domingo, 23 de fevereiro de 2025

FARTO DE ESTAR FARTO -


Não sou bipolar, mas minhas tentativas desesperadas de escapar da angústia assim me fazem parecer.

Tive um fim de semana onde, por causas outras, mergulhei em um abismo de melancolia. No dia de hoje, domingo, tentei me alegrar e parecer recuperado diante da descoberta de algumas histórias antigas de família, mas ao me dar conta que amanhã é segunda-feira – que sempre traz consigo a lembrança de meu atoleiro profissional – novamente me deprimo.

Segunda-feira, em meu caso presente, não é só um dia. É um monstro quieto, um bicho que se esconde no canto da mente e espera a hora de morder. Ela traz o trabalho infrutífero, o atoleiro que me estanca, sempre, no mesmo lugar; aquele lamaçal profissional carregado de ódios e invejas alheias que eu não sei mais se é castigo ou consequência.

Ando farto de estar nas mãos dos outros, farto de esperar, farto de sentir o tic-tac do relógio como machadadas em minhas porcas esperanças. Farto de crer, sempre crer, obrigado a crer e me alimentar disso.

É o preço que pago – caro – por ser quem fui, no passado.

Apenas não sei se terei fundos, amanhã.


“Os deuses tinham condenado Sísifo a rolar um rochedo incessantemente até o cimo de uma montanha, de onde a pedra caía de novo por seu próprio peso. 

Eles tinham pensado, com suas razões, que não existe punição mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança”.



Walter Biancardine


Nenhum comentário: