segunda-feira, 1 de setembro de 2025

NARCISOS DE FARDA -


As Forças Armadas - mais especificamente o Exército - deram cabal demonstração de sua alienação quanto à conjuntura mental do povo brasileiro, crendo piamente ainda desfrutar de alguma consideração ou entusiasmo por parte de uma população que assistiu - aterrorizada - toda a sua perfídia ao trapacear, enganar e prender manifestantes do 8 de janeiro, sob a promessa de "colocá-los à salvo da confusão".


Sendo mais específico, o Alto Comando das Forças Armadas - porque, da patente de Coronel para baixo a revolta, vergonha e frustração imperam - emitiu declaração que "não tolerará aglomerações nas portas dos quartéis, por ocasião do julgamento de Jair Bolsonaro".

Somente desinformados? Ou estão, todos, bêbados?

Ninguém quer passar nem perto dos quartéis, prezados crápulas fardados. Ninguém conta com os senhores e até mesmo os mais ferrenhos intervencionistas calaram-se, cobertos de vergonha - ninguém pedirá nada e, muito menos, aceitarão que desempenhem papel mais importante que o atual, como seja, o de pintores de meio-fios.

Na verdade, o instinto me obriga a afastar a hipótese de álcool ou drogas em favor de algo muito mais imundo: uma barretada política, explícita demonstração de subserviência à atual narco-ditadura, que confirma a previsão de Olavo de Carvalho ao dizer que "quando chegássemos ao nível mais insuportável, as Forças Armadas se uniriam ao governo para oprimir e perseguir o mesmo povo que as aplaudia".

Posso dizer com autoridade (da palavra "autor") que a cúpula das Forças jamais foram conservadoras ou, sequer, de direita: elas são positivistas em seu âmago, conforme penso ter demonstrado cabalmente em meu livro "Mais Olavo, Menos Oliva" (Ed. Clube de Autores, 2023 - https://clubedeautores.com.br/livro/mais-olavo-menos-oliva-2 ), e o positivismo de Comte, meus caros, é primo-irmão do comunismo - não à toa se uniram ao ditador fascista Getúlio Vargas nos anos 30 do século passado, criando um poderoso movimento chamado "Tenentismo", que influiu poderosamente na política brasileira do século XX.

Tal declaração de amor, por parte de decrépitos Generais estrelados, teve apenas a função de deixar clara sua cumplicidade com a atual ditadura como, também, explicitar a arrogância e narcisismo que imperam na Corte candanga brasileira, um estamento burocrático que transformou o Estado em feudo e o funcionalismo público em casta privilegiada.

Fiquem tranquilos, Generais da banda: o povo não os incomodará, pois estão obrando e andando para os senhores. Já vocês, se acionados pela ditadura, não hesitarão em descer a borracha sobre aqueles que pagam seus soldos.

É esperar para ver.


Walter Biancardine



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