É ponto pacífico que ninguém precisa suportar nossos dramas internos, do mesmo jeito que recomenda-se prudência ao compartilharmos eventuais sucessos.
O "Eu Social" deve ser, preferencialmente, como um vendedor de loja: simpático, agradável, prestativo e educado - nada interessando, a quem nos aborda, eventuais apocalipses que nos devastem internamente ou, igualmente, se ganhamos sozinhos na Mega-Sena.
Esta é a convenção social; oportuna, dona de lógica incontestável e que desempenha o papel de verdadeiro óleo lubrificante, permitindo às engrenagens da interação interpessoal seu funcionamento suave e sem atritos.
Se você foi o feliz ganhador de uma bolada lotérica, recomenda-se mudar de cidade e extinguir todas as suas páginas em redes sociais, pois bocas nervosas e ansiosas podem ser, eventualmente, incontroláveis e causadoras de verdadeiras desgraças.
Já na hipótese de um tsunami haver devastado sua vida, procure agir como um Lord inglês - "gentleman just walk, never run" - e mantenha a devida "fleugma": cabeça erguida, ligeiro e confiante sorriso no rosto, postura ereta e fala pausada.
Escrevo tais considerações por crer-me possuir pós grado, doutorado e mestrado em ambas situações, errando em todas elas e pagando preço extremamente caro por tais enganos. Em dias felizes, exibi despudoradamente minha alegria - pouco me importando com tristezas alheias - e mantive tal comportamento errôneo, por outro lado, nos últimos dois anos que foram, indisfarçavelmente, devastadores. Tal cachorro ferido, desandei a ganir aos quatro ventos os efeitos das bombas de Hiroshima e Nagasaki que me implodiram por dentro - e este comportamento apenas revela infantilidade, auto-piedade extrema e gera constrangimento à todos, afinal é justo crer que quem reclama, pede soluções. E quem pode solucionar as hecatombes individuais de nós todos?
Hoje, à duras penas, penso que aprendi o necessário. Tento manter-me o "gentleman" acima citado, escrevo meus artigos e, eventualmente, posto músicas e brincadeiras.
Para quem tem o hábito de ler o que escrevo, peço que não estranhe se um dia publico pesada análise filosófica e, logo depois, posto uma brincadeira ridícula ou, mesmo, um meme.
É a minha maneira de manter a cabeça erguida, ligeiro sorriso no rosto, postura ereta, fala pausada e confiante.
"Gentleman just walk, never run".
Walter Biancardine
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