quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Denuncismo

Em épocas pré-eleitorais como as que vivemos é preciso um grande cuidado por parte dos cidadãos, detentores do verdadeiro poder de transformação social, com as denúncias que pipocam por todos os lados.

Evidentemente a vida, com todas as suas belezas e mazelas, não pára apenas por força de um calendário eleitoral: quem é bom e justo seguirá em sua bondade e justiça e os maus, estes continuarão praticando o que de ruim lhes compete. Crimes podem e devem ser denunciados, não importa quando ocorram, e isso é ponto pacífico.

O que torna o jogo complicado é o oportunismo político, seja ao se aproveitar de denúncia contra adversários, tentar – ainda que por uma forçada hipérbole – ligar fatos provocados por terceiros á um desafeto ou, pior, pura e simplesmente forjar um delito e imputa-lo á alguém.

Tem se tornado uma constante a aparição de manchetes na mídia, reportando eventuais delitos cometidos por pessoas, as quais esta mesma mídia – norteada por interesses excusos – tentará por todos os meios estabelecer um elo de ligação e culpabilidade contra aquele que elegeram como alvo. Imaginam estes senhores que a culpa, tal como o sarampo, contagia pela proximidade. E a proximidade, maior ou menor, é a única coisa que podem erguer como acusação.

Cabe ao cidadão, com seu livre-arbítrio e poder de decisão, averiguar o grau de culpa ou inocência de cada um, se envolvidos no maremoto denuncista.

Existirá culpa em alguém por ser próximo ao autor de um delito?

E quanto de culpa existirá, então, em quem foi – por seus próprios pés – rumo ao erro?

Todos somos detentores do sagrado direito de escolha; de optar pela pessoa que julgamos apta para comandar uma cidade ou de escolher, inclusive, qual caminho tomar: se o do bem ou o do mal.

E aí reside a verdadeira sabedoria, o sempre útil senso crítico, ao folhear as páginas de um jornal ou assistir uma TV: é a capacidade de separar quem apenas se viu próximo ao furacão, de quem por sua própria vontade cometeu um ato que sabia ser ilícito.

Até o mês de outubro, com certeza muitas outras denúncias porão á prova este discernimento do eleitor. Ele deverá prestar igual atenção aqueles que correm por fora desta disputa, parasitas de organismos políticos alheios.

Vivem de colher as migalhas que caem da grande mesa, onde os destinos de uma cidade são decididos.

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