segunda-feira, 11 de agosto de 2025

O CALOR EMBURRECE -


A temperatura cai e o brasileiro, forasteiro no frio, pensa somente em comer: chocolate quente, uma sopinha, fondue e por aí vai.

Sim, o frio é muito bom para tais divertimentos gastronômicos, mas é igualmente excelente para alimentarmos o cérebro - este órgão que costuma morrer à míngua nestes tristes e ignorantes trópicos.

A leitura pede o frio, a introspecção, o recolhimento e até o aconchego de bela poltrona, enrolado em cobertores e rodeado por fumegante xícara, para seu apropriado deleite e proveito. E isto é um fato, quase que estatisticamente comprovado: diga, de imediato, qual país de clima notoriamente abrasador você poderia citar como um expoente cultural ou, ao menos, cujo povo possua um arraigado hábito de leitura.

A resposta eu posso adivinhar: nenhum. Sim, pois é humanamente impossível ler com o suor pingando nas páginas do livro. Tudo o que queremos é uma água de coco gelada, mergulho na praia e o "otium sine dignitate" - preferencialmente rodeado de torneadas e desinibidas senhoritas, vestidas com seu fio dental.

O melhor conselho que posso dar é "refrigere-se". Venda um rim, mas instale um ar-condicionado em sua casa e só aceite trabalhar em locais que ofereçam o mesmo equipamento, ou o amigo correrá o sério risco - tristemente comum a todos os brasileiros - de ver sua massa cinzenta atrofiar até a necrose azulada dos espectadores de BBB.

O frio acultura, nos permite vestir roupas dignas e até nos obriga a um comportamento menos "tropical malemolente", eis que é extremamente deselegante remexer os quartos em uma cafeteria da Copenhagen.

Frio é vida!


Walter Biancardine



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