Sem nenhum pudor escrevo sobre esta véspera, mesmo sabendo o significado do dia de amanhã. Sim, pois dores de perdas não serão amenizadas chorando sobre túmulos que muita gente visita (quando visita) apenas anualmente.
Não, a dor que quero falar é outra: é a dor da solidão; de não ter ninguém para sair, relaxar, conversar bobagens, fazer planos loucos ou mesmo engrenar em desafios intelectuais que, fatalmente, desembocariam em uma cama selvagem e plena de admiração.
Véspera de feriado, quero sair e não tenho como.
Véspera de feriado, quero beber um chope e não tenho com quem.
Véspera de feriado, quero um fim de noite com beijos mas não existem bocas.
Não existem bocas, não existem perfumes, não existem graça, encantamento, doçura e companhia.
Véspera de feriado, descubro que o finado sou eu.
Walter Biancardine
Nenhum comentário:
Postar um comentário