quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Da Redação

O Mercado é um rapazinho muito nervoso

Todos que conhecem o homo de negócios porto-riquenho Sr. Mercado (“ligue djá!”) sabem que ele é um mocinho com os nervos à flor da pele.
Histérico porque seus negócios estavam afundando (no bom sentido, é claro) no mercado imobiliário norte-americano, o investidor multicolorido enterrou tudo (no bom sentido, é claro) o que tinha nos mercados europeus: “Jô quiero poner mis mijones (en el bueno sentido, claro) en un lugar que tenga seguridad”, disse ele aliviado – sem trocadilho – graças à palavra forte e máscula de Gordon Brown, o Bofe Bom das Libras Esterlinas.



Mercado assustadinho

“Ele é assim mesmo, gente. Não judia não, que ele é doentinho e tem problema de nervo”, disse Dona Creuza, a avó brasileira que criou o jovem Mercado. Assustadiço por natureza, Memê tem como uma das características principais de sua complexa personalidade o horror ao risco. Foge espavorido ao menor espirro das instituições financeiras norte-americanas ou européias e, ultimamente, tem levado sua fobia do incerto até aos mercados asiáticos que, segundo ele, “ultimamente tem parecido avião da Gol, cai toda hora”.
Entendam o pobre rapaz, gente: tudo o que ele quer é a mão forte e segura de um Banco Central másculo, onde ele possa descansar sua cútis (no bom sentido, é claro) já marcada pela pátina das tensões desta vida de incertezas.
Uma pena, pois é sabido o seu lado mau: a cada susto mundial, Mercado foge com as economias de alguém. No mau sentido, é claro.

Ele vive do que põe no banco

Esta era a dura (no bom sentido, é claro) rotina de Mercado: sentadinho na praça, assistia a vida passar vivendo do que punha no banco.
Cansadinho desse marasmo, a mona resolveu dar um “up”, rodou a baiana e abriu seu próprio banco, o “Poupança de Ouro”.
Cruel, o destino que sempre perseguiu este bom menino criado pela avó trouxe a medonha crise financeira que agora põe em pé (no bom sentido, é claro) os cabelos dos banqueiros de todo o mundo.
Graças a Deus Mercado tem um senhor que ajuda, o tio Bush do Big Stick, que prometeu segurar (no bom sentido, é claro) sua barra bancando todos os seus eventuais prejuízos, desde que o espertinho não use o dinheiro para comprar títulos do governo americano ou de sócio da Le Boy, no Rio. Tio Bush mandou que enterre tudo no mercado, e não no dele – quer dizer, no do governo.
Uma lição clássica de economia.

E o Kiko?

Mercado tem um parceiro (entendam como quiserem, cansei) chamado Kiko Ygnácio, mais conhecido por seus apelidos: Kiko Tencoisso ou o mais curto, KY. Todos sabem que, a cada crise de Mercado, o KY entra em ação, pedinchando favores aos poderosos encastelados no governo para tapar os rombos (no bom sentido, é claro) em suas contas. A fórmula é simples: se dá lucro, é do Mercado. Se dá prejuízo, pega o KY e empurra na gente.
Quem vive de comprar e vender imóveis aqui na terrinha deve ter muito cuidado com Mercado. E mais ainda com KY.
Afinal, só quem pode prever o futuro são os marqueteiros de algumas campanhas eleitorais, e estes já gozam (no bom sentido, é claro) de merecidas férias em Miami.
Provavelmente em um dos hotéis do menino Mercado.

Esse é o capitalismo que não ousa dizer seu nome...

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