Lendo uma crônica do inoxidável professor Sepúlveda, resolvi imita-lo e fazer minha própria lista das bem-aventuranças e dos ais. Lá vai:
Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que se satisfazem com Funk, Brega, Pagode e Sertanejo;
Bem-aventurados os curtos de horizonte, imunes às verdadeiras ambições;
Bem-aventurados os limítrofes, achando graça em tudo o que vêem;
Bem-aventurados os ignorantes, que crêem saber de tudo;
Bem-aventurados os bonitos, pois ainda que insípidos, não conhecerão a solidão;
Bem-aventurados os que bebem e fumam, eis que não se precipitam nos verdadeiros e grandes vícios da alma;
Bem-aventurados os que não estão sós;
Bem-aventurados os que ainda tem esperanças;
Bem aventurados os idiotas – pois deles é o reino da felicidade.
Ai de ti, homem que pensa: jamais encontrarás a paz;
Ai de ti que não se anula, predestinado à solidão;
Ai de ti que tens uma missão na terra, eis que serás perseguido e invejado;
Ai de ti que tens algum talento, serás um proscrito entre os medíocres demagogos;
Ai de ti que quis aprender, pois que o mundo é uma eterna fonte de absurdos;
Ai de ti que é honesto, sincero, íntegro, leal e trabalhador: jamais serás perdoado;
Ai de ti que só quer a paz, um amor e uma vida digna, eis que é tudo o que ninguém está disposto a aceitar nos outros;
Ai de ti, que insiste em acreditar nos homens e no mundo;
Ai de ti que ainda tenta;
Ai de ti que cria, e desperta os ódios invejosos;
Ai de ti que se sobressai – pois vosso será o tormento enquanto viver.
Walter Biancardine é jornalista e chupim das crônicas dos outros
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