Algo estranho é não poder precisar quantos anos temos no exercício de nossa profissão.
No meu caso, mais que um trabalho, o jornalismo e a escrita - juntamente com a análise política, social e os estudos - ultrapassam tal definição, pois é minha vocação. E vocação é aquilo que você é compelido a fazer, mesmo existindo coisas que dariam muito mais prazer - no meu caso, a aviação.
Escrevo desde que me entendo por gente: de simples redações escolares, as quais juntavam colegas de classe para ouvi-las, passando por histórias em quadrinhos, cartas para revistas e jornais (na vã esperança de ver meu nome publicado, mas jamais foi) e até jornais escolares ou de bairro, colados nos tapumes de obras, estes foram meus primeiros passos.
Confesso que, por vinte longos anos, nada escrevi ou publiquei, pois via-me às voltas com namoros, casamentos, filho que nascia e meu trabalho na OEA e, depois, a aviação.
Impossibilitado de voar, o acaso e um amigo - Oswaldo Guimarães - me trouxeram de volta ao jornalismo: ele me convidou para trabalhar como repórter na Rádio Ondas FM, já em Cabo Frio, onde a insanidade de um chefe, conhecido como Habib (Hassalam), permitia-me escrever o que me passasse na cabeça e, por diversas vezes, ultrapassasse os 30 segundos regulamentares dos boletins radiofônicos.
E daí pra frente é tudo história conhecida: Lagos Jornal, Diário Cabofriense, Lagos TV, Opinião... coisas que me renderam apelidos carinhosos como "o câncer da mídia", "nazistinha de Alair" e um impressionante placar: 50% da intelectualidade de Cabo Frio me desconhece, e os outros 50%, me odeia.
Não os culpo: em 2007 eu já dizia - para escândalo de minha editora - que não existe jornalismo imparcial. E, somado ao meu posicionamento claramente conservador e de direita, foi o suficiente para me excluírem do páreo e ser congelado no freezer dos "malditos".
Não importa, sempre fiz o que acreditei nestes meus - quantos? - anos e anos de trabalho.
E permanecerei batucando meus teclados até que a morte, sorrateira e pontual, encerre minhas atividades.
Seguimos em frente.
Walter Biancardine
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