Por longo tempo busquei conhecer a mim mesmo, perambulando nos desertos de minha solidão. Resvalei perigosamente na mais abjeta auto piedade e não me envergonho de admitir que, em diversas vezes, mergulhei descaradamente nela. Enxerguei minhas ações erradas, meus equívocos ao longo de uma vida inteira, meus defeitos, manias, mas em nenhum momento questionei meu intelecto: o fato de ter produzido três livros, em tais e desumanas condições, era-me um motivo de orgulho e atestava a mim mesmo não apenas sanidade mental, lucidez, quanto – principalmente – destreza e capacidade no ato de escrever.
Julgava-me surrado pela vida, mas ainda dono de um intelecto são e poderoso, pronto para ser empregado em quaisquer empreitadas que me fossem destinadas. Ledo engano.
Nas últimas semanas vivi dias de grande orgulho de mim mesmo, às voltas que estava entre uma proposta de trabalho em um tradicional jornal de São Paulo e a possibilidade de fazer parte da brilhante equipe da Revista Oeste. Em ambos os casos seria obrigado a mudar-me para a capital paulista e ainda, convenientemente, me afastaria de uma cidade que tomou-me a juventude, a alegria, a mulher que amava, minha família, sonhos e esperanças.
Em minha arrogância intelectual – autor de três livros, aluno de Olavo de Carvalho e com vídeos postados por ele, chamado de “professor” por seguidores do YouTube – acreditava-me em posição de poder escolher qual proposta seria a mais conveniente para mim, até que a realidade da vida – transmitida por meio do fato de não ser aceito em ambos os locais – despertou-me de tal sonho e, de quebra, mostrou o quão pequeno sou diante de monstros como Augusto Nunes, J.R. Guzzo, Jorge Serrão, Rodrigo Constantino, Ana Paula Henkel e tantos outros.
Sim, há muito o que aprender. Sim, enxerguei minha pequeneza intelectual, meu despreparo jornalístico – até pela longa ausência das redações – e o quanto enganei, ainda que involuntariamente, tantas pessoas que se deram ao trabalho de acompanhar meus artigos, vídeos ou mesmo compraram meus livros. Sim, uma lástima.
Compreendi que não possuo condições de voltar a fazer vídeos, escrever livros ou mesmo artigos, pois nada tenho a ensinar à ninguém. Enxerguei o tamanho – imenso – de minha ignorância e a necessidade urgente de somente estudar, de modo profundo e sério. Percebi que, novamente, tornei-me um “foca” (novato) no jornalismo, dado os anos que não piso em uma redação.
Assim, por uma questão de honestidade com os que me seguem, não mais usarei o YouTube. Certamente continuarei a escrever artigos em minha página pessoal e Facebook, mas peço encarecidamente que não os considerem e, preferencialmente, não os leiam. O fato de permanecer escrevendo é muito mais uma concessão que faço à minha compulsão em redigir do que a certeza de entregar ao leitor algo que ele realmente precise saber. Não, nada tenho a dizer a ninguém.
Não mais vídeos, não mais livros, não mais artigos.
E peço que não leiam o que por ventura caia em suas mãos, se de minha autoria.
Encerro com a esperança de ser perdoado por tamanha pretensão, e que não se sintam enganados: eu enganei até à mim mesmo.
Walter Biancardine
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