Artistas, escritores, atletas ou mesmo advogados (submetidos à julgamentos muito mais fatais) sabem perfeitamente quando apresentam um desempenho fantástico, que arranque aplausos de admiração, e quando arrastam-se em meio à mediocridade de ideias, cabeça vazia e árida de inspiração. Sim, naquele dia específico, o cidadão "não estava bem" e ponto, assim é a vida.
O problema é a avaliação e cobrança daqueles que nos assistem ou mesmo lêem: é uma cobrança, ao fim das contas, até justa pois vendemo-nos como um "produto para consumo", e o comprador não aceita pagar mais por menos.
O tempo de labuta e a experiência, entretanto, acabam por nos fornecer algumas saídas - gambiarras, é a verdade - das quais podemos nos valer, em tais e secos momentos.
No meu caso, como escritor, jornalista e aprendiz estagiário "trainee" na filosofia, também desenvolvi meus próprios macetes: em tais dias, busco textos antigos e os refaço ou mesmo misturo dois ou mais artigos pretéritos; recorto trechos dos mesmos e os compilo em forma de "reflexões" e rezo para que ninguém note aquilo que eu mesmo considero quase uma fraude - nada pior que um elevado padrão de qualidade, auto-imposto.
Mas é quando adentro na seara filosófica que a coisa se torna pior pois, para mim, o filosofar é quase oriundo de uma "inspiração"; como se fosse eu um poeta e vagasse em busca das musas, que me elevariam às alturas necessárias para a composição de minhas - no caso - teses.
Aprendi, com meu professor Olavo de Carvalho, a filosofar para minha própria salvação e sobrevivência. Mas, a bem da verdade, não são todos os dias que estou disposto a salvar-me. Assim, posso assumir a obrigação de escrever artigos e crônicas diárias e, neles, me sairei melhor ou pior segundo as vicissitudes que já mencionei.
Mas, para este pobre e porco aprendiz de filósofo, não há como filosofar 365 dias por ano. Nem mesmo pela salvação de meu espírito e psique - e talvez, por isso, eu seja o que sou.
Esta confissão profissional é uma dívida que tento pagar aos meus escassos leitores que, certamente, já se deram conta da montanha-russa contida na qualidade de meus escritos.
Com tal obrigação moral cumprida, sinto-me mais à vontade para seguir em frente, pedindo a Deus - e às musas também - que iluminem as trevas que em mim habitam, para continuar produzindo artigos e teses - vá lá - que sejam úteis e acrescentem alguma coisa aos caridosos que ainda gastam seu tempo comigo.
Um feliz e inspirado 2025 para todos nós!
Walter Biancardine
Nenhum comentário:
Postar um comentário