segunda-feira, 27 de maio de 2024

CAPITÃO NASCIMENTO: UM COMUNISTA DA ESCOLA DE FRANKFURT


"- O sistema é f*da, parceiro!"

Com este bordão o personagem de Wagner Moura, no filme Tropa de Elite, tornou-se um ícone entre os conservadores de direita brasileiros, que utilizaram o mesmo largamente em artigos, postagens e até em memes na Internet. 

Em nossa ignorância, jamais nos demos conta que esta revolta contra o sistema é a própria gênese da Escola de Frankfurt. Expoentes marxistas como Marcuse, Adorno ou Horkheimer estabeleceram as bases intelectuais da luta contra "o sistema" que, aos olhos deles, era a cultura ocidental.

Em um arremedo gnóstico, acreditavam que, se o mundo estava errado, caótico e injusto, tal fato devia-se à "superestrutura" da cultura ocidental (vide Antônio Gramsci), oriunda do tripé da ética cristã-judaica, filosofia grega e direito romano - nunca por culpas individuais. 

Era preciso, portanto, destruir o "sistema" para que, dos destroços, o mal (sim, pasmem) criasse algo novo e bom. Era a "Teoria Crítica", que apostava na força criadora do mal - e tal proposta molda o nosso mundo atual.

Quando um personagem como o Capitão Nascimento (que acabou por tornar-se querido pelas circunstâncias adjacentes do enredo, combinadas com a conjuntura política brasileira do momento) profere seu bordão, é pouco provável que alguém estique o pensamento até este ponto - ao contrário, ligamos o mesmo diretamente à uma cleptocracia cruel e injusta que subjuga o país há décadas, e que é preciso derrubá-la. 

Para quem acompanhou este artigo até aqui, talvez esteja agora ciente das razões que levaram a indústria cinematográfica brasileira - notoriamente esquerdista - a ter produzido este filme que, ao fim e ao cabo, tornou-se verdadeiro tiro no pé da própria esquerda mas que demonstra, de modo indiscutível, o quão solerte, traiçoeiro e sub-repticio é o poder do gramscismo e da guerra cultural, implantada por seu maior representante no Brasil: Fernando Henrique Cardoso. 

Não, o problema não está no sistema. O problema está em nós. 


Walter Biancardine



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