O glorioso dia do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo tem, para minhas empedernidas lembranças de infância, somente o gosto de casa cheia, mesa farta e presentes - previamente suplicados durante o ano inteiro.
Nenhuma criança imagina-se já velho, nenhum adolescente especula como será sua ceia aos sessenta anos e todo jovem crê-se imune à solidão - eu, inclusive.
Pois eis que é chegada a hora; olho em volta e nada ou ninguém vejo. Impossibilitado momentaneamente de ver meu filho - novamente uma calamidade imperdoável - sigo derivando e relembrando os antigos natais de infância. E é aí que o bicho pega.
Refugio-me vivendo uma ceia virtual, de hologramas da memória, pois as árvores que me cercavam e davam sua sombra se foram, todas.
Natal é família; pais, filhos e netos reunidos, e nada sobrou da minha.
Natal é hora de rever amigos, brindar com eles e não tenho mais nenhum.
Natal é hora do suave vinho com a amada, e sou só.
Talvez fechando os olhos passe mais rápido, e eu só acorde em 2025.
Feliz Natal para quem tem o privilégio e o tormento de ter uma família - bebam um Jack Daniel's por mim!
Walter Biancardine
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