segunda-feira, 3 de junho de 2024

PÚLPITO OU PALANQUE?


Fazem já alguns anos que repito a frase “não se combatem demônios com as armas de anjos” e, guardadas as devidas cautelas para não soar pecaminoso, creio que o mesmo se aplica quando nos vemos diante de padres ou pastores que abordam temas políticos, em suas igrejas.

Por óbvio que a política eleitoral não pode e nem deve ser incluída no parágrafo acima – mais que um despropósito, seria verdadeiro desrespeito à fé e aos fiéis quaisquer proselitismos em favor da eleição (ou não eleição) de fulano ou beltrano. Entretanto, cabe lembrar que tal bom senso jamais foi empregado por militantes travestidos de padres, em sua faina ideológica a favor da Teologia da Libertação.

Apontar candidatos como “ótimos” ou outros como “inaceitáveis” era, entretanto, o menor dos pecados cometidos por tais fraudes (escrevi “fraudes” e não “frades” conscientemente) de batinas: estes elementos dedicaram anos, décadas de suas vidas, a pregar uma paródia de evangelho repleta de óticas e interpretações marxistas de um Jesus Cristo político e revolucionário, que jamais existiu. E, por óbvio, tal teor revolucionário deveu-se à um Karl Marx “transubstanciado” na figura divina, sem nenhum pudor por parte de tais “pregadores”, já que eram ateus. Marx era o “pai”, Gramsci o “filho” e, diante de todos, tais padres pululavam alegremente como o “espírito santo”.

E tal miséria correu solta na Santa Madre Igreja Católica por décadas, formando gerações que foram subindo de posto até chegarem a Bispos, Cardeais e – quiçá – Papas: esqueçam o reino dos céus e salvação das almas, o que devemos buscar é a “justiça social” e uma igreja “mais antenada com os tempos modernos” – vale dizer, missas “inclusivas” com muito “axé”, ordenação de mulheres, fim do celibato e louvores infinitos ao Concílio Vaticano II, entre tantas misérias da agenda esquerdista.

Na verdade, muitos fiéis – sem se darem conta – caíram em tal canto de sereia, enxergando tais inovações como “ventos de modernidade” em uma Igreja Católica ainda “medieval” em seu âmago, pois o trabalho de Gramsci, incessante, também se dava pela grande mídia e cultura de massa: novelas mostrando padres tradicionais como retrógrados e opressores – e, por vezes, degenerados – filmes como o excelente “O Nome da Rosa”, deixando claro um propagado “antagonismo” entre a ciência e a religião e mesmo programas de TV, ditos “científicos”, mostrando como “as ideias da Igreja prejudicaram o avanço das ciências”.

Não é intenção deste artigo a apologética católica – qualquer leigo que disponha de um mínimo conhecimento em teologia ou mesmo o be-a-bá socrático/platônico enxergará, de pronto, todos os desvios praticados por militantes oriundos da perversidade excretada, dentre tantos, por excomungados como Leonardo Boff – isso para nos restringirmos ao Brasil – e por isso estas linhas não serão usadas para apontar tais heresias.

Entretanto, é necessário ir agora ao cerne da questão-título deste, usando o excelente Padre Paulo Ricardo como um exemplo de que é possível, para um sacerdote, abordar a política sem cair no proselitismo eleitoreiro.

Nosso Padre Paulo tem, em seu site, uma playlist completa de seis aulas abordando o “marxismo cultural”, verdadeira locusta mental que devasta não apenas a Igreja Católica como, também, as pobres mentes de nós, outros. Do mesmo modo é possível encontrar na internet (YouTube), do mesmo Padre Paulo Ricardo, uma série completa de aulas sobre a Filosofia da Linguagem (canal Sancta Dei Genitrix) – e todos sabemos que dominar um vocabulário significa dominar um povo – bem como várias outras aparições, em canais como Cardeal Newman e mais alguns outros.

Desnecessário dizer que Pe. Paulo não gasta suas missas apontando candidatos ou louvando partidos ou ideologias políticas. Entretanto, como verdadeiro Diretor Espiritual e pastor de almas, encontra tempo e local para advertir e ensinar cristãos sobre o que é a verdadeira Igreja de Cristo e quais os males que se infiltraram na mesma. Ele mesmo, em uma frase célebre a respeito do esvaziamento de vocações na Igreja, afirmou: “- Precisamos mais de excomunhões que vocações”, disse ele, referindo-se ao corpo eclesiástico quase totalmente tomado por militantes de esquerda. Esta frase completa, com maestria, um dizer do filósofo Olavo de Carvalho ao afirmar que “a Igreja tem mais inimigos dentro dela do que fora”.

A Igreja Católica conta ainda com defensores leigos ferrenhos, como Bernardo Kuster (também com canal no YouTube) e tantos outros, mas tal movimento de retorno eclesiástico ao verdadeiro pensamento católico jamais é noticiado – a menos que a grande mídia deseje, mais uma vez, denegrir a Igreja com notícias sobre pedofilia ou mesmo escândalos financeiros do Banco do Vaticano: nestes casos, os citados acima certamente serão citados como representantes de uma “ala retrógrada” da Igreja, ligando-os, sem mais nem menos, a lendas urbanas como a “sinistra” Opus Dei (vide O Código Da Vinci) que, para os “progressistas”, simboliza a “ultra-radical-direita” cristã. Não obstante, valem-se da mesma para pantomimas políticas, tais como a pretendida por nosso Ministro da Fazenda, Haddad, que irá ao Papa pedir a “taxação mundial das grandes fortunas” – e sobre o efeito desejado por tal visita, falarei em outro artigo.

Com olhos tão poderosos como os da mídia mundial perscrutando seus passos, aliados a uma pesada infiltração esquerdista nos mais altos postos eclesiásticos, a Igreja Católica realmente mostra-se bastante discreta em sua luta pela salvação das almas – e das vidas – de seus fiéis. Este encargo, agora e graças à Providência Divina, parece estar nas mãos protestantes dos Pastores Evangélicos – no caso do Brasil – e demais congregações, em outras denominações pelo mundo.

Desnecessário dizer que, graças ao grande número de fiéis que contam em nosso país, tal fato (leia-se “ameaça”) não passaria despercebido à vigilância da grande mídia brasileira. A mesma, agora, já começa a levantar questões sobre os limites de um diretor espiritual sobre as escolhas políticas de seu rebanho – e, revestida de carolice verdadeiramente farisaica, aponta já dedos furiosos contra pastores que (vide Cláudio Duarte) apenas lembram a nós mesmos o que sempre fomos, e como sempre pensamos.

Tudo é uma questão de bom senso. Se padres ou pastores indicam candidatos, isto é incorreto e alheio aos propósitos de qualquer igreja, seja católica ou protestante. Entretanto, o próprio Jesus Cristo disse: “Não vim reformar, mas confirmar o escrito” – e tal declaração abriga a essência conservadora da Palavra, do ensinamento que nem o tempo ou os homens podem mudar. Assim, se estes pastores ou padres dedicam parte de seu tempo a relembrar o que a grande mídia apagou – ou seja, quem nós éramos, do que gostávamos, o que acreditávamos – e ainda nos alertam sobre a imunda estratégia de dominação mental empregada pela esquerda mundial, nada fazem além de seu dever de zelar para que andemos pelo bom caminho; em absoluto não podem ou devem ser condenados, pois sabemos de onde parte esta “condenação” e quais são seus objetivos.

Se seu padre ou pastor elogia um político, advirta-o. Mas se os mesmos lembram a você e sua família qual o caminho correto a seguir – como seja, o caminho de sempre, apontado por Nosso Senhor Jesus Cristo – então você e os seus estão em boas mãos.


Walter Biancardine



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