Meu recente artigo sobre o Cap. Nascimento e a análise filosófica sobre seu conhecido bordão - "o sistema é f*da, parceiro" - parece ter despertado não apenas elogios da conhecida analista Cissa Bailey, nos EUA, como também haver provocado a ira de muitos fundamentalistas xiitas e toda uma renca - com visões furibundas diversas, prenhes de recalques pessoais - de gente que jura ser "didireita".
Tamanho foi o burburinho que senti-me compelido a fazer uma espécie de "live de emergência" ontem à noite, para falar sobre o caso - atividade que havia abandonado desde janeiro deste ano.
O ponto base é o inegável analfabetismo funcional brasileiro, somado a própria estreiteza de pensamento a qual fui acusado de possuir, por alguns. A evidente incapacidade interpretativa do texto certamente vedou a visão de minha ótica filosófica sobre a palavra "sistema", empregada pelo Capitão em sentido premeditado pelos produtores do filme - o "sistema" em idêntica referência à utilizada pelo marxismo cultural da Escola de Frankfurt - o qual entenderam somente como sinônimo de nossa atual conjuntura política.
O artigo transpira a intenção de advertir o quão sub-reptício pode ser o modo de se conduzir o pensamento das pessoas, e todo o furdunço subsequente foi a prova que eu estava certo: convence-se o povo que o sistema - no sentido corriqueiro - não presta para, logo depois, estender essa interpretação (impondo-a como sinônimo) à um nível mais "acadêmico", frankfurtiano. E assim o "sistema" - leia-se o tripé da cultura ocidental; ética judaico-cristã, filosofia grega e direito romano - estará, automatica e tacitamente, condenado por todos.
Do mesmo modo que não creio ser preciso um QI de três dígitos para compreender esta dinâmica, reconheço igualmente não mais escrever como jornalista - leitura rápida, digerível, simples - até porque não piso em uma redação há anos, desempregado crônico que sou.
Na verdade, escrevo para quem sabe e deseja ler; para aqueles que me dão o voto de confiança e buscam em meus artigos, livros e estudos algo de útil para seu enriquecimento intelectual - e isso exclui o vocabulário da Xuxa, largamente utilizado em livrinhos de auto-ajuda, romances água-com-açúcar (muitos até bem interessantes, mas em sua hora devida) ou revistas e jornais.
A enorme repercussão do artigo em questão, sobre o Capitão Nascimento, mostra que nem tudo está perdido. Obviamente, este alcance deveu-se ao fato da analista Cissa Bailey haver, com seu prestígio, impulsionado o mesmo mas mostrou, também, que muitas pessoas buscam o conhecimento e boa parte dela lê e interpreta corretamente o exposto - se concordam ou não, são outros quinhentos. Por outro lado, evidenciou a morte clínica do sistema educacional no Brasil, ocorrida já há anos.
Ao fim e ao cabo tal bagunça teve o dom de alegrar uma psique já tão castigada como a minha, anestesiando a solidão e desamparo com o doce ópio de sentir-me, novamente, incluído entre seres humanos e notado por eles.
Não sei ainda se voltarei com as lives mas, certamente, estou totalmente estimulado a prosseguir com minha faina diante dos teclados. Deixo tal decisão nas mãos de Deus e de meu Anjo da Guarda.
Nada como uma boa encrenca para acordar alguém.
Walter Biancardine
Link do artigo em questão:
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