As políticas educacionais teratológicas impostas ao ensino brasileiro vem de longa data, ainda dos governos militares e seu conceito positivista de "difundir as escolas de ensino superior" (faculdades em quantidade, não qualidade) e que, pela profusão desordenada, provocou inevitável rebaixamento dos padrões acadêmicos - tanto para o ingresso nas mesmas quanto para a conclusão do bacharelado.
O "emburrecimento" deliberado, imposto pelos governos esquerdistas que sucederam os generais no poder apenas executam, ainda nos dias atuais, o golpe de misericórdia - lento, sádico, embotador e entrevante - na academia e, não à toa, toda e qualquer produção intelectual significativa do país cessou, ainda nos anos 80.
Não há - repito, não há - nenhuma publicação brasileira, sequer citada como referência, nas revistas científicas internacionais, ainda que as mesmas estejam, já, impregnadas de vieses ideológicos. E isto é um péssimo indicativo, que denota o apavorante quadro de símios infantis e tarados, verdadeiros analfabetos funcionais que esforçam-se, nos rudimentos da escrita e das ideias, para expor idiossincrasias, por tais elementos consideradas "teses" - segundo estas mesmas criaturas, "se cumpro as normas ABNT, então está tudo bem".
Sem desmerecer ninguém - pelo contrário - posso citar o trabalho de orientação e acessoria que presto à gentil jovem com quem tenho convivido: a mesma é Doutora, e apenas escapou da mediocridade geral por conta dos mesmos méritos que também possuo, os quais foram a iniciativa de estudar, aprender, pesquisar e compreender em separado, longe de mestres e salas de aula. Ela por instinto de sobrevivência de sua inteligência e eu por total descrédito do meio acadêmico.
Ora, uma Doutora - se viajar para a Europa ou USA, por exemplo - será apresentada como "PhD", ou seja, uma "Philosophy Doctor", o qual, como símbolo do paradoxo verde-amarelo, é muito mais respeitado no Brasil que o título de "Doutor" - ainda que sejam, ambos, exatamente a mesma coisa.
Pois esta estimada "Philosophy Doctor" - uma Doutora em Filosofia da especialidade que escolheu - à parte seu brilhantismo e vasta cultura, adquirida fora do campus, ainda escorrega e desorienta-se ao abordar o sentido filosófico das questões, jamais administrado por aqueles que formaram "Doutores em Filosofia" de alguma cadeira.
Tive o privilégio de ter sido aluno do professor Olavo de Carvalho e, mais que isso, desfrutei da grande oportunidade de testemunhar um filósofo filosofando, ao vivo e defronte a mim. Tais ensinamentos - mais que a memorização de nomes e conceitos - impregnou-me do verdadeiro sentido da filosofia, a qual é quase um "estilo de vida", nas palavras do saudoso Véio da Virgínia. E isso abriu as portas de minha inteligência, me transformando interiormente e estimulando o aprofundamento - cada vez maior, quase um sacerdócio - na busca incessante da verdade filosófica.
Apenas que nada disso acontece hoje, nos meios acadêmicos brasileiros. Resumem-se à mais vil memorização de conceitos, datas, nomes e, quando confrontados ao desenvolvimento de ideias, valem-se da estratégia de "papagaios de pirata", apenas repetindo - e piorando - ideias de um Foucault, Sartre ou mesmo Leandr Karnal e Cortellas da vida. Ideologia e doutrinação puras, as quais substituíram o saber acadêmico.
Para tais mestres, pouco importa o estado deplorável em que seus alunos chegam - semi analfabetos, iletrados, toscos de pensamento e incapazes de ler ou formular textos maiores que um Twitter. Para tais delinquentes, o que interessa é angariar adeptos, hipnotizar (tal qual um José Américo Mota Peçanha e seu Epicurismo) e, ao fim, presenteá-los com um diploma, o qual apenas inflará seus egos e os fará crer serem "superiores" aos demais mortais.
Jamais dei autoridade para que um imbecil destes seja o fiador de minha competência ou saber.
Entretanto, tal como os demais brasileiros submetidos à "jurisfação" da vida, tento à duras penas sublimar as barbaridades ouvidas, lidas e presenciadas na academia: busco, como único motivo, honrar a memória de minha mãe e presenteá-la - ainda que post-morten - com um bendito canudo, o qual algum idiota considerou-me apto.
Apto sim; superior à ele, jamais.
Walter Biancardine
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