quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Subversão

“Muito doido”, é o mínimo que se pensava – quando pensava – em recente encontro de motociclistas aqui na terrinha.

Como velhice é estado de espírito, jovens saudáveis de uns 60 anos passeavam empoleirados em cascudas Harley-Davidsons, ostentando bela e loura garupa. Ele, semi-balofo, semi-careca, mas plenamente feliz com seu colete de couro, jeans e um vasto rabiscar de tatuagens pelo corpo. Ela, já ligeiramente passada mas ainda bastante potável em sua calça de couro – e os dois felizes e jovens em si mesmos.

Quem foi que disse que ruga é doença?

Nos dias deste encontro, quem dele participou viveu algo semelhante ao que deve ter sido experimentado em um distante Woodstock. Não se assustem com a comparação, mas a sensação de “o sonho acabou” ao final do evento provavelmente foi a mesma.

Dias e dias vivendo em um mundo de cabeça para baixo, onde as melhores idéias das melhores cabeças podiam encontrar eco, onde o proibido valia, o sério era engraçado e – miraculosamente – tudo dava certo, sem conflitos, brigas ou desentendimentos.

Isso, meus amigos, se chama subversão saudável. Um mundo virado de pernas pro ar, mas só de sacanagem.

Mas então tudo acabou e voltamos ao nosso trabalhar e padecer, eis que tal é o destino dos homens.

Novamente amarrados em regras, gravatas, cadarços, apitos de guardas, compromissos, obrigações, enfartos, hospitais e – inevitável – cova. E assim uma vida se passou, sempre dentro das regras, sempre certinho, sempre sem-graça.

O problema é que tem gente que não entende o espírito da coisa e resolve subverter o que não deve, fazer piada onde não pode e virar de pernas pro ar não apenas um evento, pensado e criado para isso: essa gente vira uma cidade inteira de pernas pro ar e não vê o menor problema nisso.

É a subversão estatal, onde o poder esculhamba a si mesmo em suas ações bizarras.

Vimos muito disso nos governos militares e há quem diga que existe uma recaída local nos dias de hoje. Eu não sei de nada, e mesmo que soubesse não diria, que não sou besta.

Só o que sei é que tem gente que perdeu toda a sua graça quando trocou seu jeans surrado por calças de linho e seu t-shirt pelo blusão vermelho, que já está até me dando nojo de tanto que vejo.

Que Deus permita que eu continue envelhecendo com dignidade, ou seja: eu, minha moto, meu jeans podre e meus cabelos – cada vez mais compridos e mais brancos, e sem que ninguém possa me apontar o dedo e dizer que virei a casaca.

Depois não digam que não sabiam

A ausência de platéia na Audiência Pública realizada no Fórum de Cabo Frio nesta terça-feira foi o mais definitivo indicador de que o brasileiro médio crê piamente que já sabe de tudo.

O salário de um profissional é aferido, entre vários outros parâmetros, também pelas horas trabalhadas e o salário de um juiz de Direito e de uma promotora pública não são exatamente uma mixaria. Pois bem, ambos destinaram uma fração expressiva de seu dia para atender ao que, acreditavam, seria um concorrido evento repleto de eleitores portadores de questionamentos, dúvidas e ansiosos por esclarecimentos relativos ao belo emprego que darão à alguém neste 5 de outubro. Interessante notar como atualmente se fala em dinheiro público, mas ninguém se sentiu lesado ao não comparecer à um evento que beneficiaria a nós mesmos, e com isso jogar no ralo duas horas de salário de um juiz, de uma promotora, de um chefe de cartório, além dos custos referentes à utilização da sala do Tribunal do Júri, tudo pago por nós.

A verdade é que este tipo de questão não está na moda e por isso não foi comentada. Na moda está indagar sobre um governo que pagou milhares de reais por algo que custa trocados, por exemplo, sempre utilizando o poderoso refrão do “isto é dinheiro público”. Muito justo, havemos de convir. Mas e o custo invisível, que sangra os cofres tal qual essas faturas? Tudo bem, notas fiscais marotas podem ser estampadas em retumbantes manchetes, ao passo que horas de trabalho pagas por nós e jogadas no lixo só aparecerão na mente do leitor/eleitor se ele tiver a boa vontade de raciocinar e lembrar que tudo o que um servidor faz em seu horário de trabalho é pago pelo contribuinte.

E este é só o lado financeiro do “Desperdício Brasil”: a outra faceta é a arrogância tipicamente latina do macho que tudo sabe, incapaz da prudente humildade de dizer “não sei” e aprender em seu próprio benefício.

Milhões de reais foram gastos por você leitor, para organizar esse Dia Nacional da Audiência Pública em todo o país, e que ninguém compareceu – ao menos em Cabo Frio. Milhões de reais que poderiam ter um destino menos inglório se servissem ao menos para que você soubesse o que pode acontecer se o vencedor de uma eleição tiver seu registro cassado. E então? Assume o vice? Assume o segundo colocado? Ou serão feitas novas eleições?

Mas a desimportancia destes temas se refletiu no vazio da enorme e cara sala do Tribunal do Júri, vazio esse que é o espelho perfeito da consciência de cidadania de grande parte dos brasileiros.

Pensem bem, pois serão quatro longos anos pela frente – pouco tempo para quem escolhemos e tempo demais para quem repudiamos. Quatro longos anos, com tudo o que eles podem trazer de bom ou de ruim – e custeados por vocês, caros leitores.

Depois não digam que não sabiam...

A imprensa em debate

O comportamento dos noticiários analisado por quem é notícia

De erros resultantes de informações mal conferidas até notícias pura e simplesmente distorcidas são alguns pontos que geram controvérsia sobre o papel da imprensa. Por outro lado, denúncias que jamais seriam investigadas, crimes e situações de descaso também só encontram solução em grande parte devido ao trabalho dos jornais, rádios e Tvs da região. Um dos temas mais controversos é a imparcialidade da imprensa, apregoada e defendida por uns e rejeitada por outros, que defendem um jornalismo engajado, enfocando a notícia sempre sob a ótica de um ideal e denunciando os fatos que, muitas vezes, são decisivos na história de uma comunidade. Sobre temas como esse, prestaram seus depoimentos com exclusividade ao Lagos Jornal o Dr. Caio Romo, juiz eleitoral de Cabo Frio; Dra. Isabela Padilha, promotora eleitoral da cidade, Dr. Eisenhower Dias Mariano, presidente da 20ª Sub-seção da Ordem dos Advogados do Brasil em Cabo Frio, e o comandante do 25º Batalhão de Polícia Militar, Coronel Adilson do Nascimento.

Cel. Adilson Nascimento, comandante do 25º BPM

Enfocando o relacionamento imprensa/PM ou imprensa/25º Batalhão, digo que este é o melhor possível. É uma relação de respeito, eu respeito o direito da imprensa de informar, meus policiais estão autorizados a passar as ocorrências diariamente.

Várias emissoras de rádio, TV, alem de jornais, vem aqui todos os dias pela manhã para colher informações sem nenhum problema. O policial militar só não pode dar o enfoque pessoal sobre um fato, mas informar é obrigatório.

Digo que grande parte do que eu falo é reportado. Alguma coisa que fuja do que foi declarado, da informação real, nós entramos em contato com o veículo responsável e nos é dado o direito de resposta, então eu – particularmente – não diria que tenho problemas com a imprensa local. Os eventuais que tive com relação a declarações minhas foram prontamente sanados, inclusive até a própria Inter TV fez um dado estatístico no início deste ano que não condizia com a verdade que foi declarada, e eu voltei a aparecer – no mesmo horário – tendo o direito de resposta. Eles assumiram a falha que houve e, com relação aos jornais impressos, toda vez que peço uma complementação ou correção, ela é feita.

Existem matérias que criticam o comando do 25º Batalhão e eu acho que elas são válidas, pois não estamos aqui apenas para receber elogios. A crítica é necessária, elas tem que ser encaradas como uma correção. Se, por acaso, uma ação policial não for correta, essa crítica é valida e necessária.

Nós torcemos para que seja levado ao público sempre a verdade, sem conotações pessoais, naquilo que é veiculado todos os dias na imprensa.

Dr. Eisenhower Dias Mariano, presidente da 20ª Sub-seção da OAB

Entendemos que a imprensa desempenha um papel relevante ofertando aos cidadãos a oportunidade de formarem a sua própria opinião sobre fatos. E no processo eleitoral não é diferente. Falhas ocorrem e devem ser detectadas pelo público alvo e corrigidas e reparadas pelos seus autores. O ideal é que todas as mídias atuassem com a mais absoluta isenção, o que é quase utópico.

No caso da ação de exceção de suspeição recentemente proposta contra a promotora eleitoral de Cabo Frio, inicialmente é preciso registrar que, ao nosso ver, o Ministério Público vem se desincumbindo a contento das suas atribuições neste processo eleitoral, valendo destacar o nosso apreço e louvor à Promotora Drª Isabela Padilha, ora com atuação junto ao Juízo Eleitoral em Cabo Frio.

O Ministério Público não enfrenta - ou não deve enfrentar qualquer limitação ao direito de se manifestar quando entrevistado. O que disse a Promotora Isabela Padilha, e temos todas as entrevistas, não configurou, ao nosso ver, qualquer excesso funcional. Apenas trouxe esclarecimentos aos eleitores em geral. Vale acrescentar que não tomamos conhecimento do teor da Exceção de Suspeição aforada pelo Partido Político em face da referida Promotora, mas o ajuizamento de uma ação contra qualquer pessoa, entre tais o servidor público, é uma liberalidade que pode ser exercitada pelo titular de um direito ou de ação, comportando a responsabilização decorrente do ato temerário e infundado.

O momento e o próprio processo eleitoral acabam acirrando ânimos, provocando emoções incontidas e produzindo até certos excessos por parte dos políticos e demais partidários ou torcedores, de modo que tudo isso deve ser visto com cautela.

Não acredito, nem quero crer, que a ação do Partido Político possa ser interpretada como desrespeito ao Poder Judiciário ou ao Ministério Público. Mas se houve excesso ou lide temerária, os interessados podem ou devem ter o direito à reparação.

Gostaria de aproveitar para falar algo sobre as recentes impugnações e indeferimentos de registros de candidaturas: inicialmente devo dizer que não conheçemos o teor dos Processos de Impugnação nem as decisões deles resultantes. Mas reafirmamos que o Ministério Público local vem atuando nos moldes e da forma como a sociedade, de que é parte a OAB, espera, de modo que cabe a cada um interessado o direito de ter assegurado o devido processo legal e o de exercer o amplo direito de defesa constitucionalmente assegurado a todos.

Vale lembrar que na decisão final do STF prevaleceu o princípio da presunção de inocência até transitado em julgado, referente aos candidatos que respondem à processos. Ao nosso ver, a decisão do STF prestigiou a norma legal que exige o trânsito em julgado, o que aliás era a nossa expectativa manifestada em diversas entrevistas e oportunidades.

Mas de qualquer modo, a iniciativa do Poder Judicário, do Ministério Público, da OAB, da CNBB, demais instituições e entidades brasileiras, contra os denominados FICHAS-SUJAS, acabou produzindo um retumbante efeito moralizante positivo, o que nos traz a esperança de já neste pleito e ainda mais nos próximos, os eleitores saberão identificar os que merecem exercer cargos tão representativos da sociedade.

Dra. Isabela Padilha, promotora eleitoral

O que podemos observar é que a legislação eleitoral não proíbe que um determinado veículo de comunicação apóie um candidato. Este fato o Dr. Caio Romo, juiz eleitoral, vem insistentemente colocando em suas reuniões. O que não pode haver é um veículo de comunicação, pelo fato de apoiar um determinado candidato, falar mal dos outros concorrentes no pleito – a chamada “propaganda negativa”, que é irregular e passível de punição. Guardadas as devidas proporções, o papel da imprensa na campanha eleitoral tem sido muito importante uma vez que cabe a ela o papel de informar os eleitores dos fatos – graves ou não – que estejam acontecendo no processo eleitoral.

Acredito que em nenhuma eleição anterior o eleitor esteve tão bem informado sobre o que está acontecendo e isso se deve aos meios de comunicação, que tem cumprido o papel garantido pela constituição, que assegura ao cidadão o direito a informação.

É claro que, por vezes, observamos determinados excessos que são coibidos nos termos legais, mas esse direito citado acima, de ser informado, deve ser priorizado sobre qualquer outro aspecto. Quanto a eventuais desvios éticos na conduta da imprensa, é uma questão que prefiro não abordar porque cada profissão tem seu código de ética e acredito que os jornalistas também se guiem nestes princípios para fazer um trabalho sério. Existe realmente uma diferenciação entre o que chamamos de “excessos” e os desvios éticos; entre ser tendencioso apoiando um candidato e a questão ética no sentido de veicular uma notícia que não corresponda com a verdade. E quando a imprensa envereda por esse caminho as coisas podem tomar uma proporção bem mais grave, sujeitando o meio de comunicação a uma investigação judicial por abuso, se isso produzir reflexos no processo eleitoral. A conseqüência dessa investigação pode ser uma representação que culmine inclusive com a inelegibilidade do candidato beneficiado.

Portanto, de um modo geral, o balanço que eu faço do comportamento da imprensa apresenta um saldo positivo. Uma vez que seu papel de informar seja cumprido, que o eleitor seja conscientizado e considerando que maior parte do que tem sido veiculado atende esse objetivo, o balanço que faço desta atuação é positivo. Eventuais excessos e desvios éticos existentes são situações que vem acontecendo, em meu ponto de vista, em uma escala menor que o efetivo cumprimento de seu dever de informar.

Para finalizar, acredito que bons e maus profissionais existam em todas as áreas, mas é claro que a imprensa também deve se auto-policiar para evitar que estes excessos e desvios éticos aconteçam.

Infelizmente sabemos que existem profissionais sérios e não sérios e, em razão disso, fatos deste tipo acabam acontecendo.

Dr. Caio Romo, juiz eleitoral

Acredito que o papel da imprensa seja informar, ela não fabrica fatos, ela os noticia. Quando a imprensa assume uma posição tendenciosa, a meu ver ela perde a credibilidade. Acreditou que um jornal, rádio ou TV deixam de ser confiáveis quando, sistematicamente, falam bem de um candidato e mal de outro. Veja bem: não existe ninguém perfeito, todos nós temos qualidades e defeitos mas o que importa no final disso tudo é que o saldo seja positivo. Da mesma forma os candidatos possuem qualidades e defeitos, fizeram coisas boas e coisas não boas. Então não considero razoável da parte da imprensa uma posição maniqueísta, tendenciosa ao só tecer elogios para um candidato e destinar apenas críticas para os outros. Igualmente, nós não podemos escolher para quem daremos entrevista, se alguém a pede, eu darei, a promotora dará, e assim por diante. Existem jornais favoráveis á um candidato, outros favoráveis á outro. Se todos tivessem a seriedade de publicar exatamente o que foi dito, no contexto em que foi dito, talvez não tivéssemos tantos problemas. Eu vejo o comportamento da imprensa de uma forma mista: de um lado, em alguns jornais, uma posição muito preocupada em fazer campanha, associado ao desconhecimento do que é o Direito aplicável que a gente conhece. Muitas vezes estes jornais se permitem extrair conclusões não autorizadas pelo que foi dito. A discussão sobre essa história do caixa dois, por exemplo: a origem disso foi que a legislação eleitoral, em sua resolução 22715, diz que a arrecadação de recursos e a realização de gastos de campanha só podem ocorrer depois de atendidos determinados requisitos, como sejam: o registro do candidato, o registro do comitê, a obtenção do CNPJ, a abertura da conta bancária específica e a confecção dos recibos eleitorais. Enquanto não forem atendidos esses requisitos, em tese, o partido não tem dinheiro; se ele não tem dinheiro, ele não pode gastar. Se ele gasta e não tem dinheiro, é o caso de se perguntar: de onde saiu esse dinheiro? À essa situação chamamos de caixa dois, em um jargão comum. Não se está dizendo, necessariamente, que este dinheiro tenha uma origem ilícita criminalmente falando, uma lavagem de dinheiro, por exemplo. A gente sabe que o candidato tem patrimônio e consequentemente pode arcar com a despesa da realização do ato eleitoral; só que, pela lei, o patrimônio dele também está incluído naquela restrição da arrecadação, ou seja: mesmo o patrimônio dele só pode entrar na conta da campanha depois de atendidos aqueles requisitos – são os tais “bens estimáveis em dinheiro”. Não estamos dizendo que o dinheiro tenha origem ilícita, repito. Mas, em tese, não há dinheiro – então não se pode fazer gastos. Essa foi, na minha interpretação, a origem dessa afirmação da parte da promotora. Só que saiu publicado, obviamente atendendo ao interesse de quem está divulgando, com um sentido outro.

A meu ver, repito, coisas assim ferem a credibilidade do veículo de comunicação.

Ponto de vista

Walter Biancardine

Deixando estabelecido nosso profundo respeito pelas opiniões contrárias, não é de hoje que defendemos uma imprensa engajada à um ideal.

Em nossa opinião, a multiplicidade de jornais, revistas e demais informativos que formam a opinião pública só é justificável pela diversidade de opiniões e enfoques, pois se todos pretenderem a isenção absoluta, bastará ler ou ouvir apenas um noticiário para que se informe do teor do acontecido. Dizemos teor apenas, porque as naturais conseqüências e desdobramentos só poderiam ser lançados no pensamento do leitor/ouvinte a partir de um determinado ponto de vista. E para tanta variação de óticas, haveremos de ter variados jornais, cabendo ao ouvinte/leitor buscar um consenso e formar sua própria opinião a partir deste processo, quase dialético – permitindo-nos o exagero.

Tem sido uma constante nos editoriais da Folha dos Lagos a afirmação do Sr. Moacir Cabral de que seu jornal seria o detentor da isenção absoluta ao noticiar os fatos. Tal pretensão esconderia apenas um desejo de recuperar o antigo monopólio da informação, baseado no raciocínio que mostramos acima: “basta ler nosso jornal e você saberá a verdade, pois somos imparciais e não precisamos de outros jornais”.

Este senhor não é o proprietário da verdade, nunca foi e agora agoniza ao constatar que vozes se ergueram – fortes e irremovíveis – contestando aquilo que nos foi impingido como verdade por tantos anos. Acusa o Lagos Jornal de ser um boletim de campanha de um candidato, pelo simples fato de esposar pontos de vista contrários aos seus interesses, mas as folhas de outros periódicos, gêmeos em suas opiniões com o Sr. Cabral, estes não seriam igualmente boletins, posto que louvam o seu preferido.

Este é o raciocínio tendencioso daquele que nos acusa de parcialidade, tentando criar rótulos, no mais primitivo e tosco sistema de criação de símbolos de fácil consumo pela massa.

Em seu Informe dos Lagos de terça-feira 19 de agosto, o referido senhor atinge o paroxismo em seus vitupérios, reclamando tal qual uma criança de que esta folha teria deixado um jornalista disponível para exclusivamente atacar seu jornal. Descontados os exageros que a psique doente do Sr. Cabral nos oferece em sua paranóia persecutória, cabe ressaltar que no Lagos Jornal existe espaço para que o talento individual brilhe – coisa que é sufocada cuidadosamente em seu periódico – além do que, para responder à este editor, basta-lhe um repórter.

Em outro ponto de sua miséria, o Sr. Moacir nos acusa de mau-caratismo impresso. Poderia revidar dizendo que mau-caratismo seria disfarçar suas ambições inconfessáveis por trás de falsa modéstia e simplicidade. Mau caratismo seria seu comportamento bipolar, ora criticando, ora elogiando o atual governo, conforme o sabor da presença ou não de seus anúncios em suas páginas. E a prova inconteste do mau-caratismo ele mesmo nos dá, ao não resistir e confessar em seus próprios escritos que somos veículos que desestabilizamos o mercado publicitário. Eis aí o ponto: Ao ser obrigado a enfrentar não apenas a concorrência em seu moribundo feudo da verdade, mas também na dura tarefa de angariar patrocinadores, resta como único argumento nos acusar de indignos.

Não iremos discutir a capacidade comercial deste senhor, evidenciada pela própria longevidade de seu jornal. Mas iremos sempre prestar condescendente atenção aos espasmos de importância de um pobre homem, academicamente limitado, incapaz de compreender e aceitar não apenas o talento alheio como – pior – o pesadelo de não ser mais o vaidoso dono da verdade em Cabo Frio.

E este é o principal papel da imprensa, Sr. Cabral: multiplicar-se, conforme são múltiplos os pontos de vista.

O fim do "tapetão"

Este jornal vem defendendo, há tempos, a tese fundamental de que ninguém pode ser considerado culpado de nada antes de processo contraditório, transitado em julgado em sua última instância.

Mais precisamente na cidade de Cabo Frio, foi uma cruzada solitária diante da compreensível e necessária ânsia de moralização dos quadros públicos que nos governam. Entretanto, assumindo o risco da impopularidade que a defesa de uma causa que não resultaria nos efeitos ilusórios vendidos pelos que sobrepunham seus interesses pessoais à correta prática democrática da justiça, mantivemo-nos fiéis e coerentes com o princípio basilar da inocência presumida, um dos fundamentos do estado de direito.

Na sessão desta quarta-feira do TSE o presidente do órgão, Carlos Ayres Britto, defendeu a proibição da candidatura de políticos com ficha suja. “A partir do momento em que não se exigir do candidato o mínimo ético, a eleição corre o sério risco de se tornar uma corrida de revezamento, cujo bastão é um cassetete policial”, disse Britto. Entendemos, entretanto, que uma bonita metáfora não pode sobrepujar um preceito internacional, inclusive consagrado nos artigos da declaração dos direitos do homem, e o mesmo entendimento tiveram os 9 ministros que votaram contra a opinião do presidente da casa. Um deles, o ministro Celso de Melo, foi explícito ao afirmar que “existe um compromisso muito grande do STF com princípios, com a arte de afastar o justiçamento”, cujo efeito, previsto pelo ministro, fez-se sentir antes mesmo da decisão da mais alta corte de Justiça do país, através de um festival de processos, denúncias e pedidos de impugnações. Excessos como os mencionados acima já foram, inclusive, objeto de matéria do Lagos Jornal, entrevistando o presidente da OAB – Sub-seção Cabo Frio, Dr. Eisenhower Dias Mariano, que falou sobre o tema e compartilhou o ponto de vista deste periódico.

É preciso afastar o imediatismo das soluções miraculosas, ainda mais apresentadas em época tão delicada quanto este período pré-eleições. O povo brasileiro, e por conseqüência o cabo-friense também, será perfeitamente capaz de compreender que a limpeza de seus representantes não será feita por proposições quiméricas e sim pela atenção prestada aos atos daqueles que pretendem se candidatar.

O eleitor tem o dever fundamental de informar-se em política, para que só então ele possa reclamar, votar ou abster-se. Pretender que uma lei venha a poupar-nos este dever é uma tutela indevida, paternalista e – quiçá – demagógica, em seu paternalismo embutido.

A histórica decisão do STF irá evitar que – tal qual as piores partidas de futebol – os resultados da peleja venham a ser decididos no tapetão de um tribunal, retirando do cidadão seu direito de escolha e emprestando ao Judiciário o indevido papel legislativo, intentado até há pouco.

Um político não se elege sem votos. Cada povo tem o governo que faz por merecer.

Credo!

Credo, quia absurdum est

(Creio, porque é absurdo)


Ao longo do tempo, os fatos tem demonstrado que a história nem sempre obedece à um encadeamento lógico e conseqüente, conforme gostaria Friederich Meinecke e seu Historicismo.

Um exemplo clássico é o assassinato do presidente (era assim que então se denominava os governadores de um Estado) da Paraíba, João Pessoa: é bem melhor para a História Oficial defender a hipótese de um assassinato político – já que ele era um dos tripés da Aliança Liberal, que tramava a derrubada do governo de Washington Luis e a subseqüente revolução de 30 – do que ter de admitir que as balas que perfuraram seu peito vieram de um homem enfurecido com a Polícia do defunto, por ter entrado em sua casa e levado diversas fotografias dele, em poses e situações eróticas junto à sua amante, a poetisa Anaíde Beiriz.

Um outro exemplo, um pouco mais recente, envolve o jornalista Assis Chateaubriand, sua filha Teresa e o então Presidente Getúlio Vargas: enfurecido por ter sido vítima de uma bela chifrada de sua mulher à época, Cora Acuña, com quem teve a menina chamada Teresa, o jornalista tentou, por todos os meios, vingar-se sem medir esforços, chegando até mesmo a pretender a expulsão da mãe de sua filha do Brasil, já que sua nacionalidade era argentina. Sem conseguir seu intento, Chateaubriand – sabe-se lá como – arrancou de Getúlio Vargas um decreto, que estabelecia a guarda de filhos menores ao pai, em caso de discussão do assunto em juízo. O absurdo ficou conhecido como “lei Teresoca”, e Chateau conseguiu o que queria: a guarda da menina.

Resultaria em um grosso calhamaço a compilação de, pelo menos, dez por cento de todos os atropelos à lógica e ao bom senso que influenciaram o curso natural dos acontecimentos no Brasil. E, em verdade, devo aos leitores a explicação do porquê de um assunto tão sem nexo: ele me veio à mente ao saber, por fontes da Boca Maldita, que determinadas pessoas na cidade estariam tentando cometer atropelo semelhante.

Vimos acima que, se a história não nos convém, mudamos a história. Se a lei não nos favorece, mudamos as leis. E se aqueles que aplicam as leis – promotores, juízes ou até mesmo desembargadores – não nos são subservientes, mudamos os mesmos. E este é, precisamente o teor e motivo destas mal-traçadas.

Anotem o que digo: Cabo Frio vive hoje imerso em trevas filosóficas, onde conceitos como Direito, Democracia, Liberdade ou Interesse Público jazem nas ruas, desabrigados e órfãos justamente daqueles que juraram amparar, fomentar e atuar dentro destes mesmos conceitos.

Ao que parece, o Judiciário é hoje uma pedra no sapato de indivíduos que crêem ser seu poder temporal superior ao poder da lei e justiça. E se o Judiciário agoniza e dobra a espinha aos arreganhos de pequenos ditadores, as portas se escancaram para a implantação do mais feroz e trevoso absolutismo pós-moderno.

Sem Justiça não há democracia, sem democracia não há liberdade e sem liberdade não há vida. Inteligente, pelo menos.

Vamos aguardar e ver em que toda essa grotesca teratologia advocatícia vai resultar, pois em breve ganhará as manchetes dos jornais e o povo saberá de tudo.

Ai de ti, Justiça, ai de ti, imprensa: as sempre primeiras vítimas de todos os arrotos de importância, mesmo dos mais medíocres dos poderosos.

O papel aceita tudo, a ética não

Uma música do saudoso conjunto Creedence Clearwater tem como título “Before accuse me, take a look at yourself”, que trocando em tupiniquim quer dizer “antes de acusar, olhe para si mesmo”, ou “macaco, olha teu rabo” como diriam os antigos.

Um inominável periódico, que faz timbre em acusar este jornal de ser um boletim de campanha, não só transformou-se em verdadeiro Pravda municipal como escorregou irrecuperavelmente na ética, ao distorcer as declarações da Promotora Isabela Padilha referentes à gastos irregulares de campanha.

Sua mutação em Diário Oficial do Município é perceptível já há muito tempo, abstendo-se de críticas consistentes ou de contundência relevante em troca de polpudos anúncios da Prefeitura em suas páginas. De nada adianta a postura pseudo-imparcial do folhetim, cujo dirigente crê piamente estar enganando a todos ao esboçar críticas comezinhas ao chefe do Executivo, sem maiores efeitos. Quando, obrigado pela verdade dos fatos, deve publicar matérias contra seu preferido, ajeita-a sempre ao lado de qualquer coisa que o enalteça ou, ao menos, dê uma caçambada de leve em seu desafeto na campanha pela Prefeitura.

É sabido que existem mil maneiras de se contar um fato; neste total podem ser incluídos modos que favoreçam ou não o noticiado, mas com certeza a invenção não faz parte desta lista – e é justamente aí que o outrora “professor de ética jornalística” derrapou feio, para trombar de frente com a verdade.

Atribuir declarações, cujo sentido tenha sido distorcido, à qualquer pessoa é fato passível de punição legal e pior fica ao se fazer isso com uma promotora de Justiça, cargo que ostenta um título que explica muito bem suas funções.

A campanha do candidato Alair Corrêa não está sob suspeita. Aliás, segundo a promotora, nenhuma campanha está. Ela fez uma referência de maneira geral, com relação aos gastos de campanha. E isso foi apenas o início do imbróglio jornalístico; muito mais distorções e favorecimentos poderiam ser apontados, mas cabe à Dra. Isabela apresentar ou não sua queixa.

O que é preciso que se mostre de forma clara é o rancor que o dirigente desta folha rumina em não deter mais o monopólio da informação em Cabo Frio. A comparação revelou a primariedade de seus recursos; a concorrência levou-lhe os cabelos e levantou de maneira inconteste a pergunta de como foi possível à alguém, com tão escasso arsenal intelectual e ético, criar um jornal que um dia teve destaque na vida cabo-friense.

A resposta vem fácil, pois eram os tempos da falta de opção e só por isso tal planta daninha conseguiu medrar.

Vivemos agora em plena campanha eleitoral, e o estoque de golpes disponíveis nas prateleiras deste folhetim virão cada vez mais rasteiros. É uma verdade que se conhece o adversário pelas armas que emprega na luta, e a falsa ética e pseudo imparcialidade só foram ostentadas enquanto o medo não lhe corroia os nervos.

Agora é a hora da verdade, na qual serão mostradas as verdadeiras índoles de cada um.

E o Diário Oficial com certeza já está deixando cair sua máscara.

Quando a força se torna uma fraqueza

Uma das situações mais constrangedoras que podem acontecer é quando duas pessoas chegam, ao mesmo tempo, contando versões diferentes da mesma novidade.

Não foi outra a sensação do eleitor cabo-friense ao se deparar com a divulgação, no mesmo dia, de duas pesquisas eleitorais apontando favoritos diferentes na preferência popular. E aí cabe a inevitável pergunta: quem está dizendo a verdade?

Buscar a verdade não é o objetivo deste modesto espaço; ela será revelada, inconteste, nos primeiros dias de outubro. O que impele um verdadeiro jornalista à ação – tendo a verdade como ponto já estabelecido – é a lógica pela qual o fato foi produzido, e são exatamente estes meandros que serão analisados agora, da forma mais simples, direta e objetiva possível.

Temos de um lado, em um quadro hipotético, um candidato que conta com ampla aceitação na preferência do povo, lançando-se à corrida pela cadeira de prefeito munido apenas de sua capacidade de arregimentar votos, de sua plataforma de governo, sua experiência, seu carisma e a competência de sua propaganda em conquistar os corações, além de, inevitavelmente, sua escassa reserva de recursos para custear tudo isso, muito embora um dos itens acima – o carisma – não possa ser comprado, para desespero de alguns. Ele, assim como os demais concorrentes no pleito, precisam de visibilidade, contando apenas com seus próprios meios e talentos, dependendo da propaganda para que suas idéias alcancem o povo. O candidato hipotético encontra nas pesquisas uma valiosa ferramenta de aferição de suas possibilidades, já que são necessariamente limitadas à um reduzido raio de ação em decorrência dele não contar com ações públicas, que produzam reações populares, e pela temerária ousadia da aventura ser custeada pelo seu bolso e dos seus simpatizantes.

No outro lado surge o concorrente que, eventualmente, contará com todo o apoio da máquina administrativa de um município. Não é segredo que é possível exercer pressões e coações de formas tão sutis que sequer podem ser motivos de uma queixa concreta. Também não é segredo a enorme força que toda essa estrutura possui, uma máquina prenhe de recursos, virtualmente inesgotável – a depender da índole de quem a conduz – até a exaustão de seus cofres, além da mais valiosa fonte de informação: o poder de interagir com o povo, através de suas ações públicas. Esta é a principal razão que diminui enormemente a importância das pesquisas de intenção de voto para o gestor público. Se em seu quadriênio de poder esse administrador não consegue, através de suas ações, quantificar seu grau de aprovação pelo povo ele exibirá o sintoma evidente de uma enorme insensibilidade para com o cidadão, de uma quase confissão de culpa relativa à ineficácia de seus feitos e sua cegueira política.

Com certeza o que assusta esse gestor no quadro hipotético acima, motivando seu apego às pesquisas, será a capacidade de mobilização demonstrada por eventual adversário que, sem contar com a décima parte de seu poder, ofusca todas as tentativas de mostrar-se simpático ao apagar das luzes de um quadriênio possivelmente estéril.

Deste modo, um governante que recorre à pesquisas discutíveis para demonstrar ao povo e a si mesmo sua aprovação, é um governante que expõe sem nenhuma vergonha sua fraqueza popular, um aleijão político que caminha – trôpego – sobre as muletas do endôsso teoricamente estatístico.

Toda a sua fé se resume na crença em números quiméricos, produzidos por critérios nebulosos e que poderiam ter o poder de mudar as escolhas de todo um povo.

E povo não vota em números. Povo vota é em gente de verdade.

Nem passional, nem pessoal: é a Justiça

Todo o corpo jurídico de uma nação reflete, depurado, seus usos e costumes. Vem daí uma boa parte do elenco de leis e regras que regem o comportamento da sociedade, ao lado de uma coerência com aquilo que o pensamento filosófico possui de mais puro, na verdade última da correlação homem-sociedade.

Existem postulados que não podem ser quebrados, sob pena de se transformar a Lei em um Tribunal de Exceção, governado ao sabor das paixões e conveniências políticas – e sabe-se muito bem que “política et Iusticia non nachero sorelle”, como bem disse antiqüíssimo mas perspicaz jurista italiano.

Um desses preceitos sagrados reza que todo cidadão é inocente, até que seja provado o contrário.

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu com base neste pensamento, base filosófica que prevalece sobre a moralidade nos serviços públicos – uma questão temporal e em grande parte creditada á própria apatia de alguns cidadãos.

Aquele que responde á um processo não pode ter sua moralidade posta em dúvida, sob pena de transformar o mesmo em castigo precoce. Por outro lado, enquanto o amplo direito de defesa existir, a irritação dos que utilizam a moralidade pública como arma emerge na evidência do oportunismo interesseiro ou linchamento alheio. Como alegar que o cidadão que responde á um processo não tem moral?

É um julgamento á priori, sem base jurídica e que só cabe no âmbito das preferências e critérios pessoais – que não podem se transformar em lei sem que se caia exatamente no caso, já citado, dos Tribunais de Exceção.

Pretender que uma circunstância prevaleça sobre o perene é excrescência jurídica semelhante ao conceito de crime político, cuja existência é inconcebível justamente por faltar-lhe a perenidade – mude-se o regime e será mudado, consequentemente, o que é crime.

Sobre a decisão do TSE não há mais nada o que se dizer, além de acatá-la.

Alegar que a Justiça Eleitoral, depois dessa decisão, teria perdido a autoridade moral perante a sociedade brasileira e contribuído para o descrédito das instituições é apenas ofensa grosseira, manejada com o mesmo jeito tosco do primata, brandindo seu tacape nas cavernas. É o grito de agonia das pretensões oportunistas.

Perfeita em sua coerência doutrinária, veio em boa hora para calar as vozes destoantes, filhas de uma política mesquinha, que insiste em usar a lei – apoiada na muleta de uma pseudo-moralidade pública – apenas em benefícios particulares.

Denuncismo

Em épocas pré-eleitorais como as que vivemos é preciso um grande cuidado por parte dos cidadãos, detentores do verdadeiro poder de transformação social, com as denúncias que pipocam por todos os lados.

Evidentemente a vida, com todas as suas belezas e mazelas, não pára apenas por força de um calendário eleitoral: quem é bom e justo seguirá em sua bondade e justiça e os maus, estes continuarão praticando o que de ruim lhes compete. Crimes podem e devem ser denunciados, não importa quando ocorram, e isso é ponto pacífico.

O que torna o jogo complicado é o oportunismo político, seja ao se aproveitar de denúncia contra adversários, tentar – ainda que por uma forçada hipérbole – ligar fatos provocados por terceiros á um desafeto ou, pior, pura e simplesmente forjar um delito e imputa-lo á alguém.

Tem se tornado uma constante a aparição de manchetes na mídia, reportando eventuais delitos cometidos por pessoas, as quais esta mesma mídia – norteada por interesses excusos – tentará por todos os meios estabelecer um elo de ligação e culpabilidade contra aquele que elegeram como alvo. Imaginam estes senhores que a culpa, tal como o sarampo, contagia pela proximidade. E a proximidade, maior ou menor, é a única coisa que podem erguer como acusação.

Cabe ao cidadão, com seu livre-arbítrio e poder de decisão, averiguar o grau de culpa ou inocência de cada um, se envolvidos no maremoto denuncista.

Existirá culpa em alguém por ser próximo ao autor de um delito?

E quanto de culpa existirá, então, em quem foi – por seus próprios pés – rumo ao erro?

Todos somos detentores do sagrado direito de escolha; de optar pela pessoa que julgamos apta para comandar uma cidade ou de escolher, inclusive, qual caminho tomar: se o do bem ou o do mal.

E aí reside a verdadeira sabedoria, o sempre útil senso crítico, ao folhear as páginas de um jornal ou assistir uma TV: é a capacidade de separar quem apenas se viu próximo ao furacão, de quem por sua própria vontade cometeu um ato que sabia ser ilícito.

Até o mês de outubro, com certeza muitas outras denúncias porão á prova este discernimento do eleitor. Ele deverá prestar igual atenção aqueles que correm por fora desta disputa, parasitas de organismos políticos alheios.

Vivem de colher as migalhas que caem da grande mesa, onde os destinos de uma cidade são decididos.

Da Redação

Com a preguiça lá nas alturas e a inspiração lá nas baixezas, resolvi publicar o que de melhor (vá lá) publiquei enquanto fui responsável por esta seção no Lagos Jornal.
Coragem, gente. Leiam!

Morcegão Cabramal

Odacir Gagau, o “alter-outro-ego” de M. Cabruncal está pasmo com os poderes de recuperação de seu arqui-alter-ego-rival: Depois de semanas dedicadas à desintoxicação etílica do fígado, o garoto de São Traíres voltou com força total. Com os apetites assanhados por ter sido forçado a esconder os enormes anúncios de uma empresa do município de suas páginas – pra não dar na pinta e sofrer com as gracinhas de um blogueiro que ele deixou dormir no quarto de empregada e agora tá dando pitaco em tudo e até se atrevendo a criticar sua babação explícita do governo – ele, em um processo de regressão psicológica evidente, voltou suas baterias contra um de seus antigos alvos prediletos: cuidar da circulação deste periódico.

O cuidão

“Cuidão” era um termo usado pelos cabo-frienses mais antigos, quando queriam se referir à alguém que cuidava excessivamente da vida alheia e esquecia da própria.

Cuidão da circulação de jornais outros que não o seu, M. Tamal já atravessou várias fases de sua paranóia-obsessiva-compulsiva: primeiro, cismou que o seu diário estava sendo interceptado à caminho das bancas; depois, bolou um – segundo ele mesmo – “genial” golpe para parecer que suas vendas em banca estavam na estratosfera: deixava só meia dúzia de exemplares em cada, para que todos pensassem que o rápido esgotamento era devido à procura; não satisfeito, contaminou seu protegée – um rubicundo blogueiro que dormia em seu quarto de empregada – com sua neurose. Resultou que o encanecido senhor comprou sua maluquice e deu pra implicar que distribuíamos jornais de graça – jornais do dia anterior, coisa que sua avareza jamais permitiria pois bem que poderiam ser vendidos como papel usado e arrecadar uns trocados; e agora essa, sua mais nova ingrizia mental: segundo ele, nós distribuímos o jornal nas bancas e, após distribuirmos dinheiro por aí, mandamos gente ir lá comprar pra parecer que acabou tudo.

O homem é um gênio.

O pit-boy das letras

Bota-fora festivo de uma jornalista da cidade. Entre os convivas, uma representante desta folha e nosso M. Caval, já lá pelo 16º whisky.

Em meio à animada conversa a representante desta folha, enternecida pelo clima de confraternização geral, sugeriu: “porque a gente não pode conviver numa boa? Vamos parar com essas picuinhas!”

Resposta do pit-boy da cosmopolita São Traíres: “Nah! Eu gosto é de ver o circo pegar fogo!”

Horas depois, espetado na glicose, ainda repetia a bravata.

E o redator destas mal-traçadas só soube dessa por ouvir dizer. Não compareceu ao festim, avarento de seu próprio whisky que é.

Da Redação



O Dia Mundial do Orgasmo

Dia Mundial da “Demi Bombê I”

Motéis superlotados, casais enlouquecidos rolando nús pelas areias da praia, verdadeiros bacanais de humanos no cio – nada disso foi percebido no “Dia Mundial do Orgasmo”. Tão desanimada foi a semana em que se comemorou o subido (no bom sentido, é claro) evento, que a maledicência da Boca Maldita começou a rotulá-lo de “Dia Mundial da Meia-bomba”, tal o grau de flacidez indecente entre os convivas que ousaram se reunir (também no bom sentido, é claro) em convescotes, promovidos nas mais afamadas casas de swing da região.

Dia Mundial da “Demi Bombê II”

A data festiva foi de uma crueldade cortante com parte da imprensa cabo-friense: dois jornalistas – ainda que amamentados por generosas tetas (êpa!) – e um escrevinhador internético ocuparam uma mesa de um afamado point etílico – político – jornalístico da cidade para debater se a comemoração não teria sido criada como uma forma de escárnio sub-reptício contra as suas pessoas.

Um, ostentando já seus cabelos brancos, sabia apenas tossir por todas as bocas e grunhir imprecações ininteligíveis. Outro, quase tão encanecido como o primeiro, mas substancialmente mais pesado, apenas quedava-se parado, olhar perdido e evocativo de tempos – e desempenhos – que não voltam mais.

O terceiro, mais esperto, procurou a ajuda de Odacir Gagau em festa promovida pelo mesmo, no “Cordão do Bola Azul”.

Odacir Gagau e suas miraculosas bolinhas azuis

Foi o único lugar que realmente bombou, no Dia Mundial do Relaxa e Goza: o empresário boteco-etílico-jornalistico Odacir Gagau, alma nobre, esqueceu suas diferenças com seu arqui-rival na imprensa local, Morcegão Cabramal, para permitir-lhe momentos de inebriante enlevo. Contratou dúzias de mocinhas da Vila Mimosa e comprou substancial quantidade do miraculoso elixir “Ereções 2008”, as afamadas bolinhas azuis. E deu no que deu.

Falta soro na farmácia

É a reclamação de Morcegão Cabramal, ainda sendo alimentado via intra-venosa, deitado em sua cama.

O outrora monopolizante ex-dono da opinião pública só consegue balbuciar poucas palavras, que os mais chegados (no bom sentido, é claro) traduzem para “ai, como era grande...”

Saudades de Aracy de Almeida...

Da Redação


Lei Seca no trânsito


A tal lei seca no trânsito, ao que parece, tem produzido ótimos resultados. Ao menos para as estatísticas de ocorrências policiais, atendimentos nas emergências e narizes das esposas, que não são mais obrigados a aturar o bafo de cachaça dos maridos todas as sextas-feiras. Só quem reclama são os donos de oficina e empresários do ramo boteco-etílico-pé-de-cana, que estão vendo seus lucros irem pro buraco.

Lei seca nas redações

Existisse algum dispositivo nas leis que regulamentam as atividades da imprensa prevendo a fiscalização bafométrica nas redações, e teria jornal de portas fechadas hoje.

Nós aqui do Da Redação, não sabemos o porquê de tal implicância. Dirigir um jornal sob os efeitos do álcool não oferece perigo para os transeuntes, ao contrario de determinados acometimentos desequilibrantes do indivíduo, que o faz precipitar-se em cima dos outros, desnorteado e sem saber pra onde aponta o nariz. Isso é um perigo, em festinhas e inaugurações.

Lei seca neste artigo

Em plena temporada de eleições e não se pode falar de política! Se fala bem, multa. Se fala mal, cassa, fecha, prende e arrebenta. É mole isso? Ficamos muito sentidos com isso, e é por isso que o pessoal se reuniu pra tomar uns tragos aqui. Chama o Morcegão, chama o Odacir Gagau, gente! Não, porque nos somos muito gente, ta sabendo? Alguém aí pode tocar “Ronda”? “De noooite/ Eu rondo a cidade.../ A te procurar...”

Poxa, cara, estamos mal. Mal mesmo... Eleições aí e nem podemos falar. Pó cara, não é justo.

Fecha a conta, moço.

Ai, minha cabeça.

Da Redação


Aumenta, que isso aí é Rock’n Roll!

Neste domingo 13 foi o dia do bom e véio Roquenrôu.

Se você curte Creedence Clearwater, o ronco e o ride de uma Harley-Davidson, Steppenwolf no último volume, entorna um whisky Jack Daniel’s ouvindo os guinchos lancinantes e certeiros de uma Janis Joplin, põe fé numa tatuagem muito louca, acende incensos para os Mammas & Pappas, usa um jeans podre e cabelos quilométricos, achou uma curtição Keith Richard ter cheirado as cinzas do pai ou, tal qual o fundamental Sergei, transou com uma samambaia e não tá nem aí, seu dia foi festejado neste domingão do rockão.

Desde uma tarde iluminada em Mêmphis, Tennessee, em que um ex-motorista de caminhão entrou possuído nos estúdios da Sun Records e mandou um “That’s all right, mama” que o mundo nunca mais foi o mesmo.

Parabéns para os três acordes: mais que um ritmo, é uma atitude, um estado de espírito. Existem garotões roqueiros de 65 anos, que não se conformam, contestam e querem mais. E existem velhos de 25, que ainda nem nasceram em seus hábitos mauriçolas.

Grande Sergei, santo padroeiro do Rock nacional.

Acendam uma vela, que ele gosta.

PS: breve teremos outro encontro de motos em Cabo Frio. Mesmo que você não seja muito chegado numa custom nem curta ficar cheio de mosquitos embaixo do sovaco após pilotar uma chopper, vale a pena conferir.

A trilha sonora dessas baladas costuma ser de primeira.

Rock’n Roll!!


Da Redação


A fúria de Odacir Gagau

O conhecido e municipalmente famoso empresário boteco-etílico-jornalístico Odacir Gagau está fulo dentro das calças. Segundo fontes relativamente sóbrias próximas ao denodado escroque das letras, o motivo da furibundice seria o sentimento de ter sido lesado, espoliado naquilo que ele possuía de mais característico e que o timbrava tal qual uma assinatura: a distorção desavergonhada de fatos noticiados e a crítica impiedosa levada à efeito pelo seu rival bicho-grilo, Duende Cabrunqueiro, contra outro abastado capitão de imprensa local.

Que Gagau tenha sido passado pra trás nas cipoadas aplicadas ao Morcegão da Mídia foi um baque em seu ego, isso todos os seus amigos da Rehab, onde ele e Amy Winehouse passam as férias de julho, notaram. Mas a gota dágua foi tomar seu café da manhã de Jack Daniel’s com bombom de passas ao rum, lendo amarronzado pasquim dar um verdadeiro nó nas declarações de uma figura pública de sua cidade. Isso, para seu pobre fígado, foi dose. Ou melhor, overdose.

Ele e Amy Winehouse continuam lá, agora piores ainda e no soro, recebendo alimentação intravenosa de Praianinha 99º.

Da Redação

Injustiça

Nós aqui do “Da Redação” também queremos a Policia Federal nesta coluna! Não é possível que só as elites encasteladas no poder tenham o privilégio de receber toda essa atenção. E o que é pior: não só monopolizam os cuidados da PF como, depois que os briosos rapazes vão embora, viram pro lado e dormem! Nem fumam um cigarro e perguntam se foi bom! É um absurdo!

Vejam só: chega aquela turma toda, altos, fortes e atléticos, com aquelas camisas pretas sensuais barrando todo mundo na entrada da prefeitura pra ficarem mais á vontade lá dentro e depois vem alguém, com a cara mais lavada do mundo, dizer que não era nada disso que estávamos pensando e que eles são apenas bons amigos!

Isso é modéstia, bofe?

Mau gosto

Realmente a velhice é um problema de junta, mas não é só o junta tudo e joga fora, não. São as articulações, mesmo. As juntas do joelho, que não se dobram mais para agradecer o fato de ainda estar andando por aí com os pecados prescritos, as juntas da coluna, que não se estica mais para tentar enxergar um passo á frente, e principalmente as juntas do pescoço, que não se curvam em respeito ao talento alheio.

Mau gosto é ter os horizontes curtos.

Diria Ibrahim Sued: os cães ladram e a caravana passa.

De leve...

Blog do Carlinhos

Deu no blog do Carlinhos (carlinhosbuzios.zip.net):

“O canteiro central que está há mais de dois meses sendo construído na Av. José Bento Ribeiro Dantas vem dando o que falar e já provocou inúmeros acidentes. Sem nenhum planejamento, a obra tem sofrido várias alterações. Sempre de acordo com o que pensa um secretário ou outro, ou ainda para atender comerciantes amigos do rei.

Ontem a tarde mais um caos no trânsito foi provocado pela decisão do corso Nani, que resolveu não insistir na ignorância de fazer obra sem projeto e sem responsável técnico.

A população agradece, embora esteja pagando muito caro por mais esta incompetência”.

É isso aí.

Wunderbar

Segundo divulga a Prefeitura de São Pedro da Aldeia, desde março de 2008 frases como Guten Morgen e Auf Wiedersehen se tornaram comuns aos alunos do CIEP 146 - Professor Cordelino Teixeira Paulo. Por iniciativa da secretaria de Educação do Estado, a escola passou a ter este ano a língua alemã como mais uma matéria na carga horária do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

Enquanto isso, o salário dos mestres continua eine groïsse scheiss.

Da Redação

Da Redação

Bloguices

Ler alguns blogs de campanha, que pululam como mastodontes em Cabo Frio, pode ser divertido na mesma medida em que – pior que ser tendencioso, é sê-lo burramente –dedões rombudos, encarquilhados pela artrose, digitaram que o episódio da conversa gravada entre o prefeito da cidade e o militante do PT teria sido apenas um truque, armado com a intenção de queimar as chances de reeleição do Sr. Mendes.

Realmente, a tal falta de irrigação sangüínea na terceira circunvolução parietal esquerda é grave mesmo. A esclerose – ou a conveniência – impediu o volumoso senhor de lembrar que foi noticiado que o próprio chefe do Executivo teria começado esse papo.

O tempo passa e tem gente que nem nota.

Bloguices II

O mesmo provecto senhor, neste mesmo blog, afirma que conhecido deputado fala isso ou faz aquilo, tudo através de “seu” jornal.

Pior do que imputar á alguém a propriedade de algo que não lhe pertence, é a maneira clara com que denigre colegas (pois supõe-se que o referido senhor seja jornalista), tachando-os de “assessoria de imprensa” ou mesmo anulando-os, já que tudo que aparece no jornal é creditado á outrem – e os pobres colegas de profissão, que ralam o dia todo, pelo jeito se transformaram em digitadores.

É com esse mesmo desprezo ao trabalho alheio – e a inveja, por ser bem feito e atingir o alvo – que tal senhor pretende colher simpatias para a candidatura de seu protegido, na esperança de ganhar um carguinho e dormir por 4 anos, pança farta e pêlo liso.

Bloguices III

E pra terminar, que já vai longo o assunto sobre este senhor – vela demais para tão pífio defunto – ele graceja que um aparelhinho de MP4 custou R$45 mil.

Gravadorzinho caro? Pior que a insinuação duvidosa seria a certeza de uma pagininha na internet que, tivesse seu protegido alguma chance, poderia custar 4 anos do dinheiro do contribuinte, pagando o estacionamento de um apaniguado em uma Secretaria qualquer.

Fora do páreo

A turma dos azarões anda muito nervosa. Calma gente.


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Eu fumo sim, e tô vivendo – ainda

Meu primeiro contato com o cigarro foi nos meus longínquos 14 anos, após chegar a conclusão que astros como John Wayne, Steve McQueen, Paul Newman ou Robert Redford tinham as mulheres aos seus pés após algumas baforadas sexies.

O tempo passou, mas o cigarro ficou. De coisa sensual, artigo de galã, o cigarro tornou-se a estrela amarela bordada na manga dos viciados, segregados em guetos sociais promovidos pelo nazismo anti-tabagista.

Tal ponto chegou o paroxismo da discriminação e preconceito contra os fumantes que hoje, se você acender um cigarro na calçada, em pleno ar livre, verá dezenas de narizes entortarem em sinal de reprovação pelo seu ato hediondo, poluindo o oxigênio idílico, paradisíaco e puro que essas pessoas respiram enquanto esperam um dos milhares de ônibus que circulam na cidade, tossindo grossos rolos de fumaça preta que – pasme! – ninguém reclama.

Me sentindo um dinossauro anacrônico, um verdadeiro Mercedão diesel enfumaçando o habitat de meus semelhantes, decidi um dia parar com o vício. Tentei de tudo: rezas, simpatias, adesivos de nicotina – que me deram uma vontade desgraçada de acender um cigarro, acendi e quase morri de dor de cabeça – e tudo o que se oferecia como solução para a chupeta do adulto.

Tantas foram as promessas milagrosas, as mezinhas receitadas por reputados macumbeiros, acupunturistas que vazam o pobre feito um boneco de vodú e produtos diversos vendidos nos canais de "compre-compre" da TV que resolvi listar abaixo algumas das mais amenas que tentei. Pode ser que porventura a alma que agora me lê resolva experimentar e - quem sabe - funcione.

Simpatia do Cabôco Chupa-Vela:

Vá a uma loja de artigos de Umbanda, Quimbanda ou Qualquer banda - desde que tenha uma preta véia lá dentro - e compre uma vela daquelas fininhas, uma outra daquele tipo que se usa em casa quando falta luz, mais uma de calibre mediano e por último uma vela de 7 dias.

No primeiro dia, acenda a velinha e fume.

Sim, é isso mesmo, você não leu errado: acenda a velinha, e não a preta velhinha senão a encrenca vai ser braba. Fume com gosto, com vontade, até a cera começar a escorrer pelos cantos da boca e o pavio aceso tostar a ponta de seu nariz. Repita a operação nos dias subseqüentes, sempre aumentando o calibre da vela.

Se tudo der certo, em 4 dias você terá parado de fumar graças ao selo de cera que vai vedar sua boca e impedir você de fumar, beber ou comer porcarias. É uma simpatia fantástica, pois você para de fumar sem engordar.

Por alguma razão, é uma das preferidas na comunidade gay, mas isso não vem ao caso agora.

Simpatia da piteira de antena:

Ache na rua um carro cuja antena esteja levantada, quebre-a e leve pra casa o produto de seu vandalismo.

Na parte mais grossa da antena, ou seja, no primeiro elemento, corte-o com uma serra de metais em um canudinho aproximadamente do tamanho do cigarro que você fuma e enfie alí dentro o seu Derby - ou, para os mais abastados, seu Roliúde. Acenda e, com a quentura transmitida pela brasa do cigarro em contato com o metal, fume até fritar a beiça.

Simpatia da Assistência do Estado:

Vá até uma boca-de-fumo e compre uma morra de uns 750 gramas da marofa.

Enrole seu baseado, vá na madruga até a esquina da rua Barreiros com Estrada do Engenho da Pedra, em Olaria, e acenda a beata quando o camburão estiver passando.

Com sorte os PMs vão providenciar o tratamento oferecido pelo Estado aos dependentes de droga, que consiste na aplicação de uma série de murros na boca, até você falar fôfo.

Após a terapia inicial, o Estado também oferece uma temporada de desintoxicação na Rehab da 22ª DP de Bonsucesso, junto com 3 crioulos que vão fazer você ficar ocupado demais para pensar em fumar o que quer que seja, além do que eles te derem.

Pois é caros leitores, tanta simpatia e nada adiantou. A verdade é que eu gosto de fumar e, a bem da verdade, em poucos momentos o prazer é verdadeiro: ao acordar, após as refeições, após um café feitinho na hora, após aquilo que os casais fazem...como era mesmo o nome?, e após ou durante uma bela, gelada e sorridente cerveja. Todos os outros cigarros torrados durante o dia são vício puro, e são exatamente destes que eu gostaria de me livrar, mas não adianta: tal qual o alcoólatra, o tabacólatra não pode sequer ter o primeiro gole – digo, o primeiro pito. Se der, degringola e não é próprio do viciado saber moderar suas doses: ou pára de vez ou nem tenta segurar a onda. Acreditar que vai apenas reduzir é rematada besteira e nunca funciona.

Assim, hoje prossigo em minha jornada solitária, enfumaçado e anacrônico, rodeado apenas por nuvens de nicotina e olhares de repúdio.

Mas não faz mal. Estou mesmo chegando em uma idade em que os prazeres da vida vão se tornando cada vez mais contemplativos.

E o cigarro é o ícone da inércia introspectiva.

Credo.

Em tempo: a nova baboseira agora é o Detran querer proibir o motorista de fumar enquanto dirige. Vamos e venhamos: porque então não fazer uma lei em que obrigue os fabricantes de veículos a separarem o condutor em uma redoma anti-dispersiva, isolarem o pobre de tudo o que não diga respeito á atenção obsessiva ao trânsito, pretendida por eles?

Segundo o Detran, não passamos de indivíduos oligofrênicos, incapazes de fazermos nada mais enquanto dirigimos. Nos obrigam a dirigir com as duas mãos, não podemos usar celular, agora será proibido fumar e em breve tenho certeza de que será proibido conversar com o carona, ouvir rádio e até mesmo xingar aquele chifrudo que acabou de te fechar porque estava prestando atenção nos gestos do guardinha de trânsito.

Caros iluminados do Detran: o caso é que tem gente que devia ser mesmo proibida de chegar perto de um automóvel, sob pena de morte. O Detran deveria fazer uma prova de habilidade específica para motoristas; só quem tem o dom de dirigir, poderá conduzir um carro ou o que valha. Mas com essa demagogia de querer nos fazer acreditar que qualquer parvo pode conduzir um carro a 100 km/h nas rodovias e – graças à este ato temerário, que entrega uma arma nas mãos de um macaco – proibir o pobre coitado até de sorrir ao volante, é pura palhaçada e um belo jeito de engordar os cofres.

A pergunta que não quer calar: se prestar atenção no trânsito é uma preocupação tão grande do Detran, porque a fiscalização do órgão não passa a fuzilar os imbecis que passam à 40Km/h em um pardal que indica máxima de 50? Ou o Detran também não confia nos velocímetros?

Quem sabe, dirige. Quem não sabe, pega táxi. Essa que é a verdade.

Walter Biancardine é jornalista mas dirige carro, caminhão, ônibus, moto, barco e até avião, se seu brevet não tivesse expirado.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Felicidade não tem graça

É um fato sobejamente conhecido que só a miséria alheia é engraçada.

Por acaso algum de vocês já morreu de rir com seu vizinho te contando que foi promovido no trabalho, vai ser transferido pra Nova York e ganhar um puta salário em dólar?

Qual a graça em contar que você foi numa festa na mansão de seu amigo, e lá encontrou a Juliana Paes, bateu papo com Caetano Veloso e ainda aceitou o oferecimento do Roberto Justus para que você, além de não precisar ouvir a música que ele canta, dirigisse sua Ferrari, só pra experimentar?

Quem encontrará algum motivo para dar gargalhadas sabendo da aventura de seu colega de trabalho, que foi escalar a Pedra da Gávea e no meio do caminho, ao invés de uma pedra, encontrou o amor de sua vida?

Francamente, somos uma raça de invejosos, onde só a desgraça do próximo nos alivia a bílis.

Muito melhor é se mijar de rir com seu vizinho contando que, após ser demitido por justa causa – pego roubando clipes do almoxarifado – não pagou o aluguel, foi despejado e hoje vive em Gramacho, no barraco de zinco que a sogra emprestou, cozinhando miojo com salsicha – sua dieta já há seis meses.

É hilário ouvir o relato do porteiro de seu prédio, pobre de marre-marré, contando que foi num frege-mosca promovido por um amigo e lá saiu na bolacha com o Edimilson, cabo da PM, porque ele não parava de dar em cima de sua nega Jurema. Mais engraçado ainda ficou quando ele contou de seus colegas serventes de pedreiro cantando “Liga pra mim” no karaokê que tocava “Os 392 melhores pagodes de 2008” e depois ainda curtiu a bicicreta que o Cráudio emprestou pra comprar suveja no seu Zé da birosca.

E melhor ainda é, segurando o riso, ouvir seu amigo encher a cara de cachaça no pior boteco da Praça Tiradentes e declarar-se corno perante todos os fregueses, ao desabafar sobre os verdadeiros motivos de sua separação da Creuza, após seu reencontro com aquele primo que ela não via há muitos anos.

Pois é, caros leitores. Meus 12 fiéis que me acompanham sabem que a felicidade é inimiga de minha criação e por isso me abstive, por tanto tempo, de meus acometimentos literários.

Tudo começou ao ir trabalhar no Lagos Jornal, empresa sólida, de renome, e onde pude aparecer – para suprema irritação de alguns seres – muito mais do que devia, na opinião dessas pessoas. Depois, encontrar o amor de minha vida fez com que meu ibope despencasse à quase traço, tornando anacrônica minha alcunha de “Atormentado”, afinal encher a cara e dar vexame pra quê, se agora está tudo às mil maravilhas com o coração?

E agora, para maldição eterna dos que gostam de bater um tamborzinho em intenção da desgraça alheia, o golpe de misericórdia: o sacrifício do último símbolo de um passado negro, o “Ogromóvel” Chevette 82, em favor da Bandida – uma reluzente Shadow 600 no melhor estilo custom, sem muito à dever às boas e velhas Harley-Davidsons.

De minha cama escuto, nas madrugadas, os gritos lancinantes daqueles que dedicam suas vigílias à amaldiçoarem minha felicidade e a enfiar os dez dedos no orifício retal, no intuito de rasga-lo inapelavelmente. É uma coisa patética.

Decididamente, não posso mais vender minhas misérias, eis que não faria mais sentido e soaria bastante falso. Vai daí, gastei meus dias e noites à procura de uma boa linha a seguir, um novo estilo, uma nova inspiração, sei lá. E a abençoada lembrança de Juca Chaves me veio em mente. Sim! É isso!, iluminei-me com a lembrança: "ajude o Juquinha a botar gasolina em seu Jaguar"

Assim sendo, comunico aos três ou quatro leitores que ainda me restam que doravante escreverei apenas para que vocês me ajudem a pagar a gasolina aditivada de minha Shadow e meu restaurante japonês, em companhia de minha amada, linda e cobiçada Andréa.

Sorry, periferia.

( Para ler com voz de tumba )

“Uma nota:

Comunicamos o sacrifício de Ogromóvel Chevette 82 ocorrido neste mês de julho, em Cabo Frio. Seu proprietário, com profundo alívio, convida parentes e amigos para olharem e babarem com ele passeando em sua Bandida, motocicleta pela qual o finado veículo foi sacrificado.

O passeio ocorrerá quando ele e sua linda e inteligente mulher Andréa bem entenderem, nas ruas mais selecionadas da cidade. Desde já, o feliz casal agradece todas as pragas rogadas e os olhares invejosos, que serão devolvidos em dobro o mais breve possível.”

( repetir ad nausean, enquanto o olho gordo durar )

Walter Biancardine é jornalista, casado com uma mulher linda de parar trânsito, trabalha no que gosta e ainda tira onda de Shadow por aí. Durma com um barulho desse!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

O Inferno é menos rude que o Céu e a servidão

No início do século XVI, homens como Leonardo Da Vinci, Michelângelo e Rafael redescobriam a antiguidade clássica, a arte e filosofia gregas, e ajudavam a virar uma página tenebrosa da história da cultura humana – a era Medieval. Os descobrimentos se sucediam, o mundo era, afinal, redondo e uma Igreja Católica combalida por tantas contestações à seus dogmas contra-atacava com uma furiosa Santa Inquisição, onde definir-se como livre pensador serviria por sí só de argumento para ser incendiado em uma das santas fogueiras da purificação cristã.
Nesse contexto luziu a estrela do padre alemão Martin Luther, advogado, teólogo brilhante e, temeráriamente, um observador crítico que concluiu que as práticas da Igreja não condiziam com as Escrituras.
A Igreja Católica crescera de forma incontestável desde o fim do Império Romano. Imiscuiu-se no poder, fez parte dele até que afinal tornou-se o próprio, o braço armado de Deus em uma Europa fragmentada em feudos.
O maior poder espiritual que a humanidade já vira tinha agora preocupações bem terrenas: precisava de dinheiro para conter invasões turcas, precisava de tropas, de bons generais, e principalmente, precisava da união indispensável nos momentos de ameaça. O Papa Júlio nada mais era que um déspota, guerreiro e mulherengo que esporádicamente, entre as inúmeras amantes e suas brigas com Michelângelo, usava uma batina. O poder era vertical, inconteste. E as despesas também.
Cobrando por orações, vendendo indulgências, amealhando heranças e destruindo quem ousasse discordar dos métodos arrecadatórios desse Estado, o catolicismo tornou-se um espinho para Luther.
“O inferno é menos rude/ que o céu e a servidão”.(Milton)
Obtendo seu Doutorado em Teologia, Martin Luther começou a discordar frontalmente do mercantilismo que assolava sua fé, os vendilhões do templo e suas relíquias, a máquina arrecadatória azeitada pela eterna culpa, fomentada pela dívida impagável do pecado original que, ninguém sabia pois as escrituras eram em latim, já havia sido mais que remido por Jesus Cristo, que jamais jogaria essa dívida em rosto de ninguém.
“Nulla salus extra ecclesiae”. Não há salvação fora da igreja. E Luther tornou a frase em “Não há salvação que não seja Cristo”. O Cristo Jesus era apresentado por ele como um Deus amoroso, um Deus de alegria, sempre perdoando os pecados de seus filhos, acolhendo-os em Sua santa paz. Um Deus de Gregos e Romanos. Uma diferença brutal para o Jeová dos Exércitos irado e vingativo, que visitava os pecados dos pais até a sétima geração dos filhos. E o alívio dessa carga tornou-se a principal marca de sua reforma. A abolição do uso de imagens, o fim das indulgências, a extinção do mercantilismo no movimento religioso que ele dera início eram apenas marcas exteriores. Os fiéis eram atraídos sobretudo pela Igreja gratuita e sem culpas impagáveis. Era o Pai, que chamava seus filhos de volta à Sua casa, agora com Sua Palavra impressa em alemão, ao alcance do homem comum, graças ao gênio de Guttemberg.
“Benedicti fructus ventris tuum”
Mas toda obra humana está sujeita a seus mesmos vícios e paixões, e Luther sofreu a infelicidade de ver sua contestação tornar-se uma guerra medonha que, mesmo nos dias de hoje apresenta suas cicatrizes mal-curadas, como na Irlanda. E pior do que isso, tornou-se o homem que abriu caminho para um comércio santo talvez mais danoso que o combatido por ele, já que se utiliza, nos dias atuais, de todo o conhecimento acumulado e desenvolvido em milênios de extorsão, opressão, domínio psicológico, lavagem do cérebro e dos bolsos.
“Eli,Eli lamah sabactani?”
A perversidade, a ânsia de dominar, o amor desenfreado pelo dinheiro e toda a carga simbólica que ele traz são inerentes ao gênero humano. O protestantismo, como obra humana, não poderia escapar aos vícios do poder. Nietzsche afirma que o homem vive e pensa por meio de símbolos. Somando-se este fato à uma primária psicologia de massas teremos outro instrumento arrecadatório tão ou mais eficaz que o combatido por Luther, já que conta com o auxílio luxuoso da mídia, para inocular em milhões de almas uma escravidão tão mais perigosa quanto mansa e cômoda, já que hoje o crente não mais precisa do desafio de pensar: o pastor pensa e decide por ele. E cobra por isso, suavemente.
Todas as formas de poder que a humanidade já viu seguiram a mesma trajetória. Impérios, instituições, grupos. Nasceram humildes, combatidos, perseguidos até o martírio. Começa então o crescimento, já usando esse sangue como chantagem para atingir degraus cada vez mais altos, cada vez mais rarefeito e distante de seus seguidores, cada vez mais voraz em suas despesas e cobranças. E a distância da massa que o sustenta provoca por um lado o mito, já que não há liderança que seja companheira, e por outro a inevitável opressão - fruto da falta de compaixão, perfeitamente humana, para com os que nos são distantes.
“Perdoai-os, pois não sabem o que fazem”
Em um momento no qual a Igreja Católica ensaia uma tímida mea culpa pelos seus pecados e tenta virar a página da opressão e do comércio da fé, o evangelismo protestante pratica, às escâncaras, tudo o que seu fundador contestou. E como um outro nórdico, austríaco para ser exato, já concluira em meados do século passado: o grau de discernimento das massas é muito baixo. Esta observação, feita por um homem medonho, atinge sua trágica comprovação ao constatarmos que o povo vai, por seus próprios pés, entregar-se à servidão e à espoliação de seu dinheiro e livre-arbítrio nos diversos e suntuosos templos evangélicos, espalhados como shopping-centers, pelo mundo.
Martin Luther foi um teólogo fabuloso, animado pelo mais ardente desejo de servir bem ao seu Deus. Uniu o pensamento à ação e empreendeu corajosamente sua reforma para consertar o que, aos seus olhos, acreditava ser consertável.
Esqueceu-se entretanto o mestre de uma passagem da Bíblia, que se repete à exaustão no livro do Eclesiastes: Vaidade de vaidades, tudo é vaidade e desejo vão. Nada há que seja novo sob o sol. Nem mesmo as idéias de mudanças.
PS: Um homem disse uma vez : "não sejam como os Fariseus hipócritas, que pensam que pelo seu muito falar, serão ouvidos antes de todos, no Céu. Por isso quando orardes, dize apenas Pai Nosso(...) e o Pai, que sabe o que necessitas, te dará o que precisas".
PS 2 : Ainda este homem: "Quando orardes, não façam tocar as trombetas diante de ti. Ora em segredo e o Pai, que te vê em segredo, te atenderá"
O rôto exibicionista fala das imagens do esfarrapado idólatra. E ambos faturam.
Feci quod potui. Faciant meliorem potentis

Walter Biancardine é jornalista e de vez em quando, faz umas coisas muito doidas.

domingo, 16 de março de 2008

O Sol Que Encontra Seus Olhos Verdes

Que a minha noite lhe traga a paz
e a tormenta na cama;
Que minha escuridão seja por tí perdoada;
Que o vento frio de minha vida se aqueça em seu Porto
E que seu porto seja eu mesmo -
enfim seguro.
Descanse em minhas madrugadas;
velarei teu sono em minha insônia apaixonada;
Descanse do passado, porque ele não mais é;
nosso novo dia começa,
e em seu despertar
minha vida, enfim, amanhecerá.

Surrealismo Buziano

Toninho Gump

O não-comparecimento do prefeito de Armação dos Búzios, Toninho Branco, á CPI que investiga irregularidades cometidas em sua gestão – à parte o surrealismo do Procurador-Geral do Município, que tentava explicar que sua ausência não seria, absolutamente, um não-comparecimento – reflete apenas o descaso com que a aparentemente pouca percepção conjuntural do Sr. Branco o permite agir.
Esta mesma conduta já rendeu ao chefe do Executivo buziano um lugar garantido no anedotário local (vide box abaixo), mas em que pese o lado simpático e até inocente que esta situação quase limítrofe sugeriria, sempre existirá todo o ônus das ações de seus auxiliares e dele próprio; encantado pelo poder, indulgente consigo mesmo e incapaz de discernir intenções alheias.
Em um premiado filme hollywoodiano – Forrest Gump – é feita uma metáfora de como o destino, representado por uma pena de pássaro que voa ao sabor do vento, conduz o personagem aos mais improváveis rumos, levando um homem sem maiores predicados á posições de destaque na vida.
Parafraseando a situação – não o personagem – do filme, poderíamos dizer que a pena do destino conduziu o Sr. Branco, Toninho Branco, ao inimaginável cargo de prefeito de Armação dos Búzios. Sentado na cadeira de chefe do Executivo, embebedou-se de poder e tornou-se pouco vigilante com suas próprias ações. Acreditou que, como o homem mais poderoso da cidade, poderia impor seus desejos ao corpo de vereadores. Acreditou que, escolhido pelas urnas, jamais erraria em seus atos. E, pior, acreditou que todos em volta estariam lá sem nenhuns objetivos outros que não o agradar-lhe.
O tempo e o isolamento imposto pela debandada dos homens de bem á sua volta, que não suportaram a surdez e cegueira decorrentes das insuficiências, apenas assanhou a enorme confusão no tardio raciocínio do prefeito, cuja Câmara de Vereadores – esgotados todos os limites da complacência e paciência – instaurou a CPI.
Resta agora que cada um pague pelas suas ações e omissões. E que o exemplo do corpo municipal de Armação dos Búzios consiga alcançar toda a região e retire os seus edis de eventuais posturas subservientes.
Em uma cidade justa, um parafuso de R$250 reais pode levar um prefeito para a cadeia. O que poderá acontecer, em uma outra cidade e por via de uma CPI justificavelmente instaurada, á um chefe do Executivo se ele não conseguir explicar onde gastou mais de US$300 milhões de dólares?

Pérolas de Toninho Branco


O secretariado de Toninho Branco


Assim que se elegeu prefeito, já se amontoavam sobre a mesa de Toninho Branco os pedidos para ser secretários em seu governo, feitos por um grupo que o apoiava. Sem saber como enfrentar a situação, Toninho Branco pensou, pensou e lascou:
- Hoje estou aquí, eleito prefeito desta cidade. Mas se eu não tivesse ganho, eu não teria sido chamado para nenhuma secretaria porque sei que não tenho competência para isso.
E concluiu o absurdo com uma lógica férrea:
- Como é então que vocês, que não ganharam nada, querem ser secretários?

O muro da vergonha

Na falta de coisa melhor para inaugurar, Toninho Branco resolveu promover uma festa para apresentar o novo e caríssimo muro de uma escola, muro esse que consumiu 70% do valor total gasto para edificar o prédio inteiro que ele cercava.
Em seu discurso de inauguração, Branco atribuiu a necessidade da obra aos inúmeros cavalos que pastavam ao redor e explicou, para horror e pasmo dos pais dos alunos:
- É tanto cavalo que não sei mais quem é criança e quem é cavalo!

Enchendo lingüiça

Inauguração de uma diminuta pracinha, nas proximidades da Rua da Lingüiça, Búzios. Novamente, para horror e desalento dos presentes, o prefeito Branco discursa:
- Esta praça foi inaugurada para a família de um amigo meu, e não para essas mulheres que sobem e descem essa rua cacarejando!
Algum áulico mais esclarecido tentou trazê-lo de volta á razão:
- Mas prefeito, assim o senhor está chamando todas as mulheres de galinhas!
Do alto de sua ciência, Toninho Branco fulminou o pobre ignorante:
- E é só galinha que cacareja?

Forrest Gump é assim mesmo, gente. Não mexe com ele não, que ele é doentinho.