sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

AINDA CID, MAS FALANDO DE FILIPE -

 


Alguns leitores poderão crer que há uma contradição em meu artigo de ontem, sobre o Ten. Cel. Cid e sua delação premiada. Nele afirmei que qualquer um que delata irá, por consequência, acusar seus parceiros - ou não seria "delação". Também disse que Cid é um bom homem, mas que não soube suportar a tortura psicológica que foi submetido, comparando-o a Filipe G. Martins, que não disse uma sílaba sequer, contra Bolsonaro ou quem seja.

Ora, é justamente aí que pode haver o engano: até onde me consta - e me corrijam se eu estiver enganado - o jovem Filipe prestou vários depoimentos mas, que eu saiba, não concordou com nenhuma delação. Isso, em meu ponto de vista, já os separa em suas intenções. Do mesmo modo é possível entender que um simples depoimento, após tanto tempo de prisão sem justificativa e sem saber os motivos da mesma, é parte da sinistra receita de terror do ditador Alexandre de Moraes: tortura-se pela reclusão, pelo isolamento, pela ignorância de sua situação, pela ausência de perspectivas de soltura e, é óbvio, pelas sempre presentes ameaças, mesmo em um depoimento.

Em meu ponto de vista, esta é a crucial diferença que separa um oficial das Forças Armadas, treinado para resistir a diversos tipos de pressão e tortura - inclusive físicas - mas que não resistiu ao ter a família ameaçada, e um Filipe G. Martins, forjado intelectualmente à sombra de Olavo de Carvalho e que não abriu o bico. Palmas para Filipe.

Olavo tem razão.

Essa frase, hoje, é pleonasmo.

NOTA POSTERIOR:
Buscando em arquivos, vi que Filipe G. Martins, de fato, não assinou nenhum acordo de delação premiada. Em abril de 2024, Martins declarou em carta: "Não delatei. Não delatarei. Porque não há o que delatar"
Além disso, em depoimento à Polícia Federal em fevereiro de 2024, ele negou ter entregue ao ex-presidente Jair Bolsonaro uma "minuta do golpe", contrariando afirmações do Ten. Cel. Mauro Cid.


Walter Biancardine



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