domingo, 3 de março de 2024

LUTA SEM FIM: RAZÃO X EMOÇÃO, INTELECTO X FÉ

 

Os adversários do título foram dispostos de maneira deliberada, pois não há como confrontar a razão com a fé, após Santo Tomás de Aquino e sua Suma Teológica: para quem leu – e entendeu – o santo Doutor da Igreja Católica, ambas coexistem interdependentes e pacificamente.

A razão e a emoção -

Um adversário melhor e constantemente utilizado contra a razão são as emoções – e mesmo sabendo o quão batido é este duelo, ouso oferecer uma análise em decorrência de um acontecimento o qual tive a inusitada oportunidade de estar presente, neste sábado, em meu trabalho: o amigo (e patrão) Alair Corrêa cedeu as instalações da pousada a qual gerencio para que pastores e membros da igreja Lagoinha lá realizassem uma cerimônia de batismo coletivo de quase cem fiéis.

Profissionais gabaritados – oriundos desta mesma igreja – exibiram como realmente se deve trabalhar, no preparo do evento. Ágeis, divididos em equipes autônomas mas sob comando central, eficientes e disciplinados, preencheram todas as minhas expectativas sobre como deve ser cumprida uma missão: com planejamento, disciplina, rapidez e eficiência. Em duas horas, tudo estava pronto. As cinco centenas de fiéis que compareceram e de tudo desfrutaram, somados ao apuro organizacional já citado, confesso, impressionaram minha razão.

Não estaria sendo justo, entretanto, se restringisse a boa impressão aos afagos feitos ao racional: observando os fiéis – em especial os casais, jovens ou nem tanto – pude perceber expressões de enlevo mútuo; ambos olhando-se com admiração e amor, carinhos e cuidados normalmente vistos apenas em raríssimos momentos de nossa brutal e cotidiana vida, tão raros que provocam o deboche de hordas invejosas que, igualmente, os percebam. E esta emoção me levou ao velho hábito de pensar, de buscar a razão primeira, a verdade – o feio cacoete filosófico, moribundo, que insiste em viver dentro de mim. E começou o jogo, provocado pela razão.

Ora, nisto tudo certamente haverá algo de muito poderoso, que harmoniza casais, que faz pessoas exibirem, involuntariamente, uma felicidade verdadeira, que equilibra e estabiliza mentes torturadas e sequeladas por traumas, vícios ou por nossa infeliz ausência completa de valores – gnósticos terminais que somos. São quase um bando à parte, tais fiéis: não digo sobre a maneira de falarem entre si, quase um dialeto o qual creio desnecessário, mas como se tratam. Fisionomias que exibem uma paz interior que, confesso, só posso recordar de enxergar quando da lembrança de pessoas muito antigas, tempos idos, modos de vida que hoje seriam tidos como inaceitáveis e retrógrados. Ponto para a emoção.

Então o pastor – cujo nome não lembro – começou a falar. Enquanto o mesmo fazia sua pregação, pude notar os rostos deslumbrados dos que o ouviam e a razão apressou-me a considerar uma espécie de catarse coletiva, somada ao tom motivacional dos melhores “coaches” de auto-ajuda, mas era na verdade uma histeria – e emprego a palavra em seu sentido original, hysteros (útero, em grego), para evitar um errado entendimento sobre o que vi: muito mais uma absorção completa da felicidade emanada, verdadeira ascese, do que mentes baratinadas sob treinamento pavloviano.

Teimoso, insisti na hipótese “auto-ajuda” e sentia-me pronto a dar a vitória à razão neste round, quando uma frase – uma só, única mas com a precisão de um sniper, dita pelo pastor – atingiu-me em cheio: “(…) porque Deus está aqui! Deus não está lá no céu, está aqui, entre nós!

Todos temos pontos fracos e quem me acompanha, conhece os meus: a solidão, o desamparo, a desesperança, causados pela (não tão) recente e brutal guinada em minha vida. E tal frase fez com que todo o enorme arranha-céu de concreto frio e impassível, erigido como um obelisco social às minhas misérias, implodisse. Não lembro se fiz algum gesto, se me portei de forma diferente, mas provavelmente algo de vexaminoso em mim chamou a atenção de meu amigo, Dr. Vitor Travassos – membro desta igreja e que também lá estava – fazendo com que ele se aproximasse e oferecesse sua boa vontade ao moribundo moral que encontrou.

O intelecto e a fé -

Habitué da solidão, aluguei-lhe a pobre orelha durante uns dez minutos, vomitando minhas mágoas, medos, frustrações – certamente o doutor, com seus anos de experiência, sabe muito bem dos riscos que representa à paciência de qualquer um, o oferecimento para ouvir solitários – mas, ainda assim, mostrei um comportamento que eu próprio jamais pude imaginar em mim: muito mais fácil escrever sobre meus tormentos para quem jamais verá meu rosto, que lastimá-los a alguém ao nosso lado.

Mesmo sabendo que sou católico, crismado e devoto de Santa Terezinha de Lisieux, o bom doutor perguntou se eu não desejava ser batizado. E nisto enxerguei um homem de profunda fé, pois foi ao encontro do que igualmente acredito: o verdadeiro crente respeita todos os crentes, mas nenhuma de suas religiões – pois só a sua é a verdade e salvação. Ponto para o intelecto, e para o doutor também.

Confesso que balancei, mas prioritariamente por mágoas pessoais já que minha madrinha – minha tia – igualmente acha-me hoje um psicopata narcisista, por conta de feridas sentimentais de sua filha – minha prima e ex mulher – e o verdadeiro papel de uma mãe é estar ao lado dos filhos, contra tudo e contra todos.

Somado a isso também há o fato que as igrejas evangélicas são muito mais acessíveis aos que sofrem: entre em uma delas e prontamente haverá alguém a perguntar em quê pode ajudar, qual sua dor – além das falas pastorais tocarem em pontos cotidianos que atormentam e desgraçam tantas vidas e famílias, apontando as direções para a cura. Você não se sente mais só, existem mãos e boa vontade para ajudá-lo, ânimo e perseverança são injetados em você – mas em boa hora percebi que tudo isso relaciona-se à nossa vida terrena, não à redenção de minha alma, que busco desesperadamente.

Em uma igreja católica você entra e está só, é você e Deus. Silêncio, meditação, confissão e penitência – tal como a existência de náufrago empurrou-me a viver, nos últimos tempos. O deserto, real, interior ou ambos; objeto de meus estudos a ponto de considerá-lo (uma tese filosófica minha) verdadeiro personagem bíblico, por sua presença necessária e decisiva em toda a Verdade Revelada.

Deus não veio a mim em uma epifania, milagres, portentos ou maravilhas. Jamais ouvi a voz do Pai, mas cada dia escuto mais forte – em seu silêncio grave – o que Ele me diz. E se minha porca fé claudica, há um Santo Tomás de Aquino, um Santo Agostinho, doutores, santos e santas (em especial Santa Terezinha, que levou-me pelas orelhas à Deus) ao longo de dois milênios de sabedoria, liturgia, ponderação, sempre confirmadas pelo tempo.

E este foi o ponto final, vitorioso, da fé.

Talvez falte aos padres o senso prático, a realidade da vida para ser aconselhada, tal como os pastores fazem. Talvez falte à igreja católica as mãos estendidas, oferecidas pelas evangélicas, aos desesperados.

Mas também faltam aos evangélicos o silêncio introspectivo, a meditação e – principalmente – sacramentos católicos, que nos fazem meditar e ter uma grande empatia com terceiros, ainda faltante no universo protestante.

Falta, aos que seguiram após Martinho Lutero, dois mil anos de uma teologia sólida, perene e eterna.

Mas não será a abissal ignorância de alguém como eu que conciliará a salvação evangélica da vida com a grandeza católica da salvação das almas, que são imortais.

Permaneço em minha fé, ela venceu.

Kyrie eleison.



Walter Biancardine



segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

EXISTIRÁ CURA?


Gostaria muito de ter escrito sobre as manifestações de ontem, na Paulista.

Em minha cabeça, teria muito o que comentar sobre os discursos de Silas Malafaia e Jair Bolsonaro, bem como as implicações da absurda prisão do jornalista português, cujo nome me escapa agora. Um vasto campo de análise política e mesmo sociológica, filosófica e comportamental. Isso poderia me render artigos, ensaios, teses, vídeos – lives e etc – e mesmo livros, pois é preciso registrar em papel impresso o que um simples “decreto” do judiciário pode liquidar: a internet no Brasil.

Mas nada fiz, e sequer acompanhei as manifestações – preferi mergulhar em meus aborrecimentos costumeiros de trabalho e alhear-me por completo de tudo o que se passou.

As razões são poderosas e, creio, irretorquíveis: o portador de um distúrbio da personalidade, classificado como psicopata pela medicina e imune à empatia, compaixão ou qualquer espécie de sentimentos que não sejam os relacionados à si mesmo, não possui condições e equilíbrio psicológico para analisar o que seja.

O professor Olavo de Carvalho já alertava que, antes da filosofia, é necessária nossa cura: a mente sã e límpida é essencial para todos os que tenham a pretensão de buscar a verdade e, evidentemente, terem o equilíbrio necessário para distingui-la.

Não possuo conhecimento acadêmico ou mesmo prático para contestar quem me diagnosticou como portador da patologia denominada narcisismo. Tamanha era minha ignorância que, confesso, encarava o termo como um simples adjetivo, pejorativo e referente à alguém extremamente vaidoso e, por vezes, egoísta. Ao buscar inteirar-me do assunto, descobri ser uma doença grave, perigosa à terceiros e verdadeiramente incapacitante para o convívio social, sentimental e – logicamente – uma patologia que anula e invalida toda e qualquer espécie de análise e julgamento, feitas pelo doente.

Não bastasse seu conhecimento acadêmico, quem me diagnosticou – e mesmo recomendou que eu buscasse ajuda de um especialista – foi alguém que privou de um convívio diário de 15 anos comigo, alguém a quem confiei meus segredos, meus medos, minhas esperanças, toda a minha intimidade mais profunda – não, não pode haver engano e a prova foi a maneira como me deixou, obedecendo literalmente um “script” de ações (preventivas, de defesa e auto proteção) que, recentemente, vi em vídeos postados por terapeutas, recomendando-o fortemente como modo de fugir e proteger-se de tal ameaça.

A consciência de minha real situação mostrou-me, claramente, que não tenho – ou jamais tive, o que explicaria minha insignificância no ramo – condições de exercer a profissão de jornalista, analista político ou mesmo escritor. É o fim de uma triste e inglória carreira.

Mantendo esta mesma visão realista sobre a conjuntura de minha vida, portanto, devo cortar quaisquer contatos – por menores e esparsos que atualmente sejam – com quaisquer pessoas de minha família (pois certamente todos já sabem de minha condição), mantendo apenas minhas insistentes tentativas de aproximar-me de meu filho – e não é preciso ser um gênio para saber os motivos do afastamento dele.

Do mesmo modo, devo afastar-me de colegas de trabalho e jamais ter a ousadia inconsequente – e possivelmente até criminosa – de buscar um relacionamento afetivo qualquer, embora minha idade facilite por demais tal decisão.

Finalizando, devo entender que não tenho mais idade para trabalhos braçais. Não faço mais parte de quaisquer mercados de trabalho pela mesma razão e, mesmo a escrita, está eliminada de minhas opções pelas razões já demonstradas acima.

O que devo fazer, então, para ganhar meu sustento?

Não muito: agarrar-me ao trabalho atual enquanto o mesmo resistir e, ao findar-se, tentar a sorte como balconista de lojas de ferragens, material de construção, algo assim. Conseguindo sobreviver a esta etapa e chegando aos 65 anos, poderei tentar requisitar o “Benefício de Prestação Continuada” do Governo – uma pensão de um salário mínimo para quem jamais pagou INSS na vida, o meu caso – e agradecer toda a misericórdia de Deus, que me permitirá alugar uma casinha ao meu alcance e seguir trabalhando até o momento que o Pai me chame.

Este texto não é um exercício de auto piedade ou imbuído de quaisquer intenções, pois não tenho seguidores nesta página e o mesmo não será divulgado em minhas redes – as quais não tenho nenhuma vontade ou intenção de usar. Trata-se apenas de minha velha mania de falar sozinho, que talvez tenha sido a verdadeira causa que me levou à escrita: o diálogo egoísta e auto centrado comigo mesmo, o centro de meu mundo, o mundo de um narcisista.

E tal doença, descobri também, não tem cura.

Continuarei escrevendo por aqui ou andando nos pastos, falando comigo mesmo, nos momentos em que eu sentir necessidade – a eterna e doente necessidade de um narcisista mirar-se no espelho.


Walter Biancardine



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

DEPRESSÃO OU NARCISISMO?

 

As coisas em minha vida parecem vir por atacado, em lotes: no dia 15 de novembro de 2022 perdi - em 3 dias - a mulher que amo, minha casa, minha família, referências e história de vida. Tive de implorar um local, na roça, para viver de favor.

No dia 24 de dezembro deste mesmo ano, meu canal no YouTube foi desmonetizado, a plataforma excluiu 26 vídeos meus, ficou com meu dinheiro das visualizações e superchat e, para completar, recebi email do Governo Federal ameaçando cancelar meu Bolsa-família. No dia seguinte, a UOL publica matéria me difamando e me usando como exemplo de punição aos divulgadores de fake news. 

Esta semana, após ficar muito feliz com a possibilidade de escolher trabalhar na Revista Oeste ou em conceituado jornal paulista, recebo a notícia que fui rejeitado em ambos - ou seja, sequer a única coisa que acreditava ser competente, eu realmente era. Uma farsa, em suma.

Desconsolado, buscava aleatoriamente vídeos no YouTube para assistir quando vi alguns que tratavam sobre narcisismo, e lembrei que um dia me acusaram disso.

Confesso que não sabia a real extensão da coisa, para mim um narcisista era apenas alguém extremamente vaidoso e fiquei chocado ao perceber que o portador deste transtorno de personalidade é um psicopata, incapaz de amar, que usa todos em volta, os manipula e que pode significar até mesmo uma real ameaça física e psicológica a quem convive com ele.

Muitos vídeos apresentavam verdadeiros "planos de fuga" para se livrar de tais doentes - basicamente arrumar outro lugar para morar e só comunicar o fato ao doente no dia da partida. Após isso, cortar de maneira radical toda e qualquer possibilidade de comunicação (redes sociais, telefones, etc.).

E então tudo fez sentido para mim. As peças do longo e doloroso quebra-cabeças - buscava uma explicação da maneira inflexível com que foi decretado o fim de meu casamento - se encaixaram e entendi que não apenas sou considerado um doente mental, manipulador como, também, uma ameaça física. 

Não bastasse descobrir que sou um incompetente em minha profissão, vi que sou igualmente considerado um psicopata pela mulher que amo e, certamente, por toda a minha família. 

É preciso ser blindado como um tanque de guerra para resistir a tudo isso, com o agravante da a solidão absurda, da miséria e desesperança. 

Peço a Deus forças. Ou minha morte, tanto faz.

Todos tem um limite. E cheguei no meu.


Walter Biancardine 


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

COMUNICADO E DECISÃO IMPORTANTE


“Nosce te ipsum” – conhece a ti mesmo, era uma frase escrita na entrada do templo de Delfos, na Grécia. E esta pode ser a base da sabedoria, principalmente se conhecermos o tamanho de nossas deficiências, de nossa incultura, do quanto nos falta para sabermos alguma coisa ou tornarmo-nos hábeis no exercício de algum ofício.

Por longo tempo busquei conhecer a mim mesmo, perambulando nos desertos de minha solidão. Resvalei perigosamente na mais abjeta auto piedade e não me envergonho de admitir que, em diversas vezes, mergulhei descaradamente nela. Enxerguei minhas ações erradas, meus equívocos ao longo de uma vida inteira, meus defeitos, manias, mas em nenhum momento questionei meu intelecto: o fato de ter produzido três livros, em tais e desumanas condições, era-me um motivo de orgulho e atestava a mim mesmo não apenas sanidade mental, lucidez, quanto – principalmente – destreza e capacidade no ato de escrever.

Julgava-me surrado pela vida, mas ainda dono de um intelecto são e poderoso, pronto para ser empregado em quaisquer empreitadas que me fossem destinadas. Ledo engano.

Nas últimas semanas vivi dias de grande orgulho de mim mesmo, às voltas que estava entre uma proposta de trabalho em um tradicional jornal de São Paulo e a possibilidade de fazer parte da brilhante equipe da Revista Oeste. Em ambos os casos seria obrigado a mudar-me para a capital paulista e ainda, convenientemente, me afastaria de uma cidade que tomou-me a juventude, a alegria, a mulher que amava, minha família, sonhos e esperanças.

Em minha arrogância intelectual – autor de três livros, aluno de Olavo de Carvalho e com vídeos postados por ele, chamado de “professor” por seguidores do YouTube – acreditava-me em posição de poder escolher qual proposta seria a mais conveniente para mim, até que a realidade da vida – transmitida por meio do fato de não ser aceito em ambos os locais – despertou-me de tal sonho e, de quebra, mostrou o quão pequeno sou diante de monstros como Augusto Nunes, J.R. Guzzo, Jorge Serrão, Rodrigo Constantino, Ana Paula Henkel e tantos outros.

Sim, há muito o que aprender. Sim, enxerguei minha pequeneza intelectual, meu despreparo jornalístico – até pela longa ausência das redações – e o quanto enganei, ainda que involuntariamente, tantas pessoas que se deram ao trabalho de acompanhar meus artigos, vídeos ou mesmo compraram meus livros. Sim, uma lástima.

Compreendi que não possuo condições de voltar a fazer vídeos, escrever livros ou mesmo artigos, pois nada tenho a ensinar à ninguém. Enxerguei o tamanho – imenso – de minha ignorância e a necessidade urgente de somente estudar, de modo profundo e sério. Percebi que, novamente, tornei-me um “foca” (novato) no jornalismo, dado os anos que não piso em uma redação.

Assim, por uma questão de honestidade com os que me seguem, não mais usarei o YouTube. Certamente continuarei a escrever artigos em minha página pessoal e Facebook, mas peço encarecidamente que não os considerem e, preferencialmente, não os leiam. O fato de permanecer escrevendo é muito mais uma concessão que faço à minha compulsão em redigir do que a certeza de entregar ao leitor algo que ele realmente precise saber. Não, nada tenho a dizer a ninguém.

Não mais vídeos, não mais livros, não mais artigos.

E peço que não leiam o que por ventura caia em suas mãos, se de minha autoria.

Encerro com a esperança de ser perdoado por tamanha pretensão, e que não se sintam enganados: eu enganei até à mim mesmo.


Walter Biancardine



segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

PINGO NOS IS: SHALOM


É bíblica a posse de Israel e do povo judeu sobre as terras que hoje ocupam, não há como contestar tal fato e nem alegar que, com o passar dos séculos, essa posse foi perdida.

Não, não foi. A diáspora judaica - verdadeira monstruosidade contra um povo cujo elo de ligação é seu (nosso) Deus - tratou de espalhar seus habitantes originais pelo mundo, embora muitos permanecessem por lá, contra tudo e todos.

A atuação do chanceler brasileiro Oswaldo Aranha apenas tratou de devolver aos judeus o que já era - e sempre foi - deles, ainda que hoje soframos a vergonha de termos narcotraficantes no governo do mesmo país que ajudou a (re) criar Israel, agora cúmplices de terroristas assassinos que desejam implantar aqui um regime de terror, tal qual o vigente na maioria das nações islâmicas.

O ataque do Hamas sobre Israel obedeceu ao método usual: a perfídia.  Em outubro do ano passado escrevi:

"E esta mesma mídia – convenientemente cega – jamais, em todos os inúmeros conflitos em que Israel esteve envolvido, seja como Estado ou povo judeu, lembrou-se de noticiar a perfídia sempre utilizada contra eles. Dos vagões de trem nazistas, onde atulhavam-se judeus rumo á “campos de trabalho” (diziam os nazistas, os mesmos que os levavam às câmaras de gás “para uma chuveirada”) á mais recente guerra do Yom Kippur – onde o povo foi pego de surpresa em seu mais importante dia religioso, o Dia do Perdão – jamais, repito, a grande mídia teve o pudor de lembrar ao mundo que, se todas as guerras são horríveis, as contra os judeus sempre foram mais, fruto de criminosa perfídia, sempre empregada e nunca denunciada.
O atual e tétrico momento que Israel atravessa não foi diferente: os ataques foram realizados ontem (shabbath), com o agravante que, nesta mesma data, era relembrado o dia da Festa da Torá, a Festa do Tabernáculo – era o último dia de tal festa, um dia de alegria, de famílias reunidas e, novamente, tal perfídia nenhum grande jornal lembrou. Todos pegos de surpresa e mortos como moscas: homens, mulheres, pais, mães, avós, crianças, bebês, turistas, todos."

A esquerda exige a covardia daqueles a quem ataca. Para a ralé vermelha, o Estado Judeu tem de sofrer, ter suas mulheres estupradas, crianças esquartejadas na frente de seus pais, jovens decapitados e não pode reagir, ou será um "holocausto" nazista promovido pelos judeus. 

Caso reaja, caso exista testosterona e hombridade entre suas vítimas e o revide seja avassalador (legítima defesa), prontamente hordas de imbecis - repórteres, analistas políticos ou mesmo simples hipócritas em busca de atenção - logo se arvoram em "denunciar' as "monstruosidades" de quem apenas defende seu povo e seu território do ambicionado califado mundial islâmico, sócio e cúmplice da esquerda mundial.

Não há lugar moral para um Estado Palestino, islâmico. Essas mesmas "vítimas" que a esquerda chora usam os hospitais, serviços médicos e até compram tecnologia de Israel, já que seu "maravilhoso" Estado Islâmico nada oferece além de chibatadas, humilhação, exigir subserviência e condenar à morte.

Não há lugar para uma mídia cúmplice, que faz parecer existirem apenas crianças e hospitais na Palestina, já que os bombardeios – segundo eles – sempre os atingem, em suas manchetes diárias.

Não há lugar para imbecis que apoiam um movimento que condena à morte os mesmos homossexuais que eles dizem defender e, de modo oportunista, incensam.

Não há lugar para néscios que convenientemente creem ter Israel matado 30 mil civis de um Estado que mal possui exércitos regulares – caso um terrorista seja morto por forças adversárias, o mesmo será computado como “civil” e, para alegria da mídia, todo o exército do Hamas se resume à milhões de terroristas, civis e fanatizados por delinquências islâmicas.

Não há lugar para hipócritas, que aplaudem um Corão, habitué na condenação à amputação das mãos dos ladrões enquanto, ao mesmo tempo, implantem em seu próprio país uma narco-ditadura, que os absolve, acolhe e estimula.

Não há lugar para criminosos que fingem esquecer a flagrante violação do Direito Internacional cometida por nações que invadem outras – vide Rússia X Ucrânia.

E o principal, que ninguém comenta: a esquerda evita, à todo custo, louvar o GOVERNO do Hamas. Isso, nunca. O que fazem é apelar ao sentimentalismo e chorar pelo povo (em tese) civil e inocente, mortos em tais entreveros. 

Indiferente à isso e exibindo as sequelas de seu alcoolismo, ignorância e contaminação pelo epicurismo esquerdista - que os faz viver numa realidade paralela - o cachaceiro chama de volta o embaixador do Brasil em Israel, ato extremamente grave e verdadeiro réquiem nas relações entre dois países.

Obviamente, Israel replicou chamando seu embaixador no Brasil de volta, acrescentando gravíssima advertência: "Não esqueceremos, não perdoaremos".

Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça.

Falta apenas lembrar a tais criminosos, travestidos de idiotas, do povo civil judeu morto, amputado, esquartejado, queimado pela fúria fanática de terroristas controlados pelos amigos do ladrão que nos governa.

Não venham, no futuro, reclamar: Netanyahu apenas age em legítima defesa, e o povo judeu também.

Repito e peço que lembrem-se das palavras da diplomacia israelense sobre a diarréia verbal de Lula: “Não esqueceremos e não perdoaremos”.


Walter Biancardine


Para mais detalhes, leia os links abaixo:

https://walterbiancardine.blogspot.com/2023/10/a-guerra-contra-deus-as-falsas-vozes-se.html

https://walterbiancardine.blogspot.com/2023/10/ouve-israel.html


VOCÊ QUER ENTENDER A ESQUERDA?

 


Um bom conselho aos jovens aspirantes a analistas políticos é que jamais tentem descobrir alguma lógica oculta, por trás das ações de partidos e líderes de esquerda: não há lógica. O que existe é a dialética, que os permite tirar proveito de toda e qualquer situação proveniente da aprovação – ou não aprovação – de suas propostas e teses. Cabe acrescentar que não se trata da dialética socrática e sim marxista, uma delinquência do pensamento grego.

No Brasil dos anos 60 e 70 vivemos a era do “sexo, drogas e rock and roll”, onde expoentes esquerdistas defendiam o amor livre, liberação das drogas e a derrubada dos “tabus” da moralidade cristã, por eles condenada como retrógrada e raiz de complexos, traumas e distúrbios psicológicos – academicamente amparados pelas teses de um ideólogo marxista que acabou ganhando notoriedade em outro ramo, o Dr. Siegmund Freud.

As consequências de tais propostas todos conhecemos: uma legião de filhos sem pai, de homens em idade produtiva inutilizados para o trabalho em consequência do uso de drogas, o surgimento do crime organizado – financiado pelos milhões do narcotráfico – e o naufrágio de valores e princípios tradicionais em qualquer povo ocidental: família, Deus, propriedade, pátria.

Desnecessário dizer que a esquerda lucrou, e muito, com suas propostas “avant garde”. Todos queriam essa “liberação geral”, o brasileiro – como disse Millôr Fernandes – tornou-se sueco com a mulher do próximo e mineiro com a dele próprio. E isso alavancou a popularidade vermelha, sobretudo no extrato mais jovem da população que, ao amadurecer (anos 80 e 90), terminou por entregar-lhes o Poder e plantar FHC, Lula e Dilma na Presidência da República.

Ora, qualquer pessoa dotada de um mínimo de senso questionaria a mudança radical de bandeiras políticas empregadas pela esquerda neste período: vivíamos então a era da “ética” na política, da “geração saúde” – teoricamente livre de drogas mas nada além de narcisistas contumazes – e a substituição dos conceitos morais por uma palavra – já citada acima – que tornou-se muito popular: a ética, além do “politicamente correto”. Vale lembrar que é muito mais aceitável socialmente a mudança de um conceito ético ou politicamente correto, que um padrão moral. 

Assim, todos se lembram dos inúmeros militantes que se elegeram defendendo as “mães solteiras”, os dependentes químicos e até – pasmem – o combate à criminalidade descontrolada nos grandes centros urbanos. O PT tornou-se o partido da “ética na política” e os anacrônicos valores morais foram substituídos pelo “politicamente correto” que, em sua ferocidade gentil excluía, relegava ao ostracismo e até – baseado em leis que eles próprios criaram – condenava à prisão todos os que não adotassem suas regras de linguagem (a “novilíngua da esquerda) ou de comportamento.

Em suma, lucraram defendendo a “puteirização” da sociedade e, depois, empunhando a bandeira da ética – diria Lulu Santos, “gente fina, elegante e sincera” – para combater os males que eles mesmos criaram.

Tal dialética delinquente concedeu à esquerda o dom de lucrar sempre, seja qual for o resultado de suas propostas: se o sexo livre é bom mas não permitido, lucram defendendo-o. Se, depois, uma horda de mães solteiras arrastam-se com seus filhos, lucram com “programas de apoio” e leis que as favoreçam. E se seus filhos tornam-se fronteiriços à marginalidade, lucram com a implantação de aulas de capoeira, bater tambor em lata, dança funk e futebol como forma de “afastá-los da criminalidade” – sempre sob o beneplácito dos chefes do tráfico nas favelas.

Neste exato momento, vivemos a vergonha de ter um presidente de esquerda, a mesma esquerda que usou os judeus como minorias, vítimas da opressão nazista, e que agora os aponta como - pasmem - nazistas genocidas, promotores do "holocausto" contra terroristas do Hamas. E a esquerda aplaude.

Como conseguem isso, perguntará o leitor, impressionado com tal mágica?

Basta que este mesmo leitor, tão atento em observar tais contradições inconciliáveis, note que os defensores do amor livre empregaram a mesma linguagem, os mesmos termos, expressões, vocabulários e entonações já definitivamente consagrados e vinculados à lembrança inconsciente daquela velha esquerda “boazinha” e defensora dos pobres e oprimidos. A linguagem é tudo, seja ela escrita, falada ou sugerida em cenas de TV.

Para provar o que digo – e que o bom Deus me perdoe – segue abaixo um texto que, antes de perceber o absurdo que propõe, remeterá o leitor a algo “bíblico”:

E eis que vos tenho dado o pensamento, para que decidais o que fazer e o que escolher; também vos dei a carne, para que dela tire teu sustento, teu caminhar e tuas delícias. Ora, por que vos daria um corpo se, dele, não fosse lícito empregá-lo no pão de cada dia ou nos momentos de desfrute, junto daquele que bem lhe aprouver?”

Qualquer um que leia o texto acima – antes de julgá-lo – o identificará com a Bíblia. Embora seja uma escancarada pregação de podridões (prostituição, masturbação, sexo com qualquer um), esta correlação já estará feita. E esta é a técnica amplamente utilizada pelos esquerdistas até hoje, seja em um linguajar mais acadêmico ou mesmo em algo mais acessível, tal como colunas de opinião em jornais ou – pior – nas matérias dos mesmos: adestramento pavloviano.

E os cérebros que acolhem amorosamente tais barbaridades já estão, de antemão, preparados e prontos para isso. Em outros artigos já escrevi sobre a incapacidade de enxergar o mundo real, causada pela plena implantação do epicurismo, da fuga para um mundo próprio e imaginário, levada à efeito pela grande mídia e pela cultura de massa (vide Olavo de Carvalho “O Jardim das Aflições”). Alienados, ansiosos pela palavra de um líder que não os deixe contaminar pelo mundo real, tais pessoas imediatamente identificam o “linguajar amigo” e o adotam automaticamente, pavlovianamente treinados tal como citei, desde a infância, à obediência ao “apito” do bom treinador.

O quão diabólico tudo isso nos parece é a exata medida do único objetivo da esquerda: o poder, custe o que custar, seja por qual meio for, imune à vergonha, remorsos ou quaisquer sentimentos humanos. Todo e qualquer esquerdista não passa de um indisfarçável hipócrita, que sacrificaria a própria mãe em prol de suas taras, complexos, ambições e idiossincrasias disfarçadas de "ideologia".

Na verdade, tal fato é co-morbidade inerente e, por isso, o conservadorismo jamais desenvolveu a sordidez estratégica marxista, já que reflete apenas o resultado – não o ideal – de milênios da evolução humana em sociedade.

Aos jovens analistas políticos, termino repetindo o conselho de jamais tentar encaixar as ações esquerdistas dentro do pensamento humano tradicional: não especulem o que pretendem com tal ou qual proposição – independente do resultado, eles ganham.

Lembrem-se: a língua da serpente é bífida, bipartida, dois lados. O problema não é somente o que propõem, mas o simples fato de proporem algo.


Walter Biancardine



quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

SÓ DEUS ME SALVARÁ DO AMOR

 


Já quebrei metade dos ossos de meu corpo, e me acostumei a isso.

Perdi meu pai, perdi minha mãe, perdi minha irmã, perdi meu mestre, mal vejo meu filho e me acostumei a isso.

Perdi empregos, perdi minha casa, perdi família, perdi amigos, perdi minhas referências, hábitos, história de vida, e me acostumei a isso.

Perdi ilusões, esperanças, forças, ânimo, e me acostumei também a isso.

A tudo me acostumei, improvisei, adaptei, superei.

Muito me irrita quando percebo-me um sobrevivente, calejado (calcinado?) pela vigorosa surra das consequências de meus erros, a vagar em doloroso prazer por lembranças da cumplicidade que se foi, por sentimentos e desejos que se recusam a morrer.

Se tudo a minha volta morreu, por que esta condenação sentimental insiste?

Por isso busco a misericórdia Divina, desesperadamente ansioso por merecer o purgatório, já que "in inferno, nulla est redemptio".

Só Deus me salvará de um amor imortal.


Walter Biancardine



quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

A DITADURA MAL COMEÇOU



Em sua cegueira de rinoceronte, tanto a mídia e analistas políticos "didireita" quanto conservadores rasgam-se em indignação pudica com a operação da Polícia Federal, que prendeu auxiliares e colaboradores de Bolsonaro e que – tudo indica – acabará por encarcerar o ex presidente, alvo primeiro e principal.

Mais que a prisão de tais colaboradores, a desmoralização que os togados imaginam produzir sobre suas reputações é o que interessa e, para tanto, não se curvam sequer em pisotear oficiais generais das Forças Armadas, pois muito bem sabem que a mesma encontra-se totalmente manietada por um Alto Comando positivista – verdadeiros irmãos de sangue filosóficos da Juristocracia tupiniquim.

Mas tais feitos são apenas o aperitivo do lauto banquete idealizado pela tirania narco-jurídica que tomou o poder: neste ponto unem-se aos narco-comunistas do Foro de São Paulo – PT, PDT e até um PSOL de contrapeso – para salivarem em sua ânsia de devorarem o peixe grande, Jair Messias, o Bolsonaro. É preciso eliminá-lo (como já tentaram fisicamente), tirá-lo de circulação, cortar sua língua e enterrá-la na mesma cova onde repousa Olavo de Carvalho – o pai do renascimento conservador no Brasil – para que nenhuns gemidos de insatisfação sejam jamais ouvidos novamente em nosso 1984, mais conhecido como Brasil.

No meio de tais arreganhos ditatoriais explícitos, ainda somos obrigados a ver que os tais analistas, novatos e citados acima, não percebem que se tal prisão acontecer, será a verdadeira proclamação oficial de uma autocracia ditatorial, suprema e absoluta, que o STF esfregará na cara da nação, ostentando publicamente ter sob seus sapatos dois presidentes da República reféns de suas constituições pessoais e imaginárias, sempre dependentes do bel-prazer dos juristocratas – puro arbítrio absolutista.

Cabe lembrar que cada um dos presidentes – o ladrão de nove dedos e Bolsonaro – representam lados opostos do espectro político, que serão submissos à uma quase divindade iluminista e à sua misericórdia togada – sublime, superior à questiúnculas ideológicas. Sim, porque o STF é superior às reles ideologias, superior aos ideais e valores populares, superior mesmo à Constituição, já que a mesma depende atualmente do humor e estado de espírito de cada um dos onze imortais entronizados no Panteão das Excrescências Morais.

Sequer Hitler ou Mussolini tiveram tal atrevimento – prender um ex presidente sem culpa ou, sequer, processo; pisotear a Constituição pelo simples capricho de não escrever nenhuma nova e fazer valer seus impulsos – mas tal é o resultado de nossa omissão: a audácia dos canalhas se alimenta da covardia dos fracos.

Que falta nos faz Olavo de Carvalho…


Walter Biancardine



segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

EPICURO: O DELINQUENTE QUE ME SEDUZIU


Recentemente dei-me conta do estágio terminal de epicurismo contido em minha obsessão pelo passado. Era meu esconderijo, minha fuga, zona de conforto psíquico, um verdadeiro jardim de Epicuro.

Pus-me a pensar: curioso como, por vezes, nos abrigamos sob o pensamento de filósofos (?) que abominamos. Seriam minhas idiossincrasias um caso clássico de paralaxe cognitiva?

Vejamos:

Em seu livro "O Jardim das Aflições", Olavo de Carvalho discorre sobre a profunda e preocupante impressão que sofrera ter assistido uma conferência de José Américo Mota Peçanha, nos anos 80, versando - e elevando aos píncaros filosóficos - Epicuro e seu pensamento, diante de uma plateia universitária, indefesa e ignorante.

Louvando o escapismo, a fuga aos "jardins de Epicuro, poderia nos permitir encontrar conforto em nossas lembranças e sonhos, negando a realidade ostensivamente - para Epicuro, a realidade era insolúvel, incompreensível e insuportável, por isso deveríamos nos refugiar em um mundo próprio.

Tal pensamento é a antítese da filosofia, pois abstém-se da busca pela verdade primeira e aliena-se em delírios - verdadeira delinquência filosófica que, até nos dias de hoje rende frutos (quem não se lembra de Xuxa repetindo, incessantemente, na cabeça dos "baixinhos": "basta querer para poder!"?

O pensamento epicuriano foi devidamente absorvido pelas esquerdas, em seu desejo de construção de um mundo próprio, uma realidade paralela, e nela vivem até hoje. Esta é a razão da impossibilidade de debate com um esquerdista, pois vive em outra dimensão mental.

Para meu espanto, descobri-me criando um mundo próprio - meu jardim particular epicurista - ao esconder-me e proteger-me no passado obsessivo que me persegue, e que já foi até objeto de livro versando sobre o mesmo tema: "Pretérito Perfeito".

Quando acreditamos em uma coisa mas agimos de modo diverso em nossa vida pessoal, tal patologia é denominada "paralaxe cognitiva", termo criado por meu professor Olavo de Carvalho.

Por isso insisto nos benefícios da meditação em solidão: até nossas verdades mais pútridas acabam por vir à tona.


Walter Biancardine



sábado, 30 de dezembro de 2023

DÉCADENCE SANS ÉLÉGANCE


Neste sábado 30, avant première de Réveillón, a soberba incurável – fruto de berço, lamento – me invade e passo a derivar sobre o quão agradável seria aguardar a virada de ano na varanda do Copacabana Palace, embevecido pelo suave bouquet de um bordeaux Pauillac 2009 ou 2010 e beliscando arremedos de canapés, carregados de boa mousse de salmão.

A mesma deriva recomenda que nesta varanda sejam escutados os acordes de “In The Mood”, Glenn Miller, embalando nossa degeneração travestida de transcendência, e nos dando motivos para enlaçar nos braços a bela companhia que nos segue, deslizando ambos em suave dança.

Inegável o gozo mórbido que ostentamos, indisfarçavelmente, ao festejarmos a partida de menos um ano em nossas vidas – talvez seja o mesmo prazer auto destrutivo que impele muitos de nós à brutal piedade com supostos “oprimidos”, ao apedrejamento de princípios e valores à guiza de “sermos modernos e liberais” e que descobre, no fundo de um copo ou em bandejas de prata e cartões de crédito, a alegria prét-a-porteur sempre estampada nas redes sociais.

“Divina decadência!”, diria a personagem de Lisa Minelli no inesquecível filme “Cabaret”.

Sim, decadência à olho nu, décadence sans élégance como diz o título deste pretensioso artigo, exibidor de um extinto pedigree de seu autor, já vencido, fora do prazo de validade e das condições ideais de temperatura, pressão e saldo bancário para tanto.

A vergonhosa verdade é que, não fossem as condições em que vivo atualmente, somente meu saldo bancário denotaria a invalidade de meu pedigree: sim, pois é preciso sofrermos fome para entendermos a fome alheia; é preciso ilharmo-nos em solidão para entender o deserto do próximo; é preciso a mais profunda dor para darmos o devido valor ao mais simples amor.

Não tivesse eu vivido tais amarguras inacreditáveis e, certamente, ainda carregaria essa indiferença olímpica de uma jeunesse dorée, essa que se crê dona de toda a empatia apenas por colocar fotos nos perfis sociais, com mensagens de amor ao próximo e piedade pelos pobres.

Não terei Réveillón, terei virada de ano. Não terei sequer um Cabernet mas, com sorte, um Guaravita gelado e bolachas de água e sal. Não terei Glenn Miller – ele estará apenas em meu computador, veículo de meus sonhos e desvairios. Não terei uma doce companhia, mas meu fiel focinhudo estará a abanar rabos ao meu lado.

Não se apiedem ou manifestem empatia, entretanto: se nada aprendi com amor, descubro-me hoje um PhD na dor.

É o diploma mais valioso que um ser – que pretende-se humano – pode conquistar.

Feliz 2024 para todos!


Walter Biancardine




segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

A FAVELIZAÇÃO MENTAL E A CARNAVALIZAÇÃO DO ESPÍRITO -


Grata surpresa foi escutar a web rádio https://www.radio-ao-vivo.com/radio-as-velhinhas e desfrutar de músicas orquestradas, swings dos anos 40/50 e clássicos natalinos.

Para minha felicidade, vejo que ainda há quem respeite os significados das datas, pois a carnavalização do espírito, impingida aos brasileiros, faz com que não haja mais distinção entre o nascimento de Jesus e a putaria carnavalesca de Momo - tudo é motivo para rebolar, sentar, sentar, sentar e encher a cara de cerveja.

E isso nos mostra, claramente, o quanto o povo brasileiro está embrutecido, animalesco mesmo: faveliza-se tudo, de datas sacras às diversões usuais. Tira-se o coitado de uma favela, coloca-se o mesmo a morar em um Alpha Ville e, em uma semana, o lixo, roupas penduradas e um batidão ensurdecedor estarão tomando conta de sua nova casa.

Vivemos uma terra arrasada, civilizacionalmente falando.

Nada respeitamos - aqui, respeito é fraqueza - e nos tornamos obsessivos em ter como única meta na vida o acasalar.

Enquanto alguns poucos lembram-se do nascimento de Jesus, a imensa e esmagadora maioria quer apenas entupir-se de cerveja, esperma e gritos - à guiza de sorrisos.

É preciso civilizar esta horda, a qual chamamos de "brasileiros".


Walter Biancardine



quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

NOTA DE FALECIMENTO


Faleceu hoje, após longa e dolorosa agonia, a República Federativa do Brasil, vítima de falência múltipla dos órgãos públicos e instituições.

O corpo não será sepultado, devendo apodrecer aos nossos olhos durante os dias, meses e anos vindouros.

Recomenda-se, neste momento de luto, esquecer a política, evitar comentários em redes sociais, expor publicamente opiniões e posicionamentos contrários ao Soviete Supremo.

Também é conveniente beber até cair, entregar-se ao sexo desvairado, à bebida, lacração e às drogas - ou pelo menos fingir-se sob seus efeitos - para agradar Suas Excelências Ditatoriais Togadas, Ungidas por Satanás, e proteger-se de prisão sem processo ou crime. Em suma, copiar o "desbunde" esquerdista dos anos 60.

É isso ou sair empunhando um fuzil, nas ruas, a deflagrar uma guerra civil.

Pede-se não enviar flores.


Walter Biancardine


ANOS E ANOS DE PROFISSÃO

 


Algo estranho é não poder precisar quantos anos temos no exercício de nossa profissão.

No meu caso, mais que um trabalho, o jornalismo e a escrita - juntamente com a análise política, social e os estudos - ultrapassam tal definição, pois é minha vocação. E vocação é aquilo que você é compelido a fazer, mesmo existindo coisas que dariam muito mais prazer - no meu caso, a aviação.

Escrevo desde que me entendo por gente: de simples redações escolares, as quais juntavam colegas de classe para ouvi-las, passando por histórias em quadrinhos, cartas para revistas e jornais (na vã esperança de ver meu nome publicado, mas jamais foi) e até jornais escolares ou de bairro, colados nos tapumes de obras, estes foram meus primeiros passos.

Confesso que, por vinte longos anos, nada escrevi ou publiquei, pois via-me às voltas com namoros, casamentos, filho que nascia e meu trabalho na OEA e, depois, a aviação.

Impossibilitado de voar, o acaso e um amigo - Oswaldo Guimarães - me trouxeram de volta ao jornalismo: ele me convidou para trabalhar como repórter na Rádio Ondas FM, já em Cabo Frio, onde a insanidade de um chefe, conhecido como Habib (Hassalam), permitia-me escrever o que me passasse na cabeça e, por diversas vezes, ultrapassasse os 30 segundos regulamentares dos boletins radiofônicos.

E daí pra frente é tudo história conhecida: Lagos Jornal, Diário Cabofriense, Lagos TV, Opinião... coisas que me renderam apelidos carinhosos como "o câncer da mídia", "nazistinha de Alair" e um impressionante placar: 50% da intelectualidade de Cabo Frio me desconhece, e os outros 50%, me odeia.

Não os culpo: em 2007 eu já dizia - para escândalo de minha editora - que não existe jornalismo imparcial. E, somado ao meu posicionamento claramente conservador e de direita, foi o suficiente para me excluírem do páreo e ser congelado no freezer dos "malditos".

Não importa, sempre fiz o que acreditei nestes meus - quantos? - anos e anos de trabalho.

E permanecerei batucando meus teclados até que a morte, sorrateira e pontual, encerre minhas atividades.

Seguimos em frente.


Walter Biancardine



terça-feira, 28 de novembro de 2023

O FIM DE UM PAÍS CHAMADO BRASIL


Parece que chegamos ao fim. A indicação de Flávio Dino para o STF é apenas o último ato desta ópera bufa, do teatro farsesco que é a república brasileira.

Sem nenhum disfarce, o sistema age contra o povo – que o sustenta – em verdadeiras operações de guerra declarada, que muitos ainda enxergam como “vingança” ou mera ostentação de poder. Não, tal interpretação é primária. 

Em primeiro lugar, existe a necessidade do grupo esquerdista conseguir equilibrar forças dentro do atual núcleo de mando da ditadura, o STF, empurrando um seu soldado para lá. Alexandre de Moraes ganhou a notoriedade atual justamente por sua audácia como um combatente globalista, indicado por Michel Temer, e não seriam os tênues – ainda que maléficos – Zanin, Lewandowski ou o despachante Toffoli que conseguiriam equilibrar tais forças: eles precisavam de alguém tão bruto quanto.

Flávio Dino tem o talhe, arrogância e desfaçatez cínica, necessários para equilibrar o jogo de poder dentro da cúpula ditatorial do STF – basta lembrar que, para chegar à Presidência, o Capo José Dirceu teve de implorar a soltura de Lula (o único cuja popularidade, no passado, justificaria a fraude das urnas) e aceitar um papel coadjuvante no sistema atual. Assim, uma vez aprovado seu nome na teatral “sabatina” do Senado, teremos dois rinocerontes a chifrarem-se mutuamente e equilibrando o jogo de forças, no núcleo duro da ditadura – para pasto e gáudio de José Dirceu, chineses, Foro de São Paulo, tráfico internacional de drogas (Cartel de Los Soles), Putin et caterva.

No corner oposto deste ringue de luta pelo poder, temos o até então invicto Alexandre de Moraes amparado pelos globalistas internacionais da NOM – Nova Ordem Mundial – e financiados por gente como Bill Gates, George Soros, Klaus Schwab, Ford Foundation e toda a cultura de massa e grande mídia mundial. E, em meio ao choque de tais locomotivas, está o desinformado, despreocupado e medroso povo brasileiro.

As chances que o Senado barre tal excrescência – a última vez que um postulante ao STF foi barrado tem a distância de um século – são mínimas, em decorrência não apenas de “rabos presos” mas, igualmente, da covardia e falta de um espírito de sacrifício patriótico, por parte dos congressistas.

O surpreendente comparecimento do povo brasileiro às ruas neste último fim de semana, entretanto, pode ser um longínquo vislumbre de esperança, se o mesmo se repetir em frente ao Senado, no dia da sabatina.

Não creio, todavia, que na conjuntura das circunstâncias atuais – e sua dinâmica peculiar – tais parlamentares se deixem impressionar por quaisquer manifestações populares: habitantes de um outro planeta, pertencentes à uma verdadeira casta, tudo que os interessa é manterem-se como tal – ainda mais em momentos turbulentos como os que vivemos.

O Brasil está prestes a mergulhar nas mais longas e negras décadas de sua história republicana, e o país que conhecemos hoje, em breve, não mais o será como tal.

Se a chance de termos sucesso com o povo nas ruas é de 1%, então tentemos.

É só o que nos resta.


Walter Biancardine



domingo, 26 de novembro de 2023

ALTER EGO

 


Se existe uma característica que procuro manter como jornalista, analista político, escritor ou mesmo mero cronista de "faits divers" é a de jamais apagar o que escrevi.

Por mais errados ou embaraçosos que sejam tais escritos - merecedores de um "delete" nas redes - penso que os mesmos tem o condão de expor ao leitor os impulsos, enganos, raivas, mágoas ou mesmo entusiasmos que põem o sangue dos mortais comuns, dentre os quais me incluo, em ebulição.

O ser humano é, por vezes, mero joguete de tais fluxos e refluxos emocionais, e ter a pretensão de expor-me como um robô - frio, mecânico, isento de emoções e capaz de opiniões infalíveis - não faz parte de minha lista de ambições e, sequer, considero um objetivo louvável. Meus erros e deslizes, tais como filmes do XVideos, são explícitos.

Andei, nas últimas semanas, vitimado por enxaquecas, furiosa dor de dentes e uma gripe cavalar, as quais prostraram-me na cama sustentado apenas por poderoso e lisérgico medicamento que, ao menos, aliviava tais mazelas.

Tão logo senti-me em forma, recebí a visita de meu irmão, a qual foi objeto de artigo o qual somente agora dei-me conta de haver escrito.

https://walterbiancardine.blogspot.com/2023/11/exagerado-jogado-aos-seus-pes.html 

Sim, pois não me recordo do quanto ou do quê bebi, mas seja lá o quê ou quanto foi, o álcool contido nos mesmos disparou o gatilho alucinógeno dos medicamentos.

Sensação estranha, de filme de terror psicológico, a de sentir-se um passageiro de si mesmo, aparentando normalidade absoluta (ao menos isso: sou um bêbado digno) mas com a consciência orbitando o planeta Saturno.

Talvez tenha eu falado um pouco demais, exagerado além da conta, insinuado tormentas sentimentais, mas não importa: tal comportamento não faz parte de meu cotidiano e deslizes assim, eu espero, podem ser perdoados.

Não apagarei o que escrevi - penso até que meu alter ego lisérgico tem algum talento, embora repita muitas palavras - nem pedirei desculpas por eventuais monstros subterrâneos meus, que tenham escapado momentaneamente.

Encerro esta dirigindo-me aos jovens, que apreciam tal combinação - álcool X medicamentos - para adverti-los a ter cuidado: após uma boa noite de farras, poderão acordar no dia seguinte cursando humanas na faculdade e votando no PT.

Quem avisa amigo é.

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Walter Biancardine



sábado, 25 de novembro de 2023

EXAGERADO, JOGADO AOS SEUS PÉS -


Não vivi seis décadas para ser intimidado por dogmas mundanos.

Tudo pode me fazer mal, envenenar, aumentar meu colesterol, minha pressão ou encurtar minha vida. O que ninguém tem a sacrossanta coragem de dizer é O QUANTO disso preciso comer, beber, fumar ou fazer para que me prejudique.

Saí com meu irmão. Comi o que quis, bebi o que deu tempo, ri o que pude e guardei o choro no bolso.

O significado disso é muito maior que o atrevimento de qualquer poeta ou prosador, a passear sobre as alegrias ou desgraças alheias.

O valor disso é muito superior a quaisquer avisos sinistros e carontianos que todos os doutos, amparados pela magna ciência, tenham a autoridade de julgar.

Em meu cotidiano de náufrago em ilha deserta, tenho a autoridade moral - e física - para empanturrar-me, embebedar-me ou esvair-me em palavrório desconexo, pois tal não é minha rotina e, muito menos, o alvo de minhas atenções estava presente.

Hoje tive essa oportunidade, e valho-me de uma rede social para esfregar isso nos olhos daqueles que condenem os excessos.

Desvairios não matam.

Torná-los hábito, sim.

Salvo a ressaca, amanhã acordarei ótimo!


Walter.
Biancardine, eu acho.



quarta-feira, 22 de novembro de 2023

AUTOFAGIA POST-MORTEM

 


Pelo que vejo, a morte de Clerison está fazendo com que o brasileiro médio de direita, conservador, se torne um "anarco-niilista" - contra tudo e contra todos, condenando tudo e todos, apontando podres de tudo e de todos.

Tal reação desemboca, inevitavelmente, em um processo de desunião e autofagia do ainda ralo movimento de direita conservadora no Brasil. A ansiedade, a exigência por reações rápidas – que, por vezes, são inconvenientes politicamente – acabam por provocar posturas semelhantes à de populares em meio a grandes aglomerações: atitudes impensadas, bruscas, precipitadas e, no mais das vezes, que terminam por prejudicar os que estão juntos conosco, em nossas reivindicações.

Ninguém, nem Bolsonaro, escapa da fúria desiludida das virgens vestais que apenas reclamam, trancadas na segurança de seus lares e sempre temerosos de irem às ruas – única atitude que pode embasar atitudes de congressistas aliados.

Isso, entretanto, não exime Bolsonaro de explicar por que ainda não se pronunciou.

É o que se espera de um líder.


Walter Biancardine



terça-feira, 21 de novembro de 2023

TRADUZINDO DÚVIDAS


Confesso que ler meus artigos traduzidos para outro idioma é decepcionante. 

Reconheço não possuir nenhum domínio de linguagens estrangeiras e, portanto, sinto-me amputado da segurança da palavra exata ou da sutileza sugestiva - exaspera-me ao ponto de desejar que o interlocutor estivesse à minha frente, a compreender mímicas e olhares.

Quando as palavras são nossa ferramenta de trabalho, a exatidão ou sugestão que deixamos escapar podem provocar erros fatais - que conhecimento tenho do francês para pretender ler Sertillanges ou Jacques Maritain no original? Insuficiente, portanto terei de confiar as buscas nas mãos do tradutor de suas obras.

E quem traduzirá as minhas buscas, certezas ou agonias, se mesmo em português - de tão aleijado e disforme que está, no uso corrente - mal ou nada compreendem?

Não tenho respostas para isso.

Resta-me apenas continuar os estudos, exibir certezas, lamentar amores e confessar tantas perguntas, sem ambicionar entendimento ou mesmo discordâncias portadoras de alguma substância.
Está nas mãos de Deus.


Walter Biancardine 



segunda-feira, 20 de novembro de 2023

EU ACUSO!


Cleriston Pereira da Cunha, conhecido como “Clezão” e um dos presos do 08 de janeiro, faleceu hoje na Papuda por uma convulsão seguida de parada cardíaca. Cleriston sofria de diabetes e hipertensão e a PGR já havia se manifestado favoravelmente à sua liberdade. O caso não chegou a ser analisado pelo Ministro Relator do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Ele tinha 46 anos, era réu primário, sem individualização de conduta e o laudo médico atestava que havia risco de morte. Foi preso ainda em 8 de janeiro por estar dentro do prédio do Palácio, se protegendo dos ataques de bombas e tiros com balas de borracha, desferidos pelo "glorioso" e pérfido Alto Comando do Exército Brasileiro.

Segundo o analista político Flávio Gordon, “ele estava preso porque era preciso ‘proteger a democracia’. Afinal, não foi essa a desculpa vil usada para justificar TODOS os abusos de autoridade cometidos pelo Judiciário, desde a instauração do Inquérito do Fim do Mundo? Abusos que, finalmente, culminaram na morte desse preso político?

Já eu, por outro lado, lembro a ilegalidade e incoerência filosófica do conceito de “crime político” pelo mesmo jamais dispor de leis que atendam os requisitos de “lex sempiterna, perennis et immutabili” – uma lei perene, imutável sob qualquer regime, pois o que é considerado “mal” não pode mudar conforme a ideologia vigente.

Deste modo, e servindo-me de um básico Direito do Consumidor – pago impostos para obter serviços – valho-me da prerrogativa de “inversão do ônus da prova” para acusar de assassinato premeditado, doloso e com requintes de crueldade, os senhores Rodrigo Pacheco, Alexandre de Moraes e demais titulares das cadeiras do Supremo Tribunal Federal. 

Os mesmos, obedecida minha prerrogativa de inversão do ônus da prova, é que deverão apresentar refutações cabais de sua inocência diante desta absurda morte, deste assassinato cometido por uma junta governamental espúria e ditatorial, que exerce o governo da Nação à revelia da autorização popular.

Fatos trágicos como esse expõem, sem disfarces, a verdadeira face da ditadura judiciária imposta ao povo brasileiro. Não há como deixar de ver seus crimes, suas manipulações e estupros interpretativos das leis bem como o mais sórdido rancor e ódio, com o qual caçam – com ímpetos de extermínio – todos aqueles que não se curvam em obediência passiva aos seus desmandos.

Devemos lembrar, entretanto, que odiar uma ditadura é muito fácil e sem maiores consequências. Por isso, é preciso dar nomes – os nomes dos ditadores, os nomes dos estupradores de nossos direitos legais, os nomes dos ladrões do dinheiro público, os nomes dos assassinos do senhor Cleriston.

E os mesmos saem, todos os dias, nos noticiários – normalmente cobertos por elogios e enfeitados de louvores interpretativos, verdadeiramente lisérgicos, entoados por sua maior cúmplice e igualmente assassina de direitos e gentes: a grande mídia.

Tudo o que fizermos, de hoje em diante, não será “perturbação da ordem” ou mesmo, como tentam caracterizar, “atos de terror”: estaremos apenas exercendo nosso direito à legítima defesa.

Pois todo brasileiro de bem é, hoje, um alvo destes assassinos.


Walter Biancardine


"Meu dever é de falar, não quero ser cúmplice. Minhas noites seriam atormentadas pelo espectro do inocente que paga, na mais horrível das torturas, por um crime que ele não cometeu."

Emile Zola




terça-feira, 14 de novembro de 2023

UM ANO DE SENTENÇA, UM ANO DE LIBERDADE

 


Neste dia 15 de novembro completa um ano em que, repentinamente, perdi a mulher que amava, minha casa, meu modo de vida, hábitos, raízes, décadas de história, amigos e membros da família – tudo isso em menos de três dias.

Súbito, vi-me isolado, sem amigos e sequer onde dormir ou o que comer, e não fosse a generosidade e amor ao próximo de Alair Corrêa, oferecendo-me uma “casinha na roça”, meu destino seria os acostamentos de estrada ou marquises de prédios.

Um ano se passou.

Um ano de absoluta solidão, de não ter uma só alma viva por perto que pudesse conversar e tão distante do núcleo habitacional mais próximo que, uma caminhada até o mesmo, custaria uma hora e meia de pernas trabalhando.

Mas a vida é surpreendente, principalmente quando o nosso maior amigo – Deus – nos ajuda: o que, à princípio revelava-se um apocalipse em minha existência, acabou por se tornar a melhor coisa que poderia acontecer comigo.

Neste ano de solidão – minha “peregrinação no deserto” – consegui manter a psique sã e mergulhar profundamente não apenas em auto análises como, igualmente importante, numa investigação minuciosa de toda a conjuntura de minha vida, a qual revelava-se de uma dependência emocional contumaz e prejudicial, ao ponto de inibir-me intelectualmente diante da mulher amada – canhestra tentativa de demonstrar amor sob a forma de submissão da minha própria inteligência.

Um simples teste de caráter revelou-me o erro de pessoa: a mulher que amava jamais existira. E apenas fazer ouvidos de mercador às vozes dos meus complexos de inferioridade – “posso ser burro, mas posso também escrever” – renderam três livros e centenas de artigos onde, por mais que de mim discordem, ao menos admitirão a solidez dos meus pontos de vista e uma sanidade intelectual inacreditável, após tão inaudita e torturante provação enfrentada.

Este pode ser o resumo deste ano: uma dúzia de meses onde enfrentei o que poucos homens encarariam sem sequelas e, ao fim, enxerguei toda a dor e sofrimento como lição mais que necessária, para me tornar digno de outro patamar, o qual não lembro de, algum dia, nele ter estado.

O coração está curado – única dor que sinto é contra mim mesmo, por ter permitido que sentimentos manipulassem a razão e cegassem meus olhos – e a mente, de modo inacreditável, encontra-se mais produtiva e potente que jamais esteve.

Ainda enfrento uma vida bastante dura, com privações e sacrifícios diários, mas não posso deixar que a ansiedade me domine: estou reconstruindo o que, durante 60 anos, recusei-me a plantar. Assim, quaisquer reclamações de minha parte seriam, além de levianas, injustas. E essa reconstrução também passa pelas mesmas mãos deste senhor, Alair Corrêa, que convidou-me a gerenciar seu hotel. Tenho um teto, estou empregado e meu intelecto permanece são e produtivo.

Posso considerar este ano como longa e necessária internação em uma rehab emocional, o qual me rendeu bons frutos: da indigência certa ao cargo de gerente, e da demência traumática à publicação de três livros.

Creio ter, finalmente, aprendido a transformar limões em limonada.


Walter Biancardine





domingo, 12 de novembro de 2023

AOS JOVENS DE HOJE, QUE INGRESSAM NO MERCADO DE TRABALHO:

 

Quando em um debate xingarem sua mãe, apontarem seu pé chato, hábitos sexuais ou uma legião de antigos relacionamentos que não te querem nem pintado de ouro, isto significa que seu adversário não tem nada de concreto, real, contra você, suas posições ou atitudes – isto se chama "argumentum ad hominem".

Igualmente, tal adversário pode estar tomado por sentimentos pessoais – raiva, despeito, frustração, inveja – ou, simplesmente, ter um QI de samambaia de plástico.

Ou tudo isso junto.

Por isso meu caro jovem, que agora ingressa no mercado de trabalho: se, em uma discussão, xingarem sua mãe, parabéns: você está com a razão e venceu a demanda!


Walter Biancardine



quarta-feira, 8 de novembro de 2023

MESSAGE IN A BOTTLE

 


Minha vocação é a escrita: jornalismo, teses, ensaios, livros, análises políticas, romances e até versinhos de pernas tortas, quando em agonia sentimental.

Muitos, porém, não entendem e creem ser estratégia de disfarce de um caráter duvidoso o fato de nenhuns pudores eu sentir em expor o que tenho de pior.

Acreditem: o que carrego de decrépito, mostro. E, se entre tantos deméritos um caráter vago, mau ou ausente existir, o mesmo poderá ser facilmente identificado no que escrevo.

E qual a razão de mostrar meu mais abominável?

Simples, pois tais desabonos são publicados entre diversos artigos que produzo e, assim, o leitor poderá ter a certeza de minhas linhas serem plenas de sinceridade - desejos de glória, reconhecimento ou elogios são, tais como os citados, inexistentes.

Se não há reconhecimento no que faço, igualmente não o procuro.

Minha ambição está quilômetros acima, objetivando que as pessoas raciocinem por si mesmas, que não sejam mais marionetes da grande mídia e que enxerguem versões censuradas de vergonhas públicas e explícitas.

E quem me lê saberá que nada ganho com tais atividades, que o desinteresse pessoal é absoluto - afinal, o quê um bosta como eu, já velho e acabado, poderia desfrutar disso?

O Brasil pede socorro, a inteligência humana envia seu S.O.S. e eu sou apenas a garrafa que carrega a mensagem.


Walter Biancardine



domingo, 5 de novembro de 2023

NÃO CUSTA PENSAR:

 


O descaramento ilimitado das instituições brasileiras não teve pudores em libertar um ladrão, condenado em todas as instâncias, para que sua passada e extinta "popularidade" justificasse a fraude eleitoral que se preparava, dando vitória ao mesmo e à quadrilha.

Do mesmo modo, estas instituições condenaram "ad libitum rex" Jair Bolsonaro à inelegibilidade, com idêntico propósito, visando já as vindouras eleições presidenciais: não importa quem Bolsonaro indique ou apoie na corrida eleitoral, o mesmo perderá, graças às nossas extraordinárias urnas dotadas de livre arbítrio.

E a justificativa - sempre dada pela mídia cúmplice - será fácil e previsível: "Fulano de Tal não tem a mesma popularidade de JB" ou, pior, "Bolsonaro perde prestígio e não consegue transferir votos para seu candidato".

Somente um verdadeiro milagre - o indicado por Bonoro obter uma votação ainda mais massiva, absurda mesmo, aos níveis de quase unanimidade - poderá quebrar a farsa, que já está preparada e pronta para ser usada no próximo pleito, destinada a nos aprisionar para sempre na atual ditadura comunista que vivemos.

Desistam de buscar alguém que nos salve: nem Bolsonaro nem ninguém poderá.

Somente nós, em insurreição aberta, poderemos criar condições de atuação para os poucos congressistas que nos restam.

Acordem.


Walter Biancardine

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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

FERIADO

 


Sem nenhum pudor escrevo sobre esta véspera, mesmo sabendo o significado do dia de amanhã. Sim, pois dores de perdas não serão amenizadas chorando sobre túmulos que muita gente visita (quando visita) apenas anualmente.

Não, a dor que quero falar é outra: é a dor da solidão; de não ter ninguém para sair, relaxar, conversar bobagens, fazer planos loucos ou mesmo engrenar em desafios intelectuais que, fatalmente, desembocariam em uma cama selvagem e plena de admiração.

Véspera de feriado, quero sair e não tenho como.

Véspera de feriado, quero beber um chope e não tenho com quem.

Véspera de feriado, quero um fim de noite com beijos mas não existem bocas.

Não existem bocas, não existem perfumes, não existem graça, encantamento, doçura e companhia.

Véspera de feriado, descubro que o finado sou eu.


Walter Biancardine