Li na página do Facebook “Presente de Grego”, que trata principalmente de assuntos filosóficos e históricos, o texto sobre os malefícios da Inquisição espanhola sobre o desenvolvimento daquele país e da Europa, o qual reproduzo abaixo já com minhas contestações:
PdG – “E se a Inquisição Espanhola nunca tivesse ocorrido? Sem a Inquisição Espanhola, a Espanha poderia ter preservado seu patrimônio multicultural, promovendo uma sociedade mais diversa e tolerante. Isso poderia ter levado a Espanha a se tornar um centro de progresso intelectual e científico, semelhante ao Renascimento na Itália”.
WB – É sabido que a Espanha (e Portugal também) sempre esteve sob ameaça direta dos muçulmanos, os quais são conhecidos por sua nenhuma tolerância aos “infiéis”. Sem a Inquisição – que jamais se deu nos níveis bárbaros mostrados nos filmes – todo o território seria, hoje, um califado. Clamar por “uma sociedade diversa e tolerante” aos muçulmanos mais se assemelha a galhofa, já que os mesmos são notórios por seu radicalismo e fanatismo religioso. Igualmente as alegações de “progresso intelectual e científico” apontadas jamais foram notáveis, em tais povos, naquelas épocas. Sempre bom lembrar que foi a Inquisição que instituiu o “direito ao contraditório” nos tribunais, o direito ao advogado de defesa e, para completar, o cristianismo extinguiu a escravidão – prática ressuscitada pelos muçulmanos, depois.
PdG – “A ausência de perseguição religiosa poderia ter permitido que estudiosos judeus e muçulmanos prosperassem, potencialmente acelerando avanços em áreas como matemática, astronomia e medicina. Esse crescimento intelectual poderia ter posicionado a Espanha como uma força dominante durante a Era das Explorações, influenciando os esforços de colonização nas Américas”.
WB – O autor fala de muçulmanos e judeus como fossem expoentes em tais ciências, na época. Pois bem, mesmo sem ambos os povos, seria cabível discutir o domínio da navegação marítima pelos espanhóis? Mais: a alegada “influência nos esforços de colonização nas Américas” teria, como resultado, apenas a impregnação do novo continente pelos muçulmanos e sua sede de domínio e conquista.
PdG – “No âmbito político, a monarquia espanhola poderia ter desenvolvido métodos alternativos para consolidar o poder, possivelmente levando a um sistema de governo mais descentralizado e participativo. Tais mudanças poderiam ter fomentado uma Espanha estável e próspera, com laços mais fortes com os vizinhos europeus”.
WB – Novamente o argumento beira a piada. Governo descentralizado e participativo? Ao fim da Idade Média? Promovido por muçulmanos? E que diabos de “laços fortes com vizinhos” o autor alega, em dias de invasões, guerras e conquistas quase diárias? Estamos falando de século XV ou dos dias atuais?
PdG – “Economicamente, uma sociedade mais inclusiva poderia ter incentivado o comércio e o intercâmbio cultural, reduzindo tensões sociais e levando a uma distribuição de riqueza mais equitativa. Internacionalmente, a Espanha poderia ter sido vista como um farol de tolerância, potencialmente alterando alianças e o equilíbrio de poder na Europa”.
WB – O “intercâmbio cultural” seria a implantação do islã, pura e simplesmente. Já a distribuição de riqueza se daria, por óbvio, dos bolsos espanhóis para os camelos muçulmanos. “Farol de tolerância”? “Equilíbrio de poder”? Pois este é o ponto onde se pode concluir, com clareza, que o autor analisa uma conjuntura com base em ideologias e pensamentos progressistas atuais, desconsiderando o Zeitgeist (o espírito, as necessidades, o clima intelectual e cultural de uma época) e arruinando por completo os esforços da página em fornecer conhecimento à luz da realidade – a realidade da época, sem a qual tudo se assemelha a colocar cadeados em portas já arrombadas.
Deixo o leitor com o último suspiro sonhador do autor, verdadeira Poliana histórica, que se recusou a fazer suas análises sob o mais primário preceito de enxergá-la sob o prisma dos tempos e eras estudados:
PdG – “No geral, a ausência da Inquisição Espanhola poderia ter resultado em uma sociedade mais vibrante e intelectualmente curiosa, com impactos significativos na cultura, política e sociedade europeias”.
A página "Presente de Grego" é uma boa página, que fornece diversas informações úteis e interessantes para quem deseja se aprofundar um pouco nos temas abordados, valendo a pena segui-la. Entretanto, tais deslizes - eventuais - sempre nos fazem ter a certeza de que, realmente, a única função do jovem é envelhecer.
Estudar, envelhecer e poupar-nos deste tipo de, digamos, inocência.
Walter Biancardine
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