maniqueísta, tendenciosa ao só tecer elogios para um candidato e destinar apenas críticas para os outros. Igualmente, nós não podemos escolher para quem daremos entrevista, se alguém a pede, eu darei, a promotora dará, e assim por diante. Existem jornais favoráveis á um candidato, outros favoráveis á outro. Se todos tivessem a seriedade de publicar exatamente o que foi dito, no contexto em que foi dito, talvez não tivéssemos tantos problemas. Eu vejo o comportamento da imprensa de uma forma mista: de um lado, em alguns jornais, uma posição muito preocupada em fazer campanha, associado ao desconhecimento do que é o Direito aplicável que a gente conhece. Muitas vezes estes jornais se permitem extrair conclusões não autorizadas pelo que foi dito. A discussão sobre essa história do caixa dois, por exemplo: a origem disso foi que a legislação eleitoral, em sua resolução 22715, diz que a arrecadação de recursos e a realização de gastos de campanha só podem ocorrer depois de atendidos determinados requisitos, como sejam: o registro do candidato, o registro do comitê, a obtenção do CNPJ, a abertura da conta bancária específica e a confecção dos recibos eleitorais. Enquanto não forem atendidos esses requisitos, em tese, o partido não tem dinheiro; se ele não tem dinheiro, ele não pode gastar. Se ele gasta e não tem dinheiro, é o caso de se perguntar: de onde saiu esse dinheiro? À essa situação chamamos de caixa dois, em um jargão comum. Não se está dizendo, necessariamente, que este dinheiro tenha uma origem ilícita criminalmente falando, uma lavagem de dinheiro, por exemplo. A gente sabe que o candidato tem patrimônio e consequentemente pode arcar com a despesa da realização do ato eleitoral; só que, pela lei, o patrimônio dele também está incluído naquela restrição da arrecadação, ou seja: mesmo o patrimônio dele só pode entrar na conta da campanha depois de atendidos aqueles requisitos – são os tais “bens estimáveis em dinheiro”. Não estamos dizendo que o dinheiro tenha origem ilícita, repito. Mas, em tese, não há dinheiro – então não se pode fazer gastos. Essa foi, na minha interpretação, a origem dessa afirmação da parte da promotora. Só que saiu publicado, obviamente atendendo ao interesse de quem está divulgando, com um sentido outro.

A meu ver, repito, coisas assim ferem a credibilidade do veículo de comunicação.

Ponto de vista

Walter Biancardine

Deixando estabelecido nosso profundo respeito pelas opiniões contrárias, não é de hoje que defendemos uma imprensa engajada à um ideal.

Em nossa opinião, a multiplicidade de jornais, revistas e demais informativos que formam a opinião pública só é justificável pela diversidade de opiniões e enfoques, pois se todos pretenderem a isenção absoluta, bastará ler ou ouvir apenas um noticiário para que se informe do teor do acontecido. Dizemos teor apenas, porque as naturais conseqüências e desdobramentos só poderiam ser lançados no pensamento do leitor/ouvinte a partir de um determinado ponto de vista. E para tanta variação de óticas, haveremos de ter variados jornais, cabendo ao ouvinte/leitor buscar um consenso e formar sua própria opinião a partir deste processo, quase dialético – permitindo-nos o exagero.

Tem sido uma constante nos editoriais da Folha dos Lagos a afirmação do Sr. Moacir Cabral de que seu jornal seria o detentor da isenção absoluta ao noticiar os fatos. Tal pretensão esconderia apenas um desejo de recuperar o antigo monopólio da informação, baseado no raciocínio que mostramos acima: “basta ler nosso jornal e você saberá a verdade, pois somos imparciais e não precisamos de outros jornais”.

Este senhor não é o proprietário da verdade, nunca foi e agora agoniza ao constatar que vozes se ergueram – fortes e irremovíveis – contestando aquilo que nos foi impingido como verdade por tantos anos. Acusa o Lagos Jornal de ser um boletim de campanha de um candidato, pelo simples fato de esposar pontos de vista contrários aos seus interesses, mas as folhas de outros periódicos, gêmeos em suas opiniões com o Sr. Cabral, estes não seriam igualmente boletins, posto que louvam o seu preferido.

Este é o raciocínio tendencioso daquele que nos acusa de parcialidade, tentando criar rótulos, no mais primitivo e tosco sistema de criação de símbolos de fácil consumo pela massa.

Em seu Informe dos Lagos de terça-feira 19 de agosto, o referido senhor atinge o paroxismo em seus vitupérios, reclamando tal qual uma criança de que esta folha teria deixado um jornalista disponível para exclusivamente atacar seu jornal. Descontados os exageros que a psique doente do Sr. Cabral nos oferece em sua paranóia persecutória, cabe ressaltar que no Lagos Jornal existe espaço para que o talento individual brilhe – coisa que é sufocada cuidadosamente em seu periódico – além do que, para responder à este editor, basta-lhe um repórter.

Em outro ponto de sua miséria, o Sr. Moacir nos acusa de mau-caratismo impresso. Poderia revidar dizendo que mau-caratismo seria disfarçar suas ambições inconfessáveis por trás de falsa modéstia e simplicidade. Mau caratismo seria seu comportamento bipolar, ora criticando, ora elogiando o atual governo, conforme o sabor da presença ou não de seus anúncios em suas páginas. E a prova inconteste do mau-caratismo ele mesmo nos dá, ao não resistir e confessar em seus próprios escritos que somos veículos que desestabilizamos o mercado publicitário. Eis aí o ponto: Ao ser obrigado a enfrentar não apenas a concorrência em seu moribundo feudo da verdade, mas também na dura tarefa de angariar patrocinadores, resta como único argumento nos acusar de indignos.

Não iremos discutir a capacidade comercial deste senhor, evidenciada pela própria longevidade de seu jornal. Mas iremos sempre prestar condescendente atenção aos espasmos de importância de um pobre homem, academicamente limitado, incapaz de compreender e aceitar não apenas o talento alheio como – pior – o pesadelo de não ser mais o vaidoso dono da verdade em Cabo Frio.

E este é o principal papel da imprensa, Sr. Cabral: multiplicar-se, conforme são múltiplos os pontos de vista.

O fim do "tapetão"

Este jornal vem defendendo, há tempos, a tese fundamental de que ninguém pode ser considerado culpado de nada antes de processo contraditório, transitado em julgado em sua última instância.

Mais precisamente na cidade de Cabo Frio, foi uma cruzada solitária diante da compreensível e necessária ânsia de moralização dos quadros públicos que nos governam. Entretanto, assumindo o risco da impopularidade que a defesa de uma causa que não resultaria nos efeitos ilusórios vendidos pelos que sobrepunham seus interesses pessoais à correta prática democrática da justiça, mantivemo-nos fiéis e coerentes com o princípio basilar da inocência presumida, um dos fundamentos do estado de direito.

Na sessão desta quarta-feira do TSE o presidente do órgão, Carlos Ayres Britto, defendeu a proibição da candidatura de políticos com ficha suja. “A partir do momento em que não se exigir do candidato o mínimo ético, a eleição corre o sério risco de se tornar uma corrida de revezamento, cujo bastão é um cassetete policial”, disse Britto. Entendemos, entretanto, que uma bonita metáfora não pode sobrepujar um preceito internacional, inclusive consagrado nos artigos da declaração dos direitos do homem, e o mesmo entendimento tiveram os 9 ministros que votaram contra a opinião do presidente da casa. Um deles, o ministro Celso de Melo, foi explícito ao afirmar que “existe um compromisso muito grande do STF com princípios, com a arte de afastar o justiçamento”, cujo efeito, previsto pelo ministro, fez-se sentir antes mesmo da decisão da mais alta corte de Justiça do país, através de um festival de processos, denúncias e pedidos de impugnações. Excessos como os mencionados acima já foram, inclusive, objeto de matéria do Lagos Jornal, entrevistando o presidente da OAB – Sub-seção Cabo Frio, Dr. Eisenhower Dias Mariano, que falou sobre o tema e compartilhou o ponto de vista deste periódico.

É preciso afastar o imediatismo das soluções miraculosas, ainda mais apresentadas em época tão delicada quanto este período pré-eleições. O povo brasileiro, e por conseqüência o cabo-friense também, será perfeitamente capaz de compreender que a limpeza de seus representantes não será feita por proposições quiméricas e sim pela atenção prestada aos atos daqueles que pretendem se candidatar.

O eleitor tem o dever fundamental de informar-se em política, para que só então ele possa reclamar, votar ou abster-se. Pretender que uma lei venha a poupar-nos este dever é uma tutela indevida, paternalista e – quiçá – demagógica, em seu paternalismo embutido.

A histórica decisão do STF irá evitar que – tal qual as piores partidas de futebol – os resultados da peleja venham a ser decididos no tapetão de um tribunal, retirando do cidadão seu direito de escolha e emprestando ao Judiciário o indevido papel legislativo, intentado até há pouco.

Um político não se elege sem votos. Cada povo tem o governo que faz por merecer.

Credo!

Credo, quia absurdum est

(Creio, porque é absurdo)


Ao longo do tempo, os fatos tem demonstrado que a história nem sempre obedece à um encadeamento lógico e conseqüente, conforme gostaria Friederich Meinecke e seu Historicismo.

Um exemplo clássico é o assassinato do presidente (era assim que então se denominava os governadores de um Estado) da Paraíba, João Pessoa: é bem melhor para a História Oficial defender a hipótese de um assassinato político – já que ele era um dos tripés da Aliança Liberal, que tramava a derrubada do governo de Washington Luis e a subseqüente revolução de 30 – do que ter de admitir que as balas que perfuraram seu peito vieram de um homem enfurecido com a Polícia do defunto, por ter entrado em sua casa e levado diversas fotografias dele, em poses e situações eróticas junto à sua amante, a poetisa Anaíde Beiriz.

Um outro exemplo, um pouco mais recente, envolve o jornalista Assis Chateaubriand, sua filha Teresa e o então Presidente Getúlio Vargas: enfurecido por ter sido vítima de uma bela chifrada de sua mulher à época, Cora Acuña, com quem teve a menina chamada Teresa, o jornalista tentou, por todos os meios, vingar-se sem medir esforços, chegando até mesmo a pretender a expulsão da mãe de sua filha do Brasil, já que sua nacionalidade era argentina. Sem conseguir seu intento, Chateaubriand – sabe-se lá como – arrancou de Getúlio Vargas um decreto, que estabelecia a guarda de filhos menores ao pai, em caso de discussão do assunto em juízo. O absurdo ficou conhecido como “lei Teresoca”, e Chateau conseguiu o que queria: a guarda da menina.

Resultaria em um grosso calhamaço a compilação de, pelo menos, dez por cento de todos os atropelos à lógica e ao bom senso que influenciaram o curso natural dos acontecimentos no Brasil. E, em verdade, devo aos leitores a explicação do porquê de um assunto tão sem nexo: ele me veio à mente ao saber, por fontes da Boca Maldita, que determinadas pessoas na cidade estariam tentando cometer atropelo semelhante.

Vimos acima que, se a história não nos convém, mudamos a história. Se a lei não nos favorece, mudamos as leis. E se aqueles que aplicam as leis – promotores, juízes ou até mesmo desembargadores – não nos são subservientes, mudamos os mesmos. E este é, precisamente o teor e motivo destas mal-traçadas.

Anotem o que digo: Cabo Frio vive hoje imerso em trevas filosóficas, onde conceitos como Direito, Democracia, Liberdade ou Interesse Público jazem nas ruas, desabrigados e órfãos justamente daqueles que juraram amparar, fomentar e atuar dentro destes mesmos conceitos.

Ao que parece, o Judiciário é hoje uma pedra no sapato de indivíduos que crêem ser seu poder temporal superior ao poder da lei e justiça. E se o Judiciário agoniza e dobra a espinha aos arreganhos de pequenos ditadores, as portas se escancaram para a implantação do mais feroz e trevoso absolutismo pós-moderno.

Sem Justiça não há democracia, sem democracia não há liberdade e sem liberdade não há vida. Inteligente, pelo menos.

Vamos aguardar e ver em que toda essa grotesca teratologia advocatícia vai resultar, pois em breve ganhará as manchetes dos jornais e o povo saberá de tudo.

Ai de ti, Justiça, ai de ti, imprensa: as sempre primeiras vítimas de todos os arrotos de importância, mesmo dos mais medíocres dos poderosos.

O papel aceita tudo, a ética não

Uma música do saudoso conjunto Creedence Clearwater tem como título “Before accuse me, take a look at yourself”, que trocando em tupiniquim quer dizer “antes de acusar, olhe para si mesmo”, ou “macaco, olha teu rabo” como diriam os antigos.

Um inominável periódico, que faz timbre em acusar este jornal de ser um boletim de campanha, não só transformou-se em verdadeiro Pravda municipal como escorregou irrecuperavelmente na ética, ao distorcer as declarações da Promotora Isabela Padilha referentes à gastos irregulares de campanha.

Sua mutação em Diário Oficial do Município é perceptível já há muito tempo, abstendo-se de críticas consistentes ou de contundência relevante em troca de polpudos anúncios da Prefeitura em suas páginas. De nada adianta a postura pseudo-imparcial do folhetim, cujo dirigente crê piamente estar enganando a todos ao esboçar críticas comezinhas ao chefe do Executivo, sem maiores efeitos. Quando, obrigado pela verdade dos fatos, deve publicar matérias contra seu preferido, ajeita-a sempre ao lado de qualquer coisa que o enalteça ou, ao menos, dê uma caçambada de leve em seu desafeto na campanha pela Prefeitura.

É sabido que existem mil maneiras de se contar um fato; neste total podem ser incluídos modos que favoreçam ou não o noticiado, mas com certeza a invenção não faz parte desta lista – e é justamente aí que o outrora “professor de ética jornalística” derrapou feio, para trombar de frente com a verdade.

Atribuir declarações, cujo sentido tenha sido distorcido, à qualquer pessoa é fato passível de punição legal e pior fica ao se fazer isso com uma promotora de Justiça, cargo que ostenta um título que explica muito bem suas funções.

A campanha do candidato Alair Corrêa não está sob suspeita. Aliás, segundo a promotora, nenhuma campanha está. Ela fez uma referência de maneira geral, com relação aos gastos de campanha. E isso foi apenas o início do imbróglio jornalístico; muito mais distorções e favorecimentos poderiam ser apontados, mas cabe à Dra. Isabela apresentar ou não sua queixa.

O que é preciso que se mostre de forma clara é o rancor que o dirigente desta folha rumina em não deter mais o monopólio da informação em Cabo Frio. A comparação revelou a primariedade de seus recursos; a concorrência levou-lhe os cabelos e levantou de maneira inconteste a pergunta de como foi possível à alguém, com tão escasso arsenal intelectual e ético, criar um jornal que um dia teve destaque na vida cabo-friense.

A resposta vem fácil, pois eram os tempos da falta de opção e só por isso tal planta daninha conseguiu medrar.

Vivemos agora em plena campanha eleitoral, e o estoque de golpes disponíveis nas prateleiras deste folhetim virão cada vez mais rasteiros. É uma verdade que se conhece o adversário pelas armas que emprega na luta, e a falsa ética e pseudo imparcialidade só foram ostentadas enquanto o medo não lhe corroia os nervos.

Agora é a hora da verdade, na qual serão mostradas as verdadeiras índoles de cada um.

E o Diário Oficial com certeza já está deixando cair sua máscara.

Quando a força se torna uma fraqueza

Uma das situações mais constrangedoras que podem acontecer é quando duas pessoas chegam, ao mesmo tempo, contando versões diferentes da mesma novidade.

Não foi outra a sensação do eleitor cabo-friense ao se deparar com a divulgação, no mesmo dia, de duas pesquisas eleitorais apontando favoritos diferentes na preferência popular. E aí cabe a inevitável pergunta: quem está dizendo a verdade?

Buscar a verdade não é o objetivo deste modesto espaço; ela será revelada, inconteste, nos primeiros dias de outubro. O que impele um verdadeiro jornalista à ação – tendo a verdade como ponto já estabelecido – é a lógica pela qual o fato foi produzido, e são exatamente estes meandros que serão analisados agora, da forma mais simples, direta e objetiva possível.

Temos de um lado, em um quadro hipotético, um candidato que conta com ampla aceitação na preferência do povo, lançando-se à corrida pela cadeira de prefeito munido apenas de sua capacidade de arregimentar votos, de sua plataforma de governo, sua experiência, seu carisma e a competência de sua propaganda em conquistar os corações, além de, inevitavelmente, sua escassa reserva de recursos para custear tudo isso, muito embora um dos itens acima – o carisma – não possa ser comprado, para desespero de alguns. Ele, assim como os demais concorrentes no pleito, precisam de visibilidade, contando apenas com seus próprios meios e talentos, dependendo da propaganda para que suas idéias alcancem o povo. O candidato hipotético encontra nas pesquisas uma valiosa ferramenta de aferição de suas possibilidades, já que são necessariamente limitadas à um reduzido raio de ação em decorrência dele não contar com ações públicas, que produzam reações populares, e pela temerária ousadia da aventura ser custeada pelo seu bolso e dos seus simpatizantes.

No outro lado surge o concorrente que, eventualmente, contará com todo o apoio da máquina administrativa de um município. Não é segredo que é possível exercer pressões e coações de formas tão sutis que sequer podem ser motivos de uma queixa concreta. Também não é segredo a enorme força que toda essa estrutura possui, uma máquina prenhe de recursos, virtualmente inesgotável – a depender da índole de quem a conduz – até a exaustão de seus cofres, além da mais valiosa fonte de informação: o poder de interagir com o povo, através de suas ações públicas. Esta é a principal razão que diminui enormemente a importância das pesquisas de intenção de voto para o gestor público. Se em seu quadriênio de poder esse administrador não consegue, através de suas ações, quantificar seu grau de aprovação pelo povo ele exibirá o sintoma evidente de uma enorme insensibilidade para com o cidadão, de uma quase confissão de culpa relativa à ineficácia de seus feitos e sua cegueira política.

Com certeza o que assusta esse gestor no quadro hipotético acima, motivando seu apego às pesquisas, será a capacidade de mobilização demonstrada por eventual adversário que, sem contar com a décima parte de seu poder, ofusca todas as tentativas de mostrar-se simpático ao apagar das luzes de um quadriênio possivelmente estéril.

Deste modo, um governante que recorre à pesquisas discutíveis para demonstrar ao povo e a si mesmo sua aprovação, é um governante que expõe sem nenhuma vergonha sua fraqueza popular, um aleijão político que caminha – trôpego – sobre as muletas do endôsso teoricamente estatístico.

Toda a sua fé se resume na crença em números quiméricos, produzidos por critérios nebulosos e que poderiam ter o poder de mudar as escolhas de todo um povo.

E povo não vota em números. Povo vota é em gente de verdade.

Nem passional, nem pessoal: é a Justiça

Todo o corpo jurídico de uma nação reflete, depurado, seus usos e costumes. Vem daí uma boa parte do elenco de leis e regras que regem o comportamento da sociedade, ao lado de uma coerência com aquilo que o pensamento filosófico possui de mais puro, na verdade última da correlação homem-sociedade.

Existem postulados que não podem ser quebrados, sob pena de se transformar a Lei em um Tribunal de Exceção, governado ao sabor das paixões e conveniências políticas – e sabe-se muito bem que “política et Iusticia non nachero sorelle”, como bem disse antiqüíssimo mas perspicaz jurista italiano.

Um desses preceitos sagrados reza que todo cidadão é inocente, até que seja provado o contrário.

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu com base neste pensamento, base filosófica que prevalece sobre a moralidade nos serviços públicos – uma questão temporal e em grande parte creditada á própria apatia de alguns cidadãos.

Aquele que responde á um processo não pode ter sua moralidade posta em dúvida, sob pena de transformar o mesmo em castigo precoce. Por outro lado, enquanto o amplo direito de defesa existir, a irritação dos que utilizam a moralidade pública como arma emerge na evidência do oportunismo interesseiro ou linchamento alheio. Como alegar que o cidadão que responde á um processo não tem moral?

É um julgamento á priori, sem base jurídica e que só cabe no âmbito das preferências e critérios pessoais – que não podem se transformar em lei sem que se caia exatamente no caso, já citado, dos Tribunais de Exceção.

Pretender que uma circunstância prevaleça sobre o perene é excrescência jurídica semelhante ao conceito de crime político, cuja existência é inconcebível justamente por faltar-lhe a perenidade – mude-se o regime e será mudado, consequentemente, o que é crime.

Sobre a decisão do TSE não há mais nada o que se dizer, além de acatá-la.

Alegar que a Justiça Eleitoral, depois dessa decisão, teria perdido a autoridade moral perante a sociedade brasileira e contribuído para o descrédito das instituições é apenas ofensa grosseira, manejada com o mesmo jeito tosco do primata, brandindo seu tacape nas cavernas. É o grito de agonia das pretensões oportunistas.

Perfeita em sua coerência doutrinária, veio em boa hora para calar as vozes destoantes, filhas de uma política mesquinha, que insiste em usar a lei – apoiada na muleta de uma pseudo-moralidade pública – apenas em benefícios particulares.

Denuncismo

Em épocas pré-eleitorais como as que vivemos é preciso um grande cuidado por parte dos cidadãos, detentores do verdadeiro poder de transformação social, com as denúncias que pipocam por todos os lados.

Evidentemente a vida, com todas as suas belezas e mazelas, não pára apenas por força de um calendário eleitoral: quem é bom e justo seguirá em sua bondade e justiça e os maus, estes continuarão praticando o que de ruim lhes compete. Crimes podem e devem ser denunciados, não importa quando ocorram, e isso é ponto pacífico.

O que torna o jogo complicado é o oportunismo político, seja ao se aproveitar de denúncia contra adversários, tentar – ainda que por uma forçada hipérbole – ligar fatos provocados por terceiros á um desafeto ou, pior, pura e simplesmente forjar um delito e imputa-lo á alguém.

Tem se tornado uma constante a aparição de manchetes na mídia, reportando eventuais delitos cometidos por pessoas, as quais esta mesma mídia – norteada por interesses excusos – tentará por todos os meios estabelecer um elo de ligação e culpabilidade contra aquele que elegeram como alvo. Imaginam estes senhores que a culpa, tal como o sarampo, contagia pela proximidade. E a proximidade, maior ou menor, é a única coisa que podem erguer como acusação.

Cabe ao cidadão, com seu livre-arbítrio e poder de decisão, averiguar o grau de culpa ou inocência de cada um, se envolvidos no maremoto denuncista.

Existirá culpa em alguém por ser próximo ao autor de um delito?

E quanto de culpa existirá, então, em quem foi – por seus próprios pés – rumo ao erro?

Todos somos detentores do sagrado direito de escolha; de optar pela pessoa que julgamos apta para comandar uma cidade ou de escolher, inclusive, qual caminho tomar: se o do bem ou o do mal.

E aí reside a verdadeira sabedoria, o sempre útil senso crítico, ao folhear as páginas de um jornal ou assistir uma TV: é a capacidade de separar quem apenas se viu próximo ao furacão, de quem por sua própria vontade cometeu um ato que sabia ser ilícito.

Até o mês de outubro, com certeza muitas outras denúncias porão á prova este discernimento do eleitor. Ele deverá prestar igual atenção aqueles que correm por fora desta disputa, parasitas de organismos políticos alheios.

Vivem de colher as migalhas que caem da grande mesa, onde os destinos de uma cidade são decididos.

Da Redação

Com a preguiça lá nas alturas e a inspiração lá nas baixezas, resolvi publicar o que de melhor (vá lá) publiquei enquanto fui responsável por esta seção no Lagos Jornal.
Coragem, gente. Leiam!

Morcegão Cabramal

Odacir Gagau, o “alter-outro-ego” de M. Cabruncal está pasmo com os poderes de recuperação de seu arqui-alter-ego-rival: Depois de semanas dedicadas à desintoxicação etílica do fígado, o garoto de São Traíres voltou com força total. Com os apetites assanhados por ter sido forçado a esconder os enormes anúncios de uma empresa do município de suas páginas – pra não dar na pinta e sofrer com as gracinhas de um blogueiro que ele deixou dormir no quarto de empregada e agora tá dando pitaco em tudo e até se atrevendo a criticar sua babação explícita do governo – ele, em um processo de regressão psicológica evidente, voltou suas baterias contra um de seus antigos alvos prediletos: cuidar da circulação deste periódico.

O cuidão

“Cuidão” era um termo usado pelos cabo-frienses mais antigos, quando queriam se referir à alguém que cuidava excessivamente da vida alheia e esquecia da própria.

Cuidão da circulação de jornais outros que não o seu, M. Tamal já atravessou várias fases de sua paranóia-obsessiva-compulsiva: primeiro, cismou que o seu diário estava sendo interceptado à caminho das bancas; depois, bolou um – segundo ele mesmo – “genial” golpe para parecer que suas vendas em banca estavam na estratosfera: deixava só meia dúzia de exemplares em cada, para que todos pensassem que o rápido esgotamento era devido à procura; não satisfeito, contaminou seu protegée – um rubicundo blogueiro que dormia em seu quarto de empregada – com sua neurose. Resultou que o encanecido senhor comprou sua maluquice e deu pra implicar que distribuíamos jornais de graça – jornais do dia anterior, coisa que sua avareza jamais permitiria pois bem que poderiam ser vendidos como papel usado e arrecadar uns trocados; e agora essa, sua mais nova ingrizia mental: segundo ele, nós distribuímos o jornal nas bancas e, após distribuirmos dinheiro por aí, mandamos gente ir lá comprar pra parecer que acabou tudo.

O homem é um gênio.

O pit-boy das letras

Bota-fora festivo de uma jornalista da cidade. Entre os convivas, uma representante desta folha e nosso M. Caval, já lá pelo 16º whisky.

Em meio à animada conversa a representante desta folha, enternecida pelo clima de confraternização geral, sugeriu: “porque a gente não pode conviver numa boa? Vamos parar com essas picuinhas!”

Resposta do pit-boy da cosmopolita São Traíres: “Nah! Eu gosto é de ver o circo pegar fogo!”

Horas depois, espetado na glicose, ainda repetia a bravata.

E o redator destas mal-traçadas só soube dessa por ouvir dizer. Não compareceu ao festim, avarento de seu próprio whisky que é.

Da Redação



O Dia Mundial do Orgasmo

Dia Mundial da “Demi Bombê I”

Motéis superlotados, casais enlouquecidos rolando nús pelas areias da praia, verdadeiros bacanais de humanos no cio – nada disso foi percebido no “Dia Mundial do Orgasmo”. Tão desanimada foi a semana em que se comemorou o subido (no bom sentido, é claro) evento, que a maledicência da Boca Maldita começou a rotulá-lo de “Dia Mundial da Meia-bomba”, tal o grau de flacidez indecente entre os convivas que ousaram se reunir (também no bom sentido, é claro) em convescotes, promovidos nas mais afamadas casas de swing da região.

Dia Mundial da “Demi Bombê II”

A data festiva foi de uma crueldade cortante com parte da imprensa cabo-friense: dois jornalistas – ainda que amamentados por generosas tetas (êpa!) – e um escrevinhador internético ocuparam uma mesa de um afamado point etílico – político – jornalístico da cidade para debater se a comemoração não teria sido criada como uma forma de escárnio sub-reptício contra as suas pessoas.

Um, ostentando já seus cabelos brancos, sabia apenas tossir por todas as bocas e grunhir imprecações ininteligíveis. Outro, quase tão encanecido como o primeiro, mas substancialmente mais pesado, apenas quedava-se parado, olhar perdido e evocativo de tempos – e desempenhos – que não voltam mais.

O terceiro, mais esperto, procurou a ajuda de Odacir Gagau em festa promovida pelo mesmo, no “Cordão do Bola Azul”.

Odacir Gagau e suas miraculosas bolinhas azuis

Foi o único lugar que realmente bombou, no Dia Mundial do Relaxa e Goza: o empresário boteco-etílico-jornalistico Odacir Gagau, alma nobre, esqueceu suas diferenças com seu arqui-rival na imprensa local, Morcegão Cabramal, para permitir-lhe momentos de inebriante enlevo. Contratou dúzias de mocinhas da Vila Mimosa e comprou substancial quantidade do miraculoso elixir “Ereções 2008”, as afamadas bolinhas azuis. E deu no que deu.

Falta soro na farmácia

É a reclamação de Morcegão Cabramal, ainda sendo alimentado via intra-venosa, deitado em sua cama.

O outrora monopolizante ex-dono da opinião pública só consegue balbuciar poucas palavras, que os mais chegados (no bom sentido, é claro) traduzem para “ai, como era grande...”

Saudades de Aracy de Almeida...