A argumentação foucaultiana, exposta nos escritos deste senhor Gilles Deleuze exibidos acima, parte de premissas equivocadas e conduz a conclusões ideologicamente enviesadas.
O ponto central da questão está na ideia de que as sociedades ocidentais teriam transitado de um regime disciplinar para uma era de "espetáculo e exibição", implicando que o controle social mudou de forma, mas manteve-se onipresente. Ora, tal análise ignora completamente quaisquer nuances políticas e culturais dessa transformação e, mais grave ainda, desvia-se da verdade fundamental sobre o que realmente molda a ordem social.
Primeiramente, Michel Foucault comete um erro primário, de categorias, ao reduzir as sociedades ocidentais a meras estruturas de controle. Como bem apontou Olavo de Carvalho, o marxismo cultural e suas ramificações – entre as quais se insere a filosofia foucaultiana – operam por meio de uma desconstrução incessante da realidade objetiva, transformando toda a história e cultura do Ocidente em um jogo de forças onde só existe dominação e resistência. Esse reducionismo é, além de intelectualmente uma pilantragem, criminosa ferramenta ideológica para corroer a civilização cristã ocidental.
O argumento de que as sociedades ocidentais teriam se tornado essencialmente verborrágicas, regidas pelo espetáculo, é um truque retórico que busca esvaziar qualquer princípio normativo da comunicação humana. Foucault - e Deleuze - ignora que o fenômeno da proliferação da fala, longe de ser uma mera transformação estrutural, está intimamente ligado à ascensão da mentalidade revolucionária, que promove um relativismo desenfreado e a dissolução de qualquer hierarquia moral e epistemológica. Em outras palavras, a verborragia que vemos hoje não é uma característica inevitável das sociedades ocidentais, mas um sintoma do enfraquecimento deliberado dos valores tradicionais, causado por pensadores desta espécie.
O que de fato ocorreu não foi uma crise das "disciplinas" no sentido foucaultiano, mas sim um ataque massivo à ordem natural das coisas. O controle social não foi superado, mas apenas deslocado de instituições legítimas (família, igreja, tradição) para novos agentes hegemônicos – a grande mídia, a cultura de massa, as corporações globalistas e os aparatos estatais tecnocráticos. O objetivo agora não é disciplinar no sentido clássico mas, primordialmente, manipular e deformar o imaginário coletivo para torná-lo incapaz de resistir ao avanço da engenharia social.
Em suma, ao invés de lamentarmos a suposta era da disciplina, como faz Foucault, devemos lamentar o colapso da autoridade legítima e sua substituição por um regime de controle invisível e difuso, operado sob a máscara da liberdade absoluta e do espetáculo midiático.
O problema não está no disciplinamento, mas na inversão de valores promovida por intelectuais revolucionários que, sob o pretexto de libertação, apenas pavimentam o caminho para um novo tipo de escravidão.
Fingir que luta, tal como esse Deleuze, não adianta.
Walter Biancardine
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