sábado, 13 de julho de 2024

PENSAMENTOS DE QUEM ACORDOU NO MEIO DA NOITE - INSÔNIA


"Para mim, ela era o livro.
Para ela, eu fui um capítulo. 
Não se dá sentimentos permanentes a pessoas temporárias."

"Se posso sobreviver aos meus próprios pensamentos, 
posso sobreviver a qualquer coisa."

"Tudo o que tenho é o hoje.
O resto são apenas lembranças ou planos."

"Minha dor vai passar, assim que acabar de me ensinar."

Walter Biancardine

sexta-feira, 12 de julho de 2024

INOCÊNCIA, MEDO OU COVARDIA? -

 


Reação natural no ser humano é buscar assuntos mais amenos quando o ambiente torna-se pesado demais, os sentimentos mais íntimos acendem o sinal de alerta e prenunciam nuvens negras na conjuntura ou, como diriam os mais jovens, a “vibe” fica “carregada” e desagradável.

Não à toa gastei os últimos dias escrevendo futilidades, divagando sobre whisky e jazz ou mesmo comentando histórias familiares mal contadas; tudo isso objetivando fugir de prenúncios e constatações sinistras que, por mais que eu finja não ver, pesam-me os ombros e a consciência.

Este peso não diz respeito à minha situação particular precária ou mesmo ao estado pós-operatório que me encontro mas, sim, à clara percepção do que brevemente virá, ao observar o posicionamento dos jogadores em campo e nossa inocência e inação diante disso.

Conversava recentemente com um velho amigo, via WhatsApp, e o mesmo advertia-me sobre meus escritos, alertando que poderiam causar-me problemas e, até mesmo, processos e prisão. Ora, este amigo está longe de ser um ignorante, possui o terceiro grau completo e atua na profissão que escolheu mas, ainda assim, não consegue diferenciar uma reportagem, denunciando crimes, de um simples artigo opinatório. Mais: assume como “normal” alguém ser preso por algo que, no máximo, renderia processos de calúnia, injúria e difamação – caso provada a culpa. Pior: crê piamente na lisura do sistema, não admite como possível instituições como o TSE sofrerem influências externas e põe a mão no fogo sobre a impossibilidade de adulteração no registro e contagem eletrônica de votos, jogando todas as hipóteses na caixa cômoda e fácil da “teoria da conspiração” – posto que são hipóteses terríveis demais para sua humana capacidade de suportar.

Uma das pesadas constatações com que tenho de lidar é o fato que uma pessoa ostensivamente inteligente e de nível superior não sabe interpretar um texto e, de modo pior, claramente “deleta” partes essenciais do mesmo, as quais contrariam frontalmente suas alegações – um misto de mecanismo psicológico de fuga com simples desejo de “ganhar a discussão”, e não de compreender o que se passa, independente de suas convicções ideológicas.

Tal fato causa-me profundo abalo, pois trata-se de alguém que conheço há anos, amigo leal mas, mesmo assim, ainda orientado pelos noticiários de TV e pleno de ideias pré concebidas e preconceituosas contra quaisquer informações que não sejam oriundas dos “meios oficiais de comunicação”: TV Globo, Record, Band, SBT, etc. Se ele, do alto de sua inteligência e cultura pensa assim, o que se passará na cabeça de pessoas não tão privilegiadas quanto ele? O que pensarão milhões de eleitores, Brasil à fora?

Infelizmente meus temores não cessam por aí: toda a conjuntura geopolítica – planetária – leva-me quase ao pânico, ao perceber que as peças do jogo de xadrez estão sendo ostensivamente movimentadas e nada podemos fazer, independente de termos governantes gêmeos em pensamentos políticos ou oriundos de outras preferências.

Os países mais importantes da Europa, como Inglaterra, Alemanha e França estão sob governos de esquerda – e evitarei discorrer sobre as estranhas contabilidades de votos que levaram estas ideologias ao poder. Nos Estados Unidos não há como ser otimista com relação a Donald Trump, pois claro está que os Democratas – independentemente de seu candidato – “ganharão” as eleições; a mídia norte americana já aponta abertamente nesta direção e, como sempre, o ativismo judiciário (copiado de nós), somado à força do terror disseminado pela TV e jornais, provavelmente enterrarão Trump – e ele que se dê por satisfeito, se não terminar atrás das grades.

Já na Rússia, Vladmir Putin age como bem entende contra a Ucrânia (nem de longe defendo Zelenski, mas sim os ucranianos) e, pior, propõe uma “governança única” para os países que compõem o BRICS – leia-se uma só gestão política, um só judiciário e, obviamente, uma só força militar, policial, de inteligência e repressão. E nós outros, botocudos, estamos alinhados a tais canalhas pelas mãos imundas de Lula.

Por falar em América Latina, toda ela – com exceção provisória da Argentina e do Paraguai – está já nas mãos da esquerda globalista, bem como o principal país, híbrido entre as Américas do Norte e Central, México, igualmente assim se encontra.

O domínio mundial do discurso esquerdo-globalista (woke) é claro e jamais agiram de modo tão ostensivo e com tamanha fúria, em suas intervenções. A grande mídia – sempre aliada do mal – comporta-se de maneira quase inacreditável, apostando em uma “realidade paralela” baseada nas teorias nazistas de “repetir uma mentira até que ela se torne uma verdade”, e noticia fatos completamente distorcidos, rotula pretensões oposicionistas sob as pechas mais odiosas e embasa a indústria cultural em suas produções hipnotizantes, formadoras de uma juventude completamente dopada, em termos de realidade das coisas.

Todos os absurdos que assistimos aterrorizados no Brasil repetem-se, com ligeiras variações locais, por toda a Europa, pelas Américas, Ásia, Oriente Médio e até mesmo o impávido Japão não está imune a tal veneno.

A alienação – inocente ou covarde – observada no amigo citado ao início deste artigo, não se diferencia do comportamento médio do homem europeu ou norte americano de modo geral, e assim se fecha um círculo autofágico, incentivado e patrocinado por metacapitalistas como Soros, Schwab, Bill Gates, Rockfeller e Ford Foundation, bem como amparados pela inteligência russa e dinheiro chinês.

Confesso que, por vezes, a carga desta consciência que possuo – brutalmente resumida e amputada nas linhas acima – torna-se pesada demais para mim e, covardemente, fujo.

Tal como a orquestra do transatlântico Titanic, ponho-me a valsar em divagações familiares, musicais ou mesmo em anedotas particulares enquanto finjo não ver, desesperadamente, o naufrágio da civilização ocidental que ocorre sob as bênçãos e omissões de um Papa militante, o qual recusa-se, sequer, a amparar nossas almas.

Tremo ao pensar que, em breve, o conceito de “civilização” será apenas uma vaga e distante lembrança, parte de doces memórias de tempos que não mais voltarão.

E viveremos em um mundo de escravidão e escombros, cenário de vídeo game, cercados de zumbis drogados e ameaças depravadas, amparadas por alguma poderosa e planetária Gestapo.

O que será de meu filho?

O que fará meu amigo, quando isso acontecer?

O que farão as pessoas que pensam como ele? Se lamentarão? 

Será tarde demais.

De fato, é mais agradável especular se a vovó Condessa de Barral tinha ou não um chamego com o Imperador Dom Pedro.

Aproveite a vida civilizada, antes que acabe.

Boa sexta feira a todos.



Walter Biancardine





quinta-feira, 11 de julho de 2024

SURPRESAS AGRADÁVEIS -


Desfruto já há dois anos da gentileza e compaixão de meu amigo Alair Corrêa, que caridosamente cedeu-me um teto onde sarar os hematomas da existência.

Coisas da vida, dei-me conta hoje que jamais havia recebido ninguém nesta casa até que - para minha honra e alegria - visitou-me o Dr. Vitor Travassos Filho, que esteve no Riala para ultimar os preparativos de um evento de sua igreja, Lagoinha.

Pela primeira vez, desde que aqui estou, pude tomar um café com alguém - e devo acrescentar a excelência da companhia - e conversar aquilo que chamam "trivialidades", muito corriqueiras nas vidas de pessoas normais, não no cotidiano de exceções como eu.

Um privilégio, um conforto, um alento que fez crer-me quase alguém como todos, um sujeito comum, ocupando um lugar no espaço e na vida - e tenho certeza de que Dr. Vitor nem de longe imagina o bem que me causou.

Dentre os "causos" contados, comentamos sobre as lendas familiares em torno de uns e outros antepassados dele e, citando os meus, o Visconde de São Sebastião do Alto, que inventou um moedor de cana à vapor e ganhou o título de D. Pedro II, e a sugestivamente comentada Condessa de Barral, tutora dos filhos de Sua Alteza  - incluindo, é claro, a Princesa Isabel - cuja estreitíssima amizade com o Imperador originou inúmeros fuxicos e fofocas ao pé do ouvido.

Concluirá o leitor, com a lógica dos puros, que Dr. Vitor prestou-me grande favor, ao deixar fluir meus "causos" e lendas familiares que certamente usei, desesperadamente, para tentar diminuir os inúmeros e incontáveis rombos presentes em minha auto-estima - talvez até a empregada do Freud concluísse tal obviedade.

Pouco importa. O que vale é minha gratidão ao mesmo, pela paciência em acompanhar a aridez de um velho, na peregrinação por suas lembranças estéreis.

Muito obrigado Dr. Vitor, pela paciência.

Muito obrigado Alair Corrêa, pela generosa mão estendida.

Muito obrigado meu Deus, por saber o quão pequeno sou e perdoar-me acessos de soberba.

"Noblesse ruinée... dommage!"


Walter Biancardine



SOBRE A AGONIA EM RELAXAR -


Por algumas vezes brinquei a respeito da impossibilidade de conciliar sólidos hábitos com meus rendimentos líquidos e ontem tive uma dessas noites, chiques demais para o chiqueiro econômico-financeiro em que vivo.

O acúmulo de semanas tensas acenderam o sinal de alerta, com direito a pálpebras tremelicando, lapsos de memória e uma digitação plena de erros disléxicos - era hora de por um freio nisso e relaxar.

Um bom e suave jazz instrumental em meu som, o velho amigo Jack Daniel's no copo (descontada a pobreza de não ter copos adequados) e cachimbo aceso; a poderosa e calmante frente fria da tranquilidade invernal tomou conta de mim e comecei, finalmente, a sentir-me um pouco mais tranquilo.

Uma amiga do Facebook cumprimentou-me por isso e - sabe-se lá por qual relação - de pronto lembrei-me do estado pós-operatório em que me encontro, tomando toneladas de medicamentos (que sangraram ainda mais meu esnobismo vão) e me dei conta que, sim, estava fazendo uma grande merda - este é o preciso e grosseiro termo.

Mais de 40 anos de direção ensinaram-me que, se a colisão é inevitável, procuremos o melhor jeito de bater, e foi o que fiz: terminei de fumar meu cachimbo, o copo do velho amigo Jack já vazio, não o renovei. Deitei-me e, literalmente, apaguei.

Acordei quase meio dia, leve, relaxado, de bom humor (!!!!) e renovado para prosseguir em minhas atividades de "sparring" da vida.

Casualmente funcionou, mas não recomendo tal prática aos recém-chegados: há que se possuir um couro grosso o suficiente para contrariar as fatais bulas dos remédios.

E não é sempre que conseguimos.

De volta às atividades!


Walter Biancardine



quarta-feira, 10 de julho de 2024

RELAX AND ENJOY...

Não sou exatamente um fã do jazz mas, neste exato momento, dou-me ao desplante de ouvir um bom e calmo instrumental, acompanhado de meu velho amigo Jack, o Daniel's.

Sem ter onde cair morto, ainda assim insisto em hábitos que, ao menos, tem o miraculoso poder de relaxar-me e trazerem a sempre bem vinda paz de espírito para meditar.

Pobre e besta.

Como dizia alguém, entretanto:

"Eu mereço...!"


Walter Biancardine



PESQUISAS MENTIROSAS GERAM ELEIÇÕES MENTIROSAS –

 


O histórico brasileiro de adesão às propostas, temas e pautas da esquerda sempre giraram em aproximadamente 30% do eleitorado, com tais percentuais repetindo-se de maneira quase idêntica em todos os níveis de eleições, sejam elas municipais, estaduais ou federais.

Desnecessário relembrar que a eleição de um esquerdista gramsciano – Fernando Henrique Cardoso – foi consequência direta do brilhante Plano Real, que consertou uma hiperinflação crônica advinda do descontrole econômico e financeiro observado nos últimos anos dos governos militares. Vale acrescentar que o esquerdismo de FHC foi tacitamente “esquecido” pela mídia e mesmo o próprio PT e diversos e ilustres representantes progressistas o rotulavam como “direitista”, em contraposição às propostas bem mais radicais do próprio Partido dos Trabalhadores – que condenou o Plano Real e gastou os oito anos da gestão Fernando Henrique criticando-o duramente e pedindo, por diversas vezes, seu impeachment.

Na verdade, tudo não passava de estratégia – o hoje conhecido “teatro das tesouras” denunciado pelo filósofo Olavo de Carvalho – e, com um grande e feliz sorriso nos lábios, FHC passou a faixa presidencial para Lula, que o sucedeu vestido de “Lulinha Paz & Amor” e, hipoteticamente, comprometido em manter as diretrizes econômicas – ainda que jamais houvesse, de maneira explícita, citado isso em sua campanha.

O que pretendo dizer com todo o retrospecto acima é que tanto FHC quanto Lula – sendo este último incluído apenas em sua primeira vitória eleitoral para a Presidência – foram eleitos expressando um real desejo dos eleitores, satisfeitos com o fim da inflação e com a estabilidade da moeda, bem como com a chegada de um (teoricamente) trabalhador ao cargo mais elevado da República.

Já o segundo mandato do petista deveu-se, primordialmente, aos cofres públicos generosamente escancarados à grande mídia – que, em troca, não economizavam elogios e escondiam escaramuças – e ao advento do mais terrível e ditatorial instrumento de perpetuação de grupos políticos no poder: as urnas eletrônicas.

Um poderoso e eficaz tripé de atuação foi formado, onde os institutos de pesquisa apresentavam números segundo os desejos do núcleo governante, a grande mídia os divulgava sem nenhum reparo – afinal, tratava-se de institutos e empresas “sérias” e “confiáveis” – e, por último, analistas políticos (notoriamente militantes, mas o público não sabia) forneciam o “aval técnico” necessário. O resultado das urnas era, sempre, um fiel espelho do retrato eleitoral encomendado por seus patrões, o governo de esquerda.

Vivíamos então uma época em que o único meio de se obter informações sobre qualquer aspecto do país que nos interessasse – política, economia, saúde, etc. – era a grande mídia e suas TV’s, emissoras de rádio, jornais e revistas impressos. Eram tempos em que bastava ler um jornal e já teríamos visto todos, embora ainda sem o “copiar e colar” descarado dos dias atuais, pois absolutamente todas as redações de notícias já estavam devidamente aparelhadas por militantes esquerdistas desde os anos 60.

Mas o surgimento da internet, das redes sociais e a popularização dos “smartfones” mudou completamente o cenário tranquilo da perpetuação de uma ideologia no poder: logo contestações começaram a ser apresentadas, provas em vídeos, gravações de áudios ou prints de documentos desmentiam cabalmente as mentiras apresentadas pela mídia e algo precisava ser feito, pois a credibilidade dos institutos de pesquisa – para nos atermos ao tema deste artigo – foi destruída ao ponto do tradicionalíssimo IBOPE precisar mudar de nome para sobreviver.

Na Europa e nos Estados Unidos as urnas já imprimiam um comprovante de votação, que era transferido automaticamente para as tradicionais urnas. Em caso de contestação, bastaria comparar os números do sistema eletrônico com os comprovantes de papel. Mas, e aqui no Brasil?

Nas terras tupiniquins o assunto foi tratado na base do baixo nível, mesmo: nada de voto impresso – chegando às notórias manobras no Congresso para impedirem esta medida – e, para resolver de maneira definitiva, censura, prisões, processos e acordo de manipulação com as grandes redes sociais. As que não se submeteram foram, simplesmente, banidas do Brasil, tal como o Rumble. O que antes era uma tranquila sucessão de “kamaradas” no poder foi obrigada a revelar sua verdadeira face, e a ditadura – comandada pelo Supremo Tribunal Federal – tornou-se pública e, pior, temida.

Pois bem, isto foi no Brasil. E na Europa e Estados Unidos, onde adotaram a impressão e depósito dos comprovantes de votação nas urnas? Por quê a esquerda se perpetua nestes locais? Como conseguem? “Do que se alimentam? Como se reproduzem?”, provocaria uma chamada do conhecido programa Globo Repórter. Pois bem, vamos às razões.

Comecemos pela Europa, cuja explicação é bem mais simples e curta: o europeu, de modo geral, crê-se civilizado demais, evoluído demais para desconfiar do que seja, por parte de seus civilizadíssimos governos. Excetuando-se exceções extremas como guerras, jamais sofreram governos que os extorquissem até a última moeda sem nada dar em troca. Jamais tiveram líderes que deixaram suas cidades apodrecerem, sem nenhuma manutenção ou mesmo preocupações quanto a uma mínima decência em seu aspecto.

Este ambiente – quase asséptico – aliado à massiva propaganda gramscista de suas rádios, TV’s, jornais, cinemas e teatros os emasculou a ponto de que, mesmo habitando uma pulga atrás de suas limpíssimas orelhas, jamais pensariam em cometer a deseducação de protestar, esbravejar e demonstrar tal descontentamento nas ruas – a lição veio rápido pois hoje, por questões de sobrevivência, urram contra os estupros, vandalismos e assassinatos cometidos pela horda bárbara de imigrantes, todos eles – à princípio – uns coitados, que mereceriam suas altivas ajudas. Des élections truquées ? Non, pas question !

Já com os americanos a coisa não foi tão fácil, principalmente ao tratarem com sua “maioria silenciosa” (lembram-se de Reagan?) composta por espertissimos e calejados “Rednecks”, que não caem em qualquer conversa fácil recheada de palavras difíceis.

Para tal empreitada os Democratas – a (cada vez mais) esquerda deles, lá – valeu-se de buracos inacreditáveis na legislação eleitoral que, para início de conversa, é determinada por cada Estado e resulta em unidades diferentes da federação possuírem leis diversas para o mesmo pleito. Acrescente-se a isso a inaceitável possibilidade de votar pelos Correios, somada a explícita fraude de acrescentarem milhares – ou milhões, não ficou determinado – de votos, que chegaram nas juntas de apuração e foram devidamente registradas em vídeo, e temos a explicação de um senil Joe Biden estar, hoje, na Presidência da nação mais poderosa do mundo.

A grande mídia norte americana – as mídias são sempre “amigas” de qualquer governo – procurou abafar a fraude com os mesmos argumentos da ditadura brasileira, além de seu acumpliciamento no vergonhoso caso da invasão do Capitólio – claramente coordenada pela esquerda e com a participação de funcionários, policiais e agentes do FBI – que depois foi descaradamente copiada em Brasília, no 8 de janeiro, o qual muitos caíram feito trouxas e custou-lhes as masmorras da atual ditadura, de onde não podem sair nem seus advogados fazerem qualquer coisa. E tudo isso, para finalizar, com a grande mídia de ambos os países acusando o povo de praticar exatamente o que seus donos – a esquerda – ostensivamente fazia.

O fato é que, caso alguém ainda não tenha se dado conta, desde o advento do sistema eletrônico de votação – e pouco importa se imprime os mesmos ou não – as esquerdas não perdem mais. O mesmo fenômeno se observa nos mais diversos países do mundo e, em todos eles, a grande mídia cumpre o mesmo papel de conduzir, enganar e doutrinar aqueles que, por ignorância ou falta de condições, ainda insistem em utilizá-la.

Importante observar que, pela verdadeira lenda em que a ciência se transformou (o Iluminismo, sempre ele), uma apuração resultante de contagem computadorizada de votos causa uma impressão muito mais profunda e confiável que qualquer contagem manual. Creem, tais coitados, que homens sempre são corrompíveis e que um resultado emitido por um computador estará imune destas ameaças – apenas esquece-se o infeliz que alguém, corruptível, precisa programar tais computadores, mas uma boa manchete sensacionalista na TV, falando sobre o último escândalo sexual de Hollywood, o fará esquecer isso.

Somente votações absurdas e massivas, não previstas pelos piores pessimistas da esquerda, podem escapar ao poder manipulatório das urnas e da grande mídia, e estes foram os casos de Bolsonaro no Brasil, Georgia Meloni na Itália e do recentemente presente no CPAC, Javier Millei, da Argentina.

Para finalizar, podemos argumentar de maneira realista que – independentemente do sistema ser através de urnas eletrônicas ou votos manuais – qualquer eleição pode ser fraudada. Sim, é fato, e principalmente se dispomos de cúmplices tão poderosos e hipnotizantes quanto a grande mídia, os institutos de pesquisa e a cultura de massa em geral.

Podemos, entretanto, pressionar legisladores para que a feitura e divulgação de pesquisas de intenção de votos – ou quaisquer outras que induzam a demonstrar posição ideológica popular – sejam proibidas, principalmente em épocas de campanha eleitoral. Em um país como o Brasil, onde o eleitor – quase sempre uma besta primária e interesseira – torce pelo time que está ganhando, compra a roupa que todos compram, usa o carro que todos admiram e vota somente em quem lidera as pesquisas (pois tem vergonha de perder) isto causaria um impacto brutal nos resultados.

Do mesmo modo as análises políticas presentes nos programas de rádio e TV, bem como nos jornais e revistas, deveriam ser acompanhadas obrigatoriamente de um grande aviso que “trata-se de uma opinião pessoal do analista e não reflete, necessariamente, a realidade dos fatos”.

Aqui no Brasil reclamamos muito, e com razão, de nossas urnas botocudas mas cometemos o grave erro de não exigirmos uma ação parlamentar contra a atuação descarada da grande mídia, talvez culpada em grau idêntico às urnas e ao próprio TSE, pelos descalabros que sofremos diariamente. Esta atuação no Congresso deve, obrigatoriamente, atingir de maneira contundente os institutos de pesquisa, seus divulgadores e, mesmo, os analistas que as avalizam e as tornam críveis.

Não temos o poder de tomarmos tais atitudes nos outros países mas, em nosso Brasil, falta-nos apenas testosterona e vergonha na cara.


Walter Biancardine



segunda-feira, 8 de julho de 2024

A MALDIÇÃO DO SUFIXO -


Não sou bolsonarista, não sou olavista e o mais próximo que poderia encaixar-me em um sufixo seria dizer-me direitista.

Tal morfema pressupõe uma adesão incondicional, cega, à pessoa referenciada, e não tenho - por índole e zelo filosófico - tal tendência, por maior que seja minha admiração por alguém.

Bolsonaro, por exemplo, é credor de todo meu respeito mas já exibiu atitudes com as quais discordei profundamente - e discordo até hoje. Ademais, se um belo dia Jair Messias resolvesse apoiar o aborto, certamente causaria não apenas o fim de minhas considerações como, igualmente, mereceria repúdio integral. Votei, voto e votarei em Jair, mas jamais o seguirei incondicionalmente.

Igualmente o professor e filósofo Olavo de Carvalho, meu mestre a quem devo o despertar de minha plenitude de consciência bem como a apresentação da filosofia como caminho para a busca da verdade: também com ele divirjo de maneira irreconciliável - até porque, infelizmente, meu mestre já faleceu - e poderia citar o breve exemplo de Olavo considerar o conservadorismo como ideologia e eu, não. 

Para mim, tal pensamento não reserva nenhuma "promessa de um mundo melhor" nem propõe mudanças na sociedade para que este fim seja atingido. Apenas luta para que o que é bom permaneça e o que é mau, seja extirpado - ou seja, é apenas o resultado de toda a evolução do homem em sociedade.

Quem reduz uma pessoa com o sufixo "ista" apenas tenta aprisioná-la em um personagem pré-definido, desumanizá-lo para exterminá-lo sem remorsos, tratá-lo como um boneco a ser jogado em um canto qualquer.

Não sou "ista", apesar de tudo o que falam. Tenho uma longa trajetória no desenvolvimento de meu pensamento - obviamente prenhe de influências diversas, que vão de Olavo a Tomás de Aquino e Platão, passando pelo Tião da Borracharia - mas a resultante desta salada sou eu, único e inclassificável, para melhor ou pior.

Os últimos 22300 acessos em meu blog não podem ser à toa.

"Yo soy yo y mis circunstáncias" (Ortega Y Gasset)


Walter Biancardine



A DEMÊNCIA SIMPLÓRIA DA DIREITA -


Postei ontem, no Telegram, um simples link para um artigo que fiz em minha página pessoal: “CPAC BRASIL, 2024 -É difícil fazer com que entendam que conservadorismo é uma coisa, bolsonarismo é outra. LEIA -”. 

Neste artigo critiquei o excesso de menções à Bolsonaro como o principal responsável pelo ressurgimento da direita no Brasil, feitas no CPAC, lembrando que o mesmo apenas concordou e adotou o longo e eficaz trabalho desenvolvido, durante anos, pelo professor e filósofo Olavo de Carvalho. Em nenhum momento neguei ou menosprezei a fabulosa divulgação do sentimento patriótico, do orgulho em ser brasileiro bem como, em boa dose, dos valores conservadores feitos por nosso ex-presidente.

Entretanto e considerando que o congresso é “conservador”, não um ato de campanha de Jair Messias, nisto baseei meus argumentos ou estaremos diante de um desvio de foco.

O resultado, confesso, surpreendeu-me.

Críticas como “Olavo atacou Bolsonaro muitas vezes. E quanto à sua crítica ao bolsonarismo, não vejo como culto à personalidade, vulgo populismo. Se Bolsonaro morre, o bolsonarismo continuará” (sic) são, em si, uma contradição: se Bolsonaro morre e o “bolsonarismo” continua, evidentemente é um culto à personalidade. Já a expressão “populismo” foi enfiada aí sabe-se lá Deus por qual razão – talvez o simples hábito de repetir discursos já ouvidos, a síndrome do “papagaio”, pois culto à personalidade é uma coisa e populismo, outra. Devo explicar o básico?

Não satisfeita, a pessoa prossegue: “Vejo o bolsonarismo como a expressão mais pura e fidedigna do Conservadorismo. Olavo idealizou, Bolsonaro incorporou e deu forma” (sic). O que dizer disso?

Podemos começar pelo fato de que Olavo jamais “idealizou” o conservadorismo. Olavo nunca foi um ideólogo e, mesmo que fosse, não poderia idealizar um pensamento político anterior, inclusive, ao seu nascimento. Bolsonaro “incorporou”? Correto, mas o “dar forma” que a mesma alega resumiu-se à timidez e poda (demissão) de seus auxiliares verdadeiramente conservadores, exigida e obtida pelo sistema. Bolsonaro fez um (eficaz) governo positivista, orientação básica de todo militar, bem como teve o mérito de escolher um excelente ministério.

Um outro participante, mais moderado, opinou: “São coisas diferentes que querem o mesmo objetivo, quem insiste em bolsonarismo até pejorativo é a imprensa comunista paga com nosso imposto mas no Brasil o bolsonarismo é maior que o conservadorismo porém os dois movimentos se completam” (sic).

Necessário concordar com o “bolsonarismo pejorativo” adotado pela imprensa – por sinal, a mesma autora do termo “bolsonarista”, que as pessoas abraçaram, sem atinarem que estariam cedendo ao personalismo – vide o antigo “getulismo” – que assola o Brasil. Por outro lado, se admitimos o “bolsonarismo” como um “movimento” tal como alegado, e que o mesmo seria até maior que o conservadorismo, então novamente entregamos nossos destinos nas mãos de um homem, não de um ideal – e esta é a receita correta para a diluição, inconsistência e fraqueza argumentativa de qualquer pretensão.

O primeiro argumentador, entretanto, não deu-se por convencido e alegou: “não existe e não existiria Conservadorismo no Brasil sem Bolsonaro” (sic). E completou: “esse evento não faria sentido algum sem Bolsonaro. O q TODOS os palestrantes estão fazendo, bolsonaristas ou não, é prestar homenagens e agradecimentos ao ÚNICO LÍDER DE DIREITA NO BRASIL” (sic).

A confusão mental e a ignorância renitente dos fatos é notória. Primeiro, insiste em Jair como o “inventor” do conservadorismo; segundo, alega que o CPAC não faria sentido sem Bolsonaro e considera exigir algo para Olavo uma espécie de atentado contra a liderança de Jair. Onde uma coisa se mistura com outra, poder intelectual e liderança política?

Acrescento: trata-se de um congresso conservador ou estamos diante de um ato de campanha? Alegar que sua presença seria fundamental é algo que concordo e apóio, mas talvez tenha havido um exagero na redação da argumentação – uma evidência da incapacidade brasileira em expressar-se em sua própria língua. Já apontar Jair Messias como o único líder de direita no Brasil, concordo e assino embaixo, pois é um fato. Apenas às “homenagens” cabe meu reparo – tema inclusive de meu artigo original – que julguei desiguais entre nosso ex-presidente e o falecido filósofo Olavo.

Mas tem mais: “pelo q o Walter nos diz , nem todo Conservador é um Bolsonarista. Muito bem. Sem um líder, os "Conservadores" da Direita estariam perdidos, por puro preciosismo linguístico e/ou ideológico. E só resulta em uma coisa: Divisão, Discórdia” (sic). E tal declaração cabe uma análise mais apurada.

Sim, nem todo conservador é bolsonarista – eu, inclusive. Votei, voto e votarei em Bolsonaro porque, mais que uma boa e honesta pessoa, ele é de fato o único líder da direita brasileira. Em segundo lugar, alegar que “sem um líder os conservadores estariam perdidos por preciosismo linguístico e ideológico” é, em si, um absurdo demonstrativo da incapacidade interpretativa de um texto. Em nenhum momento julguei Bolsonaro alguém que não deveria liderar a direita; para piorar, a pessoa alega que eu estaria buscando confusão por “preciosismo” linguístico e – pasmem – ideológico.

Não, não é “preciosismo” linguístico, é expressar-se corretamente – coisa que a pessoa queixosa evidentemente não sabe fazer. Em segundo lugar, o absurdo por ela condenado como “preciosismo ideológico” é justamente o que separa um pensamento político de outro. Ou, tal como Vladmir Putin deseja aparentar, teremos algum dia um “conservador socialista”?

E assim, entre inúmeros resmungos – pois mais que entender, as pessoas desejam ganhar a discussão – o debate encerrou-se, não sem antes chamarem-me de “invejoso” (?) e de “provocador da desunião da direita”.

É notório o apego aos argumentos de “desunião da direita” e da elevação de um único homem – e dane-se o que ele pensa – como “salvador da pátria”, um real fanatismo xiita e messiânico (nenhum trocadilho com o sobrenome de nosso Bolsonaro). Tais discursos são repetidos por verdadeiros papagaios que, sequer, refletem e procuram entender o significado daquilo que eles próprios dizem – apenas repetem slogans e hashtags, brandindo-os como espadas, cujo manejo desconhecem mas julgam eficazes e matadoras.

Por muito tempo debochamos da ignorância esquerdista, de sua dissonância cognitiva, da incapacidade de interpretar um texto ou, sequer, expressarem-se. Igualmente ríamos de seu aparente “adestramento”, pois apenas sabiam repetir o que lhes era “ensinado”, de modo quase irracional e canino.

Era uma época em que nos orgulhávamos de nossa cultura, norteada por um homem do calibre de Olavo de Carvalho, e das argumentações precisas e eficazes de nossos representantes, quando em debates com esquerdistas, os quais quase sempre fugiam do mesmo.

O sonho, entretanto, acabou.

Talvez a pior consequência da morte de Olavo de Carvalho tenha sido a orfandade intelectual em que a direita se encontra, sem um pai que a puxe pelas orelhas e aponte a direção certa onde lutar, como argumentar e quais os pontos onde bater e se defender.

Aos poucos vamos voltando ao que sempre fomos: apenas frutos de uma – vá lá – “educação” construtivista, vítimas da lobotomia paulofreiriana e assim, miséria das misérias, terminamos por sermos iguais em desgraça: direitistas e esquerdistas se equivalem, em suas ignorâncias monolíticas e impermeáveis.

Cada vez mais o futuro deste país revela-se desalentador, e temo que uma simples vitória conservadora, nas urnas, apenas piore a situação pois o brasileiro tem o péssimo hábito de com nada mais se preocupar, se a vitória está garantida.

Que o bom Deus seja piedoso diante de nossa ignorância.

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32)


Link para o artigo original: 

https://walterbiancardine.blogspot.com/2024/07/cpac-brasil-2024-conservadorismo-ou.html

Walter Biancardine





domingo, 7 de julho de 2024

FIM DO MUNDO: JÁ ACONTECEU E VOCÊ PERDEU -

A sociedade ocidental europeia é baseada na fé no Deus de Israel, na razão filosófica grega e no saber jurídico romano; estas são as três colunas de nossa sociedade e que vivem, hoje, em estado terminal pela força da insanidade hegeliana – tudo destruir, para que, do nada restante, resulte uma nova sociedade paradisíaca.

À isso soma-se as aspirações secretas de Karl Marx – divinizar-se, tornar-se o novo Deus em lugar do Jesus Cristo por ele, teoricamente, derrubado – e podemos entender os porquês de, em suas obras, aparecer de forma evidente a mesma estrutura de toda a narrativa bíblica, com o proletariado sendo o povo crente e Marx (suas ideias) o novo Messias, que abriria as portas – através da revolução – ao paraíso na terra.

Colocando à parte as vicissitudes dos últimos 150 anos, o fato é que o tripé básico da sociedade ocidental está ruindo fragorosamente. O Deus de Israel foi contaminado pelo vírus da Teologia da Libertação; a filosofia grega sofre diuturna contestação – sejamos claros: negação – pela absoluta maioria dos filósofos atuais, auxiliados pela mídia e cultura de massas; e mesmo os princípios basilares do Direito Romano sucumbem ao ativismo judicial, um fenômeno preocupante que já se espalha pelo mundo.

A grande mídia ocupou, garantida pela preguiça e omissão de pais e mães, o lugar de formadora de valores e conceitos nas crianças e jovens. Igualmente, o comodismo e fobia em pensar transformou jornalistas em sábios e profetas; oráculos reveladores das verdades sobre todos os temas – se um famoso tem ou não um bom caráter ou mesmo se Deus existe e qual é o sentido da vida, tudo o que se diga sobre isso – desde que publicados em jornais, revistas e programas de TV –  assim tomamos como a Verdade Revelada.

A resultante disso é chegarmos ao ponto de, ao menos no Brasil, sequer termos a capacidade de falar. A ignorância deliberada transformou homens pensantes em pitecantropus, incapazes sequer de expressarem suas necessidades básicas.

Nenhuma de nossas instituições funciona, estamos sempre aquém de uma justa remuneração, vivemos em aglomerados sujos e feios e tudo o que nos retrata foca apenas na luxúria, diversão ou na exaltação do crime que compensa.

O Brasil já alcançou o preconizado pela Escola de Frankfurt: tudo foi devidamente destruído. O apocalipse – o fim de nosso mundo – aconteceu em 1979 e ninguém, até hoje, percebeu.

Somos zumbis em um mundo de escombros.


Walter Biancardine



SOLIDÃO: PERSONAGEM BÍBLICO E FORÇA TRANSCENDENTE -


"A companhia de um ser de outra natureza não basta para romper a solidão. Podemos estar sós num jardim, embora nos cerquem plantas e animais.'" (Sto. Tomás de Aquino)

Minha primeira intenção era escrever sobre o livre arbítrio e o determinismo behaviorista mas, dada a complexidade do tema e meu estado pessoal na época, troquei o propósito pela composição de um livro sobre a influência das ideologias sobre os estilos arquitetônicos, modas, etc.

Não obtive grandes progressos em meu estado de espírito, e então resolvi aproveitar o mesmo para produzir uma outra obra, mais de acordo com minha realidade e, igualmente, algo que julgo extremamente útil para o crescimento pessoal: a solidão - personagem bíblico e força transcendente.

Escreveu Sir Roger Scruton: “Somos criaturas carentes, e nossa maior necessidade é o lar - o lugar onde estamos, onde encontramos proteção e amor. Alcançamos esse lar através de representações de nossos próprios pertences, não sozinhos, mas em conjunto com os outros. Todas as nossas tentativas de fazer com que o ambiente pareça certo - através da decoração, arranjos e criação - são tentativas de dar boas-vindas a nós mesmos e àqueles a quem amamos.

Se meus problemas tornaram-se maiores que eu, os usarei como escada para escapar do fosso em que me jogaram. 

O que seria de mim sem Sto. Tomás, que ilumina meu intelecto, e Sta. Therezinha do Menino Jesus (Therese de Lisieux), que me puxou pelas orelhas em direção á Deus?


Walter Biancardine



sábado, 6 de julho de 2024

CPAC BRASIL 2024 - CONSERVADORISMO OU BOLSONARISMO?


Estou vendo, neste momento, transmissão do CPAC (Conservative Political Action Conference) Brasil, direto de Camboriú, SC, e tristemente percebo a dificuldade de projetar na mente da platéia - e dos próprios conferencistas - qualquer ideia de um pensamento político, como o Conservadorismo.

Todos, literalmente todos os palestrantes recorrem à figura de Jair Bolsonaro - e não estou eximindo o mesmo de seus méritos - para expressar ideais e visões de governo que os reúne no evento, e chegam ao cúmulo da recorrência insistente, repetitiva, do termo "bolsonarismo" ou "bolsonarista" para se definirem, definirem os ideais ali expostos e tudo o mais que pretendem dizer.

A tal ponto esta infantil insistência é repetida que chega-se a colocar em dúvida se o referido congresso é conservador ou bolsonarista.

Ser conservador não é ser bolsonarista, e vice-versa! Este modo de plasmar as próprias ideias é rebaixar-se à mentalidade de torcida de futebol, resumindo o embate entre duas visões de mundo e governo ao personalismo, culto à personalidade - valendo lembrar que o citado culto é criação da esquerda - que estariam em antagonismo, uma luta simplificada, simplória, que deixa de abordar a verdadeira crise civilizacional que somente o reerguimento conservador pode combater e neutralizar.

Votei, voto e votarei em Jair Messias Bolsonaro - mas não sou "bolsonarista", sou conservador.

Reconheço toda a força de Bolsonaro na divulgação, através de suas falas e ações, de algo bastante próximo ao conservadorismo e que o mesmo esmiuçou pelo país, atingindo até as camadas mais humildes.

Mas quem exclamou "levanta, Lázaro!" para a direita, a ressuscitou e teve a coragem - e mérito - de dar o pontapé inicial na divulgação do conservadorismo foi Olavo de Carvalho, com seus vídeos profundamente embasados, seu insuperável estôfo intelectual, chegando mesmo ao ponto de fazer o Brasil ser, talvez, o único país do mundo onde torcedores de futebol louvam um filósofo, colocando faixas nas torcidas dos estádios, em sua homenagem.

Se até hoje a maioria das pessoas não entendeu os porquês de Olavo falar tanto palavrão em seus vídeos - a cruza perfeita de Sócrates com Dercy Gonçalves - será realmente difícil fazer com que entendam que conservadorismo é uma coisa, bolsonarismo é outra.


Walter Biancardine



A DISSONÂNCIA COGNITIVA DE TÁBATA AMARAL -

 


Segundo o filósofo Olavo de Carvalho, dissonância cognitiva é a incapacidade das pessoas em lidar com realidades que contrariem suas crenças ideológicas ou pressupostos prévios.

No vídeo acima, a pré candidata esquerdista à prefeitura de São Paulo, Tábata Amaral, rechaça com justa razão as acusações feitas por Pablo Marçal – teoricamente direitista, sobre o qual falaremos mais abaixo – de que a mesma teria abandonado seu pai, à beira da morte, para estudar em Harvard, nos Estados Unidos.

Em seu depoimento, Tábata revela que seu pai era usuário de drogas – crack – e que teve sua saúde deteriorada pelo vício, vindo a falecer por conta disso. Entretanto, segundo ela, no momento da morte de seu pai a pré candidata havia sido selecionada por Harvard mas estaria ainda no Brasil, e acompanhara seus momentos finais.

Não cabe aqui discutir sobre todo o sofrimento enfrentado pela moça e, muito menos, sua força de vontade em prosseguir seus planos, apesar da enorme dor de sua perda. O que é digno de nota seria a contradição – a dissonância cognitiva – da pré candidata em ter um pai morto pelas drogas e, mesmo assim, ter em sua plataforma política e ideológica a liberação das mesmas.

Até que ponto pode uma crença lesar os sentimentos mais profundos e íntimos de uma pessoa? A adesão à uma ideologia teria o poder de cegar seus adeptos, mesmo perante as evidências mais dolorosas de sua falibilidade? Ideologias podem levar ao fanatismo e, consequentemente, à lesões psíquicas? Ou trata-se de reles e abjeto oportunismo político que, em nome de sua ambição, passa por cima das dores e tristezas suas e de sua própria família?

Não conheço Tábata pessoalmente, não conheço seu caráter, não posso responder; a questão permanece em aberto, para mim.

Já quanto à Pablo Marçal, trata-se de um vulgar estelionatário eleitoral, oportunista camaleônico que traveste-se da cor ideológica que aparente ser mais conveniente – e lucrativa – para ele.

Não sabia que o Pablo Marçal já tinha sido membro de uma quadrilha de roubo a bancos mas o fato é que bandidos, mesmo recuperados, não podem administrar uma das maiores e mais ricas prefeituras do Brasil e que alguém como Tábata – que já passou pelo drama familiar das drogas e, mesmo assim, milita pela liberação delas – também em nada contribuirão em favor da cidade mais populosa do Brasil.

Tábata Amaral é uma menina inteligente, esforçada e não merecia sofrer as sequelas mentais de uma preferência ideológica equivocada, que a transformou em uma dissonância cognitiva de saias.

Já Marçal, não faz jus sequer às três ou quatro linhas que qualquer articulista dedique á ele.


Walter Biancardine



sexta-feira, 5 de julho de 2024

TOGA NOSTRA: A MÁFIA DE TOGA -

 


Vamos direto ao ponto, pois ainda encontro-me em estado pós operatório e não posso ser muito desenvolto na carpintaria literária. Os trechos abaixo foram extraídos de postagens do X-Twitter, hoje, e dão um perfeito panorama do que abordarei:

Sr. Sepúlveda (PH Vox) –Ministros do STF alertam para os riscos da IA e dizem que a mesma precisa ser "regulada". Curiosamente, Luís Roberto Barroso, vai à China buscar uma aproximação com o judiciário de uma repressora e sangrenta ditadura comunista, e avalia lançar um projeto de cooperação de IA”.

Nikolas Ferreira (Deputado) –No apagar das luzes o Senado quer aprovar a Lei da Inteligência Artificial (PL 2338/23). O que ninguém te contou é que o texto foi redigido pela filha do Gilmar Mendes e abre a porteira para a regulação das redes sociais por canetada do executivo, sem passar pelo congresso”.

Revista Veja e subsequente resposta de Gustavo Gayer (Deputado) O que significa o indiciamento de Bolsonaro e o que acontece agora” – Resposta Gayer: Significa que a PF virou oficialmente uma Gestapo a serviço do Moraes e estão desesperados para desgastar o líder político que leva milhões pras ruas”.

Fernanda Salles (Repórter) – “Lista de apoiadores de Bolsonaro indiciados pela Polícia Federal em razão da manifestação de 7 de setembro de 2021:

· Zé Trovão (deputado)

· Turibio Torres

· Bruno Henrique Semczeszm

· Alexandre Urbano Raitz Petersen

· Juliano da Silva Martins

· Luiz Antonio Mozzini

· Rolff Pfeiffer

· Sérgio Reis (cantor)

· Eduardo Oliveira Araújo

· Wellington Macedo de Souza (jornalista)

· Oswaldo Eustáquio (jornalista)

· Antonio Galvan

· Joedir Dilson do Lago

Vista Pátria (Canal Allan Frutuoso, vigiado pelo STF) - “Facções criminosas do Brasil podem ter chegado a Portugal, admite Lewandowski”.

Vamos começar da última citação para a primeira: sabemos, por experiência acumulada desde o início do século XX, que as esquerdas possuem estreita ligação com o crime organizado, sendo o mesmo uma de suas maiores fontes de financiamento bem como braço armado.

A fala de Lewandowski, mais que uma constatação hipócrita, é um ato falho de quem sabe muito bem o que se passa, inclusive seus detalhes mais sórdidos – não à toa o principal expoente da ditadura judiciária no Brasil, Alexandre de Moraes, tem reconhecida ligação (inclusive advogou para) com o PCC – Primeiro Comando, uma facção criminosa rival do CV – Comando Vermelho – representada agora na mais alta Corte de Justiça deste país pelo sr. Flávio Dino e seu conhecido boné “CPX”, que garantiu a subida de Lula aos morros cariocas sem nenhum susto.

O elo entre STF e facções criminosas pode ser facilmente aduzido, tal como a ligação umbilical das esquerdas com o mesmo – e que ninguém espere provas, pois “contratos” deste tipo jamais seriam registrados em cartório. Basta-nos, mais que suas declarações, observar seus atos.

A confissão de Lewandowski, mais que um cínico lamento é uma ameaça, pois adverte aos que sabem das coisas jamais noticiadas pela mídia amiga, que a cúpula do Judiciário faz parte da máfia. A toga agora exibe seu poder internacional, capaz de desgraçar não só um país de terceiro escalão feito o Brasil como, igualmente, interferir no jogo de poder europeu.

Investigadores sempre aconselham: “follow the money” (siga o dinheiro) mas, na presente situação, basta-nos seguir o poder: o PCC está na Europa. Quem é o notório expoente, ex-advogado desta facção criminosa? Alexandre de Moraes. Quem indicou Moraes para o STF? O ex-vice Presidente da Dilma Roussef, Michel Temer. Ora, Michel Temer quase foi (escapou por “forças maiores”) investigado quando descobriram que o porto de Santos – área há muito sob seu domínio político – era uma das principais rotas de saída de drogas do Brasil, rumo à Europa – e, casualmente, ambientalistas denunciaram recentemente o alto teor de contaminação de mariscos, bem como de toda a fauna marinha que habita nas imediações deste porto, por cocaína, tal a quantidade de pó jogada ao mar em situações de “dispensa de flagrante”.

Para arrematar, a declaração levandovisquiana foi feita em Portugal – uma das principais portas de entrada das drogas oriundas do Brasil e (que coincidência!) país que abriga os empreendimentos educacionais de outro Ministro do STF, Gilmar Mendes.

Vale notar que não estou acusando ninguém; apenas expressando meu pasmo – tal como Jung – diante de tamanhas “coincidências”. Vamos agora às demais postagens do X-Twitter, mencionadas neste artigo.

A repórter Fernanda Salles (que era do Terça Livre, canal fechado pelo STF) elaborou uma pequena lista de apoiadores de Bolsonaro, indiciados pela Polícia Federal no inquérito referente à farsa do 8 de janeiro. Esta lista deve ser analisada em conjunto com todos os demais presos políticos – categoria de detentos que nenhuma democracia possui – sequestrados, é o termo, pelo STF seja pela farsa do “golpe”, ou pelo verdadeiro “Plano Cohen” (busquem no Google e vejam o que Getúlio Vargas fez com um mero estudo de um partido político, nos anos 30) em que se transformou o Inquérito das Fake News, uma ação persecutória penal que trata de algo sequer figurante como crime, em nossos códigos.

O objetivo é um só: cercar e prender Bolsonaro – e aqui vale lembrar que pouco importa se você o apoia ou não, trata-se de algo muito maior, que é a atuação ilegal e ditatorial de tal persecução ilegítima e de cunho pessoal, verdadeiro estupro à Constituição Federal e desmoralizante de todo o Poder Judiciário.

Cercam o ex-Presidente com a questão das supostas jóias; acuam-no igualmente com os atos – fraudulentos, posto que os vândalos eram notórios e identificados esquerdistas – do infame 8 de janeiro e, para não deixar de ser, adesivam o mesmo – bem como sua família – como integrante de suposto “gabinete do ódio”, vinculando-o ao sórdido “Plano Cohen” chamado “Inquérito das Fake News”.

Atingisse toda esta fúria, pessoal do STF e do declaradamente vingativo Lula, somente à Bolsonaro e poderíamos talvez “gritar mais baixo” mas o fato é que atinge quem nada tem a ver – como o sequestrado e comprovadamente inocente (via certidões do Aeroporto de Nova York) Filipe G. Martins – com objetivos claros e sinistros: impor o medo na população, fazê-la recusar comparecer em manifestações, temendo outra ação pérfida das Forças Armadas, bem como instaurar o silêncio geral por todo o Brasil, principalmente por parte das poucas e ainda atuantes vozes de protesto na internet.

Tal análise nos conduz diretamente à postagem da Revista Veja – e subsequente resposta do Deputado Gustavo Gayer – na qual o outrora glorioso periódico especula sobre “o quê acontecerá após o indiciamento de Bolsonaro”.

O Deputado responde com a clareza dos puros, afirmando que “a PF virou oficialmente uma Gestapo a serviço do Moraes”, refletindo o desespero persecutório contra o único líder de oposição à narco-juristocracia reinante, atualmente. E poderíamos acrescentar que, se a Polícia Federal rebaixa-se à ser o braço armado legal – Guarda Pretoriana – dos narco-ditadores de togas, o PCC e CV são seus notórios “braços armados informais” (ilegais, para resolver as coisas em última instância e como poderoso instrumento de chantagem terrorista).

A sede de poder e seu consequente pânico de perdê-lo, entretanto, não conhecem limites e, mesmo cercados por armas (legais e ilegais), poder (legal e ilegal) e a força das leis (deles próprios, agora vigentes), os assustadiços narco-jurisditadores procuram garantir a cumplicidade da grande mídia mundial ao manipularem e controlarem a internet, as redes sociais e até mesmo – pasmem – a inteligência artificial. Vale rever a postagem do sempre excelente – e ponderado – Sr. Sepúlveda, no X-Twitter:

Ministros do STF alertam para os riscos da IA e dizem que a mesma precisa ser "regulada". Curiosamente, Luís Roberto Barroso, vai à China buscar uma aproximação com o judiciário de uma repressora e sangrenta ditadura comunista, e avalia lançar um projeto de cooperação de IA”.

Vale lembrar o que eu mesmo escrevi, como arremedo à publicação de meu amigo: “‘Regular" a internet, "regular" as redes sociais e, agora, "regular" a Inteligência artificial. Quem "regula" os "reguladores"? Quem "regula" o STF?

Enfiando o dedo diretamente na ferida: o dinheiro chinês e a inteligência russa (antiga KGB) alimentam diretamente o Foro de São Paulo, associação ilícita que abriga não somente partidos de esquerda mas, igualmente, traficantes internacionais de drogas e grupos terroristas como as FARC’s, transformadas em “partido político” por interferência direta de Lula da Silva. Ou seja, China e Rússia financiam o tráfico de drogas latinoamericano, prestando assistência financeira, logística e política – não é outra a razão de Luís Roberto Barroso buscar a China como “parceira” para a tentativa de “domar” a internet e as redes sociais, rebeldes e livres demais para seus gostos.

Por “coincidência”, o Deputado Nikolas Ferreira denuncia: “No apagar das luzes o Senado quer aprovar a Lei da Inteligência Artificial (PL 2338/23). O que ninguém te contou é que o texto foi redigido pela filha do Gilmar Mendes e abre a porteira para a regulação das redes sociais por canetada do executivo, sem passar pelo congresso”.

Por óbvio que o corajoso Nikolas sabe de tudo e, de modo previdente, restringe sua denúncia apenas ao fato – por si já escandaloso – de ser a filha do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, quem está redigindo as “trancas” que nos acorrentarão às mais sórdidas prisões – bocas, vozes e opiniões encarceradas.

O STF associou-se ao PCC e CV, via Alexandre de Moraes e Flávio Dino. O primeiro, Alexandre, foi posto por Michel Temer – controlador da maior porta de saída de drogas da América Latina, o Porto de Santos – para abrir caminho e o segundo, Dino, por Lula para aproximar o Foro de São Paulo (e seus traficantes e terroristas) da mais alta Corte de Justiça do país. Por sua vez, esta última “aproximação” estabelece, definitivamente, o controle russo-chinês sobre as ações da mais perversa ditadura já implantada em solo brasileiro.

Este é o resumo da ópera, cujo libreto nos impele a dar a situação como insolúvel e emigrar para Marte, via Space X do Elon Musk – porque fugir para a Europa ou qualquer outro país de nada vale: o poder da droga, aquele baseadozinho que seu filho fuma na faculdade, já dominou tudo.

Somos uma civilização em estado terminal.



Walter Biancardine




quinta-feira, 4 de julho de 2024

A TÍSICA MORAL DA LITERATURA BRASILEIRA -


Digno de nota é o fato de não dispormos de um só herói, no sentido específico do termo, em toda a gama de publicações ficcionais no Brasil.

Quando digo "herói" refiro-me á coragem física, moral, intelectual ou mesmo espiritual - não há, pois em nome de um tacanho "realismo", a falta de caráter é a tônica dominante em tais personagens; uma trilha quiçá aberta pelo indecente "Macunaíma", cuja aclamação reflete, à perfeição, todo o valor dado por nossa "elite" cultural à falta de vergonha na cara.

Sabemos que nada se dá na vida real sem que, antes, tenha sido publicado em algum livro - fato por demais evidente e de acontecimentos sobejamente coincidentes com a literatura. Cabe, então, a pergunta: onde a nata literária nacional pretende levar o Brasil? Que espécie de exemplos creem os mesmos serem capazes de oferecer ao público, através de seus personagens ditos "heróicos"?

Por inúmeras vezes afirmei ser o "brasileiro típico" uma cruza perfeita entre Jeca Tatú e Macunaíma, e infelizmente ainda não tive a oportunidade de perceber que estava errado.

Que Shakespeare ocupe as mãos - e as cabeças - de nossos filhos.


Walter Biancardine



TAMBÉM EXISTEM BOAS SURPRESAS -

 


Recém operado e ainda me abstendo de artigos mais longos, não posso evitar de – fugindo de meus temas habituais – comentar sobre uma surpresa que tive ontem, a qual produziu um efeito tão profundo que, sequer, tenho o mesmo já devidamente digerido e analisado; estas linhas são uma espécie de “primeiras impressões”.

Buscava eu uma moça nas redes sociais, a qual deveria fazer um contato profissional. Coincidentemente, ela é homônima de uma antiga colega de meus tempos de escola ginasial e, quando me deparei com seu perfil, não resisti e enviei uma mensagem.

Para minha felicidade ela respondeu e tivemos uma boa e agradável conversa, relembramos de pessoas e fatos há muito empoeirados em minhas memórias e isso rendeu-me uma enorme alegria – alegria desproporcionalmente grande a de um bom reencontro. E foi justamente sobre esta desproporção que pus-me a pensar, ao fim da noite.

Aqueles 12 ou 13 heroicos seguidores, que acompanham meus artigos, sabem de tudo o que sucedeu comigo nos últimos anos. Sabem do isolamento involuntário no qual vivo, sabem da perda de minhas raízes, referências e até mesmo das pessoas que não mais vejo ou tenho contato, familiares inclusive. 

Neste cotidiano de náufrago em que vivo, essa perda total de tudo se faz poderosamente presente em cada passo que dou, chegando ao ponto de render-me um livro – Pretérito Perfeito – onde, através de uma ficção semi-autobiográfica, busquei exorcizar e virar de vez a página desta vida passada. Igualmente, esta perda é objeto de uma atual investigação filosófica que faço, na qual entendo a solidão como personagem bíblico (os desertos dos profetas) de profundo significado e, igualmente, necessária ferramenta para nosso despertar transcendente e auto consciente, tese que pretendo publicar até o final do ano.

Neste estado de coisas, chega-me a feliz descoberta de uma pessoa pertencente a uma época passada e que trouxe de volta tudo o que, um dia, eu fui – quase uma lembrança material de mim mesmo, de minhas origens, de tudo aquilo que eu próprio já duvidava ter realmente sido um dia minha vida, enquadrando este passado quase como uma neurose, uma mentira na qual eu teimava acreditar.

Como descrever a exclamação de surpresa “mas então tudo aquilo que eu fui era verdade”? Ou mesmo “as histórias que lembro aconteceram, de fato”?

É preciso uma desconexão muito grande para chegar a esse ponto. Não vou aqui aprofundar o mérito desta desconexão, involuntária, mas certamente nem eu mesmo fazia ideia da extensão, da gravidade de tal estado mental em que me encontrava.

Devo gratidão a esta pessoa pelo reencontro proporcionado – com ela e comigo mesmo – e, igualmente, pela gentileza do trato, fazendo-me sentir novamente como um igual, um ser humano como todos os demais, ocupando um lugar no espaço, tendo um passado real e existindo de fato.

Não há como retribuir tal benesse.



Walter Biancardine




quarta-feira, 3 de julho de 2024

O BÁSICO -

A conhecidíssima - ao menos para os de minha geração - socialite Carmem Mayrink Veiga, célebre por sua elegância reconhecida internacionalmente (e particularmente acrescento, por seu "ar" de Audrey Hepburn, que sempre me seduziu), adotava o estranho hábito de marcar seus jantares em horários inusitados: 20:35h, 19:55h, 20:17h e por aí vai.

Esclarecia ela que tal método devia-se à notória - e deseducada - "tradição" brasileira da mais descarada falta de pontualidade: 

" - quando as pessoas veem um horário tão estranho, tendem a cumpri-lo, ao menos por aguardarem alguma surpresa", alegava. 

E funcionava!

Ora, somos incapazes de respeitar o tempo alheio sendo pontuais, mas exigimos toda correção e seriedade de nossos políticos.

Reclamamos da demora no atendimento dos serviços públicos, mas lá comparecemos de bermudas, chinelos de dedo e na hora em que bem entendemos.

Ficamos furiosos com um Alexandre de Moraes exibindo, do alto de sua vaidade, os prisioneiros políticos de nossa ditadura - tal qual fosse (para usar uma expressão mayrinkiana) um "tableau de chasse" - mas sequer somos capazes de respeitar o básico das regras de um convívio social civilizado.

Como condenar políticos ladrões, se procuramos nos livrar da multa de estacionamento oferecendo "um café" para o guarda?

Como temos o atrevimento de exigir respeito, se nada respeitamos?


Walter Biancardine



terça-feira, 2 de julho de 2024

DEMOCRACIA, LIBERDADE E FELICIDADE NÃO SÃO OBJETIVOS -

 


É recorrente a estranheza de quem ouve ou lê tal sentença, a qual reflete meu pensamento e que, inclusive, expressei em meu romance “Pretérito Perfeito”. Assim, por questões de brevidade começarei comentando a liberdade, reproduzindo o que recentemente escrevi em outro artigo.

A liberdade não é um direito: ela é uma condição natural, inerente à existência do ser humano, que não pode ser negociada, condicionada ou concedida a ninguém, seja através da adesão a ideologias, crenças ou filosofias de vida. O homem é um animal gregário, seu DNA o impele à vida em sociedade tal qual formigas, elefantes ou macacos; enquanto ajustado ao meio social circundante, tal liberdade será desfrutada de forma natural e inquestionável.”

Desde modo, a liberdade é uma condição que nos foi dada por Deus e cuja única possibilidade de privação será o comportamento prejudicial de um indivíduo ao grupo social. Esta pena, presente na Palavra Revelada, reflete-se na criação humana das leis que, igualmente, preveem o afastamento do delinquente do convívio em sociedade.

Declarar que “queremos liberdade” é apenas um slogan pueril, palavra de ordem política ou reflete a absoluta falta de consciência de si mesmo, de sua real presença ontológica e da ciência que esta mesma liberdade é inversamente proporcional aos nossos afetos, necessidades de sobrevivência e, até mesmo, bens. Tudo se resume a uma questão de ter a coragem de escolher.

Já a democracia deve ser analisada sob ótica bastante semelhante à felicidade, pois ambas – de maneira alguma – podem ser encaradas como “objetivo”, sendo as mesmas a evidente consequência de nosso viver, dos atos ou escolhas por nós praticados ao longo da vida.

Quem encara qualquer um dos dois conceitos acima como objetivo está, simplesmente, rebaixando de forma materialista e condicional algo que, teoricamente, só seria alcançado SE tal coisa for comprada, feita ou concedida: “Só serei feliz se comprar aquela casa” ou “conseguir a promoção no trabalho é a única maneira de ser feliz”, ou ainda “preciso me casar com ela, só assim serei feliz”.

Para piorar, terceiriza a estranhos – no caso da democracia, especificamente – a possibilidade de vivê-la, pois crê ser responsabilidade de outrem (parlamentares, juízes, etc.) algo que está, evidentemente, em suas mãos; o esquecimento de suas escolhas ao votar, eleger ou rejeitar alguém em cujas mãos a pessoa entrega esta possibilidade – viver uma democracia – reflete a fuga completa de suas responsabilidades sociais.

Ambos – democracia e felicidade – são consequências diretas do que fazemos ao longo da vida. Se escolhemos representantes e governantes com prudência e sabedoria, o resultado ao longo do tempo nos trará, inevitavelmente, a democracia.

Igualmente, se tomamos decisões igualmente sábias para nossas vidas – um bom e honesto trabalho, onde possamos expressar aquilo ao qual somos vocacionados; a escolha de uma boa esposa ou marido, cientes de que naturalmente cederemos (com amor) boa parte de nossa liberdade – definirão uma trajetória a qual, um belo dia e sentado à sua varanda com um café nas mãos, você refletirá e certamente concluirá: - “Sim, eu sou feliz”.

A preguiça em pensar, preconceitos ou mesmo opiniões de terceiros, travestidas de “experiência de vida” nos trazem mais fracassos que a simples má sorte – e de nada adiantará culpar-se; você errou o alvo.


Walter Biancardine





INTROMISSÃO INCONSTITUCIONAL -


Na vida diária conseguimos encontrar as mais inesperadas formas de consciência de nossa real situação política, tais como nos deparamos com um boiadeiro (para mim, algo cotidiano) perfeitamente ciente dos males, inconveniências e intromissões do STF não apenas em nossas vidas ou, igualmente, sofremos a tristeza de vermos pessoas com o dito “terceiro grau” – médicos, advogados, engenheiros – a resumirem suas críticas em simples tabula rasa, classificando tudo e todos como “ladrões”.

Sei que tenho leitores entre ambas categorias – boiadeiros ou advogados – e, para os eventuais desinformados, resolvi exemplificar os atos abusivos desta citada Corte através de um exemplo mais palpável e facilmente compreensível.

Suponha ser você um cidadão casado, com filhos, e que atravessa uma crise conjugal com sua mulher. Ambos gastam-se durante a semana em seus trabalhos, veem-se somente à noite e, compreensivelmente, não usarão tal breve período de descanso – preparativo para o dia seguinte, duro e difícil – discutindo os problemas de seu casamento.

Pois bem: eis que chega o fim de semana e, obrigações com as crianças à parte, o casal precisa se haver com a visita constante, repetitiva e infalível de um amigo em comum, que os busca alegando atravessar período difícil e solitário; tudo o que deseja é espairecer e encontrar com quem conversar.

Esta situação permanece durante semanas, meses, e você e sua mulher jamais encontram tempo aos sábados e domingos – dias mais folgados – para resolverem seus questionamentos, já que devem atenção ao visitante. Ora, chega um dia em que você, já farto, chama este amigo e o diz atravessar, igualmente, um momento ruim com sua esposa e que precisa resolver isso. E qual é a reação de tal amigo? Concorda, aparenta compreender e até mesmo, eventualmente, oferece alguns conselhos – mas no fim de semana seguinte lá está ele novamente, a empurrar suas carências por sobre a sobrevivência do casal!

Assim age o STF diante do Congresso Nacional, diante do Poder Executivo – notadamente no governo Bolsonaro – e no trato com a Constituição Federal, com a diferença que a Corte Suprema não se vale de seus próprios problemas para impor sua intromissão perante o Congresso ou seus rasgos à Constituição; pelo contrário, vale-se dos problemas do Parlamento para – alegando “ajudar” – intrometer-se e sobrepujar, com a força da Lei, as deliberações desta casa legislativa.

Ele é o “amigo inconveniente”, que nos permite até duvidar se o mesmo busca apenas lenitivo para suas feridas ou visa, no fundo, o fim do casal – ou Congresso, para ficar bem claro.

É incompreensível que muitas pessoas ainda não enxerguem haver o STF fechado e inutilizado o Congresso, somente grave desinformação ou a deliberação de alienar-se poderá explicar tal ignorância, que não ocorreria se a situação fosse em seu casamento, tal qual o exemplo acima.

Quase sou forçado a crer que a verdade esteja no intento de alienarem-se, e baseio esta conclusão em um testemunho prestado pelo conhecido professor Bellei, postado em seu X-Twitter, no qual expressa seu pasmo ao perceber que, caminhando pelas ruas de seu bairro à noite, tudo o que ouve vindo das casas vizinhas são as vinhetas da Rede Globo – a mesma Rede Globo onipresente nas TV’s de qualquer restaurante de comida à quilo que você procure para almoçar.

São décadas de adestramento comportamental, décadas de hipnose gramscista, e será um trabalho longo e árduo “desadestrar” toda uma população.

Mas toda longa caminhada sempre começa com um humilde e pequeno passo.

Andemos, pois.



Walter Biancardine