segunda-feira, 29 de maio de 2023

BEAU GESTE

 


Chega o carnaval e o brasileiro, sem nenhum pudor ou vergonha, recruta três, quatro, cinco amigos – no máximo – para saírem às ruas travestidos de mulher com batons borrando metade da cara, vestidos rotos da irmã mais nova e a peruca da avó em verdadeiro bloco de sujo, alegre e confiante que mais gente se unirá a eles pelo caminho, afinal é o reinado de Momo!

Infelizmente toda essa audácia some quando o assunto é defender o país onde vive: este mesmo descarado folião cobre-se de pudores insuspeitos, vergonhas inauditas e uma timidez virginal que o impede de juntar os mesmos três, quatro ou cinco gatos pingados para irem às ruas protestar contra um governo ditatorial e instituições putrefatas.

- O que pensarão de mim? - alega o agora acanhado menininho, que nenhuma preocupação teve sobre isso ao sair pelas ruas, tal e qual orangotango fêmea, entoando hinos e marchinhas batucadas em uma lata de Nescau.

Está na hora de nos tornarmos adultos, está na hora de nos atrevermos a um “beau geste”, um belo gesto em favor da pátria e de nossos próprios traseiros, bem como os de nossa família. Tal como no filme homônimo “Beau Geste”, de 1939, é o momento de nos oferecermos à luta mesmo sem esperanças de medalhas e glórias – tal qual aqueles que se alistavam na temerária Legião Estrangeira e que antecederam as palavras de Sir Winston Churchil, ao conduzir uma desgraçada Inglaterra contra a fúria alemã: “Nada ofereço além de sangue, suor e lágrimas”.

Não esperemos líderes e, muito menos, que congressistas nos conduzam pois a política atual é a covardia travestida de ponderação. Igualmente não esperem que um simplório youtuber – por mais culto, preparado e bem intencionado que seja – tenha o mesmo tônus moral de um Olavo de Carvalho para fazer estalar o chicote da vergonha em nossas costas.

Igualmente esqueçam Bolsonaro, e não se trata de renegá-lo pois ele é um alvo vivo e, por enquanto, ainda desfruta do benefício da dúvida quando o vemos “negociar um armistício com o STF”, mesmo sabendo que seu destino é, no mínimo, a inelegibilidade por oito longos anos.

É hora de irmos às ruas – que seja em blocos de sujo – e protestarmos. Faixas e cartazes em inglês, visando criar o constrangimento internacional e, com sorte e milhares de brasileiros nas ruas, dar a um Congresso inerte e apavorado a gasolina que precisa para tomar alguma atitude “baseado nas exigências do povo”. Só assim conseguiremos quebrar a maldita inércia e hipnose do medo que se abate sobre nós, desde o pérfido 8 de janeiro.

O Brasil caminha a passos largos para sermos a “Pátria Grande”, a “Ursal” tal como planejada pelo Foro de São Paulo – e a chave do cofre mais gordo está nas mãos de um de seus idealizadores. Mas não duvidem: não só tal coisa acontecerá – se nada fizermos – como também, em sequência, medonha guerra civil se abaterá sobre nós, pois legumes globalistas – chuchus, por exemplo – não aceitarão serem escanteados.

É hora de crescer, é hora de agir, é hora de um “beau geste”.

Bonne chance.


MAIS OLAVO, MENOS OLIVA - Agora você pode ler!

As Forças Armadas brasileiras - mais especificamente o Exército - tem longo e infeliz currículo de traições à Pátria, na maioria das vezes jamais vistas como tal por total incompreensão dos fatos e razões das mesmas, por parte do povo. 
Neste livro enumero e explico todos estes atos, com base no que aprendi com o filósofo Olavo de Carvalho e mesmo por experiência própria, ao longo de tantos anos de jornalismo. 
As verdadeiras causas de tais traições, o retrato sem retoques da mentalidade militar expostos nesta obra mostrarão ao leitor as razões jamais discutidas sobre aqueles que portam as armas que defendem a nós e nossa família.

TENHA JÁ O SEU!
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Livro impresso:

CORRUPÇÃO É O DE MENOS

O maior problema do Brasil não é nem nunca foi a corrupção.

Qualquer raciocínio primário deduzirá que o ato de corromper - ou ser corrompido - com tamanha naturalidade, hoje em voga no país, é apenas consequência da IMPUNIDADE.

Não há punições efetivas, e tal vezo se estende a todos os crimes praticados pelos apaniguados do sistema. É natural, faz parte da dinâmica da vida humana, que esta "naturalidade" no cometimento de crimes sem punição se estenda por toda a sociedade e se transforme em verdadeiro símbolo de um "jeitinho brasileiro", em graus variados.

Para puxar ainda mais tal fio, devo acrescentar que alguém que "assimila" e aceita a corrupção como algo "tipicamente brasileiro" é nada menos que VÍTIMA de programada e executada DESTRUIÇÃO MORAL, extinção de princípios e valores oriundos, em última análise, do propalado "Estado laico".

Convenhamos: o que é mais importante? a corrupção ou o absurdo índice anual de assassinatos - sem elucidação - em nosso pais?

O que vale mais? punir a propina ou encarcerar assassinos?

Gorjeta ou a vida humana?

MAIS OLAVO, MENOS OLIVA - Agora você pode ler!

As Forças Armadas brasileiras - mais especificamente o Exército - tem longo e infeliz currículo de traições à Pátria, na maioria das vezes jamais vistas como tal por total incompreensão dos fatos e razões das mesmas, por parte do povo.

Neste livro enumero e explico todos estes atos, com base no que aprendi com o filósofo Olavo de Carvalho e mesmo por experiência própria, ao longo de tantos anos de jornalismo.

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terça-feira, 23 de maio de 2023

NÃO USE DROGAS


Paixões são fugazes, amores são eternos.
É uma verdade que, aceite você ou não, faz parte da vida.
Renegá-la, fingir que nada mais sente por alguém que um dia amou apenas reduzirá você àquela "criaturinha sebosa" da quinta série colegial, na vã tentativa de refugar verdades e absolutos duramente comprovados, até filosoficamente.
A prova de tal e natural recusa humana é o fato de eu escrever isso sob efeito de poderoso e lisérgico remédio para enxaqueca, tomado ontem.
Lúcido, jamais admitiria.
"When somebody loves you
It's no good unless he loves you...
When somebody needs you
It's no good unless he needs you...
Who know where the road will lead us
Only a fool would say
But if you'll let me love you
It's for sure I'm gonna love you - ALL THE WAY"

segunda-feira, 8 de maio de 2023

SE EU CAIR, CAIREI ATIRANDO -


Os mais próximos sabem da desgraça que se abateu sobre minha vida pessoal e que, desde já há alguns meses, me obriga a uma existência de monge trapista.

De forma mais pública, também sabem que meu sustento - o canal no YouTube - foi desmonetizado, teve 26 vídeos excluídos, está em "shadow ban" e, por conta disso tudo, perdeu inúmeros inscritos, as visualizações despencaram e ainda fui objeto de matéria caluniosa da UOL, me insultando e usando meu trabalho como exemplo de propagador de fake news.
Estou em minha terceira conta no Twitter - as duas anteriores foram deletadas às vésperas de eleições - e mesmo plataformas mais "isentas" como o Rumble e, pasmem, Telegram extinguiram meus canais no passado. Para completar, meu blog não foi considerado apto a monetização por "não apresentar conteúdo relevante".
Vivo hoje morando de favor, às custas do imposto que você paga - Bolsa Família - e eventuais doações via PIX, apostando no único talento que Deus me deu: a escrita. Por isso e pela literatura ainda não ser alvo de tantas e tamanhas perseguições, em breve lançarei meu terceiro livro, "Mais Olavo, Menos Oliva".
Tudo isso somado à absoluta solidão que vivo poderia facilmente ter me lançado na loucura mas - Deus é Pai e tudo acontece conforme ele assim o deseje - recebi hoje pagamento acima e além do merecido por meu trabalho, algo que não só me tira das trevas como mostra a mim e à todos os que divulgam suas opiniões publicamente a pesada, quase intolerável responsabilidade que temos: um comentário de um inscrito em meu canal no YouTube.
Tal comentário esfrega em minha cara a humildade que sempre preciso ter, a responsabilidade e o peso de cada palavra escrita ou proferida e mostra que nossas ações podem, sim, influenciar e beneficiar diretamente a vida, as decisões e mesmo a felicidade, paz de espírito e conforto de quem em nós busca algum lenitivo.
Neste exato momento, redivivo tal qual a Fênix de minha tatuagem - "Semper Vincit" - recobro todo o vigor e retorno a batalha, pouco se me dando o tamanho e poder dos adversários.

Tal estímulo, impagável, me dá a certeza de que posso até cair.
MAS CAIREI ATIRANDO.
"Não parar, não precipitar, não retroceder. Sabe quando é que vamos parar? Nunca. Nunca, nessa sua porca vida!"
(Olavo de Carvalho)

quarta-feira, 3 de maio de 2023

A DITADURA SE CONSOLIDA

 

É preciso muita ingenuidade para supor que o adiamento da votação do PL da censura, somado à suposta instalação de uma CPMI pelos ocorridos no 8 de janeiro nada tem a ver com o episódio grotesco do Judiciário, se abatendo sobre Bolsonaro e seu ajudante de ordens, no dia de hoje.

A motivação para apreensão de passaportes, apreensão de celulares, tablets e computadores de ambos visa apenas saber o que nosso ex-presidente anda conversando – e com quem. No mais, é público e notório que Alexandre de Moraes continuará se expondo até prender Bolsonaro, seus filhos e até mesmo Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. Digo “se expondo” porque os garantidores de sua audácia criminosa permanecem ocultos, protegidos e, eventualmente, um deles até almoça com generais vendidos e igualmente criminosos.

Não se faz acordo com comunistas, já dizia Olavo de Carvalho. O que não deu tempo para nosso professor dizer também é que não se negocia com globalistas, principalmente se estiverem em clara formação de quadrilha – por conveniências momentâneas – com os vermelhos.

É dever de todo estudioso da conjuntura política atual apresentar sua análise, por mais terrível que sejam suas conclusões – e é isto que faço aqui, cumprindo minha obrigação soterrado por verdadeira desesperança. Já dizia o antigo general Olímpio Mourão Filho (aquele, de 64): “a persistir esta forma de governo, um dia o gangsterismo e a máfia tomarão conta do Brasil, até que uma guerra, acionando forças exógenas, nos liberte”.

E tal é nossa situação: não há como o povo, sozinho, conseguir nada. Olavo de Carvalho já nos ensinava que, nos dias atuais, só assumindo o poder no Estado para se conseguir modificar o próprio Estado, ou meia dúzia de tanques debelarão a população fraca e desarmada.

O tráfico de drogas financia a esquerda, enquanto metacapitalistas como George Soros ou Bill Gates sustentam o veneno globalista. Ambos, agora unidos, são invencíveis.

Não há por quê Alexandre de Moraes parar. O Exército – sua cúpula – ficou de quatro e acovardou-se de maneira jamais vista em nenhum país do mundo. O Congresso nada fará, pois 99% dele está preso pelo STF via chantagem relativas a seus processos na referida côrte. A grande mídia – eterna patife, criminosa vulgar – endossa e tenta passar para o resto do mundo que tudo o que aqui ocorre segue o trâmite legal e estão apenas “saneando” o Brasil do “fascismo” de Bolsonaro e da quase totalidade do povo brasileiro, que nele votou.

Bolsonaro, seus filhos e mesmo Michelle serão presos. Congressistas serão proibidos de falar sequer em redes sociais – as quais estarão, definitivamente, caladas e mortas – e gente como eu, que faz videos abertamente conservadores, escreve artigos e publica livros seguirão, igualmente, para a cadeia ou seremos “casualmente” mortos em um “assalto”.

A única coisa que por enquanto podemos fazer é entupir as ruas – não para mostrar nada à mídia brasileira, mas sim à mídia internacional e, assim, tentar criar ao menos algum embaraço diplomático para os ditadores brasileiros. Trocando em miúdos, cair atirando.

Aproveite o pouco que ainda nos resta de liberdade nas redes sociais e nas ruas: venda caro sua derrota, vá às ruas com vizinhos e amigos, proteste.

Não chegaremos ao final de 2023 ainda podendo falar.


sexta-feira, 14 de abril de 2023

MESSAGE IN A BOTTLE

A ordem dada pelo governo às plataformas e redes sociais para banir e excluir imediatamente postagens definidas pela vaga classificação de "discurso de ódio" oficializa e torna legal a mais feroz censura que este país já viu.

Estamos agora proibidos de discordar, questionar, não gostar ou mesmo expor pontos de vista que não sejam a "opinião vigente", o "consenso obrigatório" - e aplaudindo tal arbítrio está a cumplicidade criminosa da grande mídia, tentando nos envergonhar e intimidar por pensarmos o que pensamos e termos a opinião que temos.

Estou certo que meus dias no YouTube - canal que está no ar desde 2009 - estão contados. Do mesmo modo minha terceira conta no Twitter - sempre excluídas às vésperas de eleições - seguirá pelo mesmo caminho. Com o Facebook acontecerá o mesmo, suponho, e até plataformas teoricamente mais "isentas" como o Rumble e o Telegram já extinguiram, no passado, meus canais.

Nada escapa da sanha persecutória da ditadura comunista que vivemos. Sequer a página onde publico meus artigos escritos - meu blog - foi poupada e o Google recusa-se a monetizá-la, alegando "conteúdo irrelevante".

Por isso aposto nos livros. Não apenas pela escrita ser a área que domino - jamais fui um primor de simpatia para ter sucesso no YouTube - como, por enquanto, creio ser pouco provável que os ditadores togados determinem a proibição de vendas e o recolhimento de exemplares em livrarias. Por enquanto, repito.

Dentro de uma ou duas semanas estarei lançando meu último livro de 2023, "Mais Olavo, Menos Oliva", onde traço um retrospecto das traições contumazes praticadas por nossas Forças Armadas contra o povo brasileiro, lastreada por análises filosóficas centradas no que aprendi como aluno de Olavo de Carvalho.

Tal livro é garrafa de náufrago, "message in a bottle" que lanço aos brasileiros para que não desistam. 

É a minha praia, é o tema que domino - análise política - e o meio o qual Deus deu-me o dom de expressar-me de modo correto.

Por isso peço união, resistência e coragem para reagir.

Ou tudo o que fizemos nos últimos anos terá sido apenas um breve suspiro de liberdade em um país irrespirável.

Walter Biancardine


Quer ler bons livros?

UMA BOA LEITURA!

O que aconteceria se um jornalista viajasse aos anos 60 e cobrisse 

o governo militar e a esquerda com os olhos de hoje?

As histórias dos livros seriam diferentes se vistas por nossos próprios olhos? 

E os amores do passado? Eles duram para sempre? 

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Esta é uma coletânea de contos, escritos entre 2007 e 2010, que reproduzem as histórias e causos que, invariavelmente, escutamos ao ambientarmo-nos em alguma cidade pequena e fazermos amigos.

Tais causos – a versão roceira das lendas urbanas – foram por mim escutados desde muito jovem, na então pequena e desconhecida cidade de Cabo Frio, Região dos Lagos, Rio de Janeiro.

Não ouso dizer que nenhuma delas seja verdadeira, contudo tantas e tão repetidas vezes as ouvi que resolvi publicá-las em livro, para que ganhem a notoriedade – ou infâmia – merecida.

Divirtam-se com elas.

Mas se me perguntarem se é tudo verdade, jurarei que só ouvi dizer.

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domingo, 9 de abril de 2023

CRUX VACUA EST… SURREXIT!

 


Em nossa egolatria cotidiana, por vezes aspiramos a sabedoria e exibimos pretensões de adesivar toda a transcendência da Paixão de Cristo e da Páscoa às nossas misérias particulares, traçando similaridades entre o sofrimento do Verbo Encarnado e o nosso próprio.

Tal ato, embora vil e pretensioso, é compreensível e justificável pois não fosse esta possibilidade e a Palavra de Deus mofaria em alturas inacessíveis, a ninguém alcançando; é a forma primária de empatia, de sentir algo “semelhante” e identificar-se com o relato.

Não escapei de tal tentação e defini o atual momento de minha vida como uma longa sexta feira de trevas, vendo-me despojado de tudo, escarnecido e cumprindo uma espécie de condenação, ao viver no mais baixo degrau da condição humana. Minha soberba vai além e move tal identificação para o fato de, semelhante ao Cristo, ver-me nu mas conservando a integridade interior – no meu caso, a do intelecto – e direciona toda essa conjuntura, quase herética, à fé que me trará a Páscoa, a ressurreição, o reerguimento pessoal quando obtiver novamente uma vida normal.

A Páscoa é a passagem, o Pessach judeu, e consolo-me entendendo as privações atuais como apenas uma parte do caminho a percorrer, meus quarenta anos no deserto.

Condenem-me o quanto quiserem, pois é merecido. Apenas creio que não sou diferente de ninguém e, igual, busco desesperadamente lenitivos para as feridas abertas que tanto incomodam: no que erro, outros já erraram; em minha soberba, outros igualmente o foram; em meu egoísmo, outros também com nada mais preocuparam-se, além de si mesmos.

Hoje é domingo de Páscoa e a cruz foi vencida, junto com a morte. Jesus ressuscitou e nos salvou mas, ao descer os olhos sobre mim mesmo, nenhuma semelhança permanece. Eu, tal como milhões de outros humanos miseráveis, ainda não venci meu opróbrio. Permaneço em duradoura sexta feira de trevas e esta compreensão é o castigo por minha soberba.

Em minha cegueira, desconsidero o sacrifício de Jesus para salvar minha alma e preocupo-me, inconformado, com a salvação de meu bolso.

E esse texto, repleto de palavras como "eu", "meu", "mim" ou "minha" como tantos outros, é o atestado público de minha pequenez.


Walter Biancardine


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quarta-feira, 5 de abril de 2023

TRAGÉDIA NA CRECHE EM BLUMENAU: A DESUMANIZAÇÃO DA VIDA

 


O inexplicável exige explicações e o imponderável, que se pondere.

É dever de quem se propõe a buscar as causas primeiras das coisas manter um raciocínio límpido, isento das emoções mais que naturais provocadas pelos atos de um monstro, um desequilibrado que escolheu como vítimas de seu limbo interior as indefesas e inocentes crianças de uma creche, em Blumenau, SC.

Não vou remexer em semelhante podridão – o autor dos assassinatos – por considerar que legiões de “especialistas” povoarão em breve toda a grande mídia, na tentativa de emprestar algum viés político ao ato e sendo – eles próprios, os especialistas – portadores de teratologias da alma tão graves quanto as do desequilibrado criminoso, ao assim se comportarem diante da audiência de milhões de espectadores, chocados e assustados.

Assisti hoje, no bravo jornalismo da Jovem Pan Baurú comandado pelo excelente Pitolli, declarações recorrentes do mesmo, no sentido de haver um processo claro de “desumanização” das pessoas de Donald Trump e Jair Bolsonaro, levado á efeito pela grande mídia internacional. E qual intenção se esconde por trás de tais tentativas?

Em resumo: produzir no público a nenhuma emoção ou piedade sentida ao matar uma barata, pois estamos nos “livrando” de um inseto nocivo, que apenas causa problemas. Assim, sequer o impulso de ponderações primárias, em busca da certeza se condenações judiciais e morais seriam justas para tal dupla de ex-presidentes, sentiremos. Obedecendo ao nojo inspirado pela mídia, diremos sem dó: “condene-se!”

Contudo não percebe ainda, o insubstituível Pitolli, que idêntico processo já é exercido perante a população mundial, adestrada principalmente desde sua juventude, através de longas e permanentes “imersões” de dessensibilização pela própria vida humana.

Desde sempre soubemos que desgraças, tragédias, calamidades dão audiência. Não cabe aqui ponderar sobre este traço sombrio da psique humana mas sim lembrar de importante mudança neste processo dessensibilizador, ocorrido nos mais recentes anos: de livros narrando tragédias e guerras á filmes, obras de arte ou peças teatrais representando as mesmas desgraças, o público é “espectador”, ou seja, encontra-se em posição passiva com relação ao que se desenrola na obra exibida.

Já na recente e devastadora versão “games”, tal consumidor torna-se um agente ativo – é ele quem explode uma casa, rouba um carro ou metralha, impiedosamente, inimigos em sua própria decisão.

Por diversas vezes, no passado, escutamos alguns raros protestos contra a violência exibida pelos meios de comunicação de massas – cinema, TV e mesmo teatro – portanto nos é lícito lançar os mesmos questionamentos sobre tais “brinquedos”, ainda mais cientes de que o consumidor, neste caso e como já disse, é um agente ativo de tal violência: procura-a, diverte-se com ela e finaliza, normalmente vangloriando-se, com as inúmeras mortes de “inimigos” obtidas.

Trata-se, portanto, de um perfeito jovem “desumanizado”, o qual sequer necessita da mídia para julgar Donald Trump ou Jair Bolsonaro merecedores de nada mais que uma cadeira elétrica.

Falamos, entretanto, de pessoas com uma psique sadia – ao menos até serem presenteadas com tais artefatos. Cabe aqui ponderar, dentro do vasto elenco das patologias da alma humana, os efeitos destes mesmos brinquedos sobre psicopatas, exibicionistas, esquizofrênicos e tantos outros males possíveis de habitarem em nós.

Na única foto que tive em mãos, o assassino – já preso – ainda conserva ao redor do pescoço os fones de ouvido indicativos da obviedade de seu universo: celulares, redes sociais e, naturalmente, games. Sim, trata-se de suposição mas alicerçada pela semelhança impressionante de hábitos, exibida por toda uma geração de pessoas. Buscam fama, notoriedade, e desconhecem – por doença ou dessensibilização – quaisquer valores ou princípios que ainda regem a combalida sociedade ocidental.

Importante observar que tais atos de barbárie tem se tornado comuns entre os países livres, mas curiosamente raros dentre os que exercem pesada repressão nos meios de comunicação de massas e um completo controle cultural – citemos como breve exemplo Rússia e China.

A sugestão do admirável Pitolli – colocar detectores de metal nas escolas – embora ofensiva e brutal, pode provocar inibições em um primeiro momento mas exibe nossa rendição diante do poder da grande mídia e da guerra cultural que vivemos. Deste modo e sem cairmos no extremo censório oposto, concluímos que é urgente a necessidade de reação popular mundial, contra a guerra cultural.

Certamente interessados protestarão, acusando tal proposta de “censura”, mas discutir tais queixumes neste artigo nos levaria, fatalmente, a abordar a “censura seletiva” que estas mesmas pessoas já exercem, sobre as redes sociais e meios de comunicação – assim, não entrarei neste assunto.

Finalizando, deixo clara a necessidade de discussões profundas sobre o tema, desde que isentas de contaminações ideológicas ou políticas, ou o nosso triste caminho para a barbárie não encontrará resistências: seremos um mundo de trogloditas comandados por tecnocratas, felizes em nossas trevas e estreiteza de horizontes.

Afinal, como ambicionar o que desconhecemos?

E que Deus Pai, Todo Poderoso, acolha as almas destas criancinhas e console suas famílias e seus pais.

ERRATA: cometi engano quanto ao nome da cidade, o qual foi posteriormente corrigido. Obrigado pela compreensão.

Walter Biancardine


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terça-feira, 4 de abril de 2023

QUERO UMA AUDREY HEPBURN PARA MIM. ONDE ENCONTRO?

 

Vejo-me hoje em idêntica situação a de um amigo, recém defenestrado por mulher que amava, ao queixar-se de suas desventuras amorosas em meus ouvidos prestimosos:

- Fiz tudo por ela, abri mão de minha vida, de meus amigos, de minha liberdade e tudo isso foi em vão! As mulheres sempre querem tudo! Querem você como um joguete em suas mãos, um fantoche bonitinho que possam exibir às amigas e se valer dele para cortar grama, carregar sacolas no supermercado, botar o lixo pra fora,,,chega! Não quero mais saber de mulher! Estou cansado disso tudo, nada que fazemos é reconhecido!

Solidário, resmunguei concordando:

- É verdade, tem certas horas que enche mesmo, parece que nada vale à pena…

- E não vale! Nunca vale! Estou cansado disso, chega!

- E o que vai fazer agora?

- Sei lá...queria, na verdade, largar tudo...largar emprego, sair da cidade...queria estar numa ilha deserta…

E completou, esperançoso:

- Numa ilha deserta...só eu e uma mulher bem gostosa ao meu lado…


A lucidez que não me abandona faz com que eu veja claramente as minhas nenhumas condições de, sequer, ter uma namoradinha – a menos que o pipoqueiro da pracinha divida o pagamento em 3X sem juros.

Igualmente esta mesma lucidez me ofende com a velhice evidente, que insiste em contaminar meu rosto todas as vezes que olho no único e quebrado espelho que possuo, pois é fato que namoradinhas disponíveis para fósseis vivos como eu, beirando os 60 anos, só encontrarei no brechó.

Entretanto, movido pela necessidade de virar uma página traumática e irresolvível de minha vida, apelo para os postulados da física – dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo, no espaço – e decidi apostar esperanças em alguma criatura com a qual eu possa desalojar incômoda lembrança de fugaz paixão, nutrida desde meus 8 anos de idade – sim, coisa passageira.

A fé nos impele a crer no impossível, e é neste átimo de probabilidade que aposto: darei um jeito em minha vida, terei como pagar um aluguel e, quem sabe, até comprar um Gol bolinha 1996 para passear com a nova escolhida!

E quanto à nova eleita, nada mais de olhos verdes! Olhos de gazela, tais como os da inatingível miss Hepburn!

E que venham acompanhados de toda sua classe, feminilidade, etiqueta, doçura, fragilidade e que nenhuma vergonha tal moça tenha de depositar em mim toda a pesada responsabilidade de cuidá-la, protegê-la, alimentá-la, guardá-la – que jamais esconda sua completa dependência de mim, pois o homem é dependente da dependência da mulher!

Para que um homem não termine por esquecer que é homem, a mulher deve dizer, diariamente e sussurrante, que precisa dele, que confia nele e nele abriga todo o seu mundo, o sagrado e secreto universo feminino que as "emancipadas" de hoje soterraram, ao tornaram-se “resolvidas”.

Sim, nada mais de mulheres fortes, bem sucedidas e donas de seu próprio – e emproado – nariz!

Que venham as frágeis, as que tem medos tímidos, as que poderíamos dobrar e guardar no bolso, em um gesto de amor!

Mas a lucidez é maior que qualquer fé, e um velho de 60 anos que ambicione tal ninfa acabará preso em jaula imunda, acompanhado por 46 negões solícitos.

A lucidez é maior que a fé e se não resolvi minha vida até agora, não será nos poucos dias que me restam sobre a terra que o farei.

A lucidez é invencível e se assassinei todos os relacionamentos anteriores é porque sou incompatível com a vida à dois – e já cumpro a pena de solidão perpétua, devidamente julgado e condenado, sem direito à progressão de regime.

A lucidez prevalece, mas posso sonhar: quero uma Audrey Hepburn para mim!

Alguém sabe onde encontro?


Walter Biancardine


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Pretérito Perfeito:

Uma incrível viagem aos anos 60 pode levar alguém a rever seus valores?
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Esta é uma coletânea de contos, escritos entre 2007 e 2010, que reproduzem as histórias e causos que, invariavelmente, escutamos ao ambientarmo-nos em alguma cidade pequena e fazermos amigos.

Tais causos – a versão roceira das lendas urbanas – foram por mim escutados desde muito jovem, na então pequena e desconhecida cidade de Cabo Frio, Região dos Lagos, Rio de Janeiro.

Não ouso dizer que nenhuma delas seja verdadeira, contudo tantas e tão repetidas vezes as ouvi que resolvi publicá-las em livro, para que ganhem a notoriedade – ou infâmia – merecida.

Divirtam-se com elas.

Mas se me perguntarem se é tudo verdade, jurarei que só ouvi dizer.

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sábado, 1 de abril de 2023

BERGOGLIO É UMA COISA, CATOLICISMO É OUTRA – E BEM DIFERENTE

 

O pecado original, com o qual a serpente tentou Eva, não é o conhecimento do bem e do mal. Tal interpretação desta passagem do Gênesis é, em última análise, gnóstica. O que a serpente prometeu a Adão e Eva era o conhecimento Divino do mesmo mas nós, em nossa ignorância, tomamos tal versículo como a capacidade cotidiana de cometer ou deixar de cometer tal ato ou de considerar determinado objeto como bom ou mal.

Cabem as perguntas: é assim que Deus conhece o bem e o mal? Existe algo que esteja fora de Deus, para que ele venha a conhecer?

Não. Em Deus, o conhecimento do bem e do mal é seu poder de instaurá-lo, determinar que tal coisa ou tal ato é bom ou mal e, esta sim, foi a tentação oferecida aos nossos avós bíblicos.

Não cabem dúvidas quanto a isso: Adão e Eva conheciam já o mesmo bem e mal que entendemos hoje. Deus disse que “tudo era-lhes permitido, menos comer dos frutos daquela árvore no meio do jardim” – assim instruídos, pois, a nossa concepção de bem e mal já existia no primeiro casal.

Mas a tentação de tal poder, de determinar o que é bom ou mal e deter um “conhecimento” Divino, além do humano, foi maior e assim resultou na expulsão de ambos do Paraíso.

Não é de hoje que o pecado original – esta pretensão em possuir um conhecimento que não é mental e sim faz parte da própria estrutura da realidade criada por Deus – habita entre nós, mortais. Podemos dizer que o avanço mais feroz de tal ambição se deu no Iluminismo pós Revolução Francesa, gênese de tantos descaminhos filosóficos que pariram o cientificismo – divinizado – e o empirismo como instâncias últimas das luzes humanas.

Esta certeza arrogante produziu criaturas tão díspares, à primeira vista, quanto Bergoglio e Alexandre de Moraes, por exemplo. Um, independente das circunstâncias que o elevaram à mais alta Corte de Justiça de um país, arroga-se a capacidade de determinar o bem e o mal, o válido e o não-válido nos jogos de poder cotidianos da nação segundo seu bel-prazer – e o mesmo se passa entre seus colegas, todos formados em idênticos caldos acadêmicos, portanto teoricamente Divinos, de cultura.

Bergoglio entretanto cumpre a triste e pior sina, já observada pelo filósofo Olavo de Carvalho, de fazer parte do tipo de ameaça mais séria contra a Igreja Católica Apostólica Romana: “Se você estudar a história da Igreja desde seu surgimento, verá que o maior problema que ela enfrenta não são aqueles que a atacam, mas os que a falsificam” – e o cidadão que faz, atualmente, as vezes de Vigário de Cristo na terra, é um deles e assim atua despudoradamente.

A infiltração esquerdista dentro da Igreja Católica produziu tais frutos e nem mesmo a sólida formação filosófica de seus sacerdotes teve força superior à potência das ambições ideológicas pois, ao fim e ao cabo, ideologias sempre favorecem aquilo que de mais obscuro o ser humano possui, em sua alma.

Minha afirmação é comprovada exatamente pela referência feita a “frutos”, no parágrafo anterior: qual a justificativa para que um Santo Padre se imiscua, dê palpites e faça julgamentos de valor sobre os acontecimentos políticos de um país? Alguma catástrofe humanitária se abateu sobre tal nação? Tragédias naturais? Guerras terríveis? Não, e nada disso importa à Bergoglio, que faz vistas grossas à perseguição e morticínio de católicos na Àfrica e no oriente, bem como igualmente cala-se diante das condições desumanas de vida enfrentadas pelos povos de Cuba, Venezuela e outros tantos. Cala-se diante de desgraças nacionais como nos países citados mas opina sem meias medidas sobre a política de outros, e tudo isso motivado pelo único fato de que, em comum, tais nações são governadas por “companheiros” ideológicos – tal como a própria esquerda diz, “ninguém larga a mão de ninguém”, e a canalha mundial se ajuda.

Mas, parafraseando um ilustre do passado, podemos perguntar: quantos tanques tem o Papa? Quais os seus exércitos?

Bergoglio – tal como a unanimidade da governança contraventora e subversiva atual – dispõe de um poder muito maior e mais letal que qualquer canhão já inventado: ele tem, em seu apoio, a grande mídia mundial e a mesma já faz troar seus obuses cá no Brasil, publicando em destaque as críticas bergoglianas à um julgamento supostamente “injusto” e proclamando – sim, este é o termo – a inocência do maior ladrão que já governou o país.

Por mais desmoralizada que esteja, é impossível fazer pouco ou desdenhar da força que a grande mídia ainda possui pois, como dizia Hitler, “uma mentira contada mil vezes torna-se verdade” e hoje impera, nas redações dos grandes conglomerados e “consórcios” midiáticos a preguiçosa e conveniente política profissional do “copia e cola”: o que um jornal publica, em minutos estará replicado em todos os outros veículos de informação do país – e o poder da multiplicação das mentiras é o retrato em negativo de tudo o que Bergoglio um dia aprendeu no seminário.

E há muito esqueceu.


Walter Biancardine


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sexta-feira, 31 de março de 2023

SEXTA, SÓ. SÓ SEXTA.

E chega a noite de sexta feira, as horas vão passando e a noite avança.

A primeira estrela, minha companheira desde a juventude, apareceu e fiz o pedido diário. Não mais alguém que me livre da solidão, como pedia desde meus 15 anos, mas meu sustento.

Sim, pois voltando à dignidade, poderei morar onde mora gente e encontrar, por mim mesmo, alguém que me queira.

Mas o relógio nunca pára e a noite seguiu.

Há muito qualquer chance de avistar alguém – um boiadeiro ou peão qualquer – já se foi. Normalmente não são vistos e em uma noite de sexta, desaparecem por direito e merecimento.

Saio de minha casinha e olho em torno: só escuridão, grilos cantando em coro com os sapos da lagoa e nem mesmo as amigas vacas ou os compadres cavalos estão por aí. Um deserto.

Um alucinante, silencioso e pesado deserto que pior fica ao lembrar-me que, em um raio de quilômetros, sou eu a única alma viva a contemplar a imensidão de nada a minha volta.

Me afasto de casa, caminhando lentamente e falando sozinho, como faço todas as noites. Aproveito a brisa fresca, entro pelo pasto onde só a lua o ilumina e procuro um cupinzeiro para sentar.

Continuo falando sozinho, resmungando confiante em minha decisão de virar a página, mas a lua não perdoa e enxergo claramente os quilômetros de vazio, que fazem as saudades da vida que tive crescerem em igual proporção à sua grandeza.

Sexta feira e não mais uma viagem com quem amo. Sexta feira e não mais um chope com amigos. Sexta feira e não mais receber alguém na casa que um dia tive. Sexta feira e não mais a conversa fiada no sofá da sala, ambos exaustos após um dia de trabalho – só eu e quem um dia me amou.

Sexta feira e não mais nada, solitário entre quilômetros de angústia, uma sentença perpétua medida em hectares. Em algum momento da madrugada o sono vencerá a solidão e adormecerei, eu e eu, dando boa noite a mim mesmo.

Mas amanhã é sábado e o sol nascerá novamente – só para mim, sozinho, andando pela estrada deserta e muda.

Eu fiz um pedido á minha estrela, ela não costuma falhar.

Quero resultados dos meus trabalhos, dos livros que escrevi, dos artigos que publiquei, dos vídeos tão perseguidos. Quero um emprego. Quero pagar aluguel.

Não peço mais ninguém em minha vida, pois bem sei o que sou.

Só quero dignidade.

Walter Biancardine


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sábado, 25 de março de 2023

É PRECISO FORÇA PARA CONTINUAR MORTO


O fato é raro mas, por vezes, acontece: o telefone toca, é alguém querendo falar comigo.

Em dias de comunicação verbal quase extinta e isolado como um náufrago, em ilha de solidão cercada de pastos por todos os lados, a campainha surpreende e gratifica.

Como é bom saber que alguém quer nos falar algo! Principalmente: falar, e não digitar abreviações engraçadinhas e incompreensíveis, em redes sociais ou aplicativos eternamente vigilantes de suas opiniões.

Difícil é, para quem jamais enfrentou a solidão compulsória – pois que a opcional é privilégio – compreender a sensação de ser um cadáver que respira: você sente fome, toma banho, arruma sua cama, escreve, fuma, descansa ou pensa – sozinho, sempre – no que fazer. Lê uma notícia, quer comentar e não tem com quem. Termina um texto, precisa de opiniões, mas não há ninguém para dar. Está com fome, pensa em algo para comer, mas não há companhia e muito menos quem sugira um prato diferente. Chega o fim do dia, você deita na cama, acende um cigarro e quer conversar. E o monolito gigantesco da solidão rola por sobre sua cabeça, esmagando sua energia de vida.

E no dia seguinte você acorda e não há com quem partilhar o café. Sim, tudo se repetirá, ao logo de semanas, meses, enterrando o solitário cada vez mais fundo em sua lápide até que – seja por sorte ou piedade – o telefone toque.

Mas tal fato, como disse, é raro. O mais das vezes, as maravilhas da tecnologia fazem companhia ao pobre náufrago, o defunto que ainda perambula: escolhe-se uma web rádio – particularmente, com músicas antigas, aquelas que continham coisas estranhas como melodias e poesias metrificadas em letra de música – para ter-se algum som, algum ruído que não o mugir de vacas, relinchar de cavalos ou o uivo fantasmagórico do vento, sempre a lembrar de nossa morte – se não de fato, ao menos de direito. Mas a emenda sai-nos pior que o soneto, pois antigas canções sempre evocam lembranças, dias felizes, épocas em que éramos vivos e amados, onde nossa presença era não apenas notada como esperada.

Então, um dia, sentenciado por juiz que só deseja o bem de todos, resta-nos cumprir a sentença de solidão perpétua e morte virtual – para o bem de todos, é bom repetir.

Ou somos passionais ou somos justos, não há meio termo. Justiça sem temperança é vingança, e ouso perguntar o quão escuras serão as trevas que conceberam tal sentença. E tal vingança se dá em revanche desigual, numericamente: juntam-se dezenas de mágoas para abater, surrar um só e indefeso amor.

Mas é para o bem de todos, importante lembrar. E não há apelação.

É preciso equilíbrio emocional, uma fé sem tamanho, para um ser humano sobreviver a tal regime de vida – e a ajuda de Deus também, pois que ontem foi dia do telefonema! E a tal ponto lembrou-me do bom que é estar vivo que, após o mesmo, saí de minha ilha de mato e solidão rumo à estrada para – sim, é verdade – ver os carros passarem! Ver gente! Ver movimento!

Ontem pude respirar, foi um bom dia. A tampa da lápide foi levantada por breves instantes, conversei ao telefone, vi carros passando na estrada, caminhões buzinaram me cumprimentando – sim, eles me viram!

Ontem foi um bom dia. Pude respirar, ganhar forças para continuar morto.

A vida é assim.

Walter Biancardine


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domingo, 19 de março de 2023

PLATAFORMAS DONAS DE NOSSAS VIDAS -


A liberdade de opinião e de expressão, garantida pela Constituição Federal, é solenemente ignorada pelo YouTube.

Tal plataforma que, na prática, detém o monopólio da hospedagem de canais de vídeo, ignora completamente tal direito e vai além: hoje, muitas pessoas se valem dos vídeos como sustento e eu sou um desses. Meu canal foi desmonetizado às vésperas do Natal e não só assim permanece como - além dos 11 vídeos excluídos ano passado - outros 15 foram igualmente deletados pela plataforma, de ontem para hoje.


Deste modo o YouTube tirou meu sustento, como um deus todo-poderoso que decide sobre nós, reles mortais, quem poderá comer amanhã ou sofrerá a punição da fome e indigência.
Tal plataforma igualmente condena à indigência as opiniões de quem busca seus vídeos para informar-se ou expressar seu entendimento - que não é mais livre: devemos obedecer à "opinião padrão" determinada pelo STF, partidos de esquerda, globalistas e grande mídia.
Segundo o que fui informado, estou proibido de postar até o início de abril - e se minha audiência já era baixa, após esse sumiço ficará ínfima.



Luto com todas as minhas forças para terminar meu livro "Mais Olavo, Menos Oliva" apenas para cumprir meu dever, pois sou um autor iniciante e minhas duas publicações anteriores, "Pretérito Perfeito" e "Gislaine dos 3 Verões" nada me renderam, em termos de direitos autorais. Com o livro que estou terminando, não creio que será diferente.

Não sei o que farei e, francamente, prefiro não pensar.

Esta virada de março para abril será, de fato, decisiva em minha vida pois, em última análise, ainda tenho o sagrado direito dos fracassados na vida, que é simplesmente desistir de tudo.

Se a partir de abril nada mais encontrarem de mim, é porque terei feito o que a antiga canção ensina: "Boots are made for walking".

Que Deus me dê aquilo que mereço.

Walter Biancardine

NOTA: ATÉ O MOMENTO (20:59 terça feira, 21 MARÇO) 15 VÍDEOS FORAM REMOVIDOS PELO YOUTUBE - NÃO DE UMA VEZ, MAS UM A CADA 30 MINUTOS, APROXIMADAMENTE.
A INTENÇÃO É ESSA: CAUSAR DOR, SADISMO DIGITAL.

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