quinta-feira, 6 de junho de 2024
ARQUEOLOGIA DO FUTURO - Da antiga Roma á emasculada Europa atual, nada mudou. Só as Armas.
terça-feira, 4 de junho de 2024
O DESPREZO É MUDO E A HIPOCRISIA, LOQUAZ – Pequeno ensaio sobre as relações humanas na nova mesa de bar digital, as redes sociais -
Muitos de nós gastaram laudas, ou horas de confidências, a execrar o ambiente rasteiro e fútil dos bares e boates, que um dia frequentamos. Mas lá íamos, de maneira contumaz e quase compulsória, pois nos mesmos poderíamos empostar a desculpa – diversões à parte – de não apenas sabermos das últimas, nos atualizarmos sobre o pesado jogo da vida como, principalmente, firmar bons contatos e talvez fecharmos grandes negócios – eventualmente seria possível até dar vazão às nossas mais secretas vaidades e, entre um chope e outro, nos destacarmos por nossas opiniões e nos tornarmos uma espécie de “líder da turma”.
O problema aparecia quando, em meio a um determinado grupo de pessoas as quais nos interessava o contato, estava presente alguém que julgássemos inconveniente, prejudicial ou mesmo chato, a embaçar o ambiente ideal que imaginávamos. E a solução era drástica: não ir ao encontro, com todas as consequências sociais imagináveis.
Inspirado pelo inoxidável Hermes Magnus, que escreveu excelente artigo – quase uma fábula de Esopo – sobre o peso das redes sociais na formação de nossos conceitos, percebi que a internet igualmente ocupa hoje o mesmo papel social que tais bares e boites desempenharam, em passado recente: execramos o ambiente rasteiro e fútil das referidas redes, mas deles nos valemos para sabermos das últimas e, principalmente – tempos modernos – darmos vazão às nossas (hoje nada secretas) vaidades de exibirmos sucessos, anunciarmos verdades bíblicas e nos tornarmos um “guru digital”. E o melhor de tudo, e também objeto deste artigo, é que não precisamos abrir mão da convivência se, eventualmente, temos em nosso rol de amigos um ou outro chato – basta não respondê-lo, ignorá-lo, dar-lhe o pesado silêncio do desprezo. E isso o colocará em seu devido lugar, entendendo que você só aceitou sua amizade nas redes por uma caridade cristã; piedade, em suma.
Não há ambiente mais propício à uma prática deslavada da hipocrisia que as redes sociais: eu te desprezo, te ignoro, desconheço o que publica, abomino suas opiniões mas “somos bons amigos”. Afinal, não te deletei nem bloqueei; apenas, eventualmente, incluo seu perfil na relação de nomes os quais eventuais publicações não devem chegar.
Se nos enfumaçados bares e boites havia a possibilidade de até fecharmos um bom negócio, o mesmo não se dá nas redes: é vaidade pura, a imperar e soterrar verdades ao ponto de deformidades estéticas postarem fotos e, em seguida, enxurrada de comentários elogiosos desfilarem abaixo da fotografia de tal desacato à libido.
Este, entretanto, é o menor dos males. O silêncio sim, é cruel e perfura a auto estima de qualquer vivente, dando margem à interpretações oscilantes entre verdadeiras e absurdas e desequilibrando, por completo, o pobre dono do perfil – eis que a vaidade, o pecado predileto do diabo, tomou conta de todos nós. E seu segundo pecado predileto, a hipocrisia, igualmente fez morada em nossas almas.
Novas regras de etiqueta, bem como todo um leque de padrões comportamentais foram criados e aceitos tacitamente como “bem educados”, nas redes sociais. Do mesmo modo, novos “tipos humanos” se definiram com o tempo, permitindo que classificássemos as pessoas de acordo com o teor – e até frequência – de suas postagens.
Abro aqui um parêntese para lembrar que toda generalização é injusta e se condenamos aqueles que almejam o título de “guru digital”, tagarelando disparates a torto e a direito, somos igualmente obrigados a abrir exceções, pois não seria possível atribuir tal leviandade a um Olavo de Carvalho, Pe. Paulo Ricardo, Bernardo Kuster, PH Vox e sr. Sepúlveda, bem como a um Brasil Paralelo ou Revista Oeste e Rádio Auriverde, por exemplo. Garimpando com afinco e bom senso, podemos selecionar razoável (numericamente) coleção de indivíduos que, sim, merecem ser vistos, ouvidos e lidos – diferentemente da mídia “mainstream”, palco de indecente aridez intelectual e deserta de valores morais, sem uma única exceção.
Voltando ao tema em questão, creio ser prudente passar ao largo da exemplificação dos tipos humanos das redes por justificado temor que uma ou outra definição atinja eventual portador de vívida auto crítica ou, eventualmente, agoniados donos de alguma insegurança social atroz, rumando diretamente para as já citadas “regras de etiqueta digital” e seu mais cruel chicote: o silêncio.
Quem nunca experimentou a frustrante sensação de postar algo importante ou trabalhosamente elaborado e teve, como resposta, o mais clamoroso vazio? Nenhum comentário – contra ou a favor – ou mesmo um magro “curtiu”; esperar o compartilhamento de sua publicação seria, então, suprema e inatingível glória! “Só que não”, nos dizeres de hoje. Nada, somente o vácuo.
Obviamente, tais coincidências podem acontecer; ou causadas por marotos e bem adestrados algoritmos – que camuflam a postagem do proscrito sob toneladas de besteirol – ou por eventual e legítimo desinteresse, afinal ninguém é obrigado a achar maravilhosa sua postagem – a menos que seja uma foto horrenda, mal tirada e que expõe seu pior sorriso: esta, todos curtirão e comentarão sobre sua beleza.
O problema se dá quando o tempo passa e o infeliz dono do perfil se dá conta que o vácuo permanece. Passam os dias, as semanas, os meses e nenhuma de suas publicações mereceu nada além do silêncio: é hora do desconfiômetro entrar em cena, reconhecer-se um pária e modificar o foco de suas postagens. Se nas redes sociais o mesmo é solenemente ignorado, faça uma página na internet e divulgue os links de suas postagens na mais aleatória e “cracuda” das redes – o X, mais conhecido como Twitter. Sempre haverá, tal como no Telegram, um curioso para clicar em um título bem concebido (desnecessário dizer que me vali de tal expediente, angariando para minha página pessoal razoável número de visitas).
Existe, entretanto, situação bem mais grave e, normalmente, sucedânea de desavenças pessoais e explícitas: o temido “bloqueio”, ou “block”, para os íntimos.
Detentor de larga experiência em desapontar ou mesmo enfurecer pessoas, posso dizer que igualmente já experimentei tal banimento da vida de indivíduos – bloqueado que fui no Facebook, X-Twitter, Instagram, Messenger, YouTube e até WhatsApp, tudo isso de uma única criatura. Posso empregar comparação, escrita tempos atrás por mim, na qual equiparava esta expulsão da vida de alguém com as penalidades impostas pelos antigos romanos, aos que caíam em desgraça perante o Imperador, ou mesmo Senado: seus feitos eram apagados das “Actas”, eventuais estátuas eram derrubadas, sua memória abolida dos anais e mesmo sua casa era demolida, jogando-se sal por cima para que nada mais florescesse no local onde vivia tão abominável ser. Se você, assim como eu, já foi objeto de tal castigo, parabéns: quem te baniu igualmente jogou sal sobre o próprio coração, e jamais nascerá novamente algo lá – ao menos, no que diz respeito à sua pessoa.
E este é o pior lado desta “sociedade digital”, como seja, a facilidade com que impomos os piores castigos ou mesmo proferimos os mais abomináveis juízos sobre alguém – alguém esse que sofre da grande desvantagem de não poder olhar em seus olhos, encarar você face a face e saber se tal severidade é proporcional à mágoa causada ou somente fruto oportuno de uma facilidade, oferecida pelo esconderijo de assim fazê-lo por detrás de uma tela.
Vale o alerta para os que reclamam da hipocrisia da vida em sociedade: nas redes, tal desfaçatez é infinitamente pior, raiando a criação de verdadeiros “personagens digitais”, que empostamos e buscamos vender, em busca de satisfações para nosso insaciável e bem nutrido ego.
Jamais troque um aperto de mão ou abraço por dúzias de “likes”. É pendurar na parede o diploma de hipócrita, com pós-graduação em covardia.
Walter Biancardine
segunda-feira, 3 de junho de 2024
PÚLPITO OU PALANQUE?
Fazem já alguns anos que repito a frase “não se combatem demônios com as armas de anjos” e, guardadas as devidas cautelas para não soar pecaminoso, creio que o mesmo se aplica quando nos vemos diante de padres ou pastores que abordam temas políticos, em suas igrejas.
Por óbvio que a política eleitoral não pode e nem deve ser incluída no parágrafo acima – mais que um despropósito, seria verdadeiro desrespeito à fé e aos fiéis quaisquer proselitismos em favor da eleição (ou não eleição) de fulano ou beltrano. Entretanto, cabe lembrar que tal bom senso jamais foi empregado por militantes travestidos de padres, em sua faina ideológica a favor da Teologia da Libertação.
Apontar candidatos como “ótimos” ou outros como “inaceitáveis” era, entretanto, o menor dos pecados cometidos por tais fraudes (escrevi “fraudes” e não “frades” conscientemente) de batinas: estes elementos dedicaram anos, décadas de suas vidas, a pregar uma paródia de evangelho repleta de óticas e interpretações marxistas de um Jesus Cristo político e revolucionário, que jamais existiu. E, por óbvio, tal teor revolucionário deveu-se à um Karl Marx “transubstanciado” na figura divina, sem nenhum pudor por parte de tais “pregadores”, já que eram ateus. Marx era o “pai”, Gramsci o “filho” e, diante de todos, tais padres pululavam alegremente como o “espírito santo”.
E tal miséria correu solta na Santa Madre Igreja Católica por décadas, formando gerações que foram subindo de posto até chegarem a Bispos, Cardeais e – quiçá – Papas: esqueçam o reino dos céus e salvação das almas, o que devemos buscar é a “justiça social” e uma igreja “mais antenada com os tempos modernos” – vale dizer, missas “inclusivas” com muito “axé”, ordenação de mulheres, fim do celibato e louvores infinitos ao Concílio Vaticano II, entre tantas misérias da agenda esquerdista.
Na verdade, muitos fiéis – sem se darem conta – caíram em tal canto de sereia, enxergando tais inovações como “ventos de modernidade” em uma Igreja Católica ainda “medieval” em seu âmago, pois o trabalho de Gramsci, incessante, também se dava pela grande mídia e cultura de massa: novelas mostrando padres tradicionais como retrógrados e opressores – e, por vezes, degenerados – filmes como o excelente “O Nome da Rosa”, deixando claro um propagado “antagonismo” entre a ciência e a religião e mesmo programas de TV, ditos “científicos”, mostrando como “as ideias da Igreja prejudicaram o avanço das ciências”.
Não é intenção deste artigo a apologética católica – qualquer leigo que disponha de um mínimo conhecimento em teologia ou mesmo o be-a-bá socrático/platônico enxergará, de pronto, todos os desvios praticados por militantes oriundos da perversidade excretada, dentre tantos, por excomungados como Leonardo Boff – isso para nos restringirmos ao Brasil – e por isso estas linhas não serão usadas para apontar tais heresias.
Entretanto, é necessário ir agora ao cerne da questão-título deste, usando o excelente Padre Paulo Ricardo como um exemplo de que é possível, para um sacerdote, abordar a política sem cair no proselitismo eleitoreiro.
Nosso Padre Paulo tem, em seu site, uma playlist completa de seis aulas abordando o “marxismo cultural”, verdadeira locusta mental que devasta não apenas a Igreja Católica como, também, as pobres mentes de nós, outros. Do mesmo modo é possível encontrar na internet (YouTube), do mesmo Padre Paulo Ricardo, uma série completa de aulas sobre a Filosofia da Linguagem (canal Sancta Dei Genitrix) – e todos sabemos que dominar um vocabulário significa dominar um povo – bem como várias outras aparições, em canais como Cardeal Newman e mais alguns outros.
Desnecessário dizer que Pe. Paulo não gasta suas missas apontando candidatos ou louvando partidos ou ideologias políticas. Entretanto, como verdadeiro Diretor Espiritual e pastor de almas, encontra tempo e local para advertir e ensinar cristãos sobre o que é a verdadeira Igreja de Cristo e quais os males que se infiltraram na mesma. Ele mesmo, em uma frase célebre a respeito do esvaziamento de vocações na Igreja, afirmou: “- Precisamos mais de excomunhões que vocações”, disse ele, referindo-se ao corpo eclesiástico quase totalmente tomado por militantes de esquerda. Esta frase completa, com maestria, um dizer do filósofo Olavo de Carvalho ao afirmar que “a Igreja tem mais inimigos dentro dela do que fora”.
A Igreja Católica conta ainda com defensores leigos ferrenhos, como Bernardo Kuster (também com canal no YouTube) e tantos outros, mas tal movimento de retorno eclesiástico ao verdadeiro pensamento católico jamais é noticiado – a menos que a grande mídia deseje, mais uma vez, denegrir a Igreja com notícias sobre pedofilia ou mesmo escândalos financeiros do Banco do Vaticano: nestes casos, os citados acima certamente serão citados como representantes de uma “ala retrógrada” da Igreja, ligando-os, sem mais nem menos, a lendas urbanas como a “sinistra” Opus Dei (vide O Código Da Vinci) que, para os “progressistas”, simboliza a “ultra-radical-direita” cristã. Não obstante, valem-se da mesma para pantomimas políticas, tais como a pretendida por nosso Ministro da Fazenda, Haddad, que irá ao Papa pedir a “taxação mundial das grandes fortunas” – e sobre o efeito desejado por tal visita, falarei em outro artigo.
Com olhos tão poderosos como os da mídia mundial perscrutando seus passos, aliados a uma pesada infiltração esquerdista nos mais altos postos eclesiásticos, a Igreja Católica realmente mostra-se bastante discreta em sua luta pela salvação das almas – e das vidas – de seus fiéis. Este encargo, agora e graças à Providência Divina, parece estar nas mãos protestantes dos Pastores Evangélicos – no caso do Brasil – e demais congregações, em outras denominações pelo mundo.
Desnecessário dizer que, graças ao grande número de fiéis que contam em nosso país, tal fato (leia-se “ameaça”) não passaria despercebido à vigilância da grande mídia brasileira. A mesma, agora, já começa a levantar questões sobre os limites de um diretor espiritual sobre as escolhas políticas de seu rebanho – e, revestida de carolice verdadeiramente farisaica, aponta já dedos furiosos contra pastores que (vide Cláudio Duarte) apenas lembram a nós mesmos o que sempre fomos, e como sempre pensamos.
Tudo é uma questão de bom senso. Se padres ou pastores indicam candidatos, isto é incorreto e alheio aos propósitos de qualquer igreja, seja católica ou protestante. Entretanto, o próprio Jesus Cristo disse: “Não vim reformar, mas confirmar o escrito” – e tal declaração abriga a essência conservadora da Palavra, do ensinamento que nem o tempo ou os homens podem mudar. Assim, se estes pastores ou padres dedicam parte de seu tempo a relembrar o que a grande mídia apagou – ou seja, quem nós éramos, do que gostávamos, o que acreditávamos – e ainda nos alertam sobre a imunda estratégia de dominação mental empregada pela esquerda mundial, nada fazem além de seu dever de zelar para que andemos pelo bom caminho; em absoluto não podem ou devem ser condenados, pois sabemos de onde parte esta “condenação” e quais são seus objetivos.
Se seu padre ou pastor elogia um político, advirta-o. Mas se os mesmos lembram a você e sua família qual o caminho correto a seguir – como seja, o caminho de sempre, apontado por Nosso Senhor Jesus Cristo – então você e os seus estão em boas mãos.
Walter Biancardine
quinta-feira, 30 de maio de 2024
TRUMP CULPADO - É O FIM DE SEU CAMINHO?
Donald Trump acaba de ser considerado culpado em todas as 34 acusações de falsificação de registros comerciais, levantadas pelo Partido Democrata contra ele. A sentença deverá ser divulgada oficialmente em 11/07/24, mas não impedirá que o republicano concorra à Presidência, nas eleições de outubro deste ano.
O que o Partido Democrata norte americano fez foi montar um verdadeiro "show trial", um espetáculo sensacionalista e farsesco, cujo propósito foca apenas na tentativa de prejudicar a imagem de um candidato que já se afigura imbatível, no próximo pleito.
Mais que mera coincidência, a similaridade de atitudes baixas, tomadas pelo Partido Democrata norte americano, com as mais ridículas imundícies políticas da esquerda brasileira evidencia que há, de fato, uma coordenação única em tais movimentos e que toda a esquerda internacional - bem como seus financiadores globalistas - não passa de uma federação de quadrilhas criminosas.
De George Soros ao PSOL, passando pela Ford Foundation, Escola de Frankfurt e Cartel de Los Soles - e suas respectivas bocas de fumo - todos se uniram com o único propósito de criar uma sociedade de escravos lobotomizados por drogas, celulares e mídia.
Você não terá nada e será feliz.
Walter Biancardine
DOMANDO ABISMOS -
É ponto pacífico que ninguém precisa suportar nossos dramas internos, do mesmo jeito que recomenda-se prudência ao compartilharmos eventuais sucessos.
O "Eu Social" deve ser, preferencialmente, como um vendedor de loja: simpático, agradável, prestativo e educado - nada interessando, a quem nos aborda, eventuais apocalipses que nos devastem internamente ou, igualmente, se ganhamos sozinhos na Mega-Sena.
Esta é a convenção social; oportuna, dona de lógica incontestável e que desempenha o papel de verdadeiro óleo lubrificante, permitindo às engrenagens da interação interpessoal seu funcionamento suave e sem atritos.
Se você foi o feliz ganhador de uma bolada lotérica, recomenda-se mudar de cidade e extinguir todas as suas páginas em redes sociais, pois bocas nervosas e ansiosas podem ser, eventualmente, incontroláveis e causadoras de verdadeiras desgraças.
Já na hipótese de um tsunami haver devastado sua vida, procure agir como um Lord inglês - "gentleman just walk, never run" - e mantenha a devida "fleugma": cabeça erguida, ligeiro e confiante sorriso no rosto, postura ereta e fala pausada.
Escrevo tais considerações por crer-me possuir pós grado, doutorado e mestrado em ambas situações, errando em todas elas e pagando preço extremamente caro por tais enganos. Em dias felizes, exibi despudoradamente minha alegria - pouco me importando com tristezas alheias - e mantive tal comportamento errôneo, por outro lado, nos últimos dois anos que foram, indisfarçavelmente, devastadores. Tal cachorro ferido, desandei a ganir aos quatro ventos os efeitos das bombas de Hiroshima e Nagasaki que me implodiram por dentro - e este comportamento apenas revela infantilidade, auto-piedade extrema e gera constrangimento à todos, afinal é justo crer que quem reclama, pede soluções. E quem pode solucionar as hecatombes individuais de nós todos?
Hoje, à duras penas, penso que aprendi o necessário. Tento manter-me o "gentleman" acima citado, escrevo meus artigos e, eventualmente, posto músicas e brincadeiras.
Para quem tem o hábito de ler o que escrevo, peço que não estranhe se um dia publico pesada análise filosófica e, logo depois, posto uma brincadeira ridícula ou, mesmo, um meme.
É a minha maneira de manter a cabeça erguida, ligeiro sorriso no rosto, postura ereta, fala pausada e confiante.
"Gentleman just walk, never run".
Walter Biancardine
quarta-feira, 29 de maio de 2024
QUAL SERÁ A PRÓXIMA DO 9 DEDOS?
Assistindo neste momento o excelente programa Oeste Sem Filtro, surpreendeu-me a afirmação do comentarista Silvio Navarro que "o Congresso agora sabe que é mais forte que aparenta", disse ele sobre a sucessão de derrotas sofridas ontem pelo Governo.
Ora, nossa Constituição Federal nasceu com diversas deformidades, entre elas - e talvez uma das piores - é a clara intenção de ser voltada para um sistema parlamentarista de governo, o qual foi amplamente rejeitada pela população, em plebiscito.
Temos, então, uma Constituição que esvazia por completo os poderes da Presidência da República (para melhor ou pior) e favorece casas legislativas anabolizadas por este pensamento parlamentarista - onde está a novidade que o Congresso teria "descoberto"?
Sendo justo com o comentarista, a novidade está apenas em dois pontos: no naufrágio clamoroso de quaisquer resquícios de força e popularidade de Lula, somado ao poderoso fator de estarmos em ano eleitoral - e, neste caso, vale tudo para os parlamentares.
Escancaradamente escorado nas muletas jurídicas de quem realmente governa o país - o STF e seus 11 ditadores - resta a este desgoverno contar com ajudas explícitas dos togados, como a prontamente oferecida pelo "terrivelmente evangélico" André Mendonça, ao manter a impunidade travestida de "saidinha" para os presidiários condenados antes da decisão de ontem. Ou seja, para seu pensamento carola, o que é justo não retroage.
Sabemos que a dinâmica política pode ainda trazer muitas surpresas, principalmente em ano eleitoral e tendo como referência um governo repartido em três blocos: CV, PCC e STF. Isso quer dizer que a "popularidade" do octópode pode despencar á níveis ainda mais rasteiros e atingir o insustentável.
Por isso, vale o aviso: não será surpresa se, eventualmente, o Plantão do Jornal Nacional anunciar, em edição extraordinária, um suposto "atentado" contra o Presidente Lula, "ferindo-o gravemente".
Esta pode ser a única saída "honrosa" para um Presidente deposto duas vezes.
Walter Biancardine
terça-feira, 28 de maio de 2024
OS BENEFÍCIOS DE UM FURDUNÇO -
Meu recente artigo sobre o Cap. Nascimento e a análise filosófica sobre seu conhecido bordão - "o sistema é f*da, parceiro" - parece ter despertado não apenas elogios da conhecida analista Cissa Bailey, nos EUA, como também haver provocado a ira de muitos fundamentalistas xiitas e toda uma renca - com visões furibundas diversas, prenhes de recalques pessoais - de gente que jura ser "didireita".
Tamanho foi o burburinho que senti-me compelido a fazer uma espécie de "live de emergência" ontem à noite, para falar sobre o caso - atividade que havia abandonado desde janeiro deste ano.
O ponto base é o inegável analfabetismo funcional brasileiro, somado a própria estreiteza de pensamento a qual fui acusado de possuir, por alguns. A evidente incapacidade interpretativa do texto certamente vedou a visão de minha ótica filosófica sobre a palavra "sistema", empregada pelo Capitão em sentido premeditado pelos produtores do filme - o "sistema" em idêntica referência à utilizada pelo marxismo cultural da Escola de Frankfurt - o qual entenderam somente como sinônimo de nossa atual conjuntura política.
O artigo transpira a intenção de advertir o quão sub-reptício pode ser o modo de se conduzir o pensamento das pessoas, e todo o furdunço subsequente foi a prova que eu estava certo: convence-se o povo que o sistema - no sentido corriqueiro - não presta para, logo depois, estender essa interpretação (impondo-a como sinônimo) à um nível mais "acadêmico", frankfurtiano. E assim o "sistema" - leia-se o tripé da cultura ocidental; ética judaico-cristã, filosofia grega e direito romano - estará, automatica e tacitamente, condenado por todos.
Do mesmo modo que não creio ser preciso um QI de três dígitos para compreender esta dinâmica, reconheço igualmente não mais escrever como jornalista - leitura rápida, digerível, simples - até porque não piso em uma redação há anos, desempregado crônico que sou.
Na verdade, escrevo para quem sabe e deseja ler; para aqueles que me dão o voto de confiança e buscam em meus artigos, livros e estudos algo de útil para seu enriquecimento intelectual - e isso exclui o vocabulário da Xuxa, largamente utilizado em livrinhos de auto-ajuda, romances água-com-açúcar (muitos até bem interessantes, mas em sua hora devida) ou revistas e jornais.
A enorme repercussão do artigo em questão, sobre o Capitão Nascimento, mostra que nem tudo está perdido. Obviamente, este alcance deveu-se ao fato da analista Cissa Bailey haver, com seu prestígio, impulsionado o mesmo mas mostrou, também, que muitas pessoas buscam o conhecimento e boa parte dela lê e interpreta corretamente o exposto - se concordam ou não, são outros quinhentos. Por outro lado, evidenciou a morte clínica do sistema educacional no Brasil, ocorrida já há anos.
Ao fim e ao cabo tal bagunça teve o dom de alegrar uma psique já tão castigada como a minha, anestesiando a solidão e desamparo com o doce ópio de sentir-me, novamente, incluído entre seres humanos e notado por eles.
Não sei ainda se voltarei com as lives mas, certamente, estou totalmente estimulado a prosseguir com minha faina diante dos teclados. Deixo tal decisão nas mãos de Deus e de meu Anjo da Guarda.
Nada como uma boa encrenca para acordar alguém.
Walter Biancardine
segunda-feira, 27 de maio de 2024
CAPITÃO NASCIMENTO: UM COMUNISTA DA ESCOLA DE FRANKFURT
"- O sistema é f*da, parceiro!"
Com este bordão o personagem de Wagner Moura, no filme Tropa de Elite, tornou-se um ícone entre os conservadores de direita brasileiros, que utilizaram o mesmo largamente em artigos, postagens e até em memes na Internet.
Em nossa ignorância, jamais nos demos conta que esta revolta contra o sistema é a própria gênese da Escola de Frankfurt. Expoentes marxistas como Marcuse, Adorno ou Horkheimer estabeleceram as bases intelectuais da luta contra "o sistema" que, aos olhos deles, era a cultura ocidental.
Em um arremedo gnóstico, acreditavam que, se o mundo estava errado, caótico e injusto, tal fato devia-se à "superestrutura" da cultura ocidental (vide Antônio Gramsci), oriunda do tripé da ética cristã-judaica, filosofia grega e direito romano - nunca por culpas individuais.
Era preciso, portanto, destruir o "sistema" para que, dos destroços, o mal (sim, pasmem) criasse algo novo e bom. Era a "Teoria Crítica", que apostava na força criadora do mal - e tal proposta molda o nosso mundo atual.
Quando um personagem como o Capitão Nascimento (que acabou por tornar-se querido pelas circunstâncias adjacentes do enredo, combinadas com a conjuntura política brasileira do momento) profere seu bordão, é pouco provável que alguém estique o pensamento até este ponto - ao contrário, ligamos o mesmo diretamente à uma cleptocracia cruel e injusta que subjuga o país há décadas, e que é preciso derrubá-la.
Para quem acompanhou este artigo até aqui, talvez esteja agora ciente das razões que levaram a indústria cinematográfica brasileira - notoriamente esquerdista - a ter produzido este filme que, ao fim e ao cabo, tornou-se verdadeiro tiro no pé da própria esquerda mas que demonstra, de modo indiscutível, o quão solerte, traiçoeiro e sub-repticio é o poder do gramscismo e da guerra cultural, implantada por seu maior representante no Brasil: Fernando Henrique Cardoso.
Não, o problema não está no sistema. O problema está em nós.
Walter Biancardine
domingo, 26 de maio de 2024
FILOSOFIAS DE DOMINGO -
sexta-feira, 24 de maio de 2024
NÃO SE NEGOCIA COM DIABOS -
A fotografia que ilustra este artigo mostra o ex-Presidente, sr. Jair Bolsonaro, em amistosa pose ao lado do sr. Aldo Rabelo – comunista enragée o qual foi, para ir direto ao ponto e entre várias outras façanhas, motorista do terrorista Carlos Marighella nas ações guerrilheiras promovidas pela esquerda, nos anos 60.
Digna de nota é a aceitação crescente, nos últimos tempos, deste sr. Rabelo nos meios ditos “conservadores”, merecendo inclusive ser entrevistado pela rádio Jovem Pan (quando ainda neutra) e por vários outros destaques jornalísticos deste mesmo meio.
Seria o sr. Aldo um “comunista potável”? Alguém que encarnaria o mesmo espírito de um PCO (Partido da Causa Operária), que conquistou inúmeros direitistas com suas críticas certeiras à narcocracia vigente? Seríamos, talvez, tão inocentes a ponto de crermos estar nos valendo dele – alguém “de dentro” do esquema – para expor uma espécie de “confissão premiada” dos horrores vermelhos? Ou, muito pior ainda, estaríamos cedendo a tentação de reconhecermos não ser pensamento e praxis comunistas coisas tão perversas, merecendo mesmo que reconheçamos eventuais pontos meritórios?
Tal postura é a mesma de espinhudos e arrogantes adolescentes, ao enrolarem seus baseados nas rodas de fumo, alegando sempre que “sairão à hora em que quiserem” – e em um mês estarão vendendo as joias da mãe para pagar a marofa.
Em nada adiantaria possível justificativa do sr. Bolsonaro, alegando o completo aparelhamento esquerdista do estamento burocrático – que é um fato – e que somente negociando com os adversários a direita conseguira, se um dia voltar ao poder, governar sem o total e descarado boicote da burocracia, como o próprio sr. Jair experimentou em sua pele. Por mais duro e terrível que tal realidade seja, a verdade é que não há saída política possível, em nossa atual conjuntura. Qualquer ascensão de um personagem conservador à Presidência da República após “negociações e acomodações políticas” será, além de inútil – pois temos experiência disso – apenas um engôdo populista, que preservará a vigente matilha Federal em seus mesmos lugares e com idênticos poderes.
Não se faz acordos com comunistas. Não se negocia com quem não admite negociar e pretende a destruição de tudo o que existe, para erguer novidades terríveis e impossíveis, à imagem e semelhança de seus ideais bárbaros e escravocratas de país e sociedade. Em suma, não se negocia com quem nos matará.
Ainda que sem a mesma envergadura conspiratória de um sr. José Dirceu, o sr. Aldo Rabelo entoa canto de sereia potente o suficiente para expor o único e maior líder direitista brasileiro ao constrangedor papel de um Fausto, do igualmente constrangedor Goethe. Terá nosso ex-Presidente semelhante esperança de, em determinado momento, dizer “- Pára! És belo!”, e contar que a contraparte será cumprida?
Do mesmo modo subestima, o sr. Bolsonaro, os efeitos que tal e infeliz fotografia podem causar na enorme massa apoiadora brasileira – evito citar “massa votante” por absoluto ceticismo – que certamente, se sabedora de quem se trata este sr. Rabelo, perderá por completo seu já rarefeito senso de orientação política, causando um niilismo e apatia ainda maiores que os impostos pela vigente narco-ditadura e suas medidas repressivas.
Ao final dos anos 50 o General Olympio Mourão Filho – ex-seminarista e sem a contaminação positivista dos quartéis – escreveu, em seu diário: “A continuar esta forma de governo, o gangsterismo e a máfia progredirão a tal ponto que somente uma guerra, acionando forças exógenas, nos libertará.” (Memórias de um revolucionário – Hélio Silva, editora L&PM)
Por mais que acompanhemos, ansiosos, o desenrolar dos acontecimentos no Congresso norte-americano (“forças exógenas”?), que poderá resultar em estrondosa catástrofe jurídica e política internacional para todos os integrantes da atual ditadura, manda o bom senso que abandonemos nossa indefectível terceirização e omissão cotidiana.
Não há outra saída que não seja a ação radical de um povo revoltado, nas ruas. Se, paralelamente à isso, o Congresso yankee revelar ao mundo todos os absurdos totalitaristas que diuturnamente ocorrem neste pobre Brasil, tanto melhor: estaremos plenamente justificados em nossas ações.
No mais, falta ao sr. Bolsonaro um pouco de humildade; a confiança excessiva em sua popularidade indiscutível poderá destroná-lo do posto que, merecidamente, ocupa hoje no coração verde e amarelo – basta vermos, nas redes sociais, o que determinadas e desastradas ações do Governador de São Paulo, sr. Tarcísio, tem causado à sua imagem.
Se o apelo ao bom senso, dirigido ao sr. Jair, fez sentido aos olhos do leitor, atrevo-me a repeti-lo para quem lê este artigo: o quê diria nosso querido professor Olavo de Carvalho, diante dos acontecimentos dos últimos meses?
Sim, ele deixou um “vácuo”.
Sim, ele faz falta.
Sim, Olavo tem razão.
PS: em artigo posterior, falarei sobre a "duguinização" das legendas da foto. Duguin criou o "comunista conservador", mais conhecido como Vladmir Putin.
Walter Biancardine
quarta-feira, 22 de maio de 2024
NULLA CRIMEN, NULLA POENA SINE PRAEVIO DICTATORIBUS CONSENSU -
(Não há crime nem pena sem prévio acordo dos ditadores)
Está se tornando lugar-comum a anulação das sentenças, bem como todas as esperanças de moralização do Brasil produzidas pela Operação Lava Jato, por parte de Ministros do Supremo Tribunal Federal que, em explícito conluio, apontam descaradamente para mais outro lugar-comum em nosso tão vulgar cotidiano: a história é escrita pelos vencedores.
Há muito mais por detrás de tais atos jurídicos que a simples impunidade. Em curto espaço de tempo vimos a curiosa coincidência do sr. Sérgio Moro – maior protagonista da Operação Lava Jato – ser inocentado pelo TSE e permanecer, portanto, elegível e em seu cargo no Legislativo, bem como – quase simultaneamente – o sr. Toffoli liquidar com as poucas e restantes preocupações dos ex-réus de um dos maiores escândalos de corrupção e tomada de poder já vistos no planeta.
Desnecessário comentar sobre o escambo entre o sr. Moro e o sr. Toffoli, os jornais já noticiaram que, “estando justo e contratado por ambas as partes, firmam a presente” – a inocência de um pela inocência, ainda que via anulação, de tantos outros, incluindo o sr. José Dirceu.
O que, por óbvio, a grande mídia jamais comentará – e causa pasmo a cegueira histórica e social dos furibundos comentadores “didireita” – é o imenso dano causado na psique do brasileiro médio de hoje e na inevitável versão histórica que, doravante, passará a ser impressa e distribuída entre os estudantes das futuras gerações.
Mamíferos roedores como os titulares da Odebrecht, JBS, Camargo Corrêa, bem como expoentes avulsos da roubalheira – tais como Dirceu, Palocci e tantos outros – passarão aos livros futuros como “injustiçados” e “perseguidos” por “uma das maiores ameaças” que a democracia brasileira sofrera, a terrível “onda fascista” promovida por Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho e mais alguns outros. Do mesmo modo, luminares do Supremo Tribunal Federal serão aclamados – quem sabe tenhamos até um “Dia do Supremo”, feriado nacional? - como verdadeiros heróis, salvadores do povo brasileiro, livrando-nos das garras inclementes das velhinhas de Bíblia nas mãos, que atentaram despudoradamente contra o “estado democrático de direito”. E tal será a versão dos vencedores que, como disse acima, são os que escrevem a história.
Já para nós, povo contemporâneo de toda essa desgraceira, restará o silêncio imposto pela mordaça de ferro do STF bem como, rondando-nos diuturnamente, o mais feroz e eficiente dos carcereiros: o medo. Não mais haverão bocas abertas em protestos, povo nas ruas será amarga lembrança e sobre tudo isso pesará, inclemente, a sensação opressiva de que nada mais é possível de ser feito – sim, porque o povo comum nada pode contra acordos entre ditadores; míseros pagadores de impostos em nada podem opinar ou repudiar quanto a clamorosa covardia de um Congresso (fechado por medo e dinheiro) inerme, e somente restará a dura lição de sermos pequenos e fracos demais contra meia dúzia de tiranos.
Não se trata de profetizar o apocalipse e, sim, pura e simples análise da linha cinética dos acontecimentos e, principalmente, de nossas reações diante dos mesmos: sempre terceirizamos as responsabilidades, o heroísmo é repudiado e, na prática, “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
O vergonhoso acordo entre o sr. Sérgio Moro e o TSE (leia-se STF) significa que o ex-juiz, na prática, não representa mais nenhuma ameaça contra o sistema – e este mesmo sistema, igualmente “garantido” (digamos assim) por nossas cambaleantes Forças Armadas, permanecerá no poder por décadas, talvez mais de século, até que um povo animalizado e faminto, com a coragem do desespero, promova verdadeira carnificina salvadora.
Mas já não haverá civilização para ser salva.
Walter Biancardine
CRIANÇAS PRECISAM DE TÉDIO!
Pais calouros vivem uma vida infernal de sobressaltos, onde o pobre "petit" não pode dar um soluço sequer sem que ambos corram exasperados pelas paredes de casa, entre telefonemas para as respectivas mães e até o pobre pediatra é incluído em tal carnaval. E que dirá do tédio?
Existe a concepção doentia - e atualmente em vigor - de que crianças precisam sorrir (sorrir não, gargalhar) enquanto permanecerem vivas e isso faz com que progenitores menos destituídos de bom senso - ou movidos por secreto desejo de impressionar os outros e a si mesmos - entupam o raio de visão dos guris com toda a espécie de traquitana, uma poluição visual geradora de verdadeira overdose de informações simultâneas as quais, inevitávelmente, resultarão ao menos em uma TDAH - para pasto e gáudio dos pais, pois agora é moda.
Nos anos mais recentes, um novo e fatal veneno foi adicionado ao arsenal dispersante dos filhos: os celulares, games ou mesmo computadores. E isso é o verdadeiro decreto da morte imaginativa, criativa dos pequenos.
Não há o que criar: tudo, nas telinhas, já vem pronto e de modo exuberante, avassalador e viciante, basta clicar.
Um conselho ao casal "nouveau": experimente deixar, por algumas tardes, seus filhos sem nada para fazer - sim, nada, nem TV; tédio mesmo.
Se seu garoto começar a destruir os carrinhos para ver como funcionam ou mesmo para montar outros; se sua menininha recortar as folhas de sua revista predileta para fazer vestidinhos para as bonecas, parabéns: você acaba de salvar o cérebro de seus filhos.
E tudo isso graças ao tédio.
Walter Biancardine
terça-feira, 21 de maio de 2024
EU BUSQUEI A PALAVRA MAIS CERTA -
Qualquer ser humano se aborrece quando escreve algo pensado, ponderado – grave e profundo, mesmo – e a seriedade do que expôs não é compreendida obtendo, em resposta, algumas palavras de consolo, estímulo ou mesmo críticas, sem que as houvesse pedido.
Tais contratempos, eventuais na vida dos indivíduos, tornam-se uma constante quando nascemos com o incômodo traço de personalidade que nos leva a sempre perguntar o porquê de tudo, a buscar a verdade primeira e a expressá-la com as palavras exatas, cuidadosamente escolhidas para que não existam interpretações dúbias – estas pessoas adotaram, conscientemente ou não, a filosofia como modo de vida.
Sim, a filosofia é um modo de vida e nunca uma profissão. Quem assim se intitula não passa de um arrogante pretensioso pois, já dizia meu professor Olavo de Carvalho, “o verdadeiro filósofo filosofa para sua própria salvação”.
Assim, tal traço de personalidade – que, nos dias de hoje, mais soa como um desvio irritante de caráter – nada mais é do que o resultado da liberdade que alguns adultos se deram ao manter uma das principais e melhores características humanas, manifestadas a princípio na juventude de seus cinco, seis anos de vida – sim, crianças nascem com o germe da filosofia, é a “idade dos porquês” e quem é pai ou mãe bem sabe disso.
Abro aqui um parêntese para recordar minha infância, repelido de quaisquer círculos de conversas adultas (que eu adorava imiscuir-me) pelo meu deseducado hábito de sempre perguntar – “Mas, por quê?”
Tão exasperante era esta minha característica que, em boa hora, minha mãe lembrou-se da enorme enciclopédia “Tesouro da Juventude”, cujos fascículos colecionara dedicadamente de 1956 até 1960, a fim de saciar a mesma sede de porquês (embora infinitamente menor, ou seja, uma sede normal) de meus irmãos mais velhos. E tais volumes foram meus “amigos imaginários” da infância, cujos ensinamentos reli incontáveis vezes, principalmente seu conveniente tópico, o “Livro dos Porquês” – para alegria e sossego de meus pais e irmãos.
Tal enciclopédia abriu-me as portas para, ao fim e ao cabo, com menos de 13 anos de idade já haver lido toda a vasta biblioteca que dispúnhamos em casa, pouco me importando se os livros abordavam temas adultos (sic) como sociologia, política (e mesmo aí cabe um Shakespeare, os Anais de Tácito, etc.) ou ainda voltados à medicina, psicologia e direito – verdadeiro cupim de livros, a tudo devorei, quis mais e meu contágio pelo germe da alta cultura tornou-se irreversível. Cresci e a patologia permaneceu: praia de dia, Platão de noite – ou Platão de dia mesmo, a depender de quem estivesse lá no Posto 4, em Copacabana.
Pessoas com a mesma trajetória de vida pagam um preço e ele é cobrado de duas formas: primeiramente, seus dias serão escassos de amigos, companhias, gente em torno – na verdade os interesses deslocam-se, deslocando também os assuntos e conversas; as amizades, se não impossíveis, tornam-se raras e difíceis. E, em segundo lugar, quem muito quer saber precisa igualmente muito bem saber expressar o que aprendeu, e aí entra o inevitável mergulho de cabeça na língua portuguesa e seus luminares. Adicione-se a isso a precisão no expressar-se, exigida por qualquer tese ou mesmo pensamento, criado desde jovem em cultura filosófica (ou mesmo para os que se aventuram na área jurídica), e você certamente ficará bastante irritado quando seus interlocutores não derem o devido peso e significado a cada palavra que você escolheu, ainda que manifestando um sentimento aparentemente banal como, por exemplo, “- Estou no limite de minha solidão”.
Ora, fosse banal para mim e eu não o manifestaria!
A absoluta maioria das pessoas se valeria da expressão acima apenas para dizer que está sentindo falta de uma namorada/namorado, que os amigos estão longe há tempos e que uma mistura de vazio e tédio os irrita, ou ainda outras desventuras de nossas vidas sociais ou mesmo amorosas.
Mas não aqueles que trilharam o mesmo tortuoso caminho intelectual que eu: a palavra “limite” é literal, expressa horas, dias, meses ou anos sofrendo, cumulativamente, os efeitos psicológicos e emocionais que tal condição impõe e nossa inevitável incapacidade de continuar lidando com isso, racionalmente, dentro de pouco tempo. Um fusível psíquico queimado será algo certo de acontecer, não se trata de usual desabafo, tal como um “estou de saco cheio” que, à primeira vista e normalmente, todos interpretariam.
Do mesmo modo emprego a palavra “solidão” tendo o significante apontado, explicitamente, para o significado: um cotidiano sem seres humanos interagindo, sem um trivial “bom dia” ou – pior – sem tê-los em seu campo de visão, para assegurar que você ainda vive em um planeta habitado. As consequências em seu estado emocional e psíquico sempre serão quase impossíveis de avaliar, por terceiros, dado que pouquíssimos seres humanos neste planeta enfrentaram – compulsoriamente, não por livre desejo de isolar-se – tal deserto em suas vidas.
Até recentemente atrevia-me, ainda, a escrever sobre temas de minhas desventuras pessoais, mas os aboli tão logo dei-me conta do quanto de autopiedoso e narcisista tal comportamento se afigurava. Entretanto e por óbvio, não apenas em meus antigos queixumes tencionava eu empregar a palavra exata, o termo preciso e insubstituível – cheguei mesmo a escrever artigo no qual ressentia-me do desconhecimento em línguas estrangeiras, por impedir-me redigir com a mesma pontaria que possuo, na língua portuguesa – mas tais termos, precisos e exatos, igualmente uso ao compor (é a palavra certa: textos são compostos, não escritos. Precisam de métrica, ritmo, sonoridade e conteúdo) meus artigos sobre política, sociologia, filosofia ou teologia.
Creio que, para aqueles dotados de infinita paciência e que acompanham meus escritos há anos, seja algo de fácil identificação o momento em que escrevo algo sério ou – também sou humano – apenas divirto-me, publicando descalabros e bobagens diversas nas redes sociais. A diferença de “clima”, de ritmo ou, por vezes, até de linguagem são evidentes, quero crer que ninguém fará tal confusão – embora, quando da publicação de meu livro “Pretérito Perfeito”, algumas pessoas tenham me perguntado se tentei me suicidar ou, pasmem, se o governo militar havia me perseguido.
A intenção deste artigo é, em suma, pedir aos mesmos seres excepcionais, dotados de paciência infinita para lerem o que escrevo, que entendam os artigos que produzo sempre em seu sentido literal – raramente usarei expressões de “sentido figurado” e, se o fizer, as destacarei com as devidas aspas.
Ao lerem meus artigos, peço que assim façam lembrando-se de Maria Bethania e seu “Grito de Alerta”:
Veja bem, eu usei a palavra mais certa,
Vê se entende o meu grito de alerta.
Walter Biancardine
segunda-feira, 20 de maio de 2024
AS BENDITAS EMERGÊNCIAS DA ESQUERDA -
É inegável o peso psicológico e emocional de situações excepcionais, ao surgirem no cotidiano das pessoas. A rotina pacata – ou mesmo torturante – dos nossos dias é, na triste realidade, uma das únicas referências de estabilidade e segurança em nossas vidas.
Entretanto, quando catástrofes – climáticas, políticas, biológicas (COVID) ou mesmo sociais – se abatem sobre o ser humano comum suas reações são, invariavelmente, as mesmas: entregam-se, pressurosos, aos cuidados do “Estado Grande” e confiam suas vidas, as vidas de seus amados, seu patrimônio e destinos a quem “sabe o que é melhor para nós”.
Toda e qualquer nota ou comunicado expedido por qualquer órgão público é considerado uma verdade incontestável; notícias divulgadas pela grande mídia – sempre cúmplice de governos – passam a ser indiscutíveis e quaisquer atrevidos que tenham ideias ou soluções diferentes entram na conta de verdadeiros hereges, traidores que merecem uma surra, ao menos. O Estado é “pai”.
Não há dúvidas sobre a infantilidade endêmica do povo brasileiro. Nossa imaturidade, a ausência quase completa de coragem física e moral em grande maioria da população e uma verdadeira cultura da covardia, fazem coro com o comodismo preguiçoso tipicamente brasileiro – “vou ficar quieto, alguém vai fazer algo primeiro. Se alguém for, eu vou” – e estes são os traços mais negros de nosso caráter nacional, verdadeira pedra, que nos soterra e condena uma nação inteira à mediocridade e miséria.
O estamento burocrático muito bem conhece tais traços, e aproveita-se disso sempre que o acaso – muitas vezes um “acaso” cuidadosa e diabolicamente planejado – o favorece.
Desnecessário falar sobre o verdadeiro e trágico apocalipse psíquico mundial, provocado pelos governos do planeta, quando do surgimento da COVID; pagamos e pagaremos o preço de tal descalabro ainda por algumas décadas, acrescida da paranoia ambiental cotidianamente incutida nas mentes, pela grande mídia e cultura de massas. Considerando as consequências judiciais de quaisquer comentários sobre isso – sim, o Brasil vive em um “estado de exceção”, lembra-se? - melhor é a abstenção, restringindo as análises à tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul.
Não é segredo que um decadente e alcoólatra mandatário tenciona comprar arroz – provavelmente da Venezuela, China ou de algum califado muçulmano amigo – para “evitar o desabastecimento do mercado, devido aos problemas com as enchentes”. Isso é o que ele, entre um Engov e doses de chá de boldo, alega.
Imediatamente os produtores gaúchos se levantaram e tornaram público o fato da colheita ter ocorrido antes das enchentes, que prejudicaram apenas 11% da safra – percentual insignificante, no todo. Ainda assim, a proposta persiste por duas grandes razões, a saber o ódio infinito da atual gestão ao agronegócio e a oportunidade – em ano eleitoral – de distribuir arroz com embalagens devidamente “carimbadas” com a funesta estrela vermelha de nossa ditadura esquerdista. Sim, propaganda pura, atingindo onde mais dói: na fome de cada família.
Ora, tal atitude idiota advém de uma “emergência climática”, que fornece a desculpa perfeita para compras sem licitação, importações desnecessárias, propaganda eleitoral gratuita e muito, muito dinheiro no bolso.
Não bastasse tal desvergonha, este mesmo governo pretende agora declarar “estado de emergência” no Rio Grande do Sul – isso depois de ter apeado o frouxo e subserviente governador local e imposto um “interventor”, antes mesmo de quaisquer decretos neste sentido.
Na prática, os gaúchos já se encontram sob intervenção, o que agora pretendem é apenas a regularização do fato em trâmites burocráticos, para que comece a farra das compras sem licitação, contratações sem concurso, decisões arbitrárias e unipessoais e verdadeiras montanhas de dinheiro destinadas a sabe-se lá qual bolso – mas sempre sob as mais nobres e humanitárias intenções.
Tão tentador é o aspecto “situação emergencial” que mesmo nosso ditador de plantão – calvo e togado, pertencente a um poder completamente alheio e sem ingerência sobre este tipo de ocorrência, o judiciário – não resistiu e deixou escapar, em ato falho, que “tomaria providências quanto à questão do Rio Grande”. Sim, compreendemos: é por demais tentador exibir poder e entupir bolsos, todos querem enfiar suas colheres nesse pirão.
Em raia completamente à parte, desprestigiadas e acéfalas, correm nossas Forças Armadas. É público e notório o desprezo que nosso governante – aquele assim vendido como tal, não o de fato – dedica à farda. Mesmo com todas as advertências do maléfico José Dirceu de que “deveriam cooptá-los”, o alcoólatra prefere insistir na criação de sua própria guarda pretoriana, aos moldes da “Guarda Nacional” do ditador Maduro da Venezuela.
Movidas pela obrigação constitucional de auxiliarem e socorrerem o povo em tais catástrofes, nossas pobres FFAA revelam o mais bisonho descomando, nenhum profissionalismo, nenhuma liderança e mesmo total incapacidade de manejar os equipamentos que dispõem – resultando disso tudo um grotesco e quase cômico espetáculo de uma soldadesca perdida, a baterem cabeças uns contra os outros, nada mais provocando além de tristeza, desamparo e, mesmo, piadas e memes.
Sim, o pensamento positivista instilado no ensino militar do Alto Comando – verdadeira sífilis que corrói brios e valores dos mais altos estrelados – provocou tal estado de coisas, e muito detalhadamente expliquei isso em meu livro “Mais Olavo, Menos Oliva”(1), onde demonstro o parentesco consanguíneo entre o positivismo, o comunismo e mesmo o pensamento globalista, que hoje financia tudo isso.
Ao fim e ao cabo vivemos hoje em verdadeira anomia institucional, consequência inevitável da crise civilizacional imposta ao povo brasileiro pela grande mídia. Quando tudo está fácil demais, relaxar e entregar-se à esbórnia – dinheiros, poder, ausência de princípios – é algo líquido e certo. E um “estado de emergência” só torna tudo mais fácil.
Infelizmente, os prognósticos que faço para o desenrolar desta tragédia gaúcha – bem como para nosso futuro como nação – não são dos melhores. Somando-se os feios traços brasileiros de caráter, expostos acima e que resultaram em nossa crise civilizacional, com a já citada anomia institucional e as contingências conjunturais de nossa política – ditadura judiciária, dominância política totalitarista de esquerda, grande mídia criminosa e um Alto Comando das FFAA imersos no carreirismo e vácuo de valores e princípios – torna-se impossível, aos meus olhos, uma saída eficaz para tal situação. Importante lembrar que toda e qualquer “solução política” de nosso impasse passará, necessariamente, pela acomodação dos interesses daqueles que estão no poder, atualmente, e nada mais será que continuar o mesmo jogo com atores diferentes.
Claro e óbvio que podemos e devemos analisar tais e feias hipóteses, mas não apenas este artigo já vai por demais longo como, também, assunto tão importante merece estudos aprofundados – bem mais agudos que simples parágrafo em laudas aleatórias.
Que fique, para o leitor, os seguintes pontos: toda “emergência” é uma porta aberta para o esbulho e exercício de poder ditatorial, se somos governados pela esquerda. Igualmente, o poderoso agronegócio gaúcho já demonstrou que não haverá desabastecimento e o arroz “vermelho” é, portanto, apenas roubalheira e fraude eleitoral.
Já quanto as preciosas vidas, esqueçam as FFAA pois vale o ditado: “civil salva civil”, por mais desvirtuado que a mídia o tenha tornado. O aplauso é merecido, e o heroísmo de alguns poucos não haverá de fazer com que esqueçamos a covardia de tantos.
Que Deus esteja com os heróis do sul, e acolha as almas dos que faleceram em tal descalabro criminoso.
Walter Biancardine
(1) Livro "Mais Olavo, Menos Oliva", disponível na Editora Clube de Autores, no link abaixo.
https://clubedeautores.com.br/livro/mais-olavo-menos-oliva-2
quinta-feira, 16 de maio de 2024
CHUTANDO CACHORRO MORTO -
Uns desferem seus pontapés como tardia vingança pelo atrevimento que tive em expor, sem nenhumas reservas, a vida feliz que um dia desfrutei. Outros - não sei se mais ou menos doentes - acertam seus chutes somente pelo prazer sádico de soterrar quem não pode reagir. Em menor número, existem aqueles que agridem pelo simples fato de - mesmo sob tamanha decadência - termos o atrevimento de aparentar um mínimo de dignidade - o que, aos olhos dessa raça, soa como insuportável arrogância.
Nada posso fazer, não tenho meios de reagir sem que minha situação piore ainda mais. Aguento calado, pois, todos os inúmeros e quase cotidianos desaforos e ameaças, respirando fundo e fingindo que não doeu.
Entretanto, sempre bom é lembrar que dor de barriga não dá só nos outros. Os dias passam e tudo pode mudar.
Se e quando isso acontecer, o sangue calabrês falará mais alto. E haverá choro, ranger de dentes; muita gente aos prantos, dizendo-se injustiçada.
Mas somente se e quando o vento mudar.
Até lá, sofro em silêncio.
Walter Biancardine
segunda-feira, 13 de maio de 2024
TEMPOS MODERNOS -
Nos tempos do Império Romano os cidadãos que caíam em desgraça - fosse por atos vis de traição, por conspirarem contra o Imperador ou mesmo por insuflarem revoltas civis - eram banidos de Roma, suas casas demolidas e sal era jogado sobre os escombros para que nada mais nascesse ali. Igualmente, eram apagados da Acta Populi quaisquer registros que incluissem seu nome, eventuais estátuas suas eram derrubadas e sua memória, abolida do Senado.
Não há como acusar os antigos romanos de rancorosos ou cruéis, pois tais extremos - ao que parece - são inerentes à raça humana: nos dias atuais as relações desfeitas - sejam amizades ou mesmo namoros e casamentos - acabam por resultar no mesmíssimo processo de "abolição da memória", quando maridos ou mulheres, incapazes de admitir seu próprio passado, acabam por bloquear seu (sua) ex no WhatsApp, Twitter, Telegram, Facebook, Instagram e qualquer outra rede social com alguma popularidade.
Abolem o passado, apagam sua memória, jogam sal em seus próprios corações, matando todo o amor que juravam sentir e, por vezes, mudam o nome e endereço - passado morto, enterrado e vendido aos mais próximos como "página virada".
Darwin foi muito otimista em seu evolucionismo, pois atitudes assim mostram que somos os mesmos de 2000 anos atrás: negamos nossos conflitos e cremos, desesperadamente, que os resolvemos.
Para os que ambicionam a felicidade, agir como os antigos romanos é a receita certa para a estagnação bárbara e a morte do próprio coração.
Fica o conselho: não tenha medo de seu passado.
Walter Biancardine