domingo, 31 de agosto de 2025

A EJACULAÇÃO PRECOCE DO CONSERVADORISMO -



Olavo de Carvalho dizia que a política não é o ponto de partida, mas o ponto de chegada. Antes dela, vem a cultura, o pensamento, o enraizamento de ideias numa sociedade que se reconheça nelas como em algo natural. A pressa de tomar atalhos sempre lhe pareceu ridícula. “Querem chegar por mágica, querem dominar o país sem terem dominado a sociedade civil. Isso nunca vai dar certo”, advertia. A lição é simples, mas continua sendo ignorada: sem uma base intelectual sólida, qualquer movimento que se apresente como conservador não passa de fumaça, destinada a desaparecer ao primeiro vento contrário.

Essa inversão de etapas foi, segundo ele, um dos erros mais graves cometidos pela direita brasileira nos últimos anos. O fenômeno Jair Bolsonaro despertou a vontade de aparecer nas urnas, precedendo o esforço de estudo, formação e reconquista dos espaços culturais. Daí nasceu uma geração de políticos improvisados, que se lançaram candidatos munidos apenas de slogans e ressentimentos, sem compreender minimamente as ideias que alegavam defender. A pressa produziu figuras de grande barulho e pouco conteúdo, incapazes de sustentar um debate de altura e, por isso mesmo, condenadas a sobreviver apenas pelo choque, pelo escândalo ou pela fidelidade cega de uma base já convertida.

Tão abissal foi este cenário que os mesmos “conservadores” entenderam que apenas buscando “a força do Estado”, a “força da lei”, teriam condições de mudar os rumos de um país sufocado por pensamentos esquerdistas de um “Estado forte”, que usa a força da lei para suas engenharias sociais. Sim, um vergonhoso contrassenso.

O resultado está à vista: em vez de uma direita robusta, capaz de disputar o imaginário cultural e político do país, o que se vê – na maior parte das vezes – são surtos de popularidade instantânea, carreiras meteóricas baseadas em frases feitas, guerra por curtidas e um festival de contradições.

A vitória fácil nas redes sociais substituiu o trabalho difícil de elaborar pensamento, de mergulhar em tradição, de enraizar valores duradouros e fazer com que o povo os assimile, apossando-se deles e julgando como seus – um trabalho de anos, que sistematicamente “pularam” em busca do imediato. A consequência é previsível: ao chegar ao Congresso, esse tipo de liderança improvisada revela-se rasa, contraditória e, muitas vezes, autodestrutiva.

O problema não está apenas nos candidatos apressados. Ele se repete hoje, principalmente, nos “influencers” que vendem conservadorismo como se fosse produto de prateleira. Transformam a indignação popular em moeda corrente, mas não oferecem substância. É a mesma lógica do espetáculo: audiência, dinheiro, prestígio. O risco, real em um pensamento hoje órfão de Olavo, é que a direita continue a ser conduzida por gente que repete frases sem saber o que significam, incapaz de sustentar uma reflexão, de propor algo além do barulho reativo. Ouvir esse tipo de voz é confiar o destino de uma tradição a vendedores de fumaça. E não há conservadorismo possível quando quem fala não sabe sequer o que conserva.

Mas há algo ainda pior, que se dissemina em todas as áreas formadoras do indivíduo – educacional, cultural, artística, midiática e até social: a completa ignorância que o cidadão comum tem, sobre a origem de seus pontos de vista, opiniões, conceitos, valores e princípios.

Olavo de Carvalho repetia, com a objetividade de carne crua que lhe era típica, que 99% dos brasileiros – políticos incluídos – não têm a menor noção da origem de suas próprias ideias. O que chamam de “pensamento independente” não passa, na realidade, de frases herdadas, transmitidas como slogans, já esvaziadas de contexto e referente concreto. Gente que se proclama “prática, de ação” nada mais faz do que reciclar conceitos já formulados, séculos antes, por filósofos que estavam muitos degraus acima, em inteligência e rigor.

Ele lembrava que todo o pensamento contemporâneo, de esquerda ou de direita, brota de matrizes claras, quase sempre esquecidas. Marx, Nietzsche, Hegel, Santo Tomás, Aristóteles: nomes que moldaram visões inteiras do mundo, mas que hoje são ignorados por quem, ironicamente, se gaba de originalidade. Essa ignorância produz a caricatura de uma vida intelectual: as pessoas se julgam livres, quando na verdade são escravas de ideias alheias que nem reconhecem.

Daí a miséria do debate público no Brasil: uma massa que repete, com ares de novidade, velhas fórmulas já digeridas, incapaz de perceber que nada do que diz lhe pertence de fato. É a orfandade cultural travestida de autenticidade – e nela se afoga tanto a política quanto o povo, que acredita estar “pensando por conta própria”.

E no meio deste povo incluímos, é claro, a atual classe política.

De qualquer viés.


Walter Biancardine



sábado, 30 de agosto de 2025

A IDA DOS ÚLTIMOS: Luís Fernando Veríssimo (1936 - 30 de Agosto de 2025)

Foto divulgada pela outrora gloriosa Academia Brasileira de Letras

Agosto, o eterno mês do desgosto, jamais passa impune. Levou-nos agora Veríssimo, o filho Luís Fernando - sim, aquele que a gente lia suas crônicas na última página da Revista de Domingo, do Jornal do Brasil.

Não esconderei a enorme influência que ele teve não apenas em meu vício por crônicas mas, igualmente, por haver eu já imitado alguns temas insólitos que o mesmo explorou em seus escritos, plagiando-o: certa feita redigi um conto inteiro com auxílio de um velhíssimo dicionário luso-brasileiro, de 1949, chamado "Lello Universal", do qual retirei palavras vetustas e castiças e usando-as guiado, exclusivamente, pelo seu som tal qual ele já o fizera, uma vez. A depender do que soava, usava-a como denotativo de algo que se passava na história. Qual outra explicação para escrever que "o Rei, debochado, olhava seus súditos enquanto coçava seu estrôncio"?

Estrôncio é um elemento químico e a química literária brasileira se empobrece cada vez mais, com a partida de escritores que - pasmem - sabiam escrever e, não apenas, sabiam também como construir narrativas, embalar o leitor e conduzí-lo em seu mundo imaginativo.

Ilustro esta humilde condolência me valendo de imagem divulgada pela Academia Brasileira de Letras - outrora gloriosa instituição, que abrigou nomes como os de Machado de Assis, Euclides da Cunha, Rachel de Queiroz e Guimarães Rosa, mas que hoje perde-se em mesuras e floreios demagógicos, nomeando excrescências como Fernanda Montenegro e até uma Míriam Leitão - para deixar minhas sinceras condolências à família de Veríssimo e, também, a todos os brasileiros.

Um país no qual escritores morrem de fome e um Twitter é considerado "textão", não pode ser levado a sério.


Walter Biancardine



quarta-feira, 27 de agosto de 2025

SHARIA, FUNK E GLOBALISMO: TUDO É A MESMA COISA -

 


No sábado, 23 de agosto de 2025, por volta das 19h40 em Dundee, Escócia, uma menina de 14 anos supostamente chamada Sophie (alguns a chamam de “Coração Valente”, enquanto outros dizem que seu nome verdadeiro é Mayah) foi filmada em pé entre sua irmã de 12 anos e dois homens adultos, descritos como migrantes islâmicos, que as estavam assediando. A filmagem, feita pelo agressor, mostra Sophie gritando: "Não toquem na minha irmãzinha, ela tem doze anos!" enquanto brandia uma faca e um pequeno machado. A tal ponto a deformação cultural imposta pela mídia fez com que, para alguns, isso fosse uma demonstração chocante de delinquência juvenil. Já para outros, mais conscientes, serviu como símbolo de uma sociedade que abandonou tão completamente suas próprias filhas que as crianças, agora, acreditam que precisam se armar para estarem seguras.

Os fatos são os seguintes: Sophie e sua irmã mais nova teriam sido ameaçadas pelos homens durante semanas até que, naquela noite de sábado, ela os confrontou diretamente. Os homens filmaram as meninas se aproximando. Sophie gritou com eles, brandiu suas lâminas e os advertiu para que parassem. O confronto se dispersou sem derramamento de sangue. No entanto, quando a polícia chegou, prendeu a menina e a acusou de porte ilegal de arma branca. Os homens não foram detidos nem investigados e estão a tal ponto convictos de sua impunidade que os vídeos foram postados – e viralizaram. De acordo com o comunicado oficial, tratava-se de uma "jovem com arma". Nada mais.

A indiferença dessa declaração revela o cerne da crise britânica – ou melhor, ocidental. Em um país onde gangues paquistanesas de aliciamento foram, na prática e sob a desculpa de “tradição cultural”, autorizadas a abusar de dezenas de milhares de meninas ao longo de décadas; onde os relatos foram ignorados porque as autoridades temiam acusações de racismo ou islamofobia, não se pode mais surpreender que o Estado veja uma faca na mão de uma menina como crime, e não a tentativa de estupro que a forçou a portá-la. O escândalo de aliciamento não foi uma tragédia isolada, mas um sintoma de um colapso moral, que envolve a totalidade da cultura ocidental. A prisão de Sophie e a libertação simultânea dos homens que ameaçaram sua irmã mostram que o colapso é completo.

Os críticos – limpinhos e sofisticados – perguntarão: é justo enquadrar uma briga de rua como símbolo do declínio nacional? Mas essa pergunta não é pertinente e, muito menos, honesta: não se tratava de apenas uma garota em Dundee, mas a expressão viva de um padrão que se repete há décadas em Rotherham, Rochdale, Oxford e inúmeras cidades do Reino Unido e mesmo Europa – basta ver os índices alarmantes de estupro na Suécia, praticados por imigrantes.


A polícia sabe da existência de gangues de aliciamento. Assistentes sociais sabem. Vereadores sabem. E eles não disseram nada. As vítimas sempre são ridicularizadas ou acusadas de terem feito "más escolhas". Por quê? Porque reconhecer a escala e a natureza do abuso exigiria admitir que a migração em massa importou uma “cultura” de predação e violência contra jovens brancas. Dizer isso é considerado racismo e, por isso, o abuso continua.

O caso de Sophie se encaixa perfeitamente nessa falha maior. Uma criança protegeu sua irmã porque sabia que as autoridades – nem ninguém mais, temerosos que estão – não o fariam. Os homens estão livres porque persegui-los agressivamente poderia resultar em manchetes acusando a polícia de discriminação. Em vez disso, essas manchetes foram reservadas para a menina, que agora está sendo processada pelo sistema de justiça juvenil da Escócia pelo crime de se recusar a permitir que sua irmãzinha, de doze anos, fosse estuprada.

Quando até mesmo crianças entendem que o sistema está contra elas; quando uma menina prefere enfrentar acusações criminais a ver sua irmã molestada, a legitimidade do Estado cai por terra. Se o governo não cumprir seu dever mais básico de proteger seus cidadãos, especialmente suas crianças, os cidadãos buscarão proteção em outro lugar. Alguns se armarão, outros – ainda iludidos – recorrerão à justiça. Relatos nas redes sociais já sugerem que alguns homens locais estão patrulhando Dundee porque o Estado falhou. As imagens de Sophie empunhando faca e machado podem ser perturbadoras, mas não são mais chocantes do que a ideia de que, sem ela, sua irmã de doze anos poderia ter sido estuprada novamente.

Os defensores da atual política de imigração britânica insistirão que os crimes não devem ser politizados, que a maioria dos migrantes cumpre a lei e que vincular gangues de aliciamento ou predação à migração em massa é injusto. Mas esse argumento é uma crença de luxo, um pernicioso vírus da cultura woke, que ignora a realidade e insiste em permanecer infectando países, tradições, princípios e valores. As gangues de aliciamento são compostas, em sua maioria, por homens muçulmanos paquistaneses, esse fato é registrado em inquéritos oficiais e confirmado por depoimentos de vítimas. Até mesmo o Ministério do Interior foi forçado, sob pressão, a admitir que a etnia e a religião desempenharam um papel nos padrões de abuso. O paradoxo está em reconhecer que nem todo migrante é um predador, ao mesmo tempo em que se recusa a ignorar a inegável correlação entre a onda de migração islâmica e a explosão da predação sexual organizada.

Também não basta dizer que a lei é neutra e que portar uma faca é sempre um crime, independentemente das circunstâncias, pois uma sociedade justa reconhece a intenção e distingue entre o predador e o protetor. As armas de Sophie não foram usadas em um ataque, mas em defesa. O fato de ser criminalizada enquanto seus agressores andam livres é uma inversão da justiça tão profunda que deslegitima a própria lei. Se a lei protege mais os predadores do que as crianças, então a lei deixou de ser lei no sentido moral e se tornou meramente um instrumento de controle estatal – e podemos sempre perguntar se isso não teria sido planejado e intencional.

É revelador que os veículos de comunicação tradicionais tenham coberto a prisão de Sophie, omitindo qualquer menção aos homens. O Daily Record publicou uma manchete estéril sobre uma "colegial" brandindo uma lâmina. Sem contexto, sem explicação. Nenhuma palavra sobre a tentativa de estupro, e esse silêncio não é acidental: faz parte de um padrão mais amplo, no qual os veículos tradicionais “higienizam” ou obscurecem crimes cometidos por migrantes. Somente no 𝕏, antigo Twitter, por meio de imagens virais e relatos de cidadãos, a verdade se espalhou. Os britânicos não confiam mais na BBC ou nos jornais para lhes dizer o que está acontecendo em suas próprias ruas. Em vez disso, recorrem às mídias sociais e, quando Elon Musk ampliou a história, não foi apenas um momento viral, mas um sinal de que a praça pública está se afastando dos antigos guardiões.

A imagem de Sophie com sua faca e machado está agora gravada na consciência pública. Alguns a veem como uma delinquente perigosa. Outros a veem como Joana d'Arc com sotaque escocês. Mas o que ninguém pode negar é que essa imagem captura uma sociedade à beira do abismo. Se a Grã-Bretanha não consegue proteger suas meninas, então não vale a pena preservá-la em sua forma atual e uma reforma não é opcional, é questão de sobrevivência – válida para todo o ocidente.

O que, então, deve ser feito? Primeiro, deve haver uma honestidade implacável sobre as falhas do multiculturalismo. A recusa em traçar perfis, investigar, nomear o que está acontecendo, deve acabar. O politicamente correto – uma verdadeira peste imobilizadora e cegante – não pode prevalecer sobre a segurança infantil. Segundo, a aplicação da lei deve parar de se esconder atrás de tecnicalidades. Se gangues de aliciamento podem ser identificadas e perseguidas, elas devem ser. Se a criminalidade migratória está aumentando, ela deve ser confrontada abertamente. Terceiro, o sistema de justiça deve redescobrir a clareza moral. Protetores não são criminosos. Crianças que se defendem não são membros de gangues. E, finalmente, a liderança política deve reafirmar o princípio de que o Estado existe para proteger seus cidadãos em primeiro lugar, não para gerenciar a ótica da diversidade, conforme desejos de George Soros e outros.

O incidente de Sophie poderá ser lembrado como um escândalo passageiro ou como a faísca que despertou a Grã-Bretanha de seu longo estupor. Se for este último caso, talvez Sophie, um dia, seja reconhecida não apenas como uma criança assustada, mas como a consciência de uma nação. Uma garota de 14 anos em Dundee jamais deveria ter pegado uma faca. O fato de ela ter pegado diz muito. O fato de ela ter sido punida por isso acusa toda a classe política e traça o diagnóstico da apatia e submissão ocidental.

O OUTRO LADO DA MOEDA -

O Rei Charles III sempre demonstrou um interesse profundo pelo Islã ao longo de sua vida, incluindo estudos sobre a religião, aprendizado da língua árabe para ler o Alcorão em sua forma original e elogios públicos à contribuição islâmica para a civilização ocidental.

Ele é descrito como o monarca britânico mais pró-Islã da história, com uma afinidade particular pelo sufismo (a tradição mística do Islã), incluindo referências a figuras sufis como Al Khidr em contextos simbólicos, como na sua coroação. Entretanto, poucas e corajosas vozes como a do filósofo Olavo de Carvalho já denunciaram claramente que o mesmo é membro de uma Tariqa (ordem sufista específica) e, portanto, é um Rei que é súdito de alguém. Excetuando-se estas vozes corajosas, tudo o que existe são rumores sobre uma possível afiliação, em discussões online e publicações, mas sempre negados ou não substanciados por relatos históricos e biográficos disponíveis, limitando-se, os mesmos, a comentar seu engajamento intelectual e cultural com o Islã, sem conversão ou iniciação formal.

Já o atual Primeiro-Ministro do Reino Unido é Keir Starmer, do Partido Trabalhista – e apenas isso já diz muita coisa. Ele não é muçulmano, mas foi criado de forma "frouxa" na Igreja da Inglaterra (anglicana), e é descrito como não crente ou ateu. Sua esposa é judia, e eles educam os filhos reconhecendo a fé judaica.

Por outro lado, o atual Prefeito de Londres é Sadiq Khan, do Partido Trabalhista – novamente este partido, equivalente aos Democratas norte-americanos ou ao PSOL do Brasil – reeleito para um terceiro mandato (pasmem) em 2024. Ele é muçulmano, de família sunita muhajir (com origens no Paquistão). Khan é o primeiro prefeito muçulmano de Londres e de qualquer capital ocidental.

OCIDENTE: DIVINA DECADÊNCIA -


O evento “Fête de la Musique”, um festival anual de música gratuito e aberto nas ruas de Paris e outras cidades francesas, foi novamente realizado em junho de 2025, e envolveu incidentes de violência como esfaqueamentos, incêndios em veículos, saques e ataques com seringas (relatados como injetando substâncias desconhecidas em vítimas aleatórias).

Esse evento também apresenta o funk brasileiro, e os distúrbios foram atribuídos – pela grande mídia local – a fatores como superlotação, vandalismo e confrontos com a polícia (por quê?), resultando em 371 prisões, 6 esfaqueados (um em estado crítico), 1.500 feridos leves, 13 policiais feridos e 51 veículos incendiados. Análises dos vídeos mostram cenas de caos urbano, como multidões correndo de gás lacrimogêneo e fogos, servindo como breve amostra de que as velhas Sodomas e Gomorras – desta vez ressuscitadas por globalistas e eurasianos ao redor do mundo – ainda exercem poderosa sedução sobre aqueles que priorizam o prazer e esquecem que envelhecerão.

Também existem registros de bailes funk informais ou eventos “culturais” brasileiros em Paris, como um vídeo de junho de 2024 mostrando uma multidão dançando funk carioca nas ruas, com elementos sensuais típicos do gênero (rebolado simulando atos sexuais, danças eróticas e roupas provocativas). Isso destaca a popularidade crescente do funk brasileiro na Europa, e deixa evidente que o Islã, a subcultura de favela brasileira e qualquer outro “movimento” que vise destruir valores e princípios ocidentais sempre serão muito bem acolhidos pela indústria cultural, financiada que é por metacapitalistas, que não passam de psicopatas poderosos e ansiosos por um verdadeiro suicídio global.


Por óbvio o cidadão comum não tem o poder de influir internacionalmente, mas a sua parte – por menor que seja, em sua vizinhança – pode e deve ser feita. Se cada um de nós deixar de jogar lixo no chão, as ruas permanecerão limpas; se eu e você não consumirmos dejetos – vendidos como “cultura” – nossas cabeças estarão sempre saudáveis e higienizadas.

Um último detalhe: Donald Trump já começa a apontar suas armas para George Soros e seu filho, herdeiro de seu feudo babilônico.


Isso prova que, mesmo um artigo de opinião, pode eventualmente ter surgido de cabeças em sintonia com uma maioria lúcida – e poderosa.


Créditos: o relato sobre a menina escocesa foi retirado de artigo publicado no X por Alexander Muse (@amuse) em 26 de agosto último.


Walter Biancardine




segunda-feira, 25 de agosto de 2025

FALANDO SOZINHO -


Que o amigo leitor me perdoe, mas começo a segunda-feira já virado no Jiraya. Acordo, tomo café, vejo o que se passa no Brasil e no mundo, sento para escrever e só aí percebo: escrever para quê? Para quem? Tecer criticas? Não passa de uma reclamação, e quem reclama quer providências - de quem? Fazer análises políticas soa mais chique, mas para quem ler e fazer o quê com isso? Metade não entende e a outra metade odeia. Ensaios filosóficos? Só se for para mim mesmo, por minha própria salvação, pois em um país em que se acha um Twitter longo demais, é perda de tempo tentar ser mais profundo que um pires.

E só então me dou conta que me comporto como um prisoneiro de um vício - a compulsão de escrever, relatar, analisar, e que termina por não interessar a ninguém pois bom mesmo é saber se o Vasco foi rebaixado de novo. O viciado sabe que só se lasca, ao satisfazer sua gana. Mas segue mesmo assim, pois é um vício - destrutivo, maligno, que afasta amigos, parentes, destrói relacionamentos e nos marca como leprosos ao convívio humano. Mas é preciso escrever.

Faço isso há décadas, e me sinto tal qual aquele antigo meme da velhinha viciada na marofa, que alega fumar há 40 anos e até hoje não se viciou. O quê consegui escrevendo? Abrir os olhos de alguém? Conscientizar inocentes que estavam sendo usados? Mostrar que nem sempre o novo, o moderno, é bom e que temos milênios de uma tradição mais que provada à nossa disposição? Não, ninguém mudou por minha causa - se em algum momento leram o que escrevo ou viram meus antigos vídeos, foi muito mais para ver suas próprias opiniões saindo de minha caneta ou boca, do que para aprender algo.

Também escreví livros. Best sellers? Longe disso: o que ganhei com eles deu para comprar dez pãezinhos e duas mariolas. Meu canal no YouTube, que ainda me rendia o suficiente para ajudar no supermercado - embora não tenha aberto o pensamento de ninguém - foi desmonetizado e me roubaram 28 vídeos; calado para sempre, em suma.

E é neste momento que penso: para quê? Para quê, meu Deus?

Certamente aparecerão amigos gentis que dirão para eu continuar, que o que faço ajuda as pessoas, que é uma missão ou até mesmo - ninguém é perfeito - que gostam muito do meu estilo de escrever. Agradeço, mas o Brasil continua o mesmo e nada mudou.

Então, por quê diabos continuo insistindo em escrever?

Ao fim e ao cabo, talvez seja pelo mais reles e vil dos motivos: pelo meu ego. Por me sentir importante ao ver meu nome estampado em publicações do Brasil e da Europa, ou na capa de meus livros - vaidade, pura vaidade em uma insana masturbação ególatra. Sei que nada causo, nada mudo, nada ajudo - aliás, nem eu nem ninguém, pois a muralha da omissão do brasileiro é intransponível - mas insisto, apenas pelo prazer solitário que, depois de velho, transferiu-se do banheiro para meu escritório. E exclamo, orgulhoso: "Eis meu nome impresso! E consegui X visualizações!" Sim, muitos visualizaram e... o que aconteceu? Nada. Sequer comentários. O silêncio ensurdecedor da indiferença.

Isso significa que vou parar, dar um basta nisso tudo e mudar de vida?

Tarde demais. Não há como mudar de vida já em sua reta final, aos 61 anos. Continuarei escrevendo, dando as pequenas e ilusórias alegrias ao meu ego, mentindo para mim mesmo e fingindo que ajudo em algo, pois escrever é a única coisa que sei fazer - todas as minhas outras habilidades ficaram para trás, pois estou velho demais para isso.

E é neste estado de espírito que começo minha semana, buscando desesperadamente aquelas postagens de motivação e autoajuda que muita gente gosta de publicar - e que, aprendi, são muito mais para motivar a si mesmo que aos outros - para tentar me animar para mais sete dias de espancamento de um sistema assassino e narcotraficante.

Com toda a doçura do coração, digo: boa semana a todos!


Walter Biancardine 


sexta-feira, 15 de agosto de 2025

AUTOCRÍTICA: SOU UM VIRA-LATAS FILOSÓFICO -


Os vales de trevas que regularmente atravesso sempre são acompanhados por apocalípticas enxaquêcas, que me reduzem á um estado mental quase vegetativo - como fosse eu um apreciador de funk, axé, pagode ou sertanejo universitário.


Entretanto, nos intervalos entre tais borrascas o pensamento se liberta mas - em meu caso - não voa: habitualmente mergulha em introspecções abissais as quais, longe de serem totalmente danosas, me ajudam a compreender a criatura mais esquisita que já tive o infortúnio de conhecer: eu mesmo.

Escrevi, recentemente, uma tresloucada ficção onde eu, Bukowski e Schoppenhauer enchíamos a cara em denso pileque filosófico, que me serviu como balança comparativa entre três vertentes de pensamento, duas delas - Charles e Arthur - bastante semelhantes aos meus próprios vagares em busca da verdade primeira.

Hoje cedo tive o desplante de relê-la e constatei, horrorizado, a inegável presença de mais um ser em minha cabeça - para mal dos pecados, uma pessoa a qual sempre abominei e cujo pensamento me causa revoltas: Jean-Paul Sartre e seu existencialismo nojento.

Sem chegar ao "erro cósmico" que Sartre considera o Ser Humano, confesso que - prudentemente - compartilho sua opinião que "a liberdade é uma sentença e que nascemos, todos, condenados á ela". Tal como Kant, Jean-Paul vê o homem como conseqüência daquilo que livremente escolhe: "Somos totalmente responsáveis por quem nos tornamos" - e minha auto-execração pela vida que atualmente levo reflete tal similaridade perfeitamente.

Governos, pais e mães, o demônio ou mesmo a genética, nada disso é responsável e, se sou hoje um merda, eu me fiz assim - diz o filósofo, e eu também.

Contrariamente, entretanto, Sartre diz que, ao agirmos, estamos dizendo ao mundo que "é assim que o Ser Humano deve ser" - longe de mim considerar-me tão importante, a ponto de tornar-me referência (ao menos positiva) para ninguém.

Para mal dos pecados, se investigar á fundo minha alma, nestes abismos encontrarei também pontos em comum com outros pensadores. Um exemplo é Hobbes, o qual jamais chegaria ao seu paroxismo (Homo omnia lupus - o homem é o lobo do homem). Também considero o homem perverso, mas nunca ao ponto de precisar de um Estado forte - o Leviatã - para domá-lo

Também farejo boas pitadas de John Locke, vendo o homem como um produto de sua criação - vide os filhos de funkeiros - mas nunca como uma tábula completamente rasa, ou estaria negando o Divino.

Pequena dose de Kant? Que seríamos conseqüências de nossas escolhas, tal como Sartre? Talvez, uma boa parte. Quem sabe até, como tempero desta salada absurda, algo de Maquiavel - que não desejava que fossemos maus, mas que soubéssemos com quem estamos lidando. Afinal, lucidez é fundamental.

Ao fim e ao cabo descobri, horrorizado, que sou um vira-latas filosófico, e talvez esta seja a razão de meus tormentos.

Creio que vou tirar a garrafa de Jack Daniel's do armário, neste fim de semana.

Alguém se habilita?


Walter Biancardine




segunda-feira, 11 de agosto de 2025

O CALOR EMBURRECE -


A temperatura cai e o brasileiro, forasteiro no frio, pensa somente em comer: chocolate quente, uma sopinha, fondue e por aí vai.

Sim, o frio é muito bom para tais divertimentos gastronômicos, mas é igualmente excelente para alimentarmos o cérebro - este órgão que costuma morrer à míngua nestes tristes e ignorantes trópicos.

A leitura pede o frio, a introspecção, o recolhimento e até o aconchego de bela poltrona, enrolado em cobertores e rodeado por fumegante xícara, para seu apropriado deleite e proveito. E isto é um fato, quase que estatisticamente comprovado: diga, de imediato, qual país de clima notoriamente abrasador você poderia citar como um expoente cultural ou, ao menos, cujo povo possua um arraigado hábito de leitura.

A resposta eu posso adivinhar: nenhum. Sim, pois é humanamente impossível ler com o suor pingando nas páginas do livro. Tudo o que queremos é uma água de coco gelada, mergulho na praia e o "otium sine dignitate" - preferencialmente rodeado de torneadas e desinibidas senhoritas, vestidas com seu fio dental.

O melhor conselho que posso dar é "refrigere-se". Venda um rim, mas instale um ar-condicionado em sua casa e só aceite trabalhar em locais que ofereçam o mesmo equipamento, ou o amigo correrá o sério risco - tristemente comum a todos os brasileiros - de ver sua massa cinzenta atrofiar até a necrose azulada dos espectadores de BBB.

O frio acultura, nos permite vestir roupas dignas e até nos obriga a um comportamento menos "tropical malemolente", eis que é extremamente deselegante remexer os quartos em uma cafeteria da Copenhagen.

Frio é vida!


Walter Biancardine



domingo, 10 de agosto de 2025

UMA MESA IMPROVÁVEL - Who is the last standing man?


Já algumas vezes tracei um curioso paralelo entre os pensamentos do filósofo pessimista Arthur Schopenhauer, o do niilista e auto-destrutivo escritor Charles Bukowski e o meu, brincando que minha cabeça seria uma cruza de ambos.

Não sei por quê, mas tal pensamento jamais me abandonou e, considerando as últimas tormentas que tenho atravessado, resolvi escrever uma espécie de ficção, onde eu estaria em um bar, bebendo com os já citados e improváveis amigos. Que espécie de assunto sairia? Terminaríamos bêbados ou em profunda depressão?

Pois deixei que a caneta me levasse e escrevi o surreal conto, que segue abaixo.


NOITE NO CAFE DO ABISMO

A rua estava molhada e brilhava como se o asfalto fosse feito de vidro líquido. Lá dentro, o Café do Abismo era um refúgio de penumbra e fumaça. Uma mesa no canto reunia três figuras improváveis: Arthur Schopenhauer, Charles Bukowski e Walter Biancardine.

Era um encontro impossível – mas quem disse que a realidade é dona da razão?

Schopenhauer, de terno escuro, olhava o vinho como se nele houvesse a prova de que o mundo era uma ilusão insuportável. Bukowski, camisa amarrotada, encarava a cerveja quente com a naturalidade de quem sabe que ela também é uma ilusão, mas não se importa. Walter mantinha um whisky à frente, mais como arma de concentração do que como bebida.

A mesa é grande, pesada, com as marcas de quem já ouviu muitas conversas que não deveriam ter sido ditas.

A conversa começou sem cerimônia, com Arthur Schopenhauer puxando assunto e segurando o cálice como quem segura uma tese. O vinho é profundo, silencioso:

“A vida é uma tarefa que não pedimos. Uma peregrinação através da dor. Tudo o que desejamos é apenas uma distração para não encarar a verdade: não há descanso enquanto a Vontade não for calada. Quem entende isso renuncia – e, na renúncia, encontra um resquício de paz.”

Charles Bukowski solta uma risada curta, sacode a garrafa de cerveja e aponta o dedo para o filósofo:

“Você fala como se o homem pudesse simplesmente desligar a tomada. Não pode. A vida não é um mosteiro, é um bar barato com a porta sempre aberta. Você entra, toma uns goles, briga, sangra, beija alguém, perde o dinheiro e sai tropeçando. E sabe o quê? Amanhã é igual. Então escreva sobre isso. Não pra salvar ninguém - mas pra que alguém ria no meio da merda.”

Walter Biancardine cruza os braços, encostando para trás mas com o olhar franzido, como quem não se contenta com nenhum dos dois destinos:

“Renunciar é deixar o campo livre para os canalhas; rir é aceitar que eles vençam. Vocês olham para o mundo e veem o que está errado – eu também. Mas não posso me dar ao luxo de apenas contemplar ou debochar. Meu papel é cutucar, provocar, chamar o homem à responsabilidade. Se a verdade dói, que doa o bastante para que ele se mexa.”

Schopenhauer ergue uma sobrancelha:

“Você supõe que o homem é capaz de grandeza, mas não é. A Vontade que o move é cega, e a maioria jamais verá além dela. A salvação é pessoal e silenciosa.”

Walter responde sem baixar a voz:

“A maioria, talvez. Mas é justamente por isso que o pouco que pensa precisa falar. E falar alto. Não é para salvar o mundo, é para manter a luz acesa enquanto houver uma vela.”

Bukowski dá um gole longo e esfrega o rosto:

“Eu gosto de vocês dois, mas o problema é que vocês levam a vida a sério demais. A vida é um cavalo doente: não importa se você monta para ir à guerra ou para ir à igreja, ele vai desabar no meio do caminho. Então beba enquanto dá.”

Walter sorri de canto e resmunga:

“Eu bebo, Bukowski. Mas não antes de ter dado um tiro no cavalo errado.”

O silêncio cai sobre a mesa, não por falta de assunto, mas porque os três sabem que chegaram ao ponto central: a vida é uma sucessão de golpes baixos – cada um decide se enfrenta, renuncia ou ri.

Lá fora, a chuva engrossa. Dentro, o vinho, a cerveja e a palavra continuam circulando.

E, no Café do Abismo, nenhuma cadeira fica vazia por muito tempo.


SEGUNDA NOITE NO CAFÉ DO ABISMO

A chuva parou. A rua ainda brilha de molhada. Dentro, a mesa é a mesma, mas o clima mudou. O vinho de Schopenhauer está pela metade; a cerveja de Bukowski, já quente e o Jack Daniel’s de Walter ficou esquecido, com as três pedras de gelo já derretidas.

Walter quebra o silêncio encostando para frente, como quem não está ali para perder tempo:

“Há um inimigo maior que a Vontade ou a miséria das ruas: a inveja. Não falo da inveja banal, de bens ou cargos. Falo daquela que quer arrancar a pele do outro, tomar-lhe a identidade, apagar a sua existência. Essa é a mais destrutiva – e é ela que devora civilizações inteiras. Eu sei, vivi isso em minha própria pele.”

Schopenhauer gira o cálice lentamente:

“Sim… a inveja é filha legítima da Vontade. O homem não suporta ver no outro a satisfação que ele próprio não pode alcançar. Por isso, o mais sábio é desligar-se do jogo. Se não há plateia, não há espetáculo.”

Walter encara-o de frente:

“Mas enquanto você se retira, eles avançam. O invejoso não descansa, Schopenhauer. Ele se infiltra no poder, manipula a massa, destrói o que não pode possuir. O que você chama de renúncia, eu chamo de abandono de posto.”

Bukowski bate a garrafa na mesa, rindo, mas com um tom meio amargo:

“Vocês falam da inveja como se fosse novidade. Olhem ao redor: a vida é um ringue de bêbados, todos querendo derrubar o outro só pra não se sentir tão fodido. O truque é não dar a mínima – continuar bebendo, fodendo e escrevendo. A inveja só mata quem se leva a sério demais.”

Walter não se deixa desviar:

“E enquanto você ri, Bukowski, o invejoso está plantando bombas na fundação da sua casa. Um dia, você acorda e o bar fechou, a rua foi tomada, o que era seu agora tem outro nome e outro dono – carros, casa, família, mulher… o riso não salva território.”

Schopenhauer recosta-se na cadeira, como quem observa gladiadores, e comenta quase com pesar:

“Vocês ainda acreditam no mundo. Eu já não. O mundo é uma engrenagem que tritura tudo – virtuosos, canalhas, bêbados, monges. A única vitória é escapar inteiro dela.”

Walter aperta o copo na mão como se fosse um pescoço odiado:

“Escapar é para quem aceita que perdeu. Eu não aceito. E não é otimismo, é dever. A verdade precisa ser dita, mesmo que o eco não alcance ninguém. E se não posso deter o invejoso, ao menos posso expô-lo até que sua própria sombra o engula.”

Bukowski sorri torto, balança a cabeça e levanta a garrafa:

“Vocês dois são uns filhos da puta teimosos. Mas eu gosto disso. Porque, no fim, talvez não importe se a gente foge, luta ou ri. O que importa é não virar um daqueles idiotas que acreditam que o mundo é justo.”

O silêncio volta, mas agora é pesado, quase palpável. A conversa não acabou – apenas mudou de temperatura. Cada um sabe que está diante de um impasse que não se resolve numa noite.

A rua, lá fora, continua brilhando. E no Café do Abismo, a mesa permanece intacta, à espera da próxima rodada.


A ÚLTIMA RODADA NO CAFÉ DO ABISMO

A noite está mais silenciosa, já está quase amanhecendo. As ruas parecem ter esquecido que existem carros. A mesa está marcada pelo suor das garrafas e pelas cinzas acumuladas. É a última bebida – não por escolha, mas porque o café fecha quando o dono decide.

Walter olha para os dois e lança a pergunta como quem joga uma faca no centro da mesa:

“Digam-me: no fim, o que realmente vale a pena?”

Schopenhauer não pensa muito:

“A paz de espírito. E isso só existe na libertação da Vontade. Quem vê a vida como ela é, percebe que todo apego é uma corrente. Rompa a corrente, e, mesmo que o mundo desabe, você estará inteiro.”

Bukowski suspira, puxa um cigarro amassado e acende, rosnando ébrio:

“O que vale a pena? Um gole gelado numa noite quente. Uma mulher que te olha como se você fosse o último homem na Terra. E escrever — porque escrever é o único jeito de cuspir de volta na cara do mundo antes que ele te engula.”

Walter, não menos bêbado, sorve um gole do restinho de seu whisky:

“Pra mim, vale a pena deixar um rastro. Que seja uma linha, uma ideia, um texto que incomode um canalha mesmo depois que eu estiver morto. A paz de espírito é boa, mas sem luta, ela é só um retiro. O prazer é bom, mas sem propósito, vira anestesia. Eu quero que, quando a história passar por cima, ela tropece na minha lápide, caia e quebre os dentes.”

Schopenhauer franze levemente o cenho:

“Você ainda fala como se pudesse mudar a marcha da engrenagem.”

Walter responde firme:

“Não posso mudar a engrenagem. Mas posso entortar alguns dentes dela.”

Bukowski solta a fumaça devagar, com um sorriso cansado:

“A verdade é que vocês dois querem vencer. Eu não. Eu só quero que, quando o mundo me mastigar, ele engasgue.”

Os três riem, cada um do seu jeito. Não é uma risada alegre – é o riso de quem reconhece a derrota inevitável, mas ainda assim não larga a arma, o copo ou a pena, “the last standing man”.

O dono do café se aproxima, entrega a conta e diz que está na hora. A mesa se esvazia.

Schopenhauer sai primeiro, passo lento, mãos atrás das costas, como quem se afasta de uma cena já prevista.

Bukowski segue, acendendo outro cigarro, sem se importar com a chuva fina que começa.

Walter fica por último, dá um último gole em seu Jack Daniel’s, um último trago em seu último cigarro, paga a conta com seus últimos tostões e sai para a rua com o mesmo olhar de quem ainda tem batalhas para travar – mesmo que seja a última.

O Café do Abismo fecha suas portas. Lá dentro, só o cheiro de álcool e fumaça permanece. Lá fora, cada um segue seu caminho – e o mundo continua, como sempre, fingindo que não ouviu nada.


Walter Biancardine 



BRICS: O NOVO NOME DA SERVIDÃO -


O espetáculo geopolítico do século XXI conseguiu a proeza de transformar o que era para ser comércio internacional em um teatro tragicômico, onde regimes autoritários posam de salvadores da humanidade.

Os BRICS, este clube de países com um verniz de “cooperação econômica”, não passam de uma feira livre de autocratas, aspirantes a tiranos e burocratas sonhando com o controle absoluto de cada respiração dos seus súditos.

Enquanto a imprensa chapa-branca vende o projeto brasileiro da moeda digital estatal DREX como “modernização do sistema financeiro”, Lula enxerga nele algo bem mais útil: uma ferramenta política para confrontar Donald Trump e, por tabela, do projeto econômico norte-americano baseado no dólar como moeda de referência global. O DREX é, na prática, um passo alinhado à agenda dos BRICS, que busca reduzir a dependência do dólar e fortalecer blocos rivais (leia-se “ditaduras”) no comércio internacional.

O timing não é coincidência. Com Trump na Casa Branca, o governo petista acelera a implantação do DREX, acenando para a China e a Rússia, que já testam ou usam sistemas similares de controle monetário centralizado. Ao fazer isso, Lula não apenas busca se posicionar como um “player” relevante no eixo BRICS, mas também enviar um recado político: o Brasil não quer se alinhar a Washington – especialmente com Trump e sua política de mão pesada contra regimes e governos simpáticos ao comunismo latino-americano.

Há um cálculo geopolítico claro. Trump, que já defendeu sanções duras contra aliados do Foro de São Paulo e hoje caça Nicolás Maduro, certamente enxerga o DREX como um passo perigoso na direção de um modelo à la “créditos sociais” chinês, no qual o Estado monitora e controla cada transação. Lula, no entanto, disfarça essa motivação sob o discurso de “inclusão financeira” e “combate à lavagem de dinheiro”, enquanto constrói uma ferramenta que pode ser usada para sufocar opositores políticos e controlar fluxos econômicos sem precisar da intermediação do sistema bancário tradicional.

O DREX nada mais é que uma peça no tabuleiro ideológico. Ao tentar implementá-lo, Lula se defende da guinada conservadora nos EUA, posando de “vítima dos americanos – tal qual Fidel em Cuba – e objetivando blindar o Brasil com mecanismos que o mantenham preso ao eixo BRICS/ditaduras e, consequentemente, menos vulnerável às atuais sanções do governo Trump.

Por outro lado, enquanto a China aperfeiçoa seu sistema de “créditos sociais” – uma distopia orwelliana travestida de eficiência – o Brasil acena com seu DREX, a moeda digital que, dizem, será para “modernizar” a economia, mas que na prática servirá – como afirmei acima – para vigiar, controlar e punir quem ousar discordar da cartilha estatal. Este é o sonho molhado de qualquer ditador: transformar a conta bancária do cidadão em uma coleira invisível.

E como todo baile de máscaras precisa de música, o Foro de São Paulo rege a orquestra na América Latina, distribuindo favores e financiamentos para ditaduras e grupos terroristas com o dinheiro do tráfico internacional de drogas – este sim, o verdadeiro banco central da esquerda revolucionária. O real eixo de poder não está nas bolsas de valores, mas nos carregamentos de cocaína que alimentam partidos, movimentos e militantes. E tudo isso também vai para o terrorismo internacional, porque comunista de butique não vive só de pão; precisa também de pólvora.

No meio disso, vemos a entrada ou aproximação de países como Canadá e Austrália – ambos submissos ao Rei Charles, um monarca que flerta com agendas ambientalistas radicais e, segundo alguns, com interesses que beiram o alinhamento islâmico – vide sua submissão à uma “Tarica”. O Canadá socialista já não esconde sua tentação pelo autoritarismo “do bem”, enquanto a Austrália, após anos de restrições sanitárias brutais, parece ter apreciado o gosto do controle. Ambos caminham para o abraço caloroso do BRICS, este clube onde se fala em multilateralismo, mas se respira censura e centralização.

Do outro lado, temos as economias globalistas – ditaduras soft que oferecem um menu à la carte de liberdades condicionais. Aqui, você pode falar o que quiser, desde que não ofenda os dogmas progressistas; pode empreender, desde que aceite as regras impostas por tecnocratas sem rosto em Bruxelas, Nova Iorque ou Genebra. É o socialismo gourmet: menos porrete, mais compliance. E, resistindo, estão as economias livres e soberanas, como a dos Estados Unidos, que ainda ousam acreditar que o Estado serve ao cidadão e não o contrário.

É claro que, para os devotos do BRICS e do globalismo, isso é um anacronismo imperdoável. Gente que ainda fala de liberdade individual como se fosse um direito natural é vista como herege.

A verdade é que o mundo se partiu em três: os BRICS (ditaduras assumidas ou aspirantes), os globalistas (ditaduras envergonhadas) e os poucos que ainda defendem a liberdade real. O Brasil permanece no BRICS não por mérito econômico, mas por submissão ideológica ao Foro de São Paulo, que vê nessa aliança a chance de enterrar de vez qualquer resquício de soberania popular – substituindo-a pelo poder do partido único, sustentado pela cocaína e protegido por narrativas “progressistas” vendidas a preço de ouro na ONU.

Quem ainda acredita que este bloco é sobre desenvolvimento e cooperação precisa acordar. Estamos diante de um projeto totalitário global, onde a moeda digital, o controle social e a censura são apenas o começo.

E, como sempre, tudo será feito “para seu bem”.


Walter Biancardine



quinta-feira, 7 de agosto de 2025

MISSÃO OU SENTENÇA CUMPRIDA?

Tardiamente aprendemos que não há aquele que possa se gabar de já ter visto, experimentado ou vivido de tudo, conhecendo e prevendo o desenrolar dos acontecimentos e ostentando um ar blasé e superior diante das intempéries cotidianas.

Na verdade, nada sabemos. A vida – ou destino, para os deterministas – possui um infindável arsenal de surpresas, disfarces ou reviravoltas, dentre eles o poder de nos fazer entusiasmados diante de possibilidades oferecidas, justamente após concluirmos que mais nenhuma esperança possuímos – e caímos tal qual crianças ingênuas. E assim se deu comigo.

Os doze ou treze indivíduos que me seguem – grupo heterogêneo composto por estudiosos da psicanálise, familiares maldosos e um ou outro masoquista beberrão – bem sabem do oblívio por mim sofrido já há uns nove anos, cujo ponto mais profundo foram os anos exilados em uma cabana, cedida por piedade, na zona rural da cidade em que vivo e tendo por únicas companhias bois, vacas, meu saudoso cavalo Baião, meu cão Sr. Wilson e uma variedade de seres inconvenientes – sapos, ratos, porcos fugidos e até uma onça que por lá apareceu.

Foram anos em que eu, por pior que avaliasse minha situação, ainda assim desfrutava de uma curiosa “tranquilidade”, pois sabia que alcançara o degrau mais baixo da vida: sim, não havia mais para onde descer exceto marquises e acostamentos das estradas, todos já devidamente computados e previstos em meu plano de voo, sem escalas, rumo ao desaparecimento. Mas foi justamente neste momento, após anos de agonia e da certeza de não haverem mais esperanças, que a vida preparou mais uma troça para este arrogante que vos escreve – “eu já vi de tudo”, arrotava impávido.

Uma surpreendente sucessão, contínua e rápida, de boas novas começou a acontecer, e em questão de três ou quatro meses fui chamado para escrever para publicações prestigiadas bem como meus artigos foram descobertos por uma generosa pós-PhD em análise do discurso, que não apenas convidou-me para participar de palestras entre acadêmicos, no Rio de Janeiro, como igualmente contratou-me para ministrar aulas on line de filosofia – área em que confessava-se ainda deficiente. Para completar, circunstâncias da política brasileira aproximaram-me do CEO de uma emissora de TV, com toda uma conjuntura indicando que lá estaria meu futuro profissional e seria um verdadeiro ponto final em quase uma década de limbo profissional.

Sim, amigo leitor; eu caí como um patinho: aluguei uma pequena casinha, comprei um carro e acreditei – pecado capital para os ingênuos – que os dias de agonia haviam acabado; dali em diante seria uma nova vida, verdadeiro renascer e com a delícia de sentir-me “pertencente”, “incluído” novamente na sociedade como um ser útil e prestante, podendo almoçar, jantar, comprar cigarros e ainda – supremo luxo – botar gasolina no carro e tomar um chope com algum amigo.

Pois a vida, com sádica lentidão, aos poucos foi produzindo fatos e ocasiões onde fui, vagarosamente, “deixado de lado” – “encostado”, é o termo – nos planos e projetos os quais um dia, precipitada e ingenuamente, acreditei ser meu futuro. Mocinhas casadoiras, que outrora se deram conta de estarem, paulatinamente, cada vez mais distantes de seus eleitos, saberão perfeitamente a sensação que senti e a certeza a qual a vida me obrigou a ter. Sim, eu os coloquei em meu futuro – apenas eles não me colocaram nos seus respectivos. Ingratidão? Jogo sujo? Não, não dramatizemos: apenas assim é a vida corporativa, que aposta nos mais preparados e que possam oferecer retorno ao investimento feito.

Aliado ao progressivo e irreversível “esquecimento” corporativo, meus dias como professor on line de filosofia igualmente estão chegando ao fim, e a fonte secará por completo.

As providências práticas já estão sendo tomadas: o carro está à venda, não renovarei o aluguel da casinha e, neste exato momento, apenas coço a cabeça imaginando quem poderá desejar a pequena biblioteca que possuo – livros de Olavo de Carvalho, a Suma Teológica (todos os volumes, um presente que sou muito grato) e mais alguma coisa de Nietzsche, Jacques Maritain, Rui Barbosa, Goethe e outros – bem como ainda especulo o que farei com as ferramentas herdadas de meu pai e umas poucas e pequenas lembranças pessoais, de uma vida tão desastrada. O resto? Não há resto, apenas umas roupas cujo destino será o lixo ou doação para interessados.

Tardiamente aprendi que eu não sei de tudo, que “não vivi tudo” e que a vida é muito – muito – mais sabida e ardilosa que eu, não há como enganá-la. A única receita que posso imaginar é dar minha vida como “missão cumprida” – ou melhor, “sentença paga” – e me recolher, jamais acreditando novamente em boas notícias inesperadas ou reviravoltas surpreendentes.

Longe de ser um lamento, este artigo é apenas uma satisfação adiantada que dou aos doze ou treze leitores fiéis que possuo, sobre meu futuro silêncio. Sim, não há como reclamar ou maldizer uma vida a qual gastei, cuidadosa e deliberadamente, fazendo o contrário do que qualquer pessoa normal faria – não há culpados (no máximo, alguns parvos aproveitadores) nem circunstâncias desfavoráveis: o único responsável pelo sucesso ou fracasso de um indivíduo é ele próprio, e nisto se resume toda a sabedoria que podemos desejar.

O que farei no futuro?

Não tenho a menor ideia, nem vontade de pensar.

Cansaço, apenas cansaço. Sentença cumprida.



"O tempo, sádico, se vangloria de curar as feridas que ele mesmo não pára de causar"



Walter Biancardine



sábado, 2 de agosto de 2025

RÉQUIEM DE UM JORNALISTA MEDÍOCRE -


À memória de José Roberto Guzzo

Hoje, 2 de agosto de 2025, o jornalismo brasileiro perdeu José Roberto Guzzo. E eu perdi a última desculpa para continuar tentando.

Perdoem a franqueza – já não tenho mais idade, nem talento, para floreios. Não escrevo estas linhas como tributo, tampouco como homenagem. Escrevo como quem resmunga, no canto de uma sala escura, um último pedido de desculpas ao mundo. É uma carta redigida por alguém que, enfim, compreendeu seu lugar no silêncio.

Guzzo era luz. E não daquela que se espalha vulgarmente como neon em esquina suja de cidade grande, mas das que cegam em claridade serena, como o sol às oito da manhã de um inverno limpo. Escrevia com a precisão dos justos e a simplicidade dos sábios. Nunca se curvava ao ridículo da vaidade, nem brincava de parecer profundo – era.
E eu? Eu fui só mais um.

Mais um desses colunistas de opinião que se julgam relevantes porque uma dúzia de almas perdidas clicaram num link, entre o café e a fila do banco. Mais um desses que confundem visibilidade com valor, engajamento com virtude, e palavras com pensamento.

A verdade é esta: há homens que nasceram para dizer algo. E há os outros, que falam porque não suportam o silêncio. Eu sempre estive entre os segundos. Nunca disse algo que Guzzo já não tivesse dito melhor – e com menos palavras.

A morte dele me fez ver o que a vaidade me impediu por tanto tempo: os bons estão partindo – primeiro Olavo de Carvalho, agora Guzzo; diferentes áreas mas com idêntico brilho. E nós, os medíocres, continuamos aqui, inchando colunas com frases que mal resistem ao segundo parágrafo. Sobrevivemos como pragas num campo de trigo, orgulhosos por ainda estarmos vivos, quando os frutos verdadeiros estão sendo colhidos.

Não. Não se trata de inveja. Trata-se de decência. De admitir que, quando os melhores se vão, o mínimo que se espera dos piores é que saibam calar.

É por isso que tento encerrar este artigo com algo raro em meu cotidiano: dignidade. Não a dignidade do vencedor, mas a do perdedor que soube – finalmente – reconhecer a derrota antes de se tornar patética.

Não mais razões para colunas, nem o usual desplante para artigos. Não mais comentários furibundos sobre Brasília, tribunais, ou presidentes. Já disse tudo o que não precisava ser dito.

A pena repousa. O teclado se cala. E eu, enfim, deixo espaço para o silêncio.
Talvez assim, com um pouco de sorte, sobre mais ar para os que ainda têm algo a dizer.

Adeus, Guzzo.


Assinado:
Um jornalista medíocre.
(Mas, pela primeira vez, lúcido.)




sexta-feira, 1 de agosto de 2025

POR QUÊ O FOGO?


Vi que a esquerda reuniu uns 50 a 100 gatos pingados em frente ao Consulado dos EUA hoje, em São Paulo, para protestar contra as tarifas e "defender nossa soberania".

Isso posto, surgiram-me algumas questões jamais respondidas, mesmo pelos mais argutos e perspicazes analistas políticos e sociólogos, as quais compartilho com meus leitores na esperança de algum esclarecimento:

1 - Todo esquerdista é feio e disforme. Coincidentemente, a absoluta maioria de tal categoria é composta de funcionários públicos - os quais, tão logo sejam efetivados, adquirem o físico de um "Bob Esponja" e tornam-se quadrados, gordos e insofríveis aos olhos - bem como de estudantes que, por sua vez, são oriundos daquela parte da classe que não pega ninguém na escola ou faculdade: chatos, neuróticos e filhinhos da mamãe. Por quê a esquerda é baranga?

2 - Sexualidade mal resolvida: em todo protesto canhoto alguma mulher - feia, não-potável e povoada por estrias e celulites - mostra os peitos ou a bunda. Por quê? Por quê? Por quê, meu Deus? Isso não é ousadia, é ofensa! Ousadia seria a Gisele Bündchen desfilar pelada, e não a Gislaine mostrar suas três barrigas em sequência!

3 - Todo protesto da esquerda tem fogo no fundo, para sair em fotos. Não bastasse a verdadeira devastação da mata atlântica incinerada em seus baseados, a piromania evidencia-se pelo fato de - não importam as razões - sempre queimarem alguma coisa em suas passeatas: pneus, bonecos, bandeiras ou mesmo a paciência dos transeuntes. Crêem realmente que isso impôe medo? Acreditam que, nas fotos, emprestará um ar de guerra ou batalha que estejam lutando em prol do povo - que paga seus salários?

Ver respondido este simples trio de questionamentos já seria o suficiente para que, ao menos, eu começasse a considerar o esquerdismo como um ideal, e não uma síndrome adquirida de deficiência cognitiva e incapacidade social.

Se algum dos meus amigos leitores puder explicar cientificamente este fato, agradecerei sobremaneira.


Walter Biancardine



quinta-feira, 31 de julho de 2025

QUANDO O ALÍVIO OFENDE -


Considerando o quanto este assunto é delicado não falarei sobre outras pessoas, apenas sobre mim e algumas resoluções que as circunstâncias me obrigam a tomar.

Ao longo de anos - décadas, para ser mais preciso - observei como a sucessão de acontecimentos se dá de maneira quase automática, com a infalibilidade (e consequente previsibilidade) de uma máquina: eventualmente desfruto de bons momentos, pequenos espaços de tempo onde sinto-me feliz e tranquilo, desfrutando boas companhias, bons lugares e imbuído da sensação de ser uma pessoa normal - a hoje tão comentada "sensação de pertencimento": sim, sinto-me um sujeito como outro qualquer, com seus problemas mas também com suas pequenas vitórias e prêmios, usuais a quaisquer indivíduos.

Pois, infalível e previsível como anunciei acima, após tais momentos é inevitável que alguma catástrofe - seja financeira, pessoal, emocional, sentimental, qualquer coisa - se abata sobre mim. E tal "revide" (assim mais parece) se dá de maneira imediata, segundos, minutos ou pouquíssimas horas após haver eu sentido alguma felicidade.

Vamos ao ponto: tive uma boa segunda-feira em Armação dos Búzios, na companhia da estimada pós-PhD Miss Jay - para a qual ministro toscas aulas de filosofia - que visitou a Região dos Lagos em momento de férias. Passeamos pela cidade, almoçamos em excelente restaurante (sou assim, só frequento lugares chiquérrimos - ainda mais quando pago por terceiros) e conversamos prazeirosamente. 

Mas isso meu destino vira-lata não me deixaria impune, pois horas depois tive notícia de um imprevisto que causou verdadeira hemorragia financeira ao meu já eviscerado saldo bancário, condenando-me à pesadas e intermináveis prestações de penitência, pelo atrevimento de ter sido feliz.

Não falha: para cada minuto de felicidade, devo arcar com meses de imolação. E assim, novamente, se deu.

Já alcançando o nível da revolta desesperada contra o destino, atrevo-me a postar uma das fotos que a gentil senhorita tirou de minha pessoa, em pleno e rebelde ato de ser atrevidamente feliz. Mas esta é a última.

Doravante, seguirei a lição que os acontecimentos insistem em me dar, recolhendo-me ao meu devido lugar e jamais tendo, novamente, a ousadia de sentir-me feliz.

Existência de árvore: plantado imóvel em meu lugar, apenas observando calado, sem interagir ou esboçar sorrisos.

Os passarinhos, talvez, agradeçam.


Walter Biancardine 



quarta-feira, 30 de julho de 2025

UM DIA MAGNITSKY -


Pois: eis que o psicopata togado lascou-se e hoje é um pária financeiro e comercial internacional, cuja sentença de morte foi expedida através da imposição da Lei Magnisky contra ele.

Entretanto, pensemos: o quê Alexandre Imorais foi fazer em Roma, junto com o gracioso Ministro Raboso? De Roma para a Suíça é um pulo e, voando nas asas do dinheiro, da Suíça para a China, Rússia ou Oriente Médio é, igualmente, uma curta viagem para se abrigar cordilheiras monetárias.

Outra: a imoralidade campeia no Brasil, a tal ponto que logo construirão uma narrativa de manter Imorais no STF - com todos os seus poderes - como "uma forma de resistência aos abusos imperialistas norte-americano contra nós e nossa soberania". E seu arbítrio continuará impune, pois a Lei Magnitsky não o impede de praticar nenhuma atividade em solo tupiniquim. Ah, sim: e a vergonha na cara nunca foi nosso forte.

E resta a última e sombria questão: por quê Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo vieram a público defender que não se aplicasse a lei a Gilmar Mendes e Barroso?

Gilmar é dono de faculdades e instituições de ensino em Portugal, pais que - coincidentemente - está sendo invadido pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) outrora defendido em juízo por Imorais. E Raboso destaca-se por arrogar-se como um "expoente iluminista" dentro da Corte, pilar filosófico dos arbítrios ditatoriais do STF e ideologicamente íntimo do Foro de São Paulo e seus cartéis "cabulosos".

Se a Magnitsky parar por aí, veremos um claro limite entre expor um bode expiatório à guisa de "calmante" e a satisfação por um bom acordo, exalada pelo fedorento e invencível capiroto das drogas.

Já fomos por demais surrados e nenhuns motivos temos para entender tal defesa de ambos como "estratégica" ou mesmo conveniente.

Parabéns quanto ao Ovo mas, quanto ao Gilmar e Raboso, é imperativo: convençam-nos.


Walter Biancardine



MAIS UMA CENSURA DO FACEBOOK -

A nova propaganda da American Eagle está sendo atacada e chamada de “ Fascista” e acusaram de promover "eugenia" por apresentar uma mulher branca e loira.

Pois reparem os símbolos: carro antigo (feito para homens), mulher bela, magra e feminina e estrondosa "borrachada" no asfalto.

Isso fez com que este vídeo se tornasse impossível de ser postado na plataforma Facebook.

É isso aí!

Se isso é "eugenia", então sou "eugênico"!


Então quer dizer que a  Beyoncé pode posar com jeans Levi e isso é arte…
Uma mulher preta que alisa o cabelo e pinta de loiro…
Mas quando uma mulher branca faz isso, é uma crise nacional?



Walter Biancardine


sábado, 26 de julho de 2025

VOU CHAMAR UM NEGÃO -

 


Não há aquele que, em um momento difícil da vida e sentindo-se injustiçado, não tenha rosnado a imprecação “vou chamar um negão pra dar um jeito nisso”.

Fazendo parte do imaginário popular e já integrado na categoria de “lenda urbana”, recorrer ao auxílio de um negão para seu desforço sequer necessita maiores explicações – excetuando-se o fato que a espécie (negão mesmo, preto retinto, dois metros de altura por um de largura) encontra-se em franca extinção, vítima do alastramento dos pardos, que tomaram conta do país mas jamais conseguiram se igualar aos seus avós em termos de amizade, simpatia, fidelidade e – por que não – força física.

Um dos raros e últimos exemplares manifestou-se ontem, na Praça dos Três Poderes em Brasília – também alcunhada de “Praça das Três Perfídias” – na pessoa do sr. Hélio Negão, deputado Federal e possuidor de fidelidade quase canina a Bolsonaro e aos ideais do povo brasileiro.

Nada falou. Não fez discursos inflamados, não hasteou bandeiras ou soltou fogos, sequer cogitou o auxílio de carros de som ou convocação partidária. Era ele, sua boca amordaçada por esparadrapos e, cobrindo seus dois metros de altura e (imagino) uns cem quilos, vestia significativa e definidora camisa com a bandeira de Israel. E a eloquência de seu silêncio superou os gritos mais altos de quaisquer alto-falantes que pusessem à sua disposição.

Hélio Negão sabe que não é um gênio, tampouco um erudito. Certamente jamais leu Olavo de Carvalho, Suma Teológica ou qualquer livro com mais de trinta páginas – mas ele traz em si, em seu DNA genuinamente brasileiro, a herança genética da liberdade e a revolta contra o arbítrio, abusos e injustiças – e não é preciso ser nenhum intelectual para sentir tal força brotando dentro de si, quando se testemunha descalabros como os ultimamente acontecidos.

Apenas o Negão tem coragem, e isso fez toda a diferença: a soma de sua disposição com a consciência meritória de não apelar para argumentos ideológicos, metafísicos, filosóficos – nada, apenas um mudo e ensurdecedor “QUERO SER LIVRE, PORRA!”

Hélio Negão é a prova que “chamar um negão” dá certo. Escondido em Roma (estranhamente na Embaixada do Brasil), Alexandre de Moraes intimidou-se diante do gigante moral que o afrontava, restando-lhe apenas passar mais um explícito recibo de sua covardia e totalitarismo.

Apoiando-se nas muletas do inquérito do fim do mundo para justificar seu “frisson” diante do negão impassível e mudo, Alexandre ordenou, lá da cidade das sete colinas e protegido por hordas de seguranças, todo o oceano atlântico e mais o mar Mediterrâneo, através de tosco e errático bilhete, mais uma proibição. O quê proibia? Tanto faz. Proibia qualquer coisa que o desagrade ou, como fez Hélio Negão, que provoque novo descontrole do esfíncter e o faça borrar as calças novamente.

Moral da história: Cabeça de Ovo quis quebrar Bolsonaro para sempre, mas o que conseguiu foi fazer o maior líder político do Brasil chamar um negão, seu amigo, para dar um jeito nele.

E conseguiu.

Deus salve os negões do Brasil.


Walter Biancardine