segunda-feira, 13 de maio de 2024

TEMPOS MODERNOS -


Nos tempos do Império Romano os cidadãos que caíam em desgraça - fosse por atos vis de traição, por conspirarem contra o Imperador ou mesmo por insuflarem revoltas civis - eram banidos de Roma, suas casas demolidas e sal era jogado sobre os escombros para que nada mais nascesse ali. Igualmente, eram apagados da Acta Populi quaisquer registros que incluissem seu nome, eventuais estátuas suas eram derrubadas e sua memória, abolida do Senado.

Note-se que tais atitudes eram reservadas para personagens proeminentes e que cometessem atos além de qualquer perdão. 

Não há como acusar os antigos romanos de rancorosos ou cruéis, pois tais extremos - ao que parece - são inerentes à raça humana: nos dias atuais as relações desfeitas - sejam amizades ou mesmo namoros e casamentos - acabam por resultar no mesmíssimo processo de "abolição da memória", quando maridos ou mulheres, incapazes de admitir seu próprio passado, acabam por bloquear seu (sua) ex no WhatsApp, Twitter, Telegram, Facebook, Instagram e qualquer outra rede social com alguma popularidade.

Abolem o passado, apagam sua memória, jogam sal em seus próprios corações, matando todo o amor que juravam sentir e, por vezes, mudam o nome e endereço - passado morto, enterrado e vendido aos mais próximos como "página virada".

Darwin foi muito otimista em seu evolucionismo, pois atitudes assim mostram que somos os mesmos de 2000 anos atrás: negamos nossos conflitos e cremos, desesperadamente, que os resolvemos.

Para os que ambicionam a felicidade, agir como os antigos romanos é a receita certa para a estagnação bárbara e a morte do próprio coração. 

Fica o conselho: não tenha medo de seu passado. 

Ou jamais haverá um amanhã. 


Walter Biancardine



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