sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

ZÉ LÊNSQUI: UMA BESTA -


Os "didireita" brasileiros tiveram seus cérebros pulverizados após a morte de Olavo de Carvalho. Agora, metade deles acha que Zé Lênsqui só disse verdades e, por isso, Trump o esculhambou, enquanto a outra metade dá vivas a Putin como o novo "comunista conservador".

Pior é ver a boa vontade de gente como Leandro Ruschel, se dando ao trabalho de postar um vídeo dele com Olavo, no qual o professor explica que Putin é "comunista, porra! Criado na KGB, porra!", mas que adotou a salada eurasiana de Dugin para agradar o ocidente e aplicar seus golpes.

Olavo sabia disso. Trump sabe disso e a bronca no Zé Lênsqui é pura estratégia. Só os "didireita" brasileiros que perderam seus cérebros, opiniões e sacadas geniais após a morte do professor - é difícil ser "genial" sem ter de onde chupar o brilhantismo.

Isso posto, a "carcada" de Trump no Zé também explica a autodestruição dos "didireita" tupiniquins.

Tudo culpa do Olavo: quem mandou morrer?


Walter Biancardine



É CARNAVAL. POIS É. OBA.


E começa hoje o período onde uma nação inteira, 230 milhões de habitantes - a maioria em idade produtiva - regride subitamente à adolescência e se entrega à libido, cerveja, mais libido, mais cerveja e muito funk narco-pornográfico, já que ninguém quer saber de samba.

O mundo está prestes a mergulhar em uma hecatombe financeira e bélica, os índices do mercado estão absolutamente loucos, mas a BOVESPA vai passar quatro dias fechada para que possamos sacudir a bunda.

O Brasil está mergulhado em uma feroz ditadura narco-comuno-globalista, a economia está em ruínas, inflação nas alturas, desemprego recorde e poder de compra zerado, mas o noticiário abre manchetes falando sobre os monstruosos engarrafamentos na Via Lagos para o (longuíssimo) feriado de Carnaval.

As mesmas pessoas que fazem drama nas redes sobre sua penúria alternam - em clara esquizofrenia - com as postagens embebedando-se na folia e fotos na praia (água é coisa de rico) para o Instagram.

Prefeitos aproveitadores se valem do Carnaval para amealhar uns trocados, mesmo que submeta sua cidade à uma semana de inferno turístico, alegando que lucram "milhões" com o reinado de Momo - só esquecem de contabilizar o quanto a cidade perde com metade de seu comércio, indústria e serviços fechados, por conta da esbórnia.

E mesmo aqueles "patriotas conservadores", que dizem "Deus, Pátria e Família acima de tudo", surtam e mergulham na mais torpe vagabundagem e bebedeira, argumentando o velho "se não pode vencer, junte-se à eles".

O carnaval - quatro longos dias de convulsão moral - é o eterno atestado de imbecilidade do brasileiro. Enquanto tal descalabro existir (bem como os demais e excessivos feriados), estaremos condenados à África perpétua.

Só sairei de casa quinta-feira, e mesmo assim com cuidado.


Walter Biancardine



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

O RETRATO DE TODOS NÓS –


Provavelmente todos conhecem ou ouviram comentários sobre o livro "O Retrato de Dorian Gray" de Oscar Wilde, publicado em 1890. Tal obra explora a vaidade, moralidade e consequências do hedonismo desenfreado, durante os anos vitorianos, mas incrivelmente válidos até os dias de hoje. O romance gira em torno de Dorian Gray, um bonito jovem, cuja vida muda drasticamente após um encontro com o artista Basil Hallward e seu mentor, Lord Henry Wotton.

Encantado com a beleza do rapaz, Basil pinta um retrato de Dorian capturando a juventude e beleza do mesmo, sempre tão elogiadas pelos demais, as quais impressionaram até mesmo o modelo da pintura. Sob sugestões e elogios cínicos de Lord Henry, cujas motivações não são reveladas, Dorian torna-se obcecado em manter sua aparência jovem, expressando o desejo de que seu retrato envelheça em seu lugar.

E sua ambição se torna realidade: enquanto Dorian mantém sua aparência jovem e atraente o retrato começa, ao longo do tempo, a refletir as marcas de sua decadência moral e envelhecimento. O rapaz mergulha, então, em um mundo de indulgência e excessos, explorando todas as formas de prazer e vício, acreditando que sua aparência externa o absolverá de qualquer repercussão moral ou social.

No entanto, a transformação do retrato torna-se um lembrete constante e assustador da corrupção da sua alma, e o jovem não pode escapar de, vez por outra, enxergá-lo. À medida que o tempo passa, Dorian fica cada vez mais perturbado e temeroso que o seu segredo seja descoberto, levando-o a cometer atos ainda mais desesperados e destrutivos.

Oscar Wilde usa a figura de Dorian Gray para explorar temas como a natureza da arte, a relação entre beleza e moralidade e as consequências de viver uma vida dedicada apenas ao prazer pessoal.

A tragédia do personagem-título culmina em seu tardio entendimento de que jamais poderá fugir das consequências de suas ações, e que a verdadeira beleza e Virtude residem no caráter e não na aparência.

Em um ato final de desespero e talvez de redenção, Dorian destrói o retrato e tal ato resulta na sua própria morte, subitamente envelhecido e desfigurado, e com o fatídico retrato voltando à sua forma original, linda e jovem.


* * *


Um breve ensaio sobre "O Retrato de Dorian Gray" e sua crítica ao niilismo moderno -

A obra "O Retrato de Dorian Gray", escrita por Oscar Wilde, constitui-se como uma das mais contundentes críticas literárias à decadência moral promovida por um hedonismo desenfreado. Neste ensaio, argumento que o romance não apenas denuncia os perigos da dissolução dos valores tradicionais, mas também serve como um espelho da ascensão do niilismo dos dias atuais, cuja progressiva rejeição da moral transcendente conduz ao esfacelamento da própria identidade humana.


O niilismo e a rejeição dos valores -

O personagem principal, Dorian Gray, simboliza a busca pelo prazer como fim último da existência, ecoando as doutrinas niilistas que Friedrich Nietzsche denunciou em "A Vontade de Poder". Tal qual alertava Olavo de Carvalho em suas críticas ao relativismo moderno, a narrativa demonstra que a erosão dos valores transcendentes, inevitavelmente, leva à degenerescência da alma.

Lord Henry Wotton, figura que encarna o esteticismo amoral, oferece a Dorian um caminho de autoindulgência e de negação das consequências morais de suas ações. Isso se assemelha às críticas de Burke e de Tocqueville sobre os riscos do liberalismo radical e do abandono dos costumes como fundamento da sociedade. Burke argumentava que a Revolução Francesa demonstrava os perigos de romper com a tradição e a moralidade herdada, substituindo-as por abstrações racionais. Ele defendia que a sociedade deveria evoluir organicamente, respeitando os costumes e instituições históricas, sob pena de cair no caos e no despotismo. Tocqueville, por sua vez, alertava que a democracia poderia degenerar em tirania da maioria e individualismo excessivo, caso os laços comunitários e as tradições fossem abandonados. Ele via a religião e os costumes como freios essenciais ao poder do Estado e à corrosão moral causada pelo igualitarismo sem limites, com ambos enfatizando que a liberdade só poderia ser preservada dentro de uma ordem social enraizada nos costumes e na prudência histórica – e tais alegações dão o que pensar, nos dias atuais.

Além disso, pode-se interpretar que aquele que sugere o retrato a Dorian Gray – Lord Wotton – está a desempenhar um papel análogo ao do Diabo, em pactos satânicos. A concessão da juventude eterna e a remoção das consequências visíveis de suas ações configuram um paralelo com os mitos clássicos de barganhas com forças demoníacas, nas quais a alma do indivíduo é sempre o preço final. Nesse sentido, Basil Hallward, ao pintar o retrato, age como um instrumento dessa tentação, enquanto Dorian, ao aceitar a dádiva ilusória, sela um destino que remete às narrativas tradicionais de queda e perdição.

A transformação progressiva do retrato em um reflexo disforme de sua corrupção íntima reforça a ideia de que o preço da aliança com forças obscuras é sempre inevitável. Como nas lendas medievais de Fausto, Dorian Gray acredita que pode escapar ao juízo divino, mas, no final, a verdade de sua degradação moral se manifesta de forma inescapável. Isso exemplifica a advertência dos conservadores sobre os perigos do afastamento da ordem transcendental e do abandono da responsabilidade moral.


O Retrato como metáfora do destino humano -

O quadro que envelhece no lugar de Dorian Gray representa uma inversão da ordem natural: a matéria corrompe-se, mas o espírito deveria buscar a purificação. O fato da pintura absorver os pecados do rapaz nos remete à rejeição da consciência moral, similar à forma como Olavo de Carvalho expõe a deliberada desconstrução das responsabilidades individuais, nas ideologias contemporâneas.

A ilusão de imortalidade e impunidade que Dorian experimenta não é apenas um artifício literário, mas sim uma representação do princípio gnóstico – sempre o gnosticismo – que permeia o pensamento revolucionário moderno. Como Eric Voegelin argumentou, o gnosticismo se manifesta na rejeição do real e na tentativa de remodelar a própria condição humana conforme uma utopia subjetivista. Segundo Voegelin, o gnosticismo moderno se manifesta na negação da realidade transcendente e na crença de que a condição humana pode ser transformada por meio do conhecimento esotérico ou da engenharia social. Para ele, ideologias políticas como o marxismo e o positivismo refletem essa tendência, pois rejeitam a ordem natural e buscam criar um paraíso imanente – o paraíso sempre vendido pelas ideologias – substituindo a verdade objetiva por construções subjetivistas. Esse impulso gnóstico resulta na destruição da ordem social e na tirania, ao impor uma visão artificial de mundo em detrimento da realidade.

Além disso, a degradação progressiva do retrato não reflete apenas o estado da alma de Dorian, mas também as consequências devastadoras de sua conduta sobre aqueles ao seu redor. O sofrimento de amigos e familiares—como a tragédia de Sibyl Vane e o tormento de Basil Hallward—demonstra que o hedonismo niilista não destrói apenas aquele que o adota, mas também corrói o tecido moral e emocional das relações humanas.

Sibyl Vane, jovem atriz que se apaixona por Dorian, representa o ideal romântico da pureza e do sacrifício. No entanto, ao ser rejeitada cruelmente por Dorian após um desempenho teatral, por ele considerado decepcionante, Sibyl, desprovida de qualquer senso de identidade e esperança, tira a própria vida. Sua tragédia simboliza o impacto destrutivo que um homem sem moralidade pode ter sobre os inocentes ao seu redor.

Já Basil Hallward, o pintor que originalmente idolatrava Dorian como uma encarnação da beleza e da perfeição, torna-se vítima direta da corrupção do protagonista. Ao confrontá-lo sobre sua degradação moral, Basil é assassinado brutalmente por Dorian que, ao eliminá-lo, tenta suprimir qualquer resquício de sua consciência moral. O tormento de Basil ilustra o destino daqueles que acreditam na redenção de um espírito já consumido pelo niilismo.

Essa dimensão da narrativa reforça a advertência conservadora sobre os efeitos sociais da decadência moral: a ruína de um indivíduo não ocorre isoladamente, mas reverbera sobre aqueles que o cercam, minando laços familiares e estruturas sociais que sustentam a civilização.


A tragédia da estética desvinculada da moral -

Dorian Gray ilustra um ponto fundamental para a filosofia conservadora: a separação entre estética e moralidade conduz à ruína do indivíduo e da sociedade. Em "O Jardim das Aflições", Olavo de Carvalho examina como a perda da conexão entre o Belo, o Bom e o Verdadeiro resulta na ascensão de uma civilização decadente, incapaz de reconhecer a importância dos princípios perenes. Segundo Olavo, ao perder essa conexão, a cultura (moderna) abandona os princípios perenes que sustentam a ordem e a transcendência, mergulhando em um relativismo corrosivo. Esse processo resulta na ascensão de uma já citada “sociedade decadente”, onde a busca pela verdade é substituída pelo utilitarismo e – notem bem – pelo controle ideológico, enfraquecendo a liberdade individual e a capacidade de reconhecer a realidade em sua plenitude.

A sociedade hedonista promovida por Lord Henry reflete a cultura moderna que glorifica o prazer acima do dever, ecoando as advertências de T.S. Elliot em "Notas para a Definição da Cultura". Elliot adverte que a cultura não pode ser separada da religião e que sua degeneração leva à dissolução da civilização. Ele critica a ideia de progresso puramente material e destaca que a verdadeira cultura é orgânica, desenvolvendo-se ao longo do tempo por meio da tradição e da continuidade espiritual. T.S. Elliot também alerta contra a centralização estatal e a massificação cultural, que nivelam por baixo a riqueza intelectual e moral da sociedade. Sem uma base transcendente e hierárquica, a cultura se torna superficial, vulnerável ao declínio e à barbárie. No caso do livro em questão, Dorian não busca a beleza como reflexo da ordem divina, mas como um instrumento de satisfação pessoal, esvaziando-a de qualquer significação metafísica – um paroxismo vaidoso.

Essa desconexão – aliás, verdadeiro antagonismo – entre arte e moralidade pode ser observada também na indústria cultural contemporânea, que frequentemente promove uma visão estetizada do niilismo, glorificando a degradação moral em nome de uma suposta “liberdade artística”. O cinema, o teatro e a grande mídia, ao priorizarem a espetacularização do vício e da dissolução dos valores tradicionais, tornam-se instrumentos de engenharia social, moldando mentalidades em consonância com uma visão de mundo relativista e desprovida de quaisquer fundamentos transcendentes. Assim como Dorian Gray utiliza sua aparência impecável para ocultar a podridão da alma, a cultura midiática atual emprega uma estética refinada para mascarar a destruição de valores que sustentam a civilização ocidental judaico-cristã, por eles condenada à morte desde o advento da Escola de Frankfurt.

Essa desordem moral, por sua vez, é instrumentalizada por políticos progressistas – “frankfurtianos”, na verdade – que se aproveitam do caos cultural e social para expandir o controle estatal sobre a vida dos indivíduos. O enfraquecimento da família é promovido por meio de narrativas que relativizam a importância da paternidade e da maternidade, enquanto a fé – cristã, especificamente – é ridicularizada pela grande mídia e pelo sistema educacional. Ao fomentar um ambiente de instabilidade moral e desagregação social, os progressistas criam um cenário propício para a dependência estatal e rejeição ao tradicional, tido como “inviável” e opressor.

Exemplos concretos dessa estratégia podem ser observados em políticas que desestimulam o mérito individual e a autodisciplina, promovendo uma cultura de vitimização e assistencialismo, agora explicitadas pelas ondas migratórias e o escândalo da USAID. O incentivo a pautas como a hipersexualização precoce, a desconstrução dos papéis familiares e a celebração de comportamentos destrutivos são formas diretas de minar a coesão social, resultando em uma sociedade cada vez mais vaporizada, vulnerável ao autoritarismo estatal.

Os efeitos desse processo são visíveis na destruiçãoo da educação formal, na promoção de valores antitradicionais em produções culturais de massa e na crescente interferência do Estado na vida privada dos cidadãos. Dessa maneira, ao invés de fortalecer indivíduos e famílias, o grupo comuno-globalista frankfurtiano os enfraquece, tornando-os mais suscetíveis à manipulação política e ao controle governamental.


Ao fim e ao cabo -

"O Retrato de Dorian Gray" é, em última instância, um alerta contra o niilismo moderno e a dissolução dos valores fundamentais. Oscar Wilde, consciente ou não, escreveu uma obra que ressoa profundamente com a crítica conservadora ao relativismo moral e estético. Ao renegar a moralidade objetiva, Dorian Gray destrói não apenas seu próprio destino, mas também a possibilidade de redenção.

Não é difícil nos colocarmos, bem como toda a sociedade atual, no lugar do pobre Dorian.

Talvez esteja na hora de destruirmos nosso belo retrato e condenarmos seu autor.


NOTA DO AUTOR:

Por vezes fazemos algo que, inadvertidamente, sai maravilhoso aos olhos alheios. 

Esta análise do livro "O Retrato de Dorian Gray" teve este poder, e causou-me não só um afago à vaidade - merecer a publicação no suplemento literário do site europeu ContraCultura - como também, e infelizmente, uma série de dores de cabeça profissionais, tais como disputas acaloradas (demais) entre alguns Doutores, diante de minhas interpretações conservadoras.

O normal, hoje, causa brigas e provoca inimizades, mesmo tendo meu artigo levado à interpretação e debate contra a minha vontade.

A infeliz guerra de vaidades intelectuais, somada a recente censura do site ContraCultura, onde foi publicado pela primeira vez, me fizeram postar o mesmo em minha página por não saber o futuro que a União Europeia reserva à liberdade. 

Que o leitor avalie se realmente sou apenas um retrógrado, a engessar o espírito humano.

E que tais Doutores vão, todos, à merda - que já não lhes será pouco.



Walter Biancardine





 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

ARCEBISPO VIGANÓ FALA -


A absurda ligação entre o Papa Bergoglio e John Podesta é intolerável, para quem acompanha o assunto sobre tráfico e abuso de crianças, adenocromo, PizzaGate e muito mais.

Especula-se se Javier Millei entregará os documentos sobre o Bergoglio ao Viganò e a outros membros da Igreja.

Leia a íntegra abaixo:

"Declaração do Arcebispo Carlo Maria Viganò
sobre a situação da Igreja e do Papado

Dico vobis, quia si oi tacuerint,
clambunt pedregoso.

Eu te digo, se estes estão em silêncio,
as pedras clamarão.

Lucas 19:40

As atualizações contraditórias sobre a condição médica de Jorge Mario Bergoglio lançam uma luz perturbadora sobre a forma como as comunicações do Vaticano estão a ser geridas. Há quem acredite que “o Papa já faleceu” e que este facto está a ser escondido do público. É claro que o Vaticano e a Igreja profunda bergogliana estão em pânico e farão tudo para reunir o consenso dos Cardeais em torno do nome de alguém que continuará a revolução bergogliana. Há quem tenha todo o interesse em enterrar os seus próprios crimes – juntamente com os de Bergoglio – enquanto nos Estados Unidos há um confronto frontal da Conferência Episcopal dos EUA contra a Administração Trump, depois do escândalo relativo aos fundos da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID) ter trazido à luz a cumplicidade da Igreja Católica no lucrativo negócio da imigração.

É necessário evitar que a hierarquia progressista garanta que um dos seus seja o sucessor de Bergoglio, ou seja, outro usurpador do Trono de Pedro que será o herdeiro e continuador do anterior. Antes de martelar o último prego no caixão de Bergoglio, é portanto essencial e urgente que se lance luz sobre a usurpação que ele perpetrou e sobre a ocupação da Igreja Católica por uma hierarquia corrupta e traiçoeira, cujo único objectivo é destruí-la por dentro.

As manobras da Máfia de Saint Gallen em conjunto com a esquerda ultraprogressista; os crimes impunes de Theodore McCarrick; O papel de McCarrick nas administrações democráticas; a influência que McCarrick exerceu na obtenção de nomeações episcopais para os seus “herdeiros” – que são todos homossexuais e corruptos – designados para ocupar cargos-chave nos EUA e no Vaticano; o trabalho de McCarrick como elemento de ligação de Bergoglio com o regime comunista chinês, a fim de obter a assinatura do Acordo Secreto com a Santa Sé; o papel dos Jesuítas na promoção da agenda globalista; Os escandalosos encobrimentos contínuos de Bergoglio sobre notórios abusadores e pervertidos; o encobrimento do dossiê sobre a rede de corrupção do Vaticano, entregue pelo Papa Emérito Bento XVI a Bergoglio em abril de 2013 e sobre o qual ainda não houve qualquer seguimento; O papel de Bergoglio no crime perpetrado contra a humanidade com a “pandemia de Covid” e a imposição de vacinas; a exploração cínica dos imigrantes ilegais, a fim de destruir o tecido social do Ocidente: tudo isto e muito mais confirma que a Igreja Bergogliana não é apenas uma realização no plano subversivo do Fórum Económico Mundial, mas também um protagonista principal. Os fiéis têm o direito de conhecer toda a verdade sobre todos estes acontecimentos.

Depois de anos de mentiras, dissimulações e silêncio, é necessário reconhecer a fraude de Jorge Mario Bergoglio e levá-lo a julgamento, restaurando a verdade e a justiça exigidas pelas vítimas das suas represálias, dos seus atos intimidadores e da sua conivência nos crimes dos seus instigadores e dos seus protegidos. São necessárias investigações sobre a sua vida passada, sobre os crimes que cometeu na Argentina (razão pela qual nunca regressou como “papa” ao seu país natal) e sobre os acontecimentos obscuros que alegam que Jorge Mario Bergoglio foi pessoalmente responsável pelo abuso sexual de jovens jesuítas quando era mestre de noviços na Argentina. É necessário esclarecer se Tomas Ricardo Arizaga (conhecido como Tomasito), falecido em 20 de julho de 2014, aos 11 anos, e que foi cremado e enterrado em 2019 no Cemitério Teutônico do Vaticano, após ter sido removido os dentes, é realmente filho de Bergoglio, como há muito se diz e como vários elementos nos levam a crer.

Uma aliança criminosa internacional uniu forças subversivas para eliminar Bento XVI, forçando-o a demitir-se e substituindo-o por um emissário do globalismo. O próprio Cardeal Godfried Danneels admitiu isso, referindo-se à Máfia de Saint Gallen; McCarrick reiterou isso ao falar na Universidade Villanova em 11 de outubro de 2013; o presidente e fundador do Voices of Progress – um grupo de pressão que lida com alterações climáticas, migração e outras questões despertas – planeou-o, discutindo-o com John Podesta (presidente da campanha de Hillary Clinton), em e-mails divulgados pelo Wikileaks (aqui).

A “Primavera Católica” valeu-se de Jorge Mario Bergoglio, um personagem corrupto e manobrável, imposto fraudulentamente à Igreja Católica como “papa”. Solicitamos às Autoridades dos Estados Unidos da América e da Argentina que forneçam documentos e provas destes factos. Isto provará que Jorge Mario Bergoglio nunca foi papa da Igreja Católica: todos os seus atos de governo e ensino são nulos e sem efeito, e todas as suas nomeações são nulas e sem efeito, incluindo as dos Cardeais que elegerão o seu sucessor.

Chegou a hora de enfrentar a verdade com coragem, para que a libertação da Igreja Católica dos subversivos que a ocuparam durante demasiado tempo para destruí-la seja uma libertação radical e autêntica, e para que os feitos dos fraudadores – que ainda estão no Vaticano e sobreviverão a Bergoglio – possam ser descobertos e levados a julgamento, antes que a sua acção criminosa destrua as provas dos crimes que cometeram.


+ Carlo Maria Viganò, Arcebispo"



domingo, 23 de fevereiro de 2025

FARTO DE ESTAR FARTO -


Não sou bipolar, mas minhas tentativas desesperadas de escapar da angústia assim me fazem parecer.

Tive um fim de semana onde, por causas outras, mergulhei em um abismo de melancolia. No dia de hoje, domingo, tentei me alegrar e parecer recuperado diante da descoberta de algumas histórias antigas de família, mas ao me dar conta que amanhã é segunda-feira – que sempre traz consigo a lembrança de meu atoleiro profissional – novamente me deprimo.

Segunda-feira, em meu caso presente, não é só um dia. É um monstro quieto, um bicho que se esconde no canto da mente e espera a hora de morder. Ela traz o trabalho infrutífero, o atoleiro que me estanca, sempre, no mesmo lugar; aquele lamaçal profissional carregado de ódios e invejas alheias que eu não sei mais se é castigo ou consequência.

Ando farto de estar nas mãos dos outros, farto de esperar, farto de sentir o tic-tac do relógio como machadadas em minhas porcas esperanças. Farto de crer, sempre crer, obrigado a crer e me alimentar disso.

É o preço que pago – caro – por ser quem fui, no passado.

Apenas não sei se terei fundos, amanhã.


“Os deuses tinham condenado Sísifo a rolar um rochedo incessantemente até o cimo de uma montanha, de onde a pedra caía de novo por seu próprio peso. 

Eles tinham pensado, com suas razões, que não existe punição mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança”.



Walter Biancardine


LAÇOS DE FAMÍLIA: CONDESSA DE BARRAL X VISCONDE DE SÃO SEBASTIÃO DO ALTO -


Acabei de descobrir: o título de Visconde de São Sebastião do Alto foi concedido a Manuel Ribeiro da Mota. Nascido em 1814 em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Manuel era fazendeiro e coronel da Guarda Nacional. Em 1881, recebeu o título de Barão de São Vicente e, posteriormente, em 14 de abril de 1883, foi agraciado com o título de Visconde de São Sebastião.

Essa honraria foi concedida pelo Imperador Dom Pedro II em reconhecimento ao seu empenho financeiro na reconstrução da matriz de São Sebastião, na freguesia onde nasceu. Além disso, em 1885, Manuel presidiu o Banco de Campos. Faleceu em 8 de outubro de 1890, deixando uma considerável fortuna para seus herdeiros.

Infelizmente, não há registros fotográficos ou retratos conhecidos de Manuel Ribeiro da Mota, o Visconde de São Sebastião. No entanto, existem itens históricos associados a ele que foram preservados. Por exemplo, um "pot de crème" em porcelana da manufatura Julien Fils Aîné, decorado com detalhes em ouro e ostentando a inscrição "Barão de S. Sebastião" sob uma coroa de barão, pertenceu ao serviço de mesa do Visconde.

Este item está reproduzido na página 328 do livro "Louça da Aristocracia no Brasil", de Jenny Dreyfus.

Manuel Ribeiro da Mota, o Visconde de São Sebastião, não se casou oficialmente, mas teve filhos com Maria Madalena Nascimento e Inácia Ferreira do Rosário.

Um de seus netos notáveis foi Max de Vasconcelos, poeta e jornalista, filho de Ernestina Ribeiro de Azevedo e antepassado que explica minha maldição com as letras.

Já quanto à Condessa de Barral, creio não ser necessário nenhum comentário.

Finalmente, o mistério que me perseguiu durante anos está (aparentemente) resolvido, e se algum familiar tiver algo a acrescentar ou corrigir, sinta-se à vontade!


Walter Biancardine



QUANDO MENOS SE ESPERA, AÍ É QUE NADA ACONTECE - ANALISANDO SCHOPENHAUER

 


Conheço meus ciclos e tenho andado bastante cabisbaixo, nos últimos dias. Não vem ao caso as razões, ou mesmo se tenho justificativas para tal, mas creio ser o momento oportuno para fazer uma rápida e previamente prometida análise do pensamento do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788 – 1860). Um pessimista consola-se com outro, e isto talvez explique meu relacionamento de longa data com este senhor, sempre a socorrer-me nos vales da vida, apontando: “existe coisa pior”.

Tal empreitada veio-me à cabeça após ler uma aceitável e breve resenha de um senhor que não conheço, chamado Ednilson José dos Santos, que encontrei nas páginas do Facebook e expõe o pensamento do meu amigo alemão, companheiro de tantos abismos, a qual reproduzo abaixo. A minha análise virá logo depois.


O pensamento de Arthur Schopenhauer sobre a relação entre inteligência e sofrimento está profundamente enraizado em sua filosofia pessimista, que ele desenvolveu em obras como "O Mundo como Vontade e Representação" (1818). Ele acreditava que a vida é dominada por uma força cega e irracional, a "vontade", que impulsiona todos os seres vivos a desejarem incessantemente, resultando em frustração e sofrimento.

No contexto da frase mencionada — "quanto mais claro é o conhecimento do homem, quanto mais inteligente ele é, mais sofrimento ele tem" — Schopenhauer sugere que a consciência e a inteligência são uma espécie de maldição. Quanto mais uma pessoa entende a realidade, mais ela percebe as tragédias e absurdos da existência humana.

A visão de Schopenhauer sobre sofrimento e consciência -

Ignorância como bênção: Pessoas com menos inteligência tendem a viver focadas em necessidades imediatas e prazeres simples, sem refletir profundamente sobre o sentido da vida ou sua falta. Para Schopenhauer, essa ignorância os protege de sofrer tanto quanto aqueles que analisam o mundo em profundidade.

O gênio como solitário: O "gênio", ou a pessoa extremamente inteligente, sofre mais porque vê além das ilusões que sustentam a maior parte da humanidade. Ele percebe a transitoriedade da felicidade, a inevitabilidade da morte e a luta constante pela sobrevivência. Esse entendimento pode levá-lo a um estado de alienação ou melancolia.

A busca pela superação: Schopenhauer acreditava que o sofrimento do ser humano pode ser minimizado, mas não eliminado. Ele via a arte, especialmente a música, como um meio de transcender temporariamente a "vontade" e alcançar um estado de contemplação pura, onde o sofrimento é momentaneamente suspenso.

Influências filosóficas e culturais -

Schopenhauer foi influenciado pelo budismo, hinduísmo e o pensamento kantiano. Ele reconhecia semelhanças entre sua visão pessimista e o conceito budista de "dukka" (sofrimento inerente à existência). Assim como o budismo prega o desapego para aliviar o sofrimento, Schopenhauer defendia que a negação da vontade de viver poderia libertar o indivíduo.

Impacto na cultura e na filosofia -

A filosofia de Schopenhauer influenciou muitos pensadores e artistas, como Nietzsche (que inicialmente o admirava), Freud (em sua teoria do inconsciente), Wagner (em sua música) e escritores como Dostoiévski, Proust e Thomas Mann. Sua visão pessimista encontrou eco em movimentos como o existencialismo e o niilismo, que também exploram o sofrimento humano e o sentido da vida.

Reflexão contemporânea -

Hoje, muitos veem a ideia de Schopenhauer como uma provocação para repensarmos nossa relação com o conhecimento. Embora o aumento da consciência possa trazer dor, ele também pode gerar empatia, criatividade e um desejo de transformar o mundo. Esse paradoxo é parte essencial da experiência humana.

Se quisermos sintetizar a essência dessa ideia, ela nos lembra que o sofrimento não é apenas um fardo, mas também um sinal de profundidade, sensibilidade e conexão com a complexidade do mundo.


Conforme prometido, segue nas próximas linhas a minha tentativa de reanimar o espírito – como de hábito – amparado nas muletas de Schopenhauer e fazendo o contraponto necessário, com a devida dose de realismo, a amenizar o pessimismo de ambos: meu e de Schopenhauer:


Uma análise da relação entre inteligência e sofrimento em Schopenhauer, sob uma ótica realista -

As relações entre a inteligência e o sofrimento, conforme delineada por Arthur Schopenhauer, é um tema que atravessa não só sua filosofia pessimista mas, também, diversas correntes do pensamento ocidental. Tentando emprestar uma visão não tão “apocalíptica” às ideias de Arthur, ouso supor que a questão pode se desdobrar em aspectos que vão além do pessimismo absoluto, sempre tentando compreender o verdadeiro papel do sofrimento e da inteligência na construção da ordem social e da (vá lá) grandeza humana.

A inteligência: condenação ou vocação?

Eu diria de pronto: condenação. Schopenhauer, fazendo coro, afirmava que "quanto mais claro é o conhecimento do homem, quanto mais inteligente ele é, mais sofrimento ele tem". Essa ideia, embora eu compartilhe e seja coerente com sua visão de mundo, pode ser vista sob uma ótica mais realista e, até, conservadora. Uma profunda percepção da realidade sempre irá gerar desafios e, inevitavelmente, sofrimento, perplexidade, decepção e dor, mas também pode conferir ao indivíduo – se ele assim o desejar – a capacidade de influenciar e transformar sua própria vida e a conjuntura da sociedade – vide a fantástica obra de Olavo de Carvalho, o verdadeiro criador do que hoje chamamos “direita conservadora” no Brasil.

Edmund Burke, um dos principais teóricos do conservadorismo, defendia que a ordem e a tradição eram fundamentais para evitar o caos e a desorientação que o excesso de racionalismo poderia trazer. Nesse sentido, a inteligência não precisa necessariamente ser um peso, mas sim um instrumento para construção e manutenção de uma ordem social justa. O sofrimento inerente ao conhecimento não seria uma condenação, mas um caminho para a verdadeira compreensão da vida e do dever moral.

O papel da tradição e da religião, atenuando o sofrimento -

Posso reconhecer que o sofrimento é um fator da condição humana, mas – ainda que um tanto quanto relutante, dada minha pouca fé – difiro de Schopenhauer quando suponho que o mesmo pode ser atenuado não apenas pela arte ou pela negação da vontade, mas também pela religião, pela cultura e pela vida comunitária. O cristianismo, por exemplo, nos oferece uma perspectiva na qual o sofrimento é compreendido como um elemento de crescimento espiritual e redenção, diferindo da resignação pessimista schopenhaueriana.

Russell Kirk, outro expoente do pensamento conservador, fazia coro à Burke ao enfatizar que a civilização se sustenta em valores perenes que oferecem sentido à vida, reduzindo o desespero existencial que a hiperracionalização pode gerar. Dessa forma, a inteligência, quando orientada por princípios morais e religiosos, pode ser uma bênção e não uma maldição.

A solidão do gênio e a responsabilidade da elite intelectual -

Schopenhauer sugere que o gênio, por enxergar a transitoriedade da felicidade e a luta incessante da vida, é condenado à solidão e à melancolia – e apresso-me a esclarecer que este não é meu caso: não sou gênio, apenas atravesso vales e escalo picos, embora a melancolia e a solidão sejam idênticas.

Embora essa visão tenha, a meu ver, total fundamento, alguém mais otimista poderá dizer que há, nela, um excesso causador do imobilismo. Devemos reconhecer que as elites intelectuais têm uma responsabilidade na orientação moral e cultural da sociedade, e o sofrimento decorrente do conhecimento profundo da realidade não deve levar à alienação, mas à ação.

Aqui é o momento de citar Alexis de Tocqueville, que via na aristocracia intelectual e moral um elemento essencial para a preservação da liberdade e da ordem. Para ele, a inteligência não era uma prisão, mas um chamado ao dever. Assim, ao invés de se resignar ao sofrimento, o gênio pode e deve influenciar positivamente sua sociedade, respeitando as tradições e contribuindo para a manutenção dos valores que sustentam a civilização – e este é o momento em que saio de cena, deixando tal trabalho para outros, bem mais qualificados que eu.

A realidade do sofrimento: aceitação, não vitimismo -

Qualquer pensamento realista pode reconhecer que o sofrimento é inerente à vida, mas não o absolutiza como faz Schopenhauer. O homem não é apenas uma vítima da "vontade cega"; ele tem livre-arbítrio e capacidade de agir. Roger Scruton, um dos maiores intelectuais conservadores contemporâneos e que será objeto de maiores estudos em meu próximo livro, sobre a beleza, argumentava que a verdadeira grandeza do homem está em sua capacidade de encontrar algum significado maior em tudo, mesmo diante do sofrimento.

Por outro lado, o pensamento estóico – filosofia que muito me apraz mas, ao que parece, transformou-se atualmente em “auto-ajuda” – representado por Sêneca, Epiteto e Marco Aurélio, defende que o sofrimento é uma oportunidade para o aperfeiçoamento moral. Para os estóicos, não é o sofrimento em si que importa, mas a maneira como o indivíduo responde a ele. A dor e as adversidades devem ser enfrentadas com serenidade e autodisciplina, pois fazem parte da ordem natural do mundo e do desenvolvimento da virtude. Enquanto Schopenhauer enfatiza a resignação, os estóicos ensinam a cultivar a resiliência e a dignidade diante das dificuldades.

Portanto, uma visão verdadeiramente realista rejeita tanto o otimismo ingênuo quanto o pessimismo paralisante. A inteligência traz desafios, sim, mas também a possibilidade de construir, preservar e transmitir um legado que dê sentido à existência humana.

Conclusão do acima exposto - 

A visão de Schopenhauer sobre a relação entre inteligência e sofrimento, embora brilhante em sua análise da condição humana, pode ser considerada excessivamente pessimista. Sob uma ótica mais sã que a minha neste momento, compreenderemos que o sofrimento existe, mas ele pode ser ordenado e atenuado pela maneira como reagimos ao mesmo e, também, pela tradição, religião, pelo compromisso moral e responsabilidade das elites intelectuais.

Ao fim e ao cabo, a inteligência está longe de ser uma maldição, antes é uma vocação que, quando bem orientada, permite que a humanidade não apenas suporte a dor da existência, mas também a transcenda, edificando uma civilização digna e ordenada.

Mas confesso descrer de todo o exposto acima quando estou na fila do caixa eletrônico e vejo, sem nenhuma esperança, como coça a cabeça aquele senhor pagando suas contas, bem à minha frente.

Tento me reanimar pensando que em algum momento, ainda naquele dia, ele terminará.

Cumprida a promessa que fiz, a análise está feita. Espero que gostem.



Walter Biancardine



sábado, 22 de fevereiro de 2025

CONHEÇO AS DORES -


Ser deixado, largado, abandonado;

Preterido, não escolhido, menosprezado;
Rejeitado, enganado, manipulado.

Também sei a dor da solidão,
Do chão sem fim e do fim do chão.

Doeu-me a fome, a angústia e o vazio;
Não ter futuro, esperanças, o presente por um fio;
O passado somente um peso, um desafio.

Sem amor, casa ou raiz;
Sem amigos, família por um triz.

Sobrevivi mas, ainda hoje, não sei como fiz.


Walter Biancardine

ALMA ANIMAL


Como afirmar que animais não tem alma?

Quando a proximidade entre humanos e bichos chega ao ponto de criar qualquer espécie de laço - ainda que seja a visita unicamente para comer - tal fato quase sempre resultará em uma maior interação entre o homem e a criatura em questão; e se esta criatura começa a manifestar sinais de agrado pela simples visão, proximidade ou companhia do homem, existirá então, de fato, um laço afetivo.


O afeto é subjetivo e, mais que isso: transcendente. Existem provas por demais conhecidas do amor de um cão por seu dono e pergunto como negar a existência de alma em um ser vivente que ama, protege, defende e, por vezes, dá a vida por seu dono.

Tudo isso, entretanto, é pouco e mais se assemelha a construção de um auto de defesa, pois existe algo de muito mais profundo e que, dada a barbárie brutalista do ser humano atual, poucos enxergam: é aquilo somente dedutível, presumível, algo que podemos enxergar, sentir, mas jamais descrever - e o exemplo está na fotografia que ilustra estes devaneios.

O que você enxerga nos olhos deste cão? Ou fixou-se apenas em seu inegável sorriso de felicidade? Não viu o amor em seus olhos? O olhar sorridente, em sincronia com a boca? Todo o afeto que demonstra de modo tão evidente?

Teria alguém o atrevimento de afirmar, mesmo que baseado nas Sagradas Escrituras, que animais - em especial o cão - não tem alma? Como negar aquilo que vemos?

Ao me mudar para minha nova casa, tive de deixar meu único amigo para trás, o Sr. Wilson, meu cão que me adotou em meu naufrágio na vida. O proprietário da casa não aceita animais e eu, em minha ansiedade de ver-me livre do símbolo de minha derrocada, aceitei.

Não foi uma "Escolha de Sofia" mas, sim, uma escolha canalha - não poderia ter feito isso. Ainda que o tenha deixado em boas mãos, a consciência pesa-me todos os dias, lembrando que abandonei aquele único que esteve ao meu lado, em meus mais tenebrosos dias.

Espero, em breve, ter condições financeiras de alugar outra casa, e contar com a sorte do novo dono cedê-lo de volta a mim.

Até que isso aconteça, nada me fará menos canalha do que eu me sinto, hoje em dia.


Walter Biancardine

Sr. Wilson, meu cão: ele me procurou e me adotou, em meu naufrágio da vida. Nada pediu, nada reclamou, apenas foi minha companhia durante os piores anos de minha vida. Que ele me perdoe.

A título de esclarecimento:

A Igreja Católica tem uma visão específica sobre a alma dos animais. De acordo com a teologia cristã tradicional, especialmente a tomista, os animais possuem uma alma sensitiva, que lhes dá vida e permite que tenham percepções e sentimentos, mas essa alma não é espiritual e imortal como a dos seres humanos. Apenas os seres humanos têm uma alma racional e imortal, criada diretamente por Deus. Santo Tomás de Aquino argumentava que a alma dos animais perece com a morte do corpo, enquanto a alma humana continua a existir.

O Papa Francisco, em algumas ocasiões, fez comentários que foram interpretados como uma abertura à ideia de que os animais poderiam ir para o Céu, mas isso não reflete uma mudança oficial na doutrina.

Filosofia Clássica:
Na tradição aristotélica, que influenciou profundamente o pensamento cristão, Aristóteles distingue três tipos de alma:

Alma vegetativa – presente nas plantas (crescimento e nutrição).
Alma sensitiva – presente nos animais (percepção, movimento e desejo).
Alma racional – exclusiva do ser humano, dotada de razão e imortalidade.

Platão, por outro lado, tinha uma visão mais espiritualizada da alma e chegou a sugerir, no Fédon e no Timeu, que as almas poderiam reencarnar em diferentes formas de vida, inclusive animais.

Em resumo, tanto na tradição aristotélica quanto na doutrina católica, os animais possuem alma, mas esta não tem a característica da imortalidade, sendo essencialmente mortal e ligada às funções biológicas.









sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

SONS E TONS: HOJE É DIA DE ROCK?


Em especial agrado que tento fazer ao meu irmão Silvio Biancardine e ao amigo Dante Mantovani – os dois únicos músicos que conheço – resolvi escrever algumas considerações sobre o pouco que aprendi sobre tonalidade, eis que a música me é inalcançável, apesar de meu ouvido absoluto e razoáveis (mas nunca excelentes) performances no baixo elétrico.

Do mesmo modo, tudo o que se segue abaixo poderá servir de “insight” para aqueles que pretendam desenvolver teorias, ou mesmo teses, sobre a influência da mudança de frequência padrão nos tons musicais sobre a psique e comportamento das massas.

Se você disser que eu desafino, amor… -

A afinação musical, ou seja, a determinação da frequência padrão para o tom Lá acima do Dó central, tem sido objeto de debates e mudanças ao longo da história. Atualmente, até onde sei, o padrão internacionalmente reconhecido é de 440 Hz. No entanto, existem aqueles que defendem a afinação em 432 Hz, argumentando que a mesma estaria mais “alinhada” com as frequências naturais do universo, e ainda apresentaria efeitos benéficos sobre o ser humano, especialmente sobre sua psique.

O fato é que, antes de ser instituída uma padronização, não haviam frequências fixas para a afinação dos instrumentos musicais. Cada região ou mesmo cada conjunto instrumental podia adotar diferentes referências – ou preferências – resultando em variações significativas no resultado final de uma obra. Pesquisei e descobri que foi somente em 1953 que a Organização Internacional de Padronização (ISO) estabeleceu o Lá em 440 Hz como padrão. Entretanto, igualmente sei que alguns compositores, como Giuseppe Verdi preferiam a afinação em 432 Hz, acreditando que esta proporcionava uma sonoridade mais harmoniosa e adequada para as vozes humanas.

Controvérsia entre 440 Hz e 432 Hz: fora do tom? -

Os defensores da afinação em 432 Hz – em geral um tanto quanto esotéricos demais para meu gosto, mas que aparentam possuir boas razões – argumentam que esta frequência está em maior consonância com os padrões naturais e cósmicos. Do alto de seus “nirvanas”, asseguram que instrumentos afinados em 432 Hz ressoem de maneira mais harmoniosa com a natureza e com o corpo humano, promovendo sensações de bem-estar e relaxamento. Estudos de cimatismo (pesquise no Google), que analisam padrões formados por frequências sonoras em meios físicos, mostram que a frequência de 432 Hz gera formas geométricas mais simétricas e esteticamente agradáveis em comparação com 440 Hz e, por isso, dou aos irmãos “malucos-beleza” minha aprovação.

Por outro lado, a afinação em 440 Hz tornou-se predominante no século XX, especialmente após sua adoção como padrão pela ISO. Algumas teorias sugerem que essa mudança foi influenciada por motivos políticos e sociais, incluindo a hipótese de que o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, teria promovido a adoção do 440 Hz para influenciar o comportamento das massas – o que não deixa de ser uma boa justificativa, dado o “zeitgeist” da época. No entanto, ainda que essas teorias careçam de comprovação histórica sólida, não podemos desprezar seus efeitos na música popular jovem, a partir dos anos 50.

Efeitos das frequências sobre o ser humano: muito doido... -

A frequência de uma nota musical pode influenciar a percepção e o estado emocional do ouvinte. Músicas afinadas em 432 Hz são frequentemente descritas como mais suaves e claras, proporcionando uma experiência auditiva mais agradável e relaxante. Alguns estudos – e quero crer que realizados por hippies aposentados, veganos ou adoradores do deus-sol do santo daime – indicam que essa afinação pode estimular o “chakra” do coração, promovendo sentimentos de paz e bem-estar. E isso sempre me obriga a considerar que existem verdades ocultas, mesmo que por detrás de toneladas da erva que passarinho não fuma.

Dissipada a fumaça, ainda encontrei relatos de que a música em 432 Hz pode auxiliar na redução do estresse e na promoção de estados meditativos. Entretanto, é importante notar que a resposta ao som é subjetiva e pode variar de pessoa para pessoa – e digo isso a sério, sem nenhuma referência ao uso de substâncias estranhas por trás de tais cidadãos. Mais pesquisas científicas são necessárias, portanto, para confirmar os efeitos terapêuticos específicos dessa afinação.

Tons, sons e a física quântica: um nó na cabeça -

Podemos também piorar a situação, explorando a relação entre os modelos de afinação musical (440 Hz e 432 Hz) e a física quântica, um tema controverso e amplamente debatido especialmente em círculos – sempre eles – alternativos. Embora a física quântica seja um campo rigorosamente científico, alguns pesquisadores e entusiastas (!) sugerem que certas frequências musicais podem interagir com os princípios quânticos da vibração e ressonância.

A física quântica e a vibração do universo -

No quase nada que sei sobre física quântica, percebo que a mesma descreve a realidade como sendo composta por campos vibratórios. O princípio da dualidade onda-partícula demonstra que partículas subatômicas se comportam como ondas e podem ressoar em diferentes frequências. Essa ideia se conecta com a noção de que toda matéria e energia possuem uma assinatura vibracional, algo muito próximo do funcionamento de alguns sistemas de detecção de mísseis da atualidade.

Algumas teorias também sugerem que a frequência de 432 Hz estaria mais alinhada com a chamada "ressonância Schumann", que é a frequência fundamental do campo eletromagnético da Terra (aproximadamente 7,83 Hz). Essa conexão, supostamente, criaria um efeito harmonioso entre a música e os processos naturais do corpo humano, que também opera em ritmos vibratórios específicos e compatíveis – se é que esta última palavra é apropriada.

A ressonância e a coerência quântica -

Na mecânica quântica, existe o conceito de “coerência quântica”, onde sistemas podem permanecer interligados e ressoando na mesma frequência, sem nenhuma dissipação de energia. Defensores da afinação em 432 Hz afirmam que essa frequência criaria um estado de maior “coerência energética” – vá lá – no cérebro e nas células humanas, promovendo equilíbrio e bem-estar.

Além disso, o fenômeno de “entanglement” (emaranhamento quântico), onde partículas podem permanecer conectadas mesmo a grandes distâncias, fatalmente acaba por levantar especulações sobre como as vibrações sonoras podem influenciar sistemas biológicos de maneira mais profunda do que apenas pela audição – ponto para os hippies aposentados e seus “chakras”.

O efeito da afinação na consciência humana -

Algumas abordagens sugerem que frequências específicas podem afetar os estados de consciência, muito superiores ao suplício de ouvir um desafinado cantor de churrascaria durante todo o almoço. A meditação e a terapia com sons (como os usados em mantras, gongos e taças tibetanas) são baseadas na ideia de que certas frequências podem induzir estados mentais específicos.

* 440 Hz seria uma afinação mais "mecânica", voltada para a precisão técnica, mas menos conectada ao equilíbrio natural do corpo.

* 432 Hz estaria mais alinhada com os ritmos naturais do universo, facilitando estados meditativos e promovendo um efeito mais profundo no subconsciente.

Conclusão de toda a mixórdia acima -

Embora a ciência tradicional ainda não tenha comprovado a conexão direta entre a afinação musical e os princípios da física quântica, a ideia de que frequências específicas podem interagir com sistemas vibratórios naturais é amplamente explorada em áreas como a musicoterapia e a neurociência. O estudo mais aprofundado desses fenômenos pode revelar insights interessantes sobre como a música influencia não apenas a psique humana, mas também a realidade física em níveis mais sutis.

Por outro lado, a escolha da afinação em 440 Hz ou 432 Hz continua sendo tema de discussão entre músicos, pesquisadores e entusiastas. Enquanto o padrão de 440 Hz permanece amplamente utilizado na música ocidental, a afinação em 432 Hz ganha adeptos que buscam uma conexão mais profunda com as frequências naturais e os possíveis benefícios associados.

Independentemente da afinação escolhida, o essencial é que a música seja boa, e continue a servir como uma fonte de expressão, conexão e bem-estar para a humanidade.

A percussão determina o estado emocional, enquanto a melodia é o que nos transporta, enleva e pode nos fazer transcender.

Antes que me esqueça: funk não é música, é reclamação rítmica.


Walter Biancardine


AINDA CID, MAS FALANDO DE FILIPE -

 


Alguns leitores poderão crer que há uma contradição em meu artigo de ontem, sobre o Ten. Cel. Cid e sua delação premiada. Nele afirmei que qualquer um que delata irá, por consequência, acusar seus parceiros - ou não seria "delação". Também disse que Cid é um bom homem, mas que não soube suportar a tortura psicológica que foi submetido, comparando-o a Filipe G. Martins, que não disse uma sílaba sequer, contra Bolsonaro ou quem seja.

Ora, é justamente aí que pode haver o engano: até onde me consta - e me corrijam se eu estiver enganado - o jovem Filipe prestou vários depoimentos mas, que eu saiba, não concordou com nenhuma delação. Isso, em meu ponto de vista, já os separa em suas intenções. Do mesmo modo é possível entender que um simples depoimento, após tanto tempo de prisão sem justificativa e sem saber os motivos da mesma, é parte da sinistra receita de terror do ditador Alexandre de Moraes: tortura-se pela reclusão, pelo isolamento, pela ignorância de sua situação, pela ausência de perspectivas de soltura e, é óbvio, pelas sempre presentes ameaças, mesmo em um depoimento.

Em meu ponto de vista, esta é a crucial diferença que separa um oficial das Forças Armadas, treinado para resistir a diversos tipos de pressão e tortura - inclusive físicas - mas que não resistiu ao ter a família ameaçada, e um Filipe G. Martins, forjado intelectualmente à sombra de Olavo de Carvalho e que não abriu o bico. Palmas para Filipe.

Olavo tem razão.

Essa frase, hoje, é pleonasmo.

NOTA POSTERIOR:
Buscando em arquivos, vi que Filipe G. Martins, de fato, não assinou nenhum acordo de delação premiada. Em abril de 2024, Martins declarou em carta: "Não delatei. Não delatarei. Porque não há o que delatar"
Além disso, em depoimento à Polícia Federal em fevereiro de 2024, ele negou ter entregue ao ex-presidente Jair Bolsonaro uma "minuta do golpe", contrariando afirmações do Ten. Cel. Mauro Cid.


Walter Biancardine



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

MAURO CID E SUA DELAÇÃO PREMIADA -


Sejamos óbvios: a partir do momento em que alguém de dispõe a fazer uma delação, isso significa que o conteúdo será, obviamente, contra o grupo o qual faz parte.

Irrita-me ver gente indignada com os cuidadosos e seletivos "vazamentos" divulgados pela grande mídia, onde o Ten. Cel. Mauro Cid faz acusações contra Bolsonaro. Ora, se é uma delação, é para acusar!

A grande questão hoje, entretanto, são as ameaças explícitas feitas pelo ditador Alexandre de Moraes, onde ele exige algum conteúdo realmente incriminatório - ponto para Mauro Cid - ou "sua família sofrerá consequências".

Não chegarei ao ponto de crer que tudo isso seja uma estratégia pré-elaborada, contando com a quase nula possibilidade que tais vídeos fossem revelados. Para piorar, quem poderia assegurar que o juiz do caso participaria da delação (algo ilegal) e o ameaçaria ou à sua família?

Tal estratégia não houve, e Mauro Cid quis apenas livrar-se da prisão, mostrando uma pouca resistência às pressões - coisa que Filipe G. Martins soube lidar - e evidenciou que ser conservador não é para "homens de geléia", como diria Olavo de Carvalho.

O ponto positivo - extremamente positivo, agora que a Justiça norte-americana aponta o dedo contra Moraes - são as provas das ameaças à família de Mauro Cid, o que é algo próximo aos métodos dos piores mafiosos da história; até no mundo do crime se sabe que não se deve mexer com isso.

Temos, de um lado, um homem bom mas fraco; de outro, um psicopata envolvido no crime organizado e serviçal de globalistas, que deu um golpe de Estado na República. No meio disso tudo, estão um Congresso inteiro inerme, apavorado - ou em sociedade com o STF - e um indignado povo brasileiro que não ousa, entretanto, admitir que só o sangue nas ruas retirará qualquer ditadura do poder.

Resta-nos apenas aguardar o desenrolar dos acontecimentos.

Tomar borrachada de PM aos 61 anos dói demais.


Walter Biancardine



ANTÍTESE AOS MODERNINHOS -


Encontrei recentemente, em uma página do Facebook dedicada à filosofia, pequena postagem que entrega o viés de seu autor ou, ao menos, suas simpatias pelo modernismo no pensamento - esta perigosa peste que se alastra nas consciências humanas desde o triste advento do Iluminismo.

Reproduzo a tese do autor, seguida de minha antítese. E caberá ao meu leitor escolher, de acordo com seus valores e princípios, qual mais parece-lhe provável.

FILOSOFIA MODERNA: 

1. No plano teórico, o mundo teria de ser pensado de modo novo e diferente.

2. No plano ético, o Universo perdendo suas qualidades de ordem e harmonia, fica inviável como modelo a ser seguido no plano moral. Onde encontrar os princípios que norteiam as relações humanas?

3. A doutrina de salvação não é mais segura e confiável. 

Neste novo quadro que se inaugura, a humanidade se encontrava perturbada e desprovida de princípios orientadores: intelectual, moral e espiritual.

Surge uma nova teoria do conhecimento: a ordem do mundo não é mais dada, e sim construída.

A pós-modernidade seria uma crítica ao "projeto de Era Moderna", praticamente uma espécie de "desconstrução" das interpretações abrangentes e sistematizadas.

(Página "Filosofia Sempre", Facebook)


MINHA ANTÍTESE:

No plano teórico, o mundo teria realmente de ser pensado de modo novo e diferente? Não penso assim, e explico o porquê: 

A necessidade de repensar o mundo não é, necessariamente, um imperativo positivo. Ao propor um rompimento radical com o passado, muitas vezes descartamos tradições e conhecimentos que já provaram seu valor, ao longo do tempo. É preciso acabar com este pensamento pré concebido de que o novo é sempre superior ao antigo, isso é puro marketing. O mundo deve ser compreendido e interpretado por princípios perenes — como a existência de uma ordem natural ou divina — que não dependem de reinvenções constantes e, quase sempre, nocivas. Por que abandonar o que foi testado e aprovado, preferindo algo incerto? 

Já quanto a ética, se o Universo perde a ordem e harmonia, o mesmo se tornará inviável como modelo para o plano moral. Onde vamos encontrar os princípios que norteiam as relações humanas? A perda da percepção de ordem e harmonia no universo não é um fato objetivo, mas um erro filosófico - deliberado - dos "moderninhos". 

Uma visão mais tradicional e segura, muitas vezes baseada em uma cosmovisão mais religiosa ou metafísica (como o cristianismo ou a filosofia clássica), sempre defenderá que o universo está a refletir uma ordem intrínseca, seja por vontade divina (cabe apenas aceitar e pronto) ou por leis naturais e imutáveis. Essa ordem serve como base para a moralidade humana, a qual não precisa ser inventada mas descoberta, preservada, e este é o ponto onde, talvez, mais incomode os filósofos "modernistas". 

Os princípios que norteiam as relações humanas estão na tradição, na família, na religião e nas normas culturais que sobreviveram ao teste do tempo. Rejeitar o universo como modelo moral é um passo largo e nocivo rumo ao relativismo e ao niilismo que, atualmente, já implodiram a coesão social. 

Assim, penso que o correto seria entender que os princípios estão nas instituições e valores herdados, como a fé, a lei natural e a comunidade. 

Outra: se a doutrina de salvação não é mais segura e confiável, havemos de reagir com firmeza contra isso. A modernidade, se opondo às doutrinas de salvação (especialmente as religiosas), não oferece uma alternativa sólida para preencher o vazio espiritual que deixa. 

A confiabilidade da salvação não depende de aceitação universal ou de validação científica, mas de sua coerência interna e de sua capacidade de orientar a vida humana para um propósito transcendente. O cristianismo, por exemplo, com sua promessa de redenção e sua base em escrituras e tradições, permanece um pilar para muitos. Abandoná-la em nome de uma suposta "insegurança" pode ser visto como um ato de arrogância intelectual, entregandoo homem à desesperança. 

A salvação continua segura enquanto houver fé e adesão aos princípios eternos que a sustentam, essa é a verdade. Se temos realmente uma humanidade "perturbada e desprovida de princípios orientadores" hoje em dia, seguida por uma nova teoria do conhecimento que constrói a ordem em vez de recebê-la, essa transição é o "X" do problema. 

Os modernos, ao substituirem a ordem dada (natural ou divina) por uma ordem construída pelo homem, abriram as portas para a instabilidade e a subjetividade desenfreada (lembranças ao "Iluminismo"). E os pós-modernos, com sua "desconstrução" das grandes narrativas, apenas pioram essa crise, rejeitando até mesmo as tentativas mais modernas de sistematização. Isso não pode ser progresso mas, sim, uma enorme decadência: ao desconstruir sem oferecer algo em troca, os pós-modernos deixam - deliberadamente - o homem sem direção, preso a um relativismo que explode valores como verdade, beleza e o bem. 

O mundo não precisa ser reinventado, mas compreendido à luz da tradição e da ordem natural. 

Os princípios éticos estão nas heranças culturais e espirituais, não em construções arbitrárias. A salvação permanece confiável para quem aceita a fé e rejeita o ceticismo moderno. 

A crítica que faço à modernidade e aos pós-modernos deve-se ao fato de ambas falharem miseravelmente ao abandonar o que é eterno, em nome do que é passageiro e apenas satisfaz vaidades intelectuais.



Walter Biancardine




quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

DESTRUINDO CÉREBROS -

 


A argumentação foucaultiana, exposta nos escritos deste senhor Gilles Deleuze exibidos acima, parte de premissas equivocadas e conduz a conclusões ideologicamente enviesadas.

O ponto central da questão está na ideia de que as sociedades ocidentais teriam transitado de um regime disciplinar para uma era de "espetáculo e exibição", implicando que o controle social mudou de forma, mas manteve-se onipresente. Ora, tal análise ignora completamente quaisquer nuances políticas e culturais dessa transformação e, mais grave ainda, desvia-se da verdade fundamental sobre o que realmente molda a ordem social.

Primeiramente, Michel Foucault comete um erro primário, de categorias, ao reduzir as sociedades ocidentais a meras estruturas de controle. Como bem apontou Olavo de Carvalho, o marxismo cultural e suas ramificações – entre as quais se insere a filosofia foucaultiana – operam por meio de uma desconstrução incessante da realidade objetiva, transformando toda a história e cultura do Ocidente em um jogo de forças onde só existe dominação e resistência. Esse reducionismo é, além de intelectualmente uma pilantragem, criminosa ferramenta ideológica para corroer a civilização cristã ocidental.

O argumento de que as sociedades ocidentais teriam se tornado essencialmente verborrágicas, regidas pelo espetáculo, é um truque retórico que busca esvaziar qualquer princípio normativo da comunicação humana. Foucault - e Deleuze - ignora que o fenômeno da proliferação da fala, longe de ser uma mera transformação estrutural, está intimamente ligado à ascensão da mentalidade revolucionária, que promove um relativismo desenfreado e a dissolução de qualquer hierarquia moral e epistemológica. Em outras palavras, a verborragia que vemos hoje não é uma característica inevitável das sociedades ocidentais, mas um sintoma do enfraquecimento deliberado dos valores tradicionais, causado por pensadores desta espécie.

O que de fato ocorreu não foi uma crise das "disciplinas" no sentido foucaultiano, mas sim um ataque massivo à ordem natural das coisas. O controle social não foi superado, mas apenas deslocado de instituições legítimas (família, igreja, tradição) para novos agentes hegemônicos – a grande mídia, a cultura de massa, as corporações globalistas e os aparatos estatais tecnocráticos. O objetivo agora não é disciplinar no sentido clássico mas, primordialmente, manipular e deformar o imaginário coletivo para torná-lo incapaz de resistir ao avanço da engenharia social.

Em suma, ao invés de lamentarmos a suposta era da disciplina, como faz Foucault, devemos lamentar o colapso da autoridade legítima e sua substituição por um regime de controle invisível e difuso, operado sob a máscara da liberdade absoluta e do espetáculo midiático.

O problema não está no disciplinamento, mas na inversão de valores promovida por intelectuais revolucionários que, sob o pretexto de libertação, apenas pavimentam o caminho para um novo tipo de escravidão.

Fingir que luta, tal como esse Deleuze, não adianta.


Walter Biancardine