sexta-feira, 24 de maio de 2024

NÃO SE NEGOCIA COM DIABOS -

 


A fotografia que ilustra este artigo mostra o ex-Presidente, sr. Jair Bolsonaro, em amistosa pose ao lado do sr. Aldo Rabelo – comunista enragée o qual foi, para ir direto ao ponto e entre várias outras façanhas, motorista do terrorista Carlos Marighella nas ações guerrilheiras promovidas pela esquerda, nos anos 60.

Digna de nota é a aceitação crescente, nos últimos tempos, deste sr. Rabelo nos meios ditos “conservadores”, merecendo inclusive ser entrevistado pela rádio Jovem Pan (quando ainda neutra) e por vários outros destaques jornalísticos deste mesmo meio.

Seria o sr. Aldo um “comunista potável”? Alguém que encarnaria o mesmo espírito de um PCO (Partido da Causa Operária), que conquistou inúmeros direitistas com suas críticas certeiras à narcocracia vigente? Seríamos, talvez, tão inocentes a ponto de crermos estar nos valendo dele – alguém “de dentro” do esquema – para expor uma espécie de “confissão premiada” dos horrores vermelhos? Ou, muito pior ainda, estaríamos cedendo a tentação de reconhecermos não ser pensamento e praxis comunistas coisas tão perversas, merecendo mesmo que reconheçamos eventuais pontos meritórios?

Tal postura é a mesma de espinhudos e arrogantes adolescentes, ao enrolarem seus baseados nas rodas de fumo, alegando sempre que “sairão à hora em que quiserem” – e em um mês estarão vendendo as joias da mãe para pagar a marofa.

Em nada adiantaria possível justificativa do sr. Bolsonaro, alegando o completo aparelhamento esquerdista do estamento burocrático – que é um fato – e que somente negociando com os adversários a direita conseguira, se um dia voltar ao poder, governar sem o total e descarado boicote da burocracia, como o próprio sr. Jair experimentou em sua pele. Por mais duro e terrível que tal realidade seja, a verdade é que não há saída política possível, em nossa atual conjuntura. Qualquer ascensão de um personagem conservador à Presidência da República após “negociações e acomodações políticas” será, além de inútil – pois temos experiência disso – apenas um engôdo populista, que preservará a vigente matilha Federal em seus mesmos lugares e com idênticos poderes.

Não se faz acordos com comunistas. Não se negocia com quem não admite negociar e pretende a destruição de tudo o que existe, para erguer novidades terríveis e impossíveis, à imagem e semelhança de seus ideais bárbaros e escravocratas de país e sociedade. Em suma, não se negocia com quem nos matará.

Ainda que sem a mesma envergadura conspiratória de um sr. José Dirceu, o sr. Aldo Rabelo entoa canto de sereia potente o suficiente para expor o único e maior líder direitista brasileiro ao constrangedor papel de um Fausto, do igualmente constrangedor Goethe. Terá nosso ex-Presidente semelhante esperança de, em determinado momento, dizer “- Pára! És belo!”, e contar que a contraparte será cumprida?

Do mesmo modo subestima, o sr. Bolsonaro, os efeitos que tal e infeliz fotografia podem causar na enorme massa apoiadora brasileira – evito citar “massa votante” por absoluto ceticismo – que certamente, se sabedora de quem se trata este sr. Rabelo, perderá por completo seu já rarefeito senso de orientação política, causando um niilismo e apatia ainda maiores que os impostos pela vigente narco-ditadura e suas medidas repressivas.

Ao final dos anos 50 o General Olympio Mourão Filho – ex-seminarista e sem a contaminação positivista dos quartéis – escreveu, em seu diário: “A continuar esta forma de governo, o gangsterismo e a máfia progredirão a tal ponto que somente uma guerra, acionando forças exógenas, nos libertará.” (Memórias de um revolucionário – Hélio Silva, editora L&PM)

Por mais que acompanhemos, ansiosos, o desenrolar dos acontecimentos no Congresso norte-americano (“forças exógenas”?), que poderá resultar em estrondosa catástrofe jurídica e política internacional para todos os integrantes da atual ditadura, manda o bom senso que abandonemos nossa indefectível terceirização e omissão cotidiana.

Não há outra saída que não seja a ação radical de um povo revoltado, nas ruas. Se, paralelamente à isso, o Congresso yankee revelar ao mundo todos os absurdos totalitaristas que diuturnamente ocorrem neste pobre Brasil, tanto melhor: estaremos plenamente justificados em nossas ações.

No mais, falta ao sr. Bolsonaro um pouco de humildade; a confiança excessiva em sua popularidade indiscutível poderá destroná-lo do posto que, merecidamente, ocupa hoje no coração verde e amarelo – basta vermos, nas redes sociais, o que determinadas e desastradas ações do Governador de São Paulo, sr. Tarcísio, tem causado à sua imagem.

Se o apelo ao bom senso, dirigido ao sr. Jair, fez sentido aos olhos do leitor, atrevo-me a repeti-lo para quem lê este artigo: o quê diria nosso querido professor Olavo de Carvalho, diante dos acontecimentos dos últimos meses?

Sim, ele deixou um “vácuo”.

Sim, ele faz falta.

Sim, Olavo tem razão.


PS: em artigo posterior, falarei sobre a "duguinização" das legendas da foto. Duguin criou o "comunista conservador", mais conhecido como Vladmir Putin.


Walter Biancardine






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