Assistindo neste momento o excelente programa Oeste Sem Filtro, surpreendeu-me a afirmação do comentarista Silvio Navarro que "o Congresso agora sabe que é mais forte que aparenta", disse ele sobre a sucessão de derrotas sofridas ontem pelo Governo.
Ora, nossa Constituição Federal nasceu com diversas deformidades, entre elas - e talvez uma das piores - é a clara intenção de ser voltada para um sistema parlamentarista de governo, o qual foi amplamente rejeitada pela população, em plebiscito.
Temos, então, uma Constituição que esvazia por completo os poderes da Presidência da República (para melhor ou pior) e favorece casas legislativas anabolizadas por este pensamento parlamentarista - onde está a novidade que o Congresso teria "descoberto"?
Sendo justo com o comentarista, a novidade está apenas em dois pontos: no naufrágio clamoroso de quaisquer resquícios de força e popularidade de Lula, somado ao poderoso fator de estarmos em ano eleitoral - e, neste caso, vale tudo para os parlamentares.
Escancaradamente escorado nas muletas jurídicas de quem realmente governa o país - o STF e seus 11 ditadores - resta a este desgoverno contar com ajudas explícitas dos togados, como a prontamente oferecida pelo "terrivelmente evangélico" André Mendonça, ao manter a impunidade travestida de "saidinha" para os presidiários condenados antes da decisão de ontem. Ou seja, para seu pensamento carola, o que é justo não retroage.
Sabemos que a dinâmica política pode ainda trazer muitas surpresas, principalmente em ano eleitoral e tendo como referência um governo repartido em três blocos: CV, PCC e STF. Isso quer dizer que a "popularidade" do octópode pode despencar á níveis ainda mais rasteiros e atingir o insustentável.
Por isso, vale o aviso: não será surpresa se, eventualmente, o Plantão do Jornal Nacional anunciar, em edição extraordinária, um suposto "atentado" contra o Presidente Lula, "ferindo-o gravemente".
Esta pode ser a única saída "honrosa" para um Presidente deposto duas vezes.
Walter Biancardine
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