Do mesmo modo, tudo o que se segue abaixo poderá servir de “insight” para aqueles que pretendam desenvolver teorias, ou mesmo teses, sobre a influência da mudança de frequência padrão nos tons musicais sobre a psique e comportamento das massas.
Se você disser que eu desafino, amor… -
A afinação musical, ou seja, a determinação da frequência padrão para o tom Lá acima do Dó central, tem sido objeto de debates e mudanças ao longo da história. Atualmente, até onde sei, o padrão internacionalmente reconhecido é de 440 Hz. No entanto, existem aqueles que defendem a afinação em 432 Hz, argumentando que a mesma estaria mais “alinhada” com as frequências naturais do universo, e ainda apresentaria efeitos benéficos sobre o ser humano, especialmente sobre sua psique.
O fato é que, antes de ser instituída uma padronização, não haviam frequências fixas para a afinação dos instrumentos musicais. Cada região ou mesmo cada conjunto instrumental podia adotar diferentes referências – ou preferências – resultando em variações significativas no resultado final de uma obra. Pesquisei e descobri que foi somente em 1953 que a Organização Internacional de Padronização (ISO) estabeleceu o Lá em 440 Hz como padrão. Entretanto, igualmente sei que alguns compositores, como Giuseppe Verdi preferiam a afinação em 432 Hz, acreditando que esta proporcionava uma sonoridade mais harmoniosa e adequada para as vozes humanas.
Controvérsia entre 440 Hz e 432 Hz: fora do tom? -
Os defensores da afinação em 432 Hz – em geral um tanto quanto esotéricos demais para meu gosto, mas que aparentam possuir boas razões – argumentam que esta frequência está em maior consonância com os padrões naturais e cósmicos. Do alto de seus “nirvanas”, asseguram que instrumentos afinados em 432 Hz ressoem de maneira mais harmoniosa com a natureza e com o corpo humano, promovendo sensações de bem-estar e relaxamento. Estudos de cimatismo (pesquise no Google), que analisam padrões formados por frequências sonoras em meios físicos, mostram que a frequência de 432 Hz gera formas geométricas mais simétricas e esteticamente agradáveis em comparação com 440 Hz e, por isso, dou aos irmãos “malucos-beleza” minha aprovação.
Por outro lado, a afinação em 440 Hz tornou-se predominante no século XX, especialmente após sua adoção como padrão pela ISO. Algumas teorias sugerem que essa mudança foi influenciada por motivos políticos e sociais, incluindo a hipótese de que o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, teria promovido a adoção do 440 Hz para influenciar o comportamento das massas – o que não deixa de ser uma boa justificativa, dado o “zeitgeist” da época. No entanto, ainda que essas teorias careçam de comprovação histórica sólida, não podemos desprezar seus efeitos na música popular jovem, a partir dos anos 50.
Efeitos das frequências sobre o ser humano: muito doido... -
A frequência de uma nota musical pode influenciar a percepção e o estado emocional do ouvinte. Músicas afinadas em 432 Hz são frequentemente descritas como mais suaves e claras, proporcionando uma experiência auditiva mais agradável e relaxante. Alguns estudos – e quero crer que realizados por hippies aposentados, veganos ou adoradores do deus-sol do santo daime – indicam que essa afinação pode estimular o “chakra” do coração, promovendo sentimentos de paz e bem-estar. E isso sempre me obriga a considerar que existem verdades ocultas, mesmo que por detrás de toneladas da erva que passarinho não fuma.
Dissipada a fumaça, ainda encontrei relatos de que a música em 432 Hz pode auxiliar na redução do estresse e na promoção de estados meditativos. Entretanto, é importante notar que a resposta ao som é subjetiva e pode variar de pessoa para pessoa – e digo isso a sério, sem nenhuma referência ao uso de substâncias estranhas por trás de tais cidadãos. Mais pesquisas científicas são necessárias, portanto, para confirmar os efeitos terapêuticos específicos dessa afinação.
Tons, sons e a física quântica: um nó na cabeça -
Podemos também piorar a situação, explorando a relação entre os modelos de afinação musical (440 Hz e 432 Hz) e a física quântica, um tema controverso e amplamente debatido especialmente em círculos – sempre eles – alternativos. Embora a física quântica seja um campo rigorosamente científico, alguns pesquisadores e entusiastas (!) sugerem que certas frequências musicais podem interagir com os princípios quânticos da vibração e ressonância.
A física quântica e a vibração do universo -
No quase nada que sei sobre física quântica, percebo que a mesma descreve a realidade como sendo composta por campos vibratórios. O princípio da dualidade onda-partícula demonstra que partículas subatômicas se comportam como ondas e podem ressoar em diferentes frequências. Essa ideia se conecta com a noção de que toda matéria e energia possuem uma assinatura vibracional, algo muito próximo do funcionamento de alguns sistemas de detecção de mísseis da atualidade.
Algumas teorias também sugerem que a frequência de 432 Hz estaria mais alinhada com a chamada "ressonância Schumann", que é a frequência fundamental do campo eletromagnético da Terra (aproximadamente 7,83 Hz). Essa conexão, supostamente, criaria um efeito harmonioso entre a música e os processos naturais do corpo humano, que também opera em ritmos vibratórios específicos e compatíveis – se é que esta última palavra é apropriada.
A ressonância e a coerência quântica -
Na mecânica quântica, existe o conceito de “coerência quântica”, onde sistemas podem permanecer interligados e ressoando na mesma frequência, sem nenhuma dissipação de energia. Defensores da afinação em 432 Hz afirmam que essa frequência criaria um estado de maior “coerência energética” – vá lá – no cérebro e nas células humanas, promovendo equilíbrio e bem-estar.
Além disso, o fenômeno de “entanglement” (emaranhamento quântico), onde partículas podem permanecer conectadas mesmo a grandes distâncias, fatalmente acaba por levantar especulações sobre como as vibrações sonoras podem influenciar sistemas biológicos de maneira mais profunda do que apenas pela audição – ponto para os hippies aposentados e seus “chakras”.
O efeito da afinação na consciência humana -
Algumas abordagens sugerem que frequências específicas podem afetar os estados de consciência, muito superiores ao suplício de ouvir um desafinado cantor de churrascaria durante todo o almoço. A meditação e a terapia com sons (como os usados em mantras, gongos e taças tibetanas) são baseadas na ideia de que certas frequências podem induzir estados mentais específicos.
* 440 Hz seria uma afinação mais "mecânica", voltada para a precisão técnica, mas menos conectada ao equilíbrio natural do corpo.
* 432 Hz estaria mais alinhada com os ritmos naturais do universo, facilitando estados meditativos e promovendo um efeito mais profundo no subconsciente.
Conclusão de toda a mixórdia acima -
Embora a ciência tradicional ainda não tenha comprovado a conexão direta entre a afinação musical e os princípios da física quântica, a ideia de que frequências específicas podem interagir com sistemas vibratórios naturais é amplamente explorada em áreas como a musicoterapia e a neurociência. O estudo mais aprofundado desses fenômenos pode revelar insights interessantes sobre como a música influencia não apenas a psique humana, mas também a realidade física em níveis mais sutis.
Por outro lado, a escolha da afinação em 440 Hz ou 432 Hz continua sendo tema de discussão entre músicos, pesquisadores e entusiastas. Enquanto o padrão de 440 Hz permanece amplamente utilizado na música ocidental, a afinação em 432 Hz ganha adeptos que buscam uma conexão mais profunda com as frequências naturais e os possíveis benefícios associados.
Independentemente da afinação escolhida, o essencial é que a música seja boa, e continue a servir como uma fonte de expressão, conexão e bem-estar para a humanidade.
A percussão determina o estado emocional, enquanto a melodia é o que nos transporta, enleva e pode nos fazer transcender.
Antes que me esqueça: funk não é música, é reclamação rítmica.
Walter Biancardine
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