terça-feira, 18 de junho de 2024

VALORES VERDADEIROS: FARINHA POUCA, MEU PIRÃO PRIMEIRO -


É fora de dúvidas que nossas conveniências pessoais sempre estão acima de quaisquer aspirações ideológicas; antes de buscarmos um mundo melhor, sempre cuidamos de garantir um “eu” satisfeito, seguro e confortável.

Mesmo o pensamento esquerdista – talvez o movimento mais avassalador registrado na história da sociedade – não conseguiria tamanha adesão e fidelidade sem o auxílio de dois poderosos fatores, extra-ideológicos mas garantidores da manutenção de seu contingente: as comezinhas esperanças (e promessas, ainda que veladas) de, uma vez “tomado o poder”, ganharem cargos no aparato estatal e a lisérgica adicção a filosofias e pensamentos que os desloquem e protejam da realidade, negando esta última com a convicção de assim procederem por “lógica racional e acadêmica”. Vamos traduzir e dissecar tais afirmações:

Em todo o mundo o ditado “quem tem padrinho não morre pagão” é uma realidade inegável, e isso se traduz no fato de que demonstrar engajamento e fidelidade, perante um grupo de aspirantes ao poder, certamente tornará este militante alguém digno de ocupar cargos em futuros governos revolucionários. Por óbvio que tal pensamento é universal e mesmo candidatos a prefeituras de diminutas cidades do interior valem-se de tal estratagema, diante de seus cabos eleitorais – os mais pragmáticos conhecem o teatro: um finge que promete, outro finge que acredita. Mas a esperança de obter seja o que for, sempre prevalece.

À parte o fato que governos esquerdistas sempre descambam para ditaduras – fazendo assim que o militante disponha de poderes arbitrários – tal é a dinâmica na luta individual pela sobrevivência, principalmente se temperada por ambições de alcançar alguma superioridade perante vizinhos: honestidade e retidão jamais foram a tônica a impulsionar tais “idealistas”. Assim, neste ponto, militantes de esquerda em nada se diferem de quaisquer outros ativistas políticos.

Vamos, então, analisar o segundo fator exposto acima: o mergulho de indivíduos e grupos em filosofias e pensamentos de fuga, que os coloquem à parte da realidade – algumas vezes até postando-se “superiores” – e seu habitat em um mundo próprio, dele e de seu pequeno círculo, em um cotidiano esquizofrênico e auto protetor.

A eficácia do amparo filosófico e até psicanalítico – eis que terapeutas são, em peso, esquerdistas – foi por demais comprovada nos anos 60 e 70. Obviamente o poderoso auxílio massificante da grande mídia, da indústria cinematográfica e das artes foi, igualmente, fundamental.

Vivemos, entretanto, em uma nova fase pós queda do muro de Berlim, com o pseudo “fim” do comunismo, e tal fato delineou a nova estratégia de arregimentar adeptos em um meio social que, nada mais tendo a perder e elevados em importância pela grande mídia, seriam fiéis eternamente: o lumpemproletariado.

Tal tipo de seres humanos – brindados com pomposo nome a substituir sua condição degradante – seriam os alvos perfeitos para a nova e poderosa droga mental, elaborada pela esquerda: o refúgio em um mundo próprio, de fantasias, proporcionado por intelectuais, professores e “influencers” digitais. E assim, em todos os meios de comunicação bem como nas artes, o culto à marginalidade, ao feio, ao disforme e mesmo à loucura pura e simples – palavra essa interditada na grande mídia, cujo conceito a psicanálise discretamente aboliu – ganhou espaço e tais delinquentes e desajustados tornaram-se ícones, no pesadelo felliniano dos dias atuais.

A difusão nos meios acadêmicos da marginalidade filosófica de Epicuro e seus jardins, onde desajustados e covardes se uniam em um mundo de fantasias impenetrável ao racional, permeou das universidades ao povão, através da grande mídia. Frases e conceitos como “você pode ser tudo o que quiser, basta querer” (gerações inteiras cresceram ouvindo isto, através da apresentadora Xuxa Meneghel em seu programa infantil) ou a abolição dos parâmetros de beleza – tanto pessoais quanto artísticos, arquitetônicos e de utensílios – coroavam a repetição hipnótica de músicas cujas letras resumem-se à palavrões, nomes de drogas ou mitificação do crime, sempre marcadas por pesada percussão ativadora de glândulas e sem nenhum traço de melodia, evitando-se de qualquer maneira a mais remota alusão ao que transcende.

O universo de ladrões, traficantes, prostitutas, degenerados, drogados, sociopatas, tarados e mesmo pobres pessoas loucas e disformes foi alçado à posição de “donos da verdade e da sabedoria”, impondo seus valores – ou a falta deles – à grande massa e criando, assim, gerações de zumbis incapazes de qualquer discernimento. No caso do Brasil e seu ridículo sistema de ensino, que resume-se a dar merenda e aprovar automaticamente qualquer aluno, independente de notas, tal estratégia obteve sucesso ainda maior e atingiu todas as classes sociais – mesmo os famosos “filhinhos de papais ricos” foram contaminados, adoeceram da demência preconizada por professores e grande mídia e hoje sonham, como maior ambição, morar em uma favela. No que diz respeito à esquerda, o ideal frankfurtiano da “destruição total de tudo” foi obtido com sucesso, ao menos nas terras tupiniquins.

Vamos agora fazer a mesma análise com aquele amontoado desconexo e confuso, que chamamos de “direita”.

Desnecessário reapresentar a miséria descrita nos primeiros parágrafos, onde militantes de esquerda e simpatizantes da direita se equivalem, disfarçando suas cobiças e ambições por trás de supostos ideais. Frisei a palavra “simpatizantes” para a direita pelo simples fato de tal pensamento não representar uma ideologia e, sim, apenas o resultado da evolução do homem em sociedade, ao longo dos milênios. Assim, a direita não possui livros como “Das Kapital” (Karl Marx), “Mein Kampf” (Adolf Hitler) ou quaisquer outras vitrines expositoras de um mundo melhor, o paraíso na terra vendido aos seus adeptos. E, se não há um “manual” bem como “mandamentos”, então não haverão “militantes” e, muito menos, fanáticos fundamentalistas.

Vale entretanto analisar a guinada, aparentemente mundial, à direita começando nos EUA com Donald Trump, seguido pelo Brasil com Bolsonaro, Argentina com Millei e, agora e surpreendentemente, a Europa (União Européia) capitaneada pela italiana Giorgia Meloni – deliciosamente sedutora em sua liderança, se me permitem o arroubo.

A bem da verdade os Estados Unidos da América posicionam-se como caso à parte, uma vez que podemos detectar um verdadeiro zelo dos eleitores em manter e preservar seus valores de classe média. Vale dizer que este conceito social de “classe média”, embora não criado pelos EUA, teve em seu território a maior massificação já vista em uma sociedade, adquirindo o papel de verdadeira e poderosa força motriz da nação e pouco disposta a abrir mão de suas conquistas em prol de “um mundo melhor” – eles já vivem em “um mundo melhor” e, por isso, conseguem detectar as artimanhas esquerdistas à milhas de distância.

Embora os países europeus igualmente possuam maioria populacional pertencente a citada classe, a mesma não exerce tão claramente seu poder motor da economia e, pior, um ambiente muito mais “acadêmico” que o norte americano os impele, com a força das justificativas intelectuais, a caírem nas tentações oferecidas pela esquerda e seu ninho universitário.

Mas se os desgostos impostos por economias decadentes não tiveram força suficiente para animar os “acadêmicos” europeus, os horrores da imigração muçulmana – verdadeira invasão de um país por outro, em contingente jamais visto – está, forçosamente, fazendo com que abram os olhos.

Podemos observar uma coordenação explícita nestes movimentos migratórios ao redor do mundo: líderes cripto-comunistas fazem vistas grossas – ou alegam razões humanitárias – e relaxam com suas fronteiras. Assim está sendo nos EUA, acolhendo milhares de latinos – maioria masculina e com antecedentes criminais – bem como em todos os países, outrora prósperos, da Comunidade Europeia, inundado por verdadeiro tsunami islâmico o qual impõe seus hábitos, leis, costumes e até idioma. Tal como nos EUA, estes muçulmanos são, em maioria absoluta, homens e os protagonistas únicos da onda de crimes (esfaqueamentos, assaltos, estupros) que se abateu em todas estas nações.

Somente a ameaça clara às suas vidas e de seus familiares impeliu os europeus à reação, fazendo com que a farsa da instituição “União Europeia” fosse percebida, verdadeiro conto do vigário que retirou a soberania dos países e entregou o poder à uma cúpula comuno-globalista que visa, apenas, o tão sonhado “governo único global”, juntamente com a ONU.

No Brasil, infelizmente, toda a repulsa ao PT deve-se ao fato de ter sido explicitado – através da Operação Lava Jato – que o mesmo não passava de uma quadrilha de ladrões. O brasileiro médio jamais compreendeu toda a ameaça representada pelo Foro de São Paulo e, muito menos, faz ideia do poder destrutivo contra seus valores e costumes que invade sua própria casa, todos os dias, pela TV e pelo rádio.

Se há algo em comum entre todos os exemplos citados acima é o fato da grande massa do povo só reagir – ainda que pesadamente dopado pela grande mídia – quando suas próprias vidas estão em jogo, seja pelo crime ou por uma miséria tão atroz que os expulse de suas próprias casas.

O século XX foi pesadamente dominado pela grande mídia, que sufocou toda e qualquer lembrança de valores, princípios ou ideais. Certamente ainda levará muito tempo – e sempre capitaneados pela internet – até que todos nós, pobres mortais comuns, nos vejamos defendendo valores e não, desesperados, a própria vida.

Se não calarem as redes sociais, este dia chegará.



Walter Biancardine





domingo, 16 de junho de 2024

ESTADO INTERVENTOR, O ABORTO E A PSIQUE HUMANA -

 


No livro “Introdução à Ciência do Direito”, o jurista Miguel Reale cunhou a expressão “jurisfação”, que seria o ato de tornar tudo em algo jurídico, e citava “a progressiva jurisfação da vida social”, onde as relações humanas se invalidavam perante as relações legais.

O filósofo Olavo de Carvalho – fonte deste artigo – considera tal processo avassalador, destituído de quaisquer limites, sendo a regulação legal a única verdade aceita. Ora, diz Olavo que um dos elementos fundamentais para a existência de uma democracia é um Poder Legislativo atuante e soberano perante o Executivo e Judiciário (visão a qual só concordo se o sistema de governo for parlamentarista). A instituição citada acima, entretanto, é composta por quase seiscentos eleitos, que gastam seus dias a elaborar novas leis e regulamentações. E quantas são feitas, ao longo de um ano? Podemos estimar algo em torno de vinte a trinta mil – aprovadas ou não.

Tais leis vão, progressivamente, regulamentando coisas que anteriormente não eram regulamentadas, fazendo com que a onipresença do Estado sobre cada detalhe de nossas vidas torne-se cada vez maior e chegando às raias do paroxismo em determinações como “a proibição do uso do saleiro em mesas de restaurantes”, objetivando “proteger o povo dos males da hipertensão”.

O fato é que a realidade em que vivemos é a do Estado cada vez mais dominante, regulador, interventor e travestindo este abuso em “garantias de nossos direitos e liberdades”, expressão muito cara às facções progressistas no Congresso.

O tempo traz o costume e terminamos por nos habituar ao fato real sempre substituído pela lei, não mais nos importando e chegando ao ponto de não sermos legalmente “ninguém”, se um documento oficial não provar o contrário. Ora, haverá maior prova de existência além de sua própria presença em algum lugar?

Em um romance de Luigi Pirandello, “O Falecido Matias Pascal”, o personagem-título cansa-se de sua vida, abandona tudo e desaparece. Tempos depois, porém, a saudade o vence e Matias retorna à sua cidade para descobrir, chocado, que era considerado morto – inclusive com o reconhecimento de sua antiga mulher. E não havia retorno, ele era agora considerado oficialmente “falecido” e não teria como reverter a situação.

Assim, o personagem descobre que os documentos que o declaravam morto continham uma realidade superior à de sua própria presença e existência. Ele era um “nada”, pois o mundo enxergava apenas papéis e carimbos.

Esta é a nossa triste realidade cotidiana, a “jurisfação” percebida por Miguel Reale: como é possível que o Estado diga a mim quem eu sou, assim me defina e imponha tal condição, independente de fatos palpáveis e notórios? Como é admissível que o Estado tutele cada ato de minha vida, como se eu fosse um incapaz mental?

Se a identidade oficial prevalece sobre os dados da experiência direta (eu, aqui), somos apenas quem a sociedade – o Estado – diz que somos, através de um documento. Assim, hoje não se concebe que um ser humano seja algo de “per se”, por si mesmo, sem o devido reconhecimento estatal. E este é o argumento básico, fundamental do movimento abortista e daqueles que o defendem: só somos humanos após o Estado nos conceder tal condição. Cabe, portanto, perguntar como tais pessoas e entidades consideram um bebê, ainda na barriga da mãe – alguém que ainda não possui “existência legal” devidamente reconhecida pelo Estado (e cautelosamente deixado na área de sombra pela ciência)? Eles mesmos respondem: um “feto”.

Ideia falsa, monstruosa porém irresistível, para eles.

Se vivemos todos em uma sociedade manietada sob tais conceitos, não há como argumentar contra abortistas pelo fato de falarmos sobre seres humanos e eles, de “fetos”. São pessoas que não enxergam suas próprias identidades, em si mesmos, mas tão somente naquilo que a sociedade o definiu. Se alguém crê que sua personalidade e identidade são concessões estatais, por que raios achará que um “feto” – que não possui ainda nada disso – será uma pessoa como ele?

Não há argumentos que convençam um abortista, pois é preciso mudar a percepção que tem de si mesmo – e isto é fruto da propagação endêmica das teses epicuristas nos anos 80, denunciada por Olavo de Carvalho em seu livro “O Jardim das Aflições”.

O ponto focal deste epicurismo, semeado pelo sinistro José Américo Motta Peçanha em suas palestras, é a sedutora proposta de que não devemos tentar entender ou nos adaptar à realidade mas, sim, criar a nossa própria e nela nos refugiarmos – uma esquizofrenia filosófica, mas confortável fuga que abriga covardes acadêmicos e ideológicos até os dias de hoje. Não à toa, 95% das mulheres favoráveis ao aborto possuem nível universitário e são, portanto, já devidamente doutrinadas: seus pobres cérebros sofreram a “laqueadura” progressista.

Diante de tal estado de coisas, não há como negar que estamos diante de uma avassaladora realidade, a qual só poderá ser modificada à custa de muito tempo, esforços e total correção em nosso sistema educacional.

Um Estado interventor sempre danifica a psique humana; os efeitos em nosso país ainda serão sentidos e sofridos por décadas.



Walter Biancardine




sábado, 15 de junho de 2024

UM PEQUENO PASSO PARA O HOMEM, MAS UM GRANDE PASSO PARA MIM -


Não sei se, por efeito da idade ou do aprendizado imposto por rigorosa e longa solidão, mas o fato é que antigos interesses - que sempre me acompanharam desde longínqua juventude - tornaram-se verdadeiros imperativos, em meus dias atuais.

Tenho mergulhado nos estudos de teologia, filosofia, sociologia, antropologia, história, arqueologia e mesmo dedicado profunda atenção às ciências naturais e às artes.

Isso, entretanto, não me afasta da pessoa comum que sempre fui - por vezes, demasiadamente comum - e os meus pés, firmemente plantados no chão da realidade, trazem-me a preocupação sobre que espécie de homem serei, se um dia sair da provação em que vivo, tiver um emprego e buscar o convívio dos antigos amigos.

Apavora-me a possibilidade de ser considerado um esnobe ou, pior, louco e incompreendido.

É verdade que, quanto mais adquirimos algum conhecimento, menos interesse dispensamos aos assuntos ditos "mundanos" (olha o esnobismo aí!) mas, à bem da verdade, sempre fui um desenturmado justamente por esta pouca atenção dispensada - não por precoce sabedoria mas por pura índole.

Neste momento, aguardo ser chamado para uma pequena intervenção cirúrgica mas programo meus dias posteriores - assim que estiver com a cara cicatrizada - a buscar trabalho de maneira incessante, garantindo minha estranha ambição de pagar um aluguel, contas de água, luz e, principalmente, tentando sentir-me novamente alguém integrado à sociedade - o fim de meus dias de náufrago, em uma ilha de mato cercada de solidão por todos os lados.

Que Deus preserve meus pés no chão e me conceda a graça de ser aceito em algum trabalho.

Inúmeros defeitos, que certamente possuo, não podem ser tão horríveis que me impeçam de trabalhar e viver dignamente.

O tempo dirá.


Walter Biancardine



terça-feira, 11 de junho de 2024

OS USUÁRIOS DAS REDES SOCIAIS E SUA CEGUEIRA SELETIVA -


Nem os próprios encastelados no poder conseguem disfarçar o incômodo e a inconveniência causada pelas redes sociais que, aliadas à simples celulares, retirou o monopólio da verdade das mãos de seus eternos cúmplices, a grande mídia e a cultura de massa.

Redes honestas, sem algoritmos censores e “políticas de uso”, tem até hoje o condão de desmentir as falácias empurradas por governos e jornais, e por isso – nada é a toa – o Rumble foi banido do Brasil, estando o X-Twitter por um fio de seguir o mesmo destino.

Existe, entretanto, o lado negro da força e ele se encontra em nós mesmos, em nossa infinita infantilidade ao preferirmos a alienação de “não nos aborrecermos com estes assuntos”. Sim, “de aborrecida já basta a vida” e as alegações são sempre iguais: “Para quê? Não vai adiantar mesmo, e ainda posso ser preso ou prejudicado em meu trabalho!”

Aliado a tal tendência bovina e passiva, os algoritmos trabalham furiosos em redes de maior relevância, como Facebook e YouTube – mas cabe ressaltar que esta última plataforma, de vídeos, ainda exibe alguns teimosos combatentes, na resistência por nossa liberdade e dignidade humana. Já o Facebook é o verdadeiro paraíso dos narco-ditadores e lacradores de plantão: se não censuradas e excluídas, as postagens de cunho social ou político – que não sejam lacradoras – são solenemente ignoradas pelos usuários, pouco importando se quem a postou possui uma rede de 5 mil “amigos” adicionados ao seu perfil: não merecem um único e mísero “like”.

As pessoas que assim se comportam, alegando que as redes sociais são “apenas um passatempo”, recusam-se a enxergar a poderosa arma que tem nas mãos, desprezam a única chance que temos – miraculosamente ainda a nossa disposição – de combater na verdadeira guerra cultural e social que atravessamos. Temos, nas mãos, poderoso canhão mas nos recusamos a usar.

“Guerra? Que guerra?”, perguntarão eles, alegando não existirem tanques e soldados nas ruas e travestindo a omissão covarde em algo que beira a demência. Se tais pessoas não aprenderam – e não sabem, ou se recusam a saber – o que é uma “guerra cultural”, é certo que tal ignorância é filha de sua fecunda covardia, pródiga em parir desculpas sem pé nem cabeça, desde que ele “não se aborreça”.

O resultado disso foi o surgimento de algumas “regras” – chamemos assim – para que uma postagem no Facebook seja bem sucedida, obtenha muitos “likes” e, até quem sabe, compartilhamentos. São elas:

1 – Nunca poste coisas sobre política, a menos que sejam “ações sociais maravilhosas do governo” ou atos políticos como a “Marcha da Maconha” ou “Orgulho Gay”.

2 – Publique fotografias suas, junto ao seu par e em poses bem românticas, com paisagens bem bonitas que vocês desfrutaram, em suas férias.

3 – Bom humor? Poste uma foto de seu prato, sempre bem cheio de comida.

4 – Receita de sucesso imediato: selfies ou – para mulheres – fotos onde, “por acaso”, a bunda apareça. Seguirão centenas de “likes” e os indefectíveis “lindo(a)”, “maravilhoso(a)”, “gato(a)” e até, quem sabe, um “demais”!, pouco importando se sua cara está em ruínas ou seu corpo seja um atentado a luxúria.

5 – Fotografe suas conquistas: um carro, moto ou, principalmente, a casa nova.

6 – Publique displays contendo frases de auto-ajuda ou imagens de santos.

7 – Fotos suas no trabalho ou academia também conseguem resultados muito bons, mostrando o quanto você é esforçado(a) e digno(a) de admiração.

8 – Eventualmente – mas muito eventualmente – publique fotos de um buraco na rua ou filme uma mendiga pedindo esmola nos semáforos. Isso emprestará a você a imagem de uma pessoa que tem “consciência social”.

Já há muitos anos firmei a convicção de que o melhor – ou o pior – de um país é seu povo e, a julgar pelo que vejo no Facebook ou Instagram, prefiro usar tais redes apenas como uma espécie de diário, para registrar o que vejo. É como a boa lição que aprendi na solidão: falar sozinho é uma poderosa terapia (tal qual escrever um diário) e por isso, diversas vezes edito o que postei para corrigir erros de digitação ou frases que não saíram claras o suficiente. Escrevo, escrevo, escrevo e, nesse ínterim, penso.

Não tenho mais motivos para usar o Facebook para nenhum outro objetivo que não seja um “copidesque” digital, pois a repercussão é nula. Já o YouTube, dei-me conta que ninguém quer saber o que digo e sim se o que falo é a opinião deles, saindo de outra boca – e, portanto, sem maiores consequências para o telespectador. 

Considerando toda a barbaridade que a plataforma acima fez comigo, ao desmonetizar-me e excluir 27 vídeos meus – proporcionando à UOL boa chance de me caluniar em suas matérias – decidi só utilizá-lo em casos de extrema emergência, pois não quero perder um local onde divulgo minhas ideias desde 2009 e que já obteve grande sucesso, ao denunciar a tentativa de assassinato contra Jair Bolsonaro, com quase 190 mil visualizações. 

O mesmo possui um grande valor sentimental para mim, também e principalmente pelo fato de meu professor - o filósofo Olavo de Carvalho - ter postado vídeos meus em seu próprio canal.

Hoje, a única rede que mantenho plenamente ativa é o X-Twitter, encontrando interatividade – sejam a favor ou contra – e obtendo seguidores como o Sr. Sepúlveda (PHVox), Cissa Bailey, Renato Barros, Tradutor de Direita, Fábio Talhari, Hermes Magnus (que denunciou o Mensalão), Contra Cultura, o jornalista português Sérgio Tavares, Cláudio Lessa, Folha Política, Prof. Borto, Canal da Belinha Nogueira e mais alguns outros, que admiro e me honram com sua adesão.

Para finalizar, acrescento que a consequência inevitável do acima exposto é fazer uso da vocação dada por Deus e escrever livros – sim, livros, pois toda a internet mundial pode sucumbir a uma simples falta de energia. E os livros podem ser lidos à luz de velas e deixados para filhos e netos.

Tenho minha página pessoal, minha conta (a terceira) no X-Twitter, um YouTube censurado e faço meus rascunhos no Facebook.

Feci quod potui. Faciant meliorem potentis.

(Fiz o que pude. Quem puder, faça melhor)



Walter Biancardine




domingo, 9 de junho de 2024

A CAVERNA DE PLATÃO E O CAMINHÃO FENEMÊ -

Tão poderosa foi a impressão causada pelo extinto e saudoso caminhão FNM (Fenemê, para os íntimos) em tempos idos que, até hoje, decorridos quase setenta anos de seu lançamento, ainda provoca sorrisos evocativos e serve como referência de força, brutalidade e poder.

Na realidade, o mesmo contava com um resistente motor de seis cilindros, fabricado sob licença da Alfa Romeo italiana, mas que entregava apenas 150 HP – potência bastante razoável para a época, mas nenhum exemplo de força exacerbada, já que os modestos Mercedes chegavam aos 100 HP.

Nos dias atuais podemos ver com facilidade, nas estradas, cavalos-mecânicos da Scania, Volvo ou mesmo Mercedes, arrastando incontáveis reboques – os famosos nove-eixos – com trinta metros de comprimento, mais de 70 toneladas sobre o lombo e despejando gloriosos 600 a 700 HP em nosso pobre asfalto. Mas, nem de longe, emanam a mesma impressão de força bruta e poder dos inesquecíveis FNM, cuja humilde potência era anabolizada por miraculoso conjunto de caixa de marchas e diferencial. Ora, ponha-se um Scania e um FNM, lado a lado e com motor ligado, e adivinhe qual dos dois irá impressionar mais o aficcionado? Sem dúvidas, nosso vovô das estradas.

E por quê? Por causa de seu impressionante ronco – um baixo-profundo em compasso lento e majestoso, poderoso barítono que, em rotações mais altas, fazia estremecer vidraças e corações ao ouvi-lo. Seu verdadeiro poder era “sensorial”.

É neste exato momento que entram Platão e sua famosa (no bom sentido, é claro) caverna.

Sem complicar demais, podemos dizer que as “sombras” projetadas nas paredes das cavernas – projetadas pelo que acontece na vida real, que se passa no exterior da mesma – podem ser entendidas como tudo o que sabemos do mundo através da grande mídia, sem jamais vermos com os próprios olhos o que realmente se passa. Uso essa interpretação, que também é válida, para direcionar o foco deste artigo e ainda acrescentar que esta mesma percepção – as sombras – podem igualmente ser lidas como as nossas impressões “sensoriais”.

E onde entra o “sensorial”, na atual conjuntura?

Ora, temos um consórcio midiático a mostrar tudo o que se passa sob uma única ótica, tendenciosa e ideológica. Do mesmo modo, toda a indústria cultural – cinema, teatro, livros, artes em geral – igualmente ecoa tais tendências. Considerando a carência de fontes alternativas, que empreste à realidade outros pontos de vista, nada mais natural ao ser humano que entender o exibido pelo grupo acima citado como “a verdade” e, pior, um “consenso” já estabelecido por pessoas “respeitáveis” e que jamais endossariam atos ou intenções – e ações – deploráveis e criminosas.

Vamos ao âmago da questão: qual o número de pessoas que, de fato, escrevem reportagens, livros, peças de teatro, pintam quadros, atuam em novelas de TV, cantam músicas ou – em posição supostamente superior – atuam politicamente em cargos públicos, eletivos ou não? Contando todo o contingente, disperso pelos diversos países do planeta Terra, chegaria a dois milhões?

Pois bem, tomemos este número. Se tanto, dois milhões de pessoas controlam, manipulam e moldam as opiniões, gostos, preferências, religiões e até a sexualidade de oito bilhões de pessoas (segundo estatísticas da ONU) em nosso planeta, e o número de “controladores” certamente é bem menor, pois a grossa maioria deste contingente é formado por pessoas já devidamente “hipnotizadas” doutrinariamente, e não daqueles que realmente decidem e mandam – estes não chegarão a uns 600 mil em toda a Terra. Seiscentos mil mandando em oito bilhões.

E temos, diante de nossos olhos, um Fenemê social a exibir potência e força que realmente não dispõe – os tais e pobres 150 HP, turbinados pela caixa de marchas chamada “grande mídia” e “cultura de massa”. O ronco impressiona, o barulho intimida. Mas é só.

Para exemplificar de modo mais palpável, suponhamos que o leitor faça uma determinada postagem em suas redes sociais. Logo depois, uma chuva de trinta, quarenta ou mais comentários aparecem, execrando seu ponto de vista e condenando o pobre coitado de todas as maneiras e adjetivos possíveis. A mais humana das reações será a certeza de que seu pensamento ou opinião postada é um absurdo completo, perversão condenável, e ele jamais se atreverá a cometer outra sandice como aquela, resguardando prudente silêncio ou, pior, fingindo concordância com o que não acredita.

Devemos notar, entretanto, que tal intimidação partiu de um universo de trinta ou quarenta pessoas, de algum modo relacionadas ao autor ou a amigos do autor. Pois bem, e os outros? E os outros (para ficarmos só no Brasil) 230 milhões de brasileiros, o que achariam de suas opiniões? Ele não sabe e, considerando seu trauma, provavelmente jamais saberá. Assim, em pequena escala, tivemos o mesmo “efeito Fenemê” do parágrafo anterior, exibindo um poder numérico que não tem e um suposto – mas inexistente – consenso dos “homens de bem”.

O fato é que o povo – seja em qualquer país ou sob qualquer regime – sempre será um Scania a carregar, com seus 700 HP, toda uma nação e governo nas costas mas deixando-se impressionar – e intimidar – pelos parcos 150 HP de um Fenemê, pilotado por meia dúzia de degenerados mas que conhecem muito bem, e sabem usar, todo o poder “impressionista” de seu ronco de trovão.

Que, aliás, é seu único poder.



Walter Biancardine



sábado, 8 de junho de 2024

A FOME INSACIÁVEL DE DINHEIRO -


O advento do Rock in Rio marca, ao menos no Brasil, o fim das apresentações tradicionais de cantores ou bandas, em casas de show consideradas “normais” para a época. Este “normal” significava uma lotação entre 200 a 700 pessoas, sendo capacidades como a última citada um mote de venda e oferecidas como “mega-shows”.

Aliado ao acima citado, a legislação de então permitia que candidatos a cargos eletivos, bem como prefeituras e governos estaduais, contratassem artistas pagos pelos dinheiros públicos – uma prévia da Lei Rouanet e, igualmente, verdadeiro sorvedouro monetário.

E isso foi o suficiente para que – cobiça desperta – o desejo de levar sua arte ao povo e o reconhecimento pelo mesmo fossem prontamente substituídos por obscenas visões de cordilheiras de dinheiros, proporcionadas por tais espetáculos que comportavam, por vezes, centenas de milhares de pessoas. As tradicionais “temporadas” de três, quatro meses – ou mesmo mais, em caso de grande sucesso – em casas de shows desapareceram, bem como as mesmas (citaria, no RJ, Canecão e Scala), desprezadas que hoje são por tais artistas, cujo foco não é mais o público: são multidões.

Tempos idos, sucesso era uma longa temporada de seis, sete meses com casa lotada – 600 pessoas por noite, e artistas trabalhando dura e diariamente, tal como o comum dos mortais. A recompensa era o reconhecimento público, muitas vezes com fãs que iam uma dúzia de vezes assistir o mesmo show, bem como generosa e merecida cobertura nos cadernos culturais de jornais e revistas. E o dinheiro, obviamente, além de merecido era bastante compensador.

Atualmente, a meca artística são eventos públicos – micaretas, révéillons, datas politicamente significativas, etc. Caso não estejam disponíveis ou haja algum impedimento legal, a mesma estrutura de lobby político que assessora tais artistas (sim, empresários foram trocados por lobistas) trata de conchavar com a grande mídia uma única e colossal apresentação, sempre em locais que impressionem o comum dos mortais, tais como estádios de futebol, praias de grande extensão ou mesmo logradouros públicos, desde que comportem multidões dignas de saírem no Jornal Nacional. E está feita a mágica: trabalha-se uma única noite e ganha-se milhões, não apenas do público mas, também e principalmente, de direitos de imagem, transmissão ou de patrocinadores, que lá estacionam seus pontos de venda, dos mais variados artigos – mais “variados” mesmo, acredite.

E o quê esse público vê, ou ouve? Nada. A experiência em um “mega-show” resume-se a enxergar o artista (distante uns 300 metros) pelo telão e ouvir um som péssimo, defasado e sem sincronia com o que acontece no palco – qualidade precária, aliada ao desconforto de hordas ensandecidas massacrando-nos com seus pulos e urros tribais, causando até ferimentos. Vale a pena?

Porém, a tal nível de deslocamento da realidade chegamos que, ao vermos um artista tocar e cantar em tímidos bares ou quiosques, sem tal aparato megalomaníaco e midiático, e concentrando-se em dar o que tem de melhor a seu público – cem, duzentas pessoas, uma “miséria” para os padrões atuais – o primeiro e automático sentimento que nos desperta é quase de piedade com tal “pobre alma”.

Mas não, esta é a verdadeira arte; é ir – como um dia disse Milton Nascimento – aonde o povo está.

O resto, que a Globo anuncia e transmite, é investimento.

Ou, pior, ação política.


Walter Biancardine



sexta-feira, 7 de junho de 2024

O SONHO DE UM FILME, A REALIDADE DO LIVRO -

 


Pouco importam severa autocrítica ou um niilismo pessimista com os quais sempre disfarcei, pretensamente frio e superior, uma despropositada e teimosa esperança em finais felizes – verdadeiro vício dos que tem a escrita por ofício.

Tamanho deslocamento da realidade, ao menos no tocante àquilo que de mais íntimo tento proteger, igual e certamente tem a companhia de outro cacoete profissional, acostumado que sou à vida sendo impressa em minha alma por experiências de terceiros: a absorção de personagens da ficção, atores políticos ou participantes de acontecimentos grandes o suficiente para merecerem livros, análises ou reportagens. Um longo viver termina por obrigar-nos a perguntar se o que vimos e achamos assim o fizemos por nós mesmos, ou através de olhos alheios.

Situações particularmente difíceis, aliadas à solidão compulsória e longa demais para suportarmos com a devida dignidade podem, eventualmente, causar a corrupção de nossos princípios e sentimentos mais secretos e fazer com que nos entreguemos à prostituição, à vida fácil do amor por determinados livros, filmes e histórias. Uma psique em fuga da realidade não encontra conforto apenas em seu conteúdo mas também – e pervertidamente – em seus personagens, violentando suas essências, personalidades e, baseando-nos apenas em situações ficcionais vagamente similares, emprestamos às suas personas a figura inalcançável ou mesmo inesquecível, irrecuperável, de um amor perdido para sempre.

Ultimamente tenho revisto, com bastante assiduidade, o antigo filme “Breakfast at Tiffany’s” (Bonequinha de Luxo), baseado em pequena novela do controverso escritor norte-americano Truman Capote. Assisti o mesmo pela primeira vez ainda adolescente, treze ou quatorze anos, em uma daquelas intermináveis reprises da TV passadas ao final da noite e, na ocasião, uma Audrey Hepburn silfídica, luxuosamente embalada por vestidos e roupas de Givenchy coroadas por sua beleza, alternante entre angelical e tentadora, imediatamente remeteu meus sentimentos mais escondidos a um amor, por mim considerado impossível, que cultivava desde tenra infância.

Sim, um verdadeiro escritor traz estes traços de nascença, mesmo antes de exercer sua profissão e isso pode ser uma lástima, a confundir todos os seus anos de vida posteriores, ainda que jamais adote – por prudência ou incompatibilidade com a pobreza – tal ofício.

É preciso dizer que a personagem, no filme, foi severamente “atenuada” por seus produtores em relação à obra original de Capote. Tal fato, aliado ao charme e à beleza exuberante da atriz e mais toda a atmosfera que a envolvia – o desejo indisfarçável por glamour, luxo e beleza – adesivaram à protagonista o status de “inatingível”, “inalcançável”, tal e qual sempre havia enxergado meu citado “amor impossível”.

Sim, da mesma maneira que o comum dos mortais suspirava diante das telas ao admirar uma Audrey, léguas acima de nossas pobres realidades cotidianas, também eu sonhava secretamente – e me conformava – com aquela que jamais poderia ter; bela habitante de um mundo superior e merecedora do mesmo por suas próprias qualidades, infinitamente mais refinadas e nobres que meus toscos mundo e viver.

E este foi o filme, este foi meu sonho.

Anos mais tarde, já adulto, li a pequena novela e vi que a personagem Holly Golightly (Audrey Hepburn) era apresentada em incontáveis degraus abaixo da encantadora garota mostrada no filme, sendo o mesmo livrinho recheado de sutis sugestões a temas que, depois, seriam – são, para ser exato – martelados por políticos, grupos e organizações de esquerda. Isso à parte, a mulher em si tal como é descrita, não apenas tem um fim diverso ao mostrado por Hollywood como, igualmente, exibe um comportamento bastante vulgar – para a época – e impermeável ao verdadeiro amor. Ou seja, do sonho cinematográfico despencamos para a história de uma garota de programa, sequer tão bela quanto a atriz que a encarnou. Sem querer emprestar demasiada “intensidade” à historieta de Truman Capote, ver o filme e só depois ler o livro seria como despertar de um sonho para a horrível realidade das carências humanas, em seu mais amplo espectro.

Seria um desacato – verdadeira calúnia – pretender aludir quaisquer deficiências de caráter a um amor que fracassou, apenas descrevo en passant o teor literário por desejar, com tal queda, significar a escuridão pessoal atravessada por aqueles que perderam amores; a queda do paraíso ao inferno, sem escalas, e a expulsão de um sonho para o ingresso ao pesadelo, ao desamparo e solidão – não à toa empreguei, no parágrafo acima, a expressão “a horrível realidade das carências humanas”.

Em meus cacoetes de escritor vejo, hoje, que passei uma juventude a sonhar com um filme; maravilhado e feliz vivi o mesmo já adulto mas, na velhice, ele acabou e sobrou-me apenas um livro, por demais desagradável – e sem nenhum personagem feminino, apenas a feira de vaidades e interesses que cercavam o protagonista, um aspirante a escritor o qual sequer chamava-se Fred.

E este foi o livro, este é meu pesadelo.

Ao menos, para o bem da sanidade mental, meu nome é verdadeiro.

Depois de tudo visto, tudo lido e vivido, aceitaria um café…



Walter Biancardine






quinta-feira, 6 de junho de 2024

LAMENTO, A TIFFANY’S FECHOU -


Existem certos insights que muitos de nós temos, de maneira eventual e sem nenhuma prévia e aparente razão, que por vezes nos fazem vislumbrar e compreender, deslumbrados, todo o aspecto de determinada situação. Em outras ocasiões tal epifania não se afigura tão maravilhosa – pelo contrário, nos ensombrece diante do triste, ou mesmo terrível, daquilo contido em tal e súbita percepção.

E o mesmo se deu comigo hoje, em uma manhã perfeitamente normal, na qual estava eu a escrever com uma das mãos e tomar o café da manhã com a outra. 

TV ligada, a desfilar vídeos aleatórios do YouTube sem que eu desse atenção, até que a escutei tocar a indefectível música Moon River. Neste momento abateu-se sobre mim, sobre o que ainda me resta de puro e verdadeiro nos sentimentos, a sombria certeza de que, para sempre, tomarei café sozinho: não mais uma Tiffany’s ao meu redor, não mais uma Audrey Hepburn a dar-me, com esmeraldas ainda sonolentas, seu doce “bom dia”. Não mais; nunca mais.

No filme “Breakfast at Tiffany’s” o personagem do ator George Peppard descobre-se apaixonado pela bela Audrey Hepburn e seus olhos de gazela. Reluta contra tais sentimentos, chega a abordar os mesmos com cinismo, pois bem sabe quem é a mulher que o destino irônico o fez amar, e tal luta interna – a inseparável distância – se desenrola ao longo da história. Mas havia um futuro pela frente, a insubstituível perspectiva de ainda ter tempo e vida diante de si.

Em meus dias não há mais Tiffany’s. Em lugar do cinismo adotei o escapismo, pois bem enxergo a viuvez por um coração que ainda vive e palpita – a inseparável distância.

E não há um futuro pela frente; meu insight foi a terrível certeza que os dias, os anos, o tempo, tudo passou e nada mais resta. 

A loja fechou, as prateleiras estão vazias, não há mais Audreys, fim do expediente.

Restam-me músicas e lembranças.

Coisa de velho.


There are no Audrey Hepburns in my Moonriver. 
The Tiffany's in my life went bankrupt.


Walter Biancardine



ARQUEOLOGIA DO FUTURO - Da antiga Roma á emasculada Europa atual, nada mudou. Só as Armas.



Data de minha fedorenta infância o interesse que tenho por arqueologia; as descobertas surpreendentes, mistérios ainda por explicar e o impressionante destino dos maiores e mais poderosos impérios e civilizações que já existiram sobre a terra, impondo sua cultura, costumes, hábitos, ciências e até mesmo leis.

Sem que tivesse me aprofundado um décimo do que hoje sei e estudei, os relatos e apostilas de história esfregaram em minha ainda jovem e fofa fuça a similaridade entre as razões da bancarrota militar, econômica, cultural e moral de todos eles: uma vez atingido o zênite de poder e um azimute de 180° em termos de segurança institucional, todos - todos, invariavelmente - assistiam e aplaudiam a decadência de suas elites através de hábitos, costumes, conceitos e convicções suicidas, sempre apontando o próprio (e generoso) sistema em que viviam como perverso e injusto - para não andar muito, basta lembrar das elites romanas e sua adoração pelos gregos (que, ao menos, deu-lhes a filosofia entre outras coisas belas) e a sedução carnal e intumescida dos povos mais orientais.

Causa-me pasmo assistir todo este processo repetir-se passo a passo e rigorosamente igual, tal qual obedecesse um script histórico, nas maiores democracias conhecidas da atualidade: Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Canadá e mesmo a estranha Austrália.

Em todos os países citados - todos - podemos observar grupos pequenos porém poderosos (o inevitável amparo da grande mídia, o quinto cavaleiro do apocalipse) empenhados e obtendo pleno sucesso em convencer os cidadãos destes locais a reconhecerem-se como "opressores", "maus" e "cruéis", sempre arrastando pesadas "dívidas históricas" para com todo e qualquer povo mais atrasado do planeta - e, através principalmente da porta escancarada à imigração desenfreada, toda a seiva cultural e as tradições destes países está sendo drenada, condenada e jogada no lixo, em favor principalmente da maior invasão islâmica já registrada desde Maomé sobre a terra.

Os países menos afortunados mas detentores de grande riqueza - o Brasil salta aos olhos - também recebem seu quinhão de fuzilaria inclemente, na pior guerra já enfrentada pela civilização ocidental. Ainda que sejamos pobres, fazem por onde convencer-nos que odiamos e matamos negros, gays e gordos antes mesmo de tomar o café da manhã. O precário nível intelectual de nossas rasteiras elites incentiva, travestindo seus filhos com roupas, gestos e conceitos favelados e impondo - e isso se repete graças à indústria cultural dos filmes, games e etc. - um ideal de vida pós-apocalíptico-zumbi, onde uma bela paisagem é uma metrópole cinzenta e nublada, com arranha-céus destruídos, escombros nas ruas e a incômoda sensação "noir" de caminhar nas calçadas ao lado de mutantes.

É notório que a civilização ocidental, o maior império da atualidade, está perdendo a guerra cultural contra os bárbaros eslavos, muçulmanos e orientais. E tal derrota se dá pela pior forma, pois não estamos caindo por espadas inimigas, tal como Roma: nossa queda surge por nossa própria traição, traição à nós mesmos, nossos valores, costumes, hábitos e ideais - e ainda achamos isso lindo, uma "lacração"!

Infelizmente, tal guerra não será vencida apenas mobilizando exércitos (creiam, tal hora chegará) mas, principalmente, através de nosso combate individual, diário, corpo-à-corpo contra tais traidores que - sim, é horrível - pode ser seu vizinho.

Não usaremos espadas, mas temos nossa moral. A estratégia é a sabedoria, e a cultura, a tática.

Somente através dos mesmos e da repressão sem medo ou vergonha a tais indivíduos, grupos ou organizações poderemos, finalmente, recolocar nossos valores e ideais no lugar que lhes é devido e foi violentamente arrancado pela guerra cultural marxista-globalista.

É hora de agir, ou o mundo que deixaremos aos nossos filhos e netos será um real e deprimente cenário de vídeo-game: terra arrasada e zumbis drogados pelas ruas.



Walter Biancardine



terça-feira, 4 de junho de 2024

O DESPREZO É MUDO E A HIPOCRISIA, LOQUAZ – Pequeno ensaio sobre as relações humanas na nova mesa de bar digital, as redes sociais -

 


Muitos de nós gastaram laudas, ou horas de confidências, a execrar o ambiente rasteiro e fútil dos bares e boates, que um dia frequentamos. Mas lá íamos, de maneira contumaz e quase compulsória, pois nos mesmos poderíamos empostar a desculpa – diversões à parte – de não apenas sabermos das últimas, nos atualizarmos sobre o pesado jogo da vida como, principalmente, firmar bons contatos e talvez fecharmos grandes negócios – eventualmente seria possível até dar vazão às nossas mais secretas vaidades e, entre um chope e outro, nos destacarmos por nossas opiniões e nos tornarmos uma espécie de “líder da turma”.

O problema aparecia quando, em meio a um determinado grupo de pessoas as quais nos interessava o contato, estava presente alguém que julgássemos inconveniente, prejudicial ou mesmo chato, a embaçar o ambiente ideal que imaginávamos. E a solução era drástica: não ir ao encontro, com todas as consequências sociais imagináveis.

Inspirado pelo inoxidável Hermes Magnus, que escreveu excelente artigo – quase uma fábula de Esopo – sobre o peso das redes sociais na formação de nossos conceitos, percebi que a internet igualmente ocupa hoje o mesmo papel social que tais bares e boites desempenharam, em passado recente: execramos o ambiente rasteiro e fútil das referidas redes, mas deles nos valemos para sabermos das últimas e, principalmente – tempos modernos – darmos vazão às nossas (hoje nada secretas) vaidades de exibirmos sucessos, anunciarmos verdades bíblicas e nos tornarmos um “guru digital”. E o melhor de tudo, e também objeto deste artigo, é que não precisamos abrir mão da convivência se, eventualmente, temos em nosso rol de amigos um ou outro chato – basta não respondê-lo, ignorá-lo, dar-lhe o pesado silêncio do desprezo. E isso o colocará em seu devido lugar, entendendo que você só aceitou sua amizade nas redes por uma caridade cristã; piedade, em suma.

Não há ambiente mais propício à uma prática deslavada da hipocrisia que as redes sociais: eu te desprezo, te ignoro, desconheço o que publica, abomino suas opiniões mas “somos bons amigos”. Afinal, não te deletei nem bloqueei; apenas, eventualmente, incluo seu perfil na relação de nomes os quais eventuais publicações não devem chegar.

Se nos enfumaçados bares e boites havia a possibilidade de até fecharmos um bom negócio, o mesmo não se dá nas redes: é vaidade pura, a imperar e soterrar verdades ao ponto de deformidades estéticas postarem fotos e, em seguida, enxurrada de comentários elogiosos desfilarem abaixo da fotografia de tal desacato à libido.

Este, entretanto, é o menor dos males. O silêncio sim, é cruel e perfura a auto estima de qualquer vivente, dando margem à interpretações oscilantes entre verdadeiras e absurdas e desequilibrando, por completo, o pobre dono do perfil – eis que a vaidade, o pecado predileto do diabo, tomou conta de todos nós. E seu segundo pecado predileto, a hipocrisia, igualmente fez morada em nossas almas.

Novas regras de etiqueta, bem como todo um leque de padrões comportamentais foram criados e aceitos tacitamente como “bem educados”, nas redes sociais. Do mesmo modo, novos “tipos humanos” se definiram com o tempo, permitindo que classificássemos as pessoas de acordo com o teor – e até frequência – de suas postagens.

Abro aqui um parêntese para lembrar que toda generalização é injusta e se condenamos aqueles que almejam o título de “guru digital”, tagarelando disparates a torto e a direito, somos igualmente obrigados a abrir exceções, pois não seria possível atribuir tal leviandade a um Olavo de Carvalho, Pe. Paulo Ricardo, Bernardo Kuster, PH Vox e sr. Sepúlveda, bem como a um Brasil Paralelo ou Revista Oeste e Rádio Auriverde, por exemplo. Garimpando com afinco e bom senso, podemos selecionar razoável (numericamente) coleção de indivíduos que, sim, merecem ser vistos, ouvidos e lidos – diferentemente da mídia “mainstream”, palco de indecente aridez intelectual e deserta de valores morais, sem uma única exceção.

Voltando ao tema em questão, creio ser prudente passar ao largo da exemplificação dos tipos humanos das redes por justificado temor que uma ou outra definição atinja eventual portador de vívida auto crítica ou, eventualmente, agoniados donos de alguma insegurança social atroz, rumando diretamente para as já citadas “regras de etiqueta digital” e seu mais cruel chicote: o silêncio.

Quem nunca experimentou a frustrante sensação de postar algo importante ou trabalhosamente elaborado e teve, como resposta, o mais clamoroso vazio? Nenhum comentário – contra ou a favor – ou mesmo um magro “curtiu”; esperar o compartilhamento de sua publicação seria, então, suprema e inatingível glória! “Só que não”, nos dizeres de hoje. Nada, somente o vácuo.

Obviamente, tais coincidências podem acontecer; ou causadas por marotos e bem adestrados algoritmos – que camuflam a postagem do proscrito sob toneladas de besteirol – ou por eventual e legítimo desinteresse, afinal ninguém é obrigado a achar maravilhosa sua postagem – a menos que seja uma foto horrenda, mal tirada e que expõe seu pior sorriso: esta, todos curtirão e comentarão sobre sua beleza.

O problema se dá quando o tempo passa e o infeliz dono do perfil se dá conta que o vácuo permanece. Passam os dias, as semanas, os meses e nenhuma de suas publicações mereceu nada além do silêncio: é hora do desconfiômetro entrar em cena, reconhecer-se um pária e modificar o foco de suas postagens. Se nas redes sociais o mesmo é solenemente ignorado, faça uma página na internet e divulgue os links de suas postagens na mais aleatória e “cracuda” das redes – o X, mais conhecido como Twitter. Sempre haverá, tal como no Telegram, um curioso para clicar em um título bem concebido (desnecessário dizer que me vali de tal expediente, angariando para minha página pessoal razoável número de visitas).

Existe, entretanto, situação bem mais grave e, normalmente, sucedânea de desavenças pessoais e explícitas: o temido “bloqueio”, ou “block”, para os íntimos.

Detentor de larga experiência em desapontar ou mesmo enfurecer pessoas, posso dizer que igualmente já experimentei tal banimento da vida de indivíduos – bloqueado que fui no Facebook, X-Twitter, Instagram, Messenger, YouTube e até WhatsApp, tudo isso de uma única criatura. Posso empregar comparação, escrita tempos atrás por mim, na qual equiparava esta expulsão da vida de alguém com as penalidades impostas pelos antigos romanos, aos que caíam em desgraça perante o Imperador, ou mesmo Senado: seus feitos eram apagados das “Actas”, eventuais estátuas eram derrubadas, sua memória abolida dos anais e mesmo sua casa era demolida, jogando-se sal por cima para que nada mais florescesse no local onde vivia tão abominável ser. Se você, assim como eu, já foi objeto de tal castigo, parabéns: quem te baniu igualmente jogou sal sobre o próprio coração, e jamais nascerá novamente algo lá – ao menos, no que diz respeito à sua pessoa.

E este é o pior lado desta “sociedade digital”, como seja, a facilidade com que impomos os piores castigos ou mesmo proferimos os mais abomináveis juízos sobre alguém – alguém esse que sofre da grande desvantagem de não poder olhar em seus olhos, encarar você face a face e saber se tal severidade é proporcional à mágoa causada ou somente fruto oportuno de uma facilidade, oferecida pelo esconderijo de assim fazê-lo por detrás de uma tela.

Vale o alerta para os que reclamam da hipocrisia da vida em sociedade: nas redes, tal desfaçatez é infinitamente pior, raiando a criação de verdadeiros “personagens digitais”, que empostamos e buscamos vender, em busca de satisfações para nosso insaciável e bem nutrido ego.

Jamais troque um aperto de mão ou abraço por dúzias de “likes”. É pendurar na parede o diploma de hipócrita, com pós-graduação em covardia.



Walter Biancardine



segunda-feira, 3 de junho de 2024

PÚLPITO OU PALANQUE?


Fazem já alguns anos que repito a frase “não se combatem demônios com as armas de anjos” e, guardadas as devidas cautelas para não soar pecaminoso, creio que o mesmo se aplica quando nos vemos diante de padres ou pastores que abordam temas políticos, em suas igrejas.

Por óbvio que a política eleitoral não pode e nem deve ser incluída no parágrafo acima – mais que um despropósito, seria verdadeiro desrespeito à fé e aos fiéis quaisquer proselitismos em favor da eleição (ou não eleição) de fulano ou beltrano. Entretanto, cabe lembrar que tal bom senso jamais foi empregado por militantes travestidos de padres, em sua faina ideológica a favor da Teologia da Libertação.

Apontar candidatos como “ótimos” ou outros como “inaceitáveis” era, entretanto, o menor dos pecados cometidos por tais fraudes (escrevi “fraudes” e não “frades” conscientemente) de batinas: estes elementos dedicaram anos, décadas de suas vidas, a pregar uma paródia de evangelho repleta de óticas e interpretações marxistas de um Jesus Cristo político e revolucionário, que jamais existiu. E, por óbvio, tal teor revolucionário deveu-se à um Karl Marx “transubstanciado” na figura divina, sem nenhum pudor por parte de tais “pregadores”, já que eram ateus. Marx era o “pai”, Gramsci o “filho” e, diante de todos, tais padres pululavam alegremente como o “espírito santo”.

E tal miséria correu solta na Santa Madre Igreja Católica por décadas, formando gerações que foram subindo de posto até chegarem a Bispos, Cardeais e – quiçá – Papas: esqueçam o reino dos céus e salvação das almas, o que devemos buscar é a “justiça social” e uma igreja “mais antenada com os tempos modernos” – vale dizer, missas “inclusivas” com muito “axé”, ordenação de mulheres, fim do celibato e louvores infinitos ao Concílio Vaticano II, entre tantas misérias da agenda esquerdista.

Na verdade, muitos fiéis – sem se darem conta – caíram em tal canto de sereia, enxergando tais inovações como “ventos de modernidade” em uma Igreja Católica ainda “medieval” em seu âmago, pois o trabalho de Gramsci, incessante, também se dava pela grande mídia e cultura de massa: novelas mostrando padres tradicionais como retrógrados e opressores – e, por vezes, degenerados – filmes como o excelente “O Nome da Rosa”, deixando claro um propagado “antagonismo” entre a ciência e a religião e mesmo programas de TV, ditos “científicos”, mostrando como “as ideias da Igreja prejudicaram o avanço das ciências”.

Não é intenção deste artigo a apologética católica – qualquer leigo que disponha de um mínimo conhecimento em teologia ou mesmo o be-a-bá socrático/platônico enxergará, de pronto, todos os desvios praticados por militantes oriundos da perversidade excretada, dentre tantos, por excomungados como Leonardo Boff – isso para nos restringirmos ao Brasil – e por isso estas linhas não serão usadas para apontar tais heresias.

Entretanto, é necessário ir agora ao cerne da questão-título deste, usando o excelente Padre Paulo Ricardo como um exemplo de que é possível, para um sacerdote, abordar a política sem cair no proselitismo eleitoreiro.

Nosso Padre Paulo tem, em seu site, uma playlist completa de seis aulas abordando o “marxismo cultural”, verdadeira locusta mental que devasta não apenas a Igreja Católica como, também, as pobres mentes de nós, outros. Do mesmo modo é possível encontrar na internet (YouTube), do mesmo Padre Paulo Ricardo, uma série completa de aulas sobre a Filosofia da Linguagem (canal Sancta Dei Genitrix) – e todos sabemos que dominar um vocabulário significa dominar um povo – bem como várias outras aparições, em canais como Cardeal Newman e mais alguns outros.

Desnecessário dizer que Pe. Paulo não gasta suas missas apontando candidatos ou louvando partidos ou ideologias políticas. Entretanto, como verdadeiro Diretor Espiritual e pastor de almas, encontra tempo e local para advertir e ensinar cristãos sobre o que é a verdadeira Igreja de Cristo e quais os males que se infiltraram na mesma. Ele mesmo, em uma frase célebre a respeito do esvaziamento de vocações na Igreja, afirmou: “- Precisamos mais de excomunhões que vocações”, disse ele, referindo-se ao corpo eclesiástico quase totalmente tomado por militantes de esquerda. Esta frase completa, com maestria, um dizer do filósofo Olavo de Carvalho ao afirmar que “a Igreja tem mais inimigos dentro dela do que fora”.

A Igreja Católica conta ainda com defensores leigos ferrenhos, como Bernardo Kuster (também com canal no YouTube) e tantos outros, mas tal movimento de retorno eclesiástico ao verdadeiro pensamento católico jamais é noticiado – a menos que a grande mídia deseje, mais uma vez, denegrir a Igreja com notícias sobre pedofilia ou mesmo escândalos financeiros do Banco do Vaticano: nestes casos, os citados acima certamente serão citados como representantes de uma “ala retrógrada” da Igreja, ligando-os, sem mais nem menos, a lendas urbanas como a “sinistra” Opus Dei (vide O Código Da Vinci) que, para os “progressistas”, simboliza a “ultra-radical-direita” cristã. Não obstante, valem-se da mesma para pantomimas políticas, tais como a pretendida por nosso Ministro da Fazenda, Haddad, que irá ao Papa pedir a “taxação mundial das grandes fortunas” – e sobre o efeito desejado por tal visita, falarei em outro artigo.

Com olhos tão poderosos como os da mídia mundial perscrutando seus passos, aliados a uma pesada infiltração esquerdista nos mais altos postos eclesiásticos, a Igreja Católica realmente mostra-se bastante discreta em sua luta pela salvação das almas – e das vidas – de seus fiéis. Este encargo, agora e graças à Providência Divina, parece estar nas mãos protestantes dos Pastores Evangélicos – no caso do Brasil – e demais congregações, em outras denominações pelo mundo.

Desnecessário dizer que, graças ao grande número de fiéis que contam em nosso país, tal fato (leia-se “ameaça”) não passaria despercebido à vigilância da grande mídia brasileira. A mesma, agora, já começa a levantar questões sobre os limites de um diretor espiritual sobre as escolhas políticas de seu rebanho – e, revestida de carolice verdadeiramente farisaica, aponta já dedos furiosos contra pastores que (vide Cláudio Duarte) apenas lembram a nós mesmos o que sempre fomos, e como sempre pensamos.

Tudo é uma questão de bom senso. Se padres ou pastores indicam candidatos, isto é incorreto e alheio aos propósitos de qualquer igreja, seja católica ou protestante. Entretanto, o próprio Jesus Cristo disse: “Não vim reformar, mas confirmar o escrito” – e tal declaração abriga a essência conservadora da Palavra, do ensinamento que nem o tempo ou os homens podem mudar. Assim, se estes pastores ou padres dedicam parte de seu tempo a relembrar o que a grande mídia apagou – ou seja, quem nós éramos, do que gostávamos, o que acreditávamos – e ainda nos alertam sobre a imunda estratégia de dominação mental empregada pela esquerda mundial, nada fazem além de seu dever de zelar para que andemos pelo bom caminho; em absoluto não podem ou devem ser condenados, pois sabemos de onde parte esta “condenação” e quais são seus objetivos.

Se seu padre ou pastor elogia um político, advirta-o. Mas se os mesmos lembram a você e sua família qual o caminho correto a seguir – como seja, o caminho de sempre, apontado por Nosso Senhor Jesus Cristo – então você e os seus estão em boas mãos.


Walter Biancardine



quinta-feira, 30 de maio de 2024

TRUMP CULPADO - É O FIM DE SEU CAMINHO?


Donald Trump acaba de ser considerado culpado em todas as 34 acusações de falsificação de registros comerciais, levantadas pelo Partido Democrata contra ele. A sentença deverá ser divulgada oficialmente em 11/07/24, mas não impedirá que o republicano concorra à Presidência, nas eleições de outubro deste ano.

O que o Partido Democrata norte americano fez foi montar um verdadeiro "show trial", um espetáculo sensacionalista e farsesco, cujo propósito foca apenas na tentativa de prejudicar a imagem de um candidato que já se afigura imbatível, no próximo pleito.

Mais que mera coincidência, a similaridade de atitudes baixas, tomadas pelo Partido Democrata norte americano, com as mais ridículas imundícies políticas da esquerda brasileira evidencia que há, de fato, uma coordenação única em tais movimentos e que toda a esquerda internacional - bem como seus financiadores globalistas - não passa de uma federação de quadrilhas criminosas.

De George Soros ao PSOL, passando pela Ford Foundation, Escola de Frankfurt e Cartel de Los Soles - e suas respectivas bocas de fumo - todos se uniram com o único propósito de criar uma sociedade de escravos lobotomizados por drogas, celulares e mídia.

Você não terá nada e será feliz.


Walter Biancardine



DOMANDO ABISMOS -


É ponto pacífico que ninguém precisa suportar nossos dramas internos, do mesmo jeito que recomenda-se prudência ao compartilharmos eventuais sucessos.

O "Eu Social" deve ser, preferencialmente, como um vendedor de loja: simpático, agradável, prestativo e educado - nada interessando, a quem nos aborda, eventuais apocalipses que nos devastem internamente ou, igualmente, se ganhamos sozinhos na Mega-Sena.

Esta é a convenção social; oportuna, dona de lógica incontestável e que desempenha o papel de verdadeiro óleo lubrificante, permitindo às engrenagens da interação interpessoal seu funcionamento suave e sem atritos.

Se você foi o feliz ganhador de uma bolada lotérica, recomenda-se mudar de cidade e extinguir todas as suas páginas em redes sociais, pois bocas nervosas e ansiosas podem ser, eventualmente, incontroláveis e causadoras de verdadeiras desgraças.

Já na hipótese de um tsunami haver devastado sua vida, procure agir como um Lord inglês - "gentleman just walk, never run" - e mantenha a devida "fleugma": cabeça erguida, ligeiro e confiante sorriso no rosto, postura ereta e fala pausada.

Escrevo tais considerações por crer-me possuir pós grado, doutorado e mestrado em ambas situações, errando em todas elas e pagando preço extremamente caro por tais enganos. Em dias felizes, exibi despudoradamente minha alegria - pouco me importando com tristezas alheias - e mantive tal comportamento errôneo, por outro lado, nos últimos dois anos que foram, indisfarçavelmente, devastadores. Tal cachorro ferido, desandei a ganir aos quatro ventos os efeitos das bombas de Hiroshima e Nagasaki que me implodiram por dentro - e este comportamento apenas revela infantilidade, auto-piedade extrema e gera constrangimento à todos, afinal é justo crer que quem reclama, pede soluções. E quem pode solucionar as hecatombes individuais de nós todos?

Hoje, à duras penas, penso que aprendi o necessário. Tento manter-me o "gentleman" acima citado, escrevo meus artigos e, eventualmente, posto músicas e brincadeiras.

Para quem tem o hábito de ler o que escrevo, peço que não estranhe se um dia publico pesada análise filosófica e, logo depois, posto uma brincadeira ridícula ou, mesmo, um meme.

É a minha maneira de manter a cabeça erguida, ligeiro sorriso no rosto, postura ereta, fala pausada e confiante.

"Gentleman just walk, never run".


Walter Biancardine



quarta-feira, 29 de maio de 2024

QUAL SERÁ A PRÓXIMA DO 9 DEDOS?

Assistindo neste momento o excelente programa Oeste Sem Filtro, surpreendeu-me a afirmação do comentarista Silvio Navarro que "o Congresso agora sabe que é mais forte que aparenta", disse ele sobre a sucessão de derrotas sofridas ontem pelo Governo.

Ora, nossa Constituição Federal nasceu com diversas deformidades, entre elas - e talvez uma das piores - é a clara intenção de ser voltada para um sistema parlamentarista de governo, o qual foi amplamente rejeitada pela população, em plebiscito.

Temos, então, uma Constituição que esvazia por completo os poderes da Presidência da República (para melhor ou pior) e favorece casas legislativas anabolizadas por este pensamento parlamentarista - onde está a novidade que o Congresso teria "descoberto"?

Sendo justo com o comentarista, a novidade está apenas em dois pontos: no naufrágio clamoroso de quaisquer resquícios de força e popularidade de Lula, somado ao poderoso fator de estarmos em ano eleitoral - e, neste caso, vale tudo para os parlamentares.

Escancaradamente escorado nas muletas jurídicas de quem realmente governa o país - o STF e seus 11 ditadores - resta a este desgoverno contar com ajudas explícitas dos togados, como a prontamente oferecida pelo "terrivelmente evangélico" André Mendonça, ao manter a impunidade travestida de "saidinha" para os presidiários condenados antes da decisão de ontem. Ou seja, para seu pensamento carola, o que é justo não retroage.

Sabemos que a dinâmica política pode ainda trazer muitas surpresas, principalmente em ano eleitoral e tendo como referência um governo repartido em três blocos: CV, PCC e STF. Isso quer dizer que a "popularidade" do octópode pode despencar á níveis ainda mais rasteiros e atingir o insustentável.

Por isso, vale o aviso: não será surpresa se, eventualmente, o Plantão do Jornal Nacional anunciar, em edição extraordinária, um suposto "atentado" contra o Presidente Lula, "ferindo-o gravemente".

Esta pode ser a única saída "honrosa" para um Presidente deposto duas vezes.


Walter Biancardine



terça-feira, 28 de maio de 2024

OS BENEFÍCIOS DE UM FURDUNÇO -


Meu recente artigo sobre o Cap. Nascimento e a análise filosófica sobre seu conhecido bordão - "o sistema é f*da, parceiro" - parece ter despertado não apenas elogios da conhecida analista Cissa Bailey, nos EUA, como também haver provocado a ira de muitos fundamentalistas xiitas e toda uma renca - com visões furibundas diversas, prenhes de recalques pessoais - de gente que jura ser "didireita".

Tamanho foi o burburinho que senti-me compelido a fazer uma espécie de "live de emergência" ontem à noite, para falar sobre o caso - atividade que havia abandonado desde janeiro deste ano.

O ponto base é o inegável analfabetismo funcional brasileiro, somado a própria estreiteza de pensamento a qual fui acusado de possuir, por alguns. A evidente incapacidade interpretativa do texto certamente vedou a visão de minha ótica filosófica sobre a palavra "sistema", empregada pelo Capitão em sentido premeditado pelos produtores do filme - o "sistema" em idêntica referência à utilizada pelo marxismo cultural da Escola de Frankfurt - o qual entenderam somente como sinônimo de nossa atual conjuntura política.

O artigo transpira a intenção de advertir o quão sub-reptício pode ser o modo de se conduzir o pensamento das pessoas, e todo o furdunço subsequente foi a prova que eu estava certo: convence-se o povo que o sistema - no sentido corriqueiro - não presta para, logo depois, estender essa interpretação (impondo-a como sinônimo) à um nível mais "acadêmico", frankfurtiano. E assim o "sistema" - leia-se o tripé da cultura ocidental; ética judaico-cristã, filosofia grega e direito romano - estará, automatica e tacitamente, condenado por todos.

Do mesmo modo que não creio ser preciso um QI de três dígitos para compreender esta dinâmica, reconheço igualmente não mais escrever como jornalista - leitura rápida, digerível, simples - até porque não piso em uma redação há anos, desempregado crônico que sou.

Na verdade, escrevo para quem sabe e deseja ler; para aqueles que me dão o voto de confiança e buscam em meus artigos, livros e estudos algo de útil para seu enriquecimento intelectual - e isso exclui o vocabulário da Xuxa, largamente utilizado em livrinhos de auto-ajuda, romances água-com-açúcar (muitos até bem interessantes, mas em sua hora devida) ou revistas e jornais.

A enorme repercussão do artigo em questão, sobre o Capitão Nascimento, mostra que nem tudo está perdido. Obviamente, este alcance deveu-se ao fato da analista Cissa Bailey haver, com seu prestígio, impulsionado o mesmo mas mostrou, também, que muitas pessoas buscam o conhecimento e boa parte dela lê e interpreta corretamente o exposto - se concordam ou não, são outros quinhentos. Por outro lado, evidenciou a morte clínica do sistema educacional no Brasil, ocorrida já há anos.

Ao fim e ao cabo tal bagunça teve o dom de alegrar uma psique já tão castigada como a minha, anestesiando a solidão e desamparo com o doce ópio de sentir-me, novamente, incluído entre seres humanos e notado por eles.

Não sei ainda se voltarei com as lives mas, certamente, estou totalmente estimulado a prosseguir com minha faina diante dos teclados. Deixo tal decisão nas mãos de Deus e de meu Anjo da Guarda.

Nada como uma boa encrenca para acordar alguém.


Walter Biancardine


Link do artigo em questão:






segunda-feira, 27 de maio de 2024

CAPITÃO NASCIMENTO: UM COMUNISTA DA ESCOLA DE FRANKFURT


"- O sistema é f*da, parceiro!"

Com este bordão o personagem de Wagner Moura, no filme Tropa de Elite, tornou-se um ícone entre os conservadores de direita brasileiros, que utilizaram o mesmo largamente em artigos, postagens e até em memes na Internet. 

Em nossa ignorância, jamais nos demos conta que esta revolta contra o sistema é a própria gênese da Escola de Frankfurt. Expoentes marxistas como Marcuse, Adorno ou Horkheimer estabeleceram as bases intelectuais da luta contra "o sistema" que, aos olhos deles, era a cultura ocidental.

Em um arremedo gnóstico, acreditavam que, se o mundo estava errado, caótico e injusto, tal fato devia-se à "superestrutura" da cultura ocidental (vide Antônio Gramsci), oriunda do tripé da ética cristã-judaica, filosofia grega e direito romano - nunca por culpas individuais. 

Era preciso, portanto, destruir o "sistema" para que, dos destroços, o mal (sim, pasmem) criasse algo novo e bom. Era a "Teoria Crítica", que apostava na força criadora do mal - e tal proposta molda o nosso mundo atual.

Quando um personagem como o Capitão Nascimento (que acabou por tornar-se querido pelas circunstâncias adjacentes do enredo, combinadas com a conjuntura política brasileira do momento) profere seu bordão, é pouco provável que alguém estique o pensamento até este ponto - ao contrário, ligamos o mesmo diretamente à uma cleptocracia cruel e injusta que subjuga o país há décadas, e que é preciso derrubá-la. 

Para quem acompanhou este artigo até aqui, talvez esteja agora ciente das razões que levaram a indústria cinematográfica brasileira - notoriamente esquerdista - a ter produzido este filme que, ao fim e ao cabo, tornou-se verdadeiro tiro no pé da própria esquerda mas que demonstra, de modo indiscutível, o quão solerte, traiçoeiro e sub-repticio é o poder do gramscismo e da guerra cultural, implantada por seu maior representante no Brasil: Fernando Henrique Cardoso. 

Não, o problema não está no sistema. O problema está em nós. 


Walter Biancardine