Sim, elas precisam por mais absurdo que pareça.
Pais calouros vivem uma vida infernal de sobressaltos, onde o pobre "petit" não pode dar um soluço sequer sem que ambos corram exasperados pelas paredes de casa, entre telefonemas para as respectivas mães e até o pobre pediatra é incluído em tal carnaval. E que dirá do tédio?
Existe a concepção doentia - e atualmente em vigor - de que crianças precisam sorrir (sorrir não, gargalhar) enquanto permanecerem vivas e isso faz com que progenitores menos destituídos de bom senso - ou movidos por secreto desejo de impressionar os outros e a si mesmos - entupam o raio de visão dos guris com toda a espécie de traquitana, uma poluição visual geradora de verdadeira overdose de informações simultâneas as quais, inevitávelmente, resultarão ao menos em uma TDAH - para pasto e gáudio dos pais, pois agora é moda.
Nos anos mais recentes, um novo e fatal veneno foi adicionado ao arsenal dispersante dos filhos: os celulares, games ou mesmo computadores. E isso é o verdadeiro decreto da morte imaginativa, criativa dos pequenos.
Não há o que criar: tudo, nas telinhas, já vem pronto e de modo exuberante, avassalador e viciante, basta clicar.
Um conselho ao casal "nouveau": experimente deixar, por algumas tardes, seus filhos sem nada para fazer - sim, nada, nem TV; tédio mesmo.
Se seu garoto começar a destruir os carrinhos para ver como funcionam ou mesmo para montar outros; se sua menininha recortar as folhas de sua revista predileta para fazer vestidinhos para as bonecas, parabéns: você acaba de salvar o cérebro de seus filhos.
E tudo isso graças ao tédio.
Walter Biancardine
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