terça-feira, 4 de novembro de 2008

Da Redação

Fomos despejados, mas voltamos!

Uma coisa que nos magoa profundamente é a intolerância: só porque atrasamos uns poucos 9 ou 10 meses o aluguel deste espaço cultural-edificante-transcendental, nosso senhorio nos despejou assim, de uma hora pra outra e sem mais aquelas. Nossos milhões de leitores, indignados, cobriram as dependências deste jornal de cartas iradas, exigindo nossa volta ao espaço habitual, e só por isso – graças à vocês, leitores! – nosso empedernido senhorio cedeu (no bom sentido, é claro) aos clamores do público e permitiu que voltássemos com nossa Kombi cheia de colchões, armários, cabideiros, estrados e nosso bujão de gás com capa de renda de bilro.

Não tem solução, solucionado está

Como não podíamos nos furtar a veicular nossos vitupérios no dia de ontem, o único jeito foi arrumar um laranja que assinasse uma falsa coluna, onde despejaríamos nossa produção. E foi o que se viu na edição de ontem: pagamos 20 contos e dois maços de Hollywood à um ilibado profissional para que assinasse nosso quebra-galho. Assim, a bem da verdade, é nosso dever informar que o referido cidadão não é o responsável por escrever estes desatinos, e que quaisquer processos não devem tê-lo como réu. O cara é gente fina, não merece isso e nem tem nenhum tostão furado no bolso idem pra pagar indenizações, coitado.

A vaca foi pro brejo?

Assim é a vida, caros leitores: uma grande cópula. Um dia se está por cima, noutro, por baixo – segundo bela definição de Cospe-Grosso, renomado filósofo e dono de botequim do Buraco do Boi. E é justamente lastreado pela sua experiência bovina que o pensador se abalou a tecer considerações e paralelos entre a nossa situação atual e a de conhecidos prefeitos eleitos aqui na região. Vejam suas palavras: “Considerando que o boi baba porque não sabe cuspir e que o cuspe é a dispensa sumária, enquanto a baba é algo assim como um ‘vai ficando enquanto pode’, vocês aí no Da Redação continuem se agarrando neste local privilegiado enquanto puderem, enquanto ninguém vier lembrar a vocês quem é o dono e os expulsem de novo daí, só por causa de uns caraminguás. Igualmente é o que está sendo feito por prefeitos mal-feitos, porém eleitos: vão ficando, ficando, fingindo que nada sabem, pois quem sabe a Justiça esquece. Assim, enquanto uns estão de mansinho, primeiro esquecendo uma calça no quarto, depois trazendo uma escova de dentes e deixando na pia, e por aí vai, outros deram um chá de sumiço – igualmente confiantes em uma eventual memória curta dos homens de toga”, disse ele, e concluiu: “Não vos iludis, pobres mortais, eis que Justiça talha mas não farda e a vaca poderá ir para o brejo: vacum brejus est”, arrematou, brilhantemente.

Amanhã, se ninguém se lembrar de nós, estaremos aqui novamente.

Nenhum comentário: