sábado, 22 de junho de 2024

CONGRESSO DOS EUA X STF: AS CONSEQUÊNCIAS DO CONFRONTO -

 


É, para mim, motivo de grande orgulho ser seguido no X-Twitter pela analista política Cissa Bailey, e creio ser desnecessário explicar toda a admiração que devoto à mesma, por suas análises e postura diante da vida.

Vi neste sábado, entretanto, postagem na qual expressava sua visão diante da carta expedida pelo congressista norte-americano Christopher H. Smith ao Ministro da Suprema Corte brasileira, Alexandre de Moraes, na qual solicita informações sobre as violações e atentados contra os direitos humanos e liberdade de expressão – incluindo a imposição de atos ilegais à empresas norte-americanas operantes no Brasil.

Segundo Cissa, “Carta de um congressista americano não representa TODO o congresso americano. Como dizemos aqui "you scratch my back, I'll scratch your back". Entendedores entenderão.

E é justamente nesta descrença expressada por Cissa que reside a diferença de nossas óticas: quem segue meus artigos, análises ou mesmo compra meus livros sabe perfeitamente que estou longe – muito longe – de ser considerado um otimista. As inúmeras cicatrizes da vida fizeram de mim um cético, pesadamente temperado pelo desalento do “Eclesiastes” bíblico.

Valho-me, entretanto, da sensação que tenho de ainda ser palpável – no povo e nas instituições norte-americanas – um mínimo apego a certas tradições, bem como vejo uma possibilidade da dinâmica própria daquele Congresso, aliada a um real comprometimento do congressista para com seus eleitores, fazer com que a repercussão e aderência às indagações de Chris Smith cresçam cada vez mais.

O congressista acima citado e autor das indagações à Alexandre de Moraes é republicano mas, segundo informações do próprio Paulo Figueiredo, não apoia Donald Trump e 55% de seus votos contemplam propostas criadas pelos democratas – o que, por si, já retira a pecha de “aliado de bolsonaristas”, expedido pela grande mídia brasileira.

Também é preciso lembrar do poder que os termos “direitos humanos” e “liberdade de expressão” possuem, perante a opinião pública e mesmo Congresso norte-americanos. Este pode ser o principal fator a desencadear a “dinâmica do Congresso” que citei acima, acrescida do fato da tal carta certamente ser muito bem vinda aos apoiadores de Trump em Washington, pela similaridade de abusos cometidos pelo judiciário brasileiro e o que ocorre nos Estados Unidos, desde a última eleição presidencial: dificilmente os republicanos aceitarão ser “garfados” novamente.

Estivéssemos falando sobre parlamentares e congresso brasileiro e eu endossaria, letra por letra, a descrença da excelente Cissa Bailey. Como falamos de Estados Unidos da América, ainda acredito em um mínimo de vergonha na cara, aliada à saudáveis pretensões eleitorais.

Cissa Bailey, entretanto, é cidadã norte americana, lá vive há anos e conhece muito mais a realidade daquele país do que eu, mero e obscuro escrevinhador e que jamais pôs os pés fora do Brasil. Vamos ver o que acontece.

Não é otimismo, mas quase uma aposta esperançosa.



Walter Biancardine






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