terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

VERBA VOLANT, SCRIPTA MANENT

Ousei-me, no dia de ontem, relatar experiências e descobertas durante a faina de publicar desatinos em livro e o resultado me surpreendeu, por vários aspectos.

Em primeiro lugar, recebi e-mails. Considerava esta uma forma já defunta de comunicação, tal qual os antigos telegramas fonados ou mesmo simples ligações telefônicas. Em sua grande maioria – da imensidão de 14 mensagens – parabenizavam-me por meu début como escritor mas condenavam o teor geral da feira de vaidades ali descrita, alegando – com razão – que eu poderia desestimular outros calouros, como eu, a lançarem-se em tal aventura por receio de parecerem simples ególatras, em busca de aplausos.

E este segundo e último ponto foi toda a razão que levou-me de volta aos teclados, neste momento – não posso esconder mesmo um certo sentimento de vergonha por ter produzido, ainda que involuntariamente, tal temor.

Enxergo, em toda plenitude de seu poder, o pecado predileto do Encardido – como seja, a vaidade – e sei dos quantos e tamanhos atos que ela é capaz de impulsionar no pobre ser humano, eterno buscador da igualdade mas ansioso por exibir-se diferente. O que não vi e causou-me surpresa foi o desejo sincero de muitos, ansiosos por imprimirem em papel não apenas histórias que desejam contar como, também, seus pensamentos, teses, conjecturas e mesmo valores e conceitos.

Em um mundo cuja história recente e toda a informação circundante no globo terrestre pode ser apagada à primeira falta de energia elétrica, causa-me enorme alívio perceber a quantidade de pessoas tais como eu, antigas e retrógradas como muitos apontam, mas que creem piamente no dito latino que titula estas mal-traçadas: “Verba volant, scripta manent”, infelizmente popularizada por infame vampiro de nossa atualidade política.

Assistir um video do bom e velho Olavo de Carvalho é necessário e muito bom, mas se não tivermos seus livros à mão, todo o fundamento das palavras voláteis no YouTube se perderá ou não encontrará solo propício onde criar raízes.

Não há tecnologia que substitua o poder e a perenidade do papel impresso e encadernado – portador, em si, de uma moral e dignidade que nenhum site, arquivo PDF ou vídeo do YouTube jamais terá. Igualmente, o mesmo livro poderá ser lido até mesmo à luz de velas se assim exigido, bem como seu manuseio – a sensação tátil e o cheiro inconfundível – sempre nos predispõem a uma atenção mais benevolente que à uma tela de celular. Os anos passarão, haverá energia elétrica e sua falta, a internet virá, cairá, será em 5G ou G nenhum, mas os livros ficarão para nossos netos e – quiçá – bisnetos.

Assim, encerro esta em sonora mea culpa se tal impressão, contrária à pretensões literárias, causei. E vou além: peço que escrevam! Escrevam sempre, sobre tudo, sobre todos, e não hesitem em publicá-los – por mais que os preços cobrados pelas editoras tornem quase inviáveis os exemplares de autores iniciantes, que serão invariavelmente vendidos tão caros quanto um Shakespeare.

Não é à toa que nada acontece na política sem que, antes, não tenha sido imaginado, previsto, suposto, desejado ou mesmo temido em livros. George Orwell é uma prova disso.

Escrevam hoje, jovens. Vocês podem moldar nosso mundo de amanhã.


Walter Biancardine


Conheça meu livro "Pretérito Perfeito", disponível na Amazon em e-book e livro físico!
Um homem falido e solitário, obcecado pelo passado e não enxergando nenhuma chance na
vida, tenta o suicídio mas fracassa. Começa então o que pode ser uma nova oportunidade, uma
viagem extraordinária ao passado, onde compreende que tudo o que amava era igual ao presente, e
que a vida real não tem o glamour das lembranças.
Da conturbada política dos anos 60 aos seus conceitos sobre o país, a família e Deus, ele
derruba os mitos de suas memórias, redescobre suas raízes e deve decidir entre dois amores:
uma é sua paixão de infância e outra é a resposta para sua vida.
Como escolher entre o desejo e a redenção?
Viver o passado pode nos ensinar?
Ou e-book, bem mais barato!



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

VAIDADE EM CAPA DURA

 

A clássica história do escritor iniciante, que luta para encontrar um editor que aposte em seu talento e publique seu livro, ficou no passado.

Hoje em dia – aliás, já há uns bons anos – não é mais preciso ter uma boa história para contar, formas cativantes de narrá-las, esmiuçar teses originalíssimas ou escrever relatos e biografias portentosos para motivar as editoras – aliás, sequer dominar a língua portuguesa e ser dono de um belo estilo de escrita são necessários: basta pagar. 

Não é novidade o mecenato de alguns poucos abastados que, enxergando em profundidade uma obra apresentada por algum artista ou escritor miserável, bancam a mesma perante editoras e custeiam não apenas a impressão, revisão, edição e encadernação como, também, sua distribuição em todo o território nacional.

Não, não se trata disso. Hoje o mecenas é o próprio ego dos aspirantes ao título pomposo de escritor – ou, mais ribombante ainda, intelectual – que financia a empreitada. Se alguém que jamais ouvimos falar é apresentado como verdadeiro trabalhador das letras, exibindo invejável portfólio de uns 10, 15 livros – ou, por vezes, bem mais – não significa, necessariamente, talento ou receptividade por parte do minguado público literário brasileiro e sim polpuda e recheada carteira, para bancar tudo isso.

As editoras descobriram o maravilhoso mundo de nosso ego e atuam, hoje, tal como as redes sociais alavancando vaidades e cobrando – caro – por isso. É uma rede mais refinada, digamos, que aponta diretamente para um narcisismo deveras elaborado e, por isso, merecedor de ser extorquido impiedosamente até seu último centavo – pois nada é caro demais para vaidades potentes.

Os preços variam, de acordo com seu ego: de simplórios mil Reais, que permitem apenas publicação – sem revisão, diagramação ou distribuição em livrarias; você pega seus calhamaços e se vira – até astronômicos vinte e cinco mil Reais, que catapultarão você e sua obra diretamente para pequeno stand na FLIP! De modo pior, tais empresas sequer ruborizam e oferecem as citadas tentações em suas páginas na internet; um tiro certeiro, à queima roupa, em alguém cuja vaidade, muito provavelmente, é infinitamente maior que seu conteúdo.

Assim, graças ao talento financeiro de alguns, suas obras poderão ser revisadas, corrigidas de barbarismos paulofreireanos ou, até mesmo, contar com um “personal ghost writer”, que escreverá a obra inteirinha para você! Sim, é isso! Apenas dê a idéia e pronto: você será mais um dos “intelectuais cenográficos” do decrépito panorama cultural brasileiro.

Em relativa contramão disso tudo vai a Amazon – a qual, particularmente, não tenho nenhuma simpatia decorrente de suas panfletagens políticas – mas que oferece serviços de maneira menos libidinosa que as citadas editoras: apenas publica seu livro, seja em formato e-book para Kindle ou impresso, sob demanda. Seu mote de vendas é a poderosa estrutura de vendas que possui, cobrindo praticamente todo o globo terrestre e, se sua obra é compreensível e traduzível para outros idiomas, provavelmente oferecerá algum retorno financeiro ao autor.

Por outro lado, nesta mesma Amazon você faz tudo: revisão, diagramação e até mesmo a capa de seu trabalho, mas é de graça! Faça, tenha fé em Deus e publique!

E foi em tais paragens que atrevi-me a publicar meus desatinos. Em condições financeiras abaixo da linha do risível e sabedor do quanto pessoal, íntimo e de doloroso expurgo minha obra contém, também estou ciente que dificilmente poderá ser elogiada pela estrutura rítmica de sua narrativa – tudo aquilo saiu à fórceps de minha alma, doeu e não foi pouco, por mais ficção que a mesma contenha. Entretanto, à parte condenar o wokismo da empresa, sempre elogiarei a chance oferecida a autores como eu, que buscam um lugar ao sol na esperança de terem suas idéias discutidas e – é claro – algum retorno financeiro.

Afinal, o mercado literário ainda não foi desmonetizado por nenhuma decisão do STF nem queimas de livros em praça pública foram ordenadas, por súmula exarada do pleno.

Ainda.


Walter Biancardine

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domingo, 19 de fevereiro de 2023

A WHITER SHADE OF PALE

 

A alegria simples:

E tudo era alegria enquanto dançávamos, pois que a música era nossa, o ritmo ditávamos, os risos aumentavam, e os giros no salão também.

A euforia de nosso prazer se espalhava em todos, que se aproximavam e pediam:

- Mais! Mais!

A felicidade embebedou-me e o teto se foi longe, ao agachar-me para o beijo.

Gargalhadas, risos altos, aplausos – e nós, felizes a girar nossos sorrisos.

O garçom trouxe-nos as taças, e uma pausa se fez.

Saindo de lá, um conhecido solitário encontrou-nos e contou sua triste história.

Em tudo contrastava com nossa alegria, mas ela me disse:

- Não há razão nenhuma, a verdade é simples e basta ver.

Fingi não escutar, fingi não entender, apenas jurei que com ela não seria igual.

E descobri que uma decisão pode ser cega.

Só então entendi, enquanto o amigo falava, o por quê de sua palidez.


A loucura da festa:

E tudo era loucura enquanto dançávamos, nossos corpos pulsavam juntos e do modo que queríamos.

Nossa tonteira aumentava, o salão girava, a visão turvava.

A viagem não era só nossa, outros sedentos também pediam:

- Mais! Mais!

Em um mundo de pessoas com asas e paredes moles, o teto voou e no chão ficamos.

Gargalhadas, risos altos, aplausos – e nós, loucos, a girar nossas cabeças.

O garçom trouxe-nos as taças, mas nada mais cabia-nos.

Saindo de lá, um conhecido lúcido encontrou-nos e contou sua triste história.

Em tudo contrastava com nossos delírios, mas ela me disse:

- Não há razão nenhuma, a verdade é simples, não devemos fugir.

Fingi estar louco demais para compreender, apenas jurei que com ela não seria igual.

E descobri que a covardia embebeda.

Só então entendi, enquanto o amigo falava, o por quê de sua palidez.


A tristeza do fim:

E tudo era silêncio enquanto dançávamos, nosso abraço embalado era um réquiem de nós dois.

Girávamos no salão, em sentido contrário ao relógio. O luto era lento, suave e melódico, e não haviam mais risos e aplausos.

Eu estava surdo e jamais escutei quando ela pediu:

- Mais! Mais!

Em uma sala vazia, de paredes nuas, o teto se foi e enxerguei as trevas da noite.

O garçom trouxe-nos as taças, e não havia por quê beber.

Saindo de lá, um conhecido ferido encontrou-nos e contou sua triste história.

Não quis ouvir, não quis saber, apenas descobri que juras não evitam o igual.

Aprendi, tarde, que a mudez é fatal.

Só então enxerguei, enquanto o amigo falava, sua palidez de virgem vestal.

Só então enxerguei um tom mais branco de pálido.




quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

"Apenas cumpro meu dever", ou "Defendo a democracia" -


A "Banalização do mal" é uma expressão criada por Hannah Arendt (1906-1975), teórica política alemã, em seu livro "Eichmann em Jerusalém", cujo subtítulo é "Um relato sobre a banalidade do mal".

Acompanhando julgamentos de criminosos de guerra e também relatando e analisando as sessões que resultaram na condenação de Otto Adolf Eichmann, funcionário do Governo Nazista responsável pela captura, deportação e morte de milhares de judeus na Europa, Arendt se deteve sobre a questão da responsabilidade do réu em questão.
Ela percebeu que, ao contrário do monstro que esperava, o carrasco era apenas um burocrata que "cumpria seu dever". E compreendendo esse divórcio do caráter e personalidade humanos, escreveu seu famoso livro.
Segundo sustenta Arendt, a banalidade do mal é o fenômeno da recusa do caráter humano, alicerçado na negativa de reflexão e na tendência em não assumir a iniciativa própria de seus atos ("apenas cumpro meus deveres").
Este livro se tornou um best-seller, um clássico, e podemos utilizá-lo nos dias de hoje para compreender personalidades que vão de Marcola a Alexandre de Moraes: um apenas "toca seu comércio" e outro, mais nobre, "defende a democracia".
Igualmente podemos utilizá-lo em agentes da Polícia Federal os quais, obedecendo ordens claramente ilegais, prendem pessoas por crimes inexistentes ou mesmo para a grande mídia, que a tudo isso relata, endossa e apóia.
O que fazemos em vida - bom ou mal - ecoa na eternidade.
O povo não esquecerá.

Walter Biancardine

domingo, 23 de outubro de 2022

A PANDEMIA DA BURRICE


Quem chama de “teatro” os recentes acontecimentos envolvendo a ordem ilegal de prisão expedida contra Roberto Jefferson não passa de um rematado imbecil.

Acusam-no de seu passado, do que fez e com quem se aliou, transformando a questão em um personalismo retardado, de um Bolsonaro contra Bob Jeff, e embaçam o cerne da questão: quem não defende valores e princípios como a liberdade – liberdade de não ser preso por quem não detém esta prerrogativa – não merece a mesma.

Esta mesma cegueira não enxerga as declarações de Bolsonaro como a única atitude esperada de um Chefe de Estado – o que queriam? Que o Presidente apoiasse a reação? Que convocasse o povo ás ruas? Que suicidasse não só sua candidatura mas, igualmente, seu cargo? Não, os imbecis se valem disso para achincalhar e desmerecer a luta por valores e princípios – quase afirmando que o Presidente não os defende também, pois “condenou” o acontecido.

A imbecilidade de quem sorri, debochado, de tais acontecimentos, também não os permite enxergar a função didática de todo acontecimento de grande repercussão: se reações similares a de Roberto Jefferson houvessem sido praticadas desde o início da sanha ditatorial do STF, se o povo houvesse ido às ruas em fúria contra o atual estado de exceção, tais togados teriam entendido claramente os limites que não poderiam ultrapassar, sob pena de um destino trágico.

É covardia desertar da luta por estes valores, alegando o passado criminoso de Roberto Jefferson, sua reação violenta ou que isso poderia prejudicar a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro: o que está em questão são os princípios fundamentais, não o Bezerro de Ouro personalista ao qual se aferram. Esta guerra civil que o Brasil atravessa – sim, a enfrentamos realmente – não foi por nós iniciada: não é nossa a origem do divisionismo, do “nós” contra “eles”, das calúnias absurdas, dos assassinatos de reputações e do torpe e sujo ativismo judicial descarado que nos subjuga.

Ao fim e ao cabo ficou provado, sim, que armas podem nos defender – não apenas da cobiça de criminosos como, igualmente, da sanha de tiranos que almejam uma ditadura. Assim está, na Constituição norte-americana. 

E aos que alegam que os policiais - cumprindo uma determinação ilegal desde suas origens - estavam "apenas cumprindo seu dever", ficam as alegações abaixo:

"Eu apenas obedeci ordens"

(Eichmann, Nuremberg, 1946)

sábado, 8 de outubro de 2022

UMA ANÁLISE INCÕMODA, MAS REAL - PARTE II


LULA ELEITO, ESQUEÇA O CONGRESSO

Em uma apresentação estranha da “Síndrome de Estocolmo”, onde o sequestrado afeiçoa-se ao sequestrador, a grande mídia em geral e os raros veículos razoavelmente conservadores em particular tem relativizado, diariamente, as consequências de uma eventual vitória e posse do criminoso Luis Inácio nas urnas.

Alegam, em uníssono, que Lula e seus cúmplices não teriam como impor suas pautas contra um Congresso – leia-se Senado e Câmara dos Deputados Federais – de “centro-direita” (sic). Baseiam sua crença no fato notório que este mesmo Congresso, na presente legislatura, boicotou e sabotou todas as ações do Governo Bolsonaro que por lá passaram, valendo-se das tristes características parlamentaristas de nossa natimorta Constituição socialista.

Realmente, tudo isso se deu mas esquecem tais analistas algumas particularidades que desmontam, por completo, tais análises: em primeiro lugar o Presidente Bolsonaro respeita as leis, a Constituição, e jamais incorreu no crime implícito de “governar por coalizão”. Não ofereceu cargos, loteou ministérios ou – pior – comprou apoios. E é justamente apontando para este último item que entra a segunda particularidade a ser analisada.

A primeira providência de Luis Inácio ao assumir seu primeiro mandato foi fechar o Congresso Nacional.

Sim, o termo é esse e tal golpe contra a democracia se deu não por força de armas mas pela sedução do dinheiro – Lula comprou o parlamento e governou sem oposição. Ao menos, uma oposição real, efetiva, e o subsequente escândalo do Mensalão revelou a medonha extensão da ditadura silenciosa imposta ao povo brasileiro, até hoje não compreendida em toda sua gravidade pelos cidadãos.

Poderíamos ter a certeza de que as atuais bancadas da Câmara e Senado “jamais venderiam seus ideais”? Pensar assim é de uma inocência que beira o medo de enxergar a verdade. Alguns, pouquíssimos, certamente não cederiam mas a grande maioria sim – pois que assim podre é o homem, desde as primeiras dentadas de Eva na maçã e as desinteligências entre Caim e Abel. Desnecessário dizer que raras e eventuais contrariedades no Congresso seriam prontamente resolvidas por parlamentares saltitantes, que endereçariam seus queixumes ao STF.

Esta última casa citada – STF – acomodará gostosamente mais dois integrantes indicados pelo alcoólatra, indiferentes a sabatinas pagas por neo-mensalão 2.0 turbo. Não se espantem se proposta posterior, de aumento do número de Ministros, venha a ser considerada e aprovada por este mesmo Congresso de “centro-direita”.

Para coroar, e evitando o “erro” já admitido pelo terrorista José Dirceu, toda a cúpula das Forças Armadas será substituída por um generalato mais, digamos, compreensivo e progressista.

Quanto á grande mídia – amiga ou nem tanto – estas serão regiamente subornadas e não sobrará nenhuma voz discordante: ou aplaude ou fecha. Esta afirmativa se aplica em particular às redes sociais, cujo controle e pesada censura será exercido sem nenhuma vergonha ou contrariedade: imitadores de foca viscejarão em mares de 100 milhões de seguidores, enquanto as plataformas banirão canais “antidemocráticos” que ameaçarão o país, graças aos seus 10, 20 mil inscritos formadores de “gabinetes do ódio”.

Em meio a todo este cozido horroroso estamos nós, povo brasileiro, esperando que “algum líder” nos conclame para irmos ás ruas gritar para o TSE que sabemos o que fizeram. Abrimos mão de nossa livre iniciativa de protestar e aguardamos, covardemente, que Bolsonaro tenha sua candidatura cassada por pedir isso aos cidadãos.

O Presidente jurou fidelidade ao povo brasileiro – mas ninguém entendeu.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

UMA ANÁLISE INCÕMODA, MAS REAL


Acreditar que Jair Bolsonaro tem o ex-presidiário Lula como adversário no segundo turno é passar recibo de cabresto mental.

O papel degradante ao qual as empresas de pesquisa se prestaram tiveram, ao menos, a utilidade de esfregar em nossas caras as evidências de uma combinação prévia: todos acertaram nos percentuais “obtidos” pelo descondenado, mas variaram gritantemente – e sempre para menos – nos votos a favor de Bolsonaro.

Isso evidencia a premeditação dolosa dos resultados e, por isso, o Presidente hoje tem de lidar com dois adversários: as urnas e a nossa omissão. As urnas, inauditáveis, indubitáveis, impolutas e sacrossantas não podem, sequer, serem postas em dúvida sob pena de prisão e banimento moral pela grande mídia. Mas a nossa omissão pode e deve ser resolvida – e de maneira bastante simples, embora desafiadora e trabalhosa. 

Em primeiro lugar é preciso fazer chegar aos ouvidos iluminados de Suas Altezas Supremas que, sim, nós sabemos que houve fraude e que não admitiremos sua repetição no segundo turno.

É preciso mobilização popular por todo o Brasil e em Brasília, massiva o suficiente para dar, de forma clara, este recado simples. Apenas dizer isso.

Suas Altezas pretendem repetir aqui o vexame institucional perpetrado nos EUA na excrescência eleitoral que alijou Donald Trump do poder – e que, lá, nada foi feito devido ao respeito do povo norte-americano por sua tradição democrática sem sobressaltos.

Lembremos, pois, às Suas Altezas, que – para o melhor ou para o pior – nosso Brasil não conta com tal tradição nem respeito. E que isso instile a prudência em seus atos e combinações.

Já o segundo adversário que Bolsonaro enfrenta é a nossa omissão.

Da moleza de não irmos às ruas mostrar aos Iluminados que sabemos o que fizeram no verão passado ao comodismo arrogante do “já ganhou”, trafegamos pela estrada da preguiça ao reclamarmos das absurdas filas de votação – criadas por dolo do TSE – e que fizeram muita gente desistir de votar.

Vivemos em uma verdadeira guerra, talvez uma avant prémiére suave de conflitos subsequentes à imposição do alcoólatra ao poder – e o desistente deve considerar-se um desertor, que escolheu entregar o futuro de sua família á sanha de uma quadrilha sem limites humanos ou morais.

É hora de união, de conseguir mais votos – em quantidade estratosférica, que sufoquem os mais perniciosos algoritmos já instalados nas urnas – e de nos conscientizamos que não se trata de uma simples eleição: é uma batalha.

Você é o combatente, e não pode desistir.

Converta votos, grite nos ouvidos Iluminados e só saia da seção eleitoral após votar.

E que Deus ajude o Brasil.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

A FOME DO MAL

 

Acabei de saber agora, via Gustavo Gayer no YouTube, de mais uma decisão arbitrária e ilegal da citada plataforma, amparada pelo TSE/STF, eternos cúmplices em nossa atual ditadura judicial.

A bola da vez foi o canal Vista Pátria, de Allan Frutuozo, que ficará mudo, de "castigo", por uma semana em decorrência da libido ditatorial de Alexandre, o Imoraes, Fachin Carmem Miranda e o momentaneamente oculto Barroso Boca de Veludo.

Bom ver o Gustavo alertando e ajudando o Allan - tal qual, ele mesmo diz, foi ajudado pelo canal Terça Livre em seu início.

Bom saber que existe uma ajuda - ainda que restrita a pessoas e canais mais palatáveis que eu e minha inconveniente e mal educada OPNews TV. Ambos - canais palatáveis e minha notória insuportabilidade - são fatos notórios e não tenho nenhuma pretensão de negar ou minimizar.

A verdade é que a função jornalistica é, de per si, algo de inconveniente e insuportável. E quem age diferente não é jornalista: é, no máximo, Relações Públicas.

Sou assim, deste modo sempre agi e não será agora - perigosamente próximo de meus últimos dias sobre a terra - que irei mudar.

Se sou persona non grata em rádios, TV's, jornais e mesmo nas plataformas digitais para merecer tal mão estendida, devo aqui relatar que, incrivelmente, ainda existem pessoas que prestam atenção na mensagem que passo - e não em mim, horroroso, como mensageiro.

Não apenas relato como torno público meu agradecimento a tais pessoas que, através de seus views em meu canal do YT, de seus compartilhamentos e suas contribuições no PIX - única fonte de renda que um pária ideológico como eu dispõe - me permitem sobreviver e me incentivam, a cada maldito dia, a prosseguir nessa guerra ingrata que tudo me tirou - menos a vergonha na cara.

Não tenho a ajuda de famosos do YouTube. Meu canal foi desmonetizado e vive em eterna "shadow ban'. Minha antipatia é verdadeira e irremediável - tal como um pé chato, de nascença.

Mas falo a verdade. Analiso fatos sob a luz mais crua, conforme aprendi com meu mestre Olavo de Carvalho.

E dele também aprendi que, qualquer concessão que eu faça á verdade - mesmo por gentileza ou gratidão - será um serviço prestado á mentira.

Prossigo na luta enquanto lúcido o suficiente, respirando o necessário e me alimentando com o possível.

Não me queixo.

Se existe alguém com motivos suficientes para isso, é aquele que nasceu sem uma vocação e - pior - sem uma missão.

Não tenho dinheiro para comprar uma briga mas estou em todas elas.

Meu aplauso a todos os que tombaram, vítimas desta infame ditadura judicial que vivemos.

Que Deus nos proteja.

sexta-feira, 22 de julho de 2022

A NARCO-DITADURA COMUNISTA É UMA REALIDADE NO BRASIL

Vivemos atualmente em uma ditadura socialista implantada pelo STF e partidos de esquerda. José Dirceu, o arquiteto criminoso por trás de tantas mortes, tráfico de drogas e deste golpe de estado que sofremos, continua perambulando e mostrando que estava certo: "nós vamos tomar o poder, o que é diferente de ganhar eleições".

A esquerda infiltra seus quadros na administração pública, no judiciário, no sistema de ensino e até na saúde há quase 100 anos. Não há, portanto, como esperar que a canetada de um Presidente possa resolver isso.

Esta solução deve partir de nós, de nossa capacidade de identificar tais inimigos e reduzí-los, publicamente, ao ridículo de suas posições, denunciando o eterno ativismo que sempre se sobrepõe á qualquer ofício que tal celerado exerça.

Vimos tropas inimigas alvejando o BOPE com baterias antiaéreas e - extremamente simbólico - fardados!

A esquerda já decretou guerra civil, tomou territórios onde o Estado não entra e ocupou todos os espaços na administração pública, na mídia, na cultura, e agora mostra seu poderio bélico via TV.

Estamos em guerra, o território nacional está ocupado por tropas narco-terroristas garantidas pelo Judiciário, por uma mídia cúmplice e por congressistas associados ao narco-poder.

É hora de você se apresentar para o combate, se alistar nas fileiras dos verdadeiros brasileiros e, dentro de suas possibilidades, não deixar pedra sobre pedra.

Só uma convulsão social de protesto, promovida pelos brasileiros de bem, mobilizará atitudes mais drásticas e enérgicas da Presidência da República.
Se continuarmos omissos, a grande mídia permanecerá vendendo ao mundo que somos minoria de radicais governados por um psicótico.

E se você disser que tem coisa mais importante a fazer, só existem duas opções de interpretação: covardia ou burrice.

Escolha seu lado e apresente-se para o combate. Já.

Pois já passou da hora.

sexta-feira, 25 de março de 2022

DESLUMBRE TRANSCENDENTE -


Percebo verdadeira epidemia - até em analistas respeitados como Paulo Henrique, do PHVox, Ítalo Lorenzetti ou mesmo Bernardo Kuster - de maravilhamento quanto á consagração da Rússia ( e mais da Ucrânia, do mundo, da Mãe Terra, dos povos, etc.) feita hoje por Bergoglio, o Sede Vacante.

Fácil perceber que todos estão absolutamente embasbacados pelo visual da cerimônia, pela riqueza vaticana, pela arte transcendente que transborda das paredes sagradas e pelo peso mundial - embora ignorado pela grande mídia - do ato.

Tais como garotos ginasianos deslumbrados com a casa de seu novo amigo rico, deixaram que o fausto obscurecesse a fé e o entendimento de como cumprir ordens.

E a ordem, dada por Nossa senhora, foi absolutamente clara e literalmente repetida por mais de 100 anos: consagrar a Rússia, para que seus erros não se espalhem pelo mundo.

A Mãe de Deus mandou que se consagrasse A RÚSSIA, não a Ucrânia, a Mãe Terra (isso uma desaforada bergolhice) ou qualquer outro lugar ou coisa. Precisará Nossa Senhora voltar e desenhar o que disse, para que os estúpidos entendam? A RÚSSIA! Somente a RÚSSIA, e dita em voz alta, clara e com todas as dioceses, de todo o planeta, imitando o praticado pelo Vigário de Cristo!

É óbvio que os dias se seguirão. Também se torna cada vez mais óbvio que Vladmir Putin cometeu um erro crasso ao subestimar o amor dos ucranianos pela sua terra e suas famílias.

Infelizmente já noto que até mesmo a recente (de hoje) declaração do Chefe das Forças Armadas Russas, de que "concentrariam seus esforços em Donbass, para poupar os civis" - uma clara confissão de que não há mais como movimentar a máquina de guerra do Kremlin - já começa a ser atribuída á intercessão da Virgem Maria após o teatro litúrgico de hoje.

A humanidade reduziu seu alcance mental á um tweet, a um post no Instagram, e mesmo um antigo gibi do Pato Donald, hoje, seria um desafio intelectual para a média cerebral mundial.

Da busca da catarse pelo conhecimento total, descambamos para pequenos orgasmos múltiplos das emoções picotadas de fofoquinhas da internet.

O apocalipse já aconteceu, e o mundo hoje é um deserto de homens e ideias.

quinta-feira, 24 de março de 2022

A CONSAGRAÇÃO DE BERGOGLIO -


Amanhã ás 18:30 - em divergência ao fuso horário, que nos apontaria uma hora antes - será realizada aqui em Cabo Frio a Liturgia de acompanhamento á consagração Papal da Rússia á Nossa Senhora.

Esta consagração, em tese, já foi realizada três outras vezes embora em nenhuma delas o nome Rússia tenha sido citado explicitamente e, quando o foi, seguiu-lhe acompanhamentos como "e demais povos do mundo", etc., sendo logicamente inválido e contrário ao pedido pela mesma Nossa Senhora á Irmã Lúcia, em sua aparição.

Sua nulidade é óbvia, senão nenhuma necessidade de repeti-la três, quatro vezes haveria. E desta vez não será diferente: Bergoglio - que faz as vezes de Papa - já anunciou que "consagrará a Rússia e a Ucrânia" invalidando, portanto, o cumprimento do pedido da Mãe de Deus. (maiores informações acesse aqui - https://permanencia.org.br/drupal/node/5224 )

Tal ato, infelizmente, pode ser interpretado apenas como uma declaração política, de alinhamento do Vaticano - malgrado todos nós, fiéis - ao globalismo representado pelo atual presidente da Ucrânia, Zelenski, e todas as demais nações ocidentais cúmplices dessa tentativa de governança mundial.

Estamos, pois, diante do absurdo de ver alguém que se diz Vigário de Cristo na terra brincar com pedidos da Santa Mãe de Deus e debochar do Pai, em sua insolência mentirosa.

Saiba Bergoglio que ele pode enganar até mesmo todos os cristãos do mundo, mas jamais enganará a Deus - e as consequências virão.

Estarei na igreja, não como crente mas como jornalista, pois mesmo as abominações podem e devem ser noticiadas para que todos saibamos o que se passa quando a política se infiltra na Verdade Revelada.

quarta-feira, 23 de março de 2022

SOCIEDADE

A sociedade é uma criação do homem, fruto de seu instinto gregário e da necessidade de proteção.

Naturalmente, regras e padrões surgiram para balancear os individualismos, os abusos, omissões e frear aquilo que passou a ser considerado crime.

Assim sendo, é perfeitamente normal - uma obrigação moral, diria - que o indivíduo se ajuste a sociedade, jamais tendo a pretensão que a sociedade se ajuste a seus gostos, egoísmos, taras ou preferências.

Elementos que assim agem, impondo seus gostos aos demais e criminalizando a repulsa aos mesmos, são sociopatas egoístas, infelizmente elevados pela mídia ao posto de "inovadores, a frente de seu tempo".

Nós, que respeitamos hábitos e gostos frutos de um consenso de milênios, somos acusados de "preconceituosos, retrógrados", apenas por reprovamos absurdos de egocêntricos exibicionistas.

O homem deve se ajustar a sociedade, nunca a sociedade ao homem, pois isso é personalismo totalitário.

Quando em Roma, aja como romano...

domingo, 6 de março de 2022

Uma "preview" de meu livro "ELE TEM RAZÃO" - A introdução

 A LAJE PRÉ MOLDADA DO EGO - 

“O brasileiro é sueco com a mulher do próximo e mineiro com a própria” diz um antigo ditado, que hoje não é mais citado pelo temor que sejamos processados por xenofobia, mineirofobia ou até mesmo suecofobia.

Disparidades assim – perfeitamente normais em um percentual bastante grande da população de qualquer país do mundo – são muito bem conhecidas entre nós, nascidos e criados em território verde e amarelo. Entretanto, nem todos os patrícios se deram conta do agravamento, notório e limítrofe do padrão esquizofrênico desta conduta nos últimos 35 ou 40 anos.

Algo de profundo e forte se modificou na psique de brasileiros e mais alguns numerosos povos mas, espantosamente, não é objeto de análise ou estudo por parte de sociólogos, antropólogos ou mesmo cientistas políticos – honrosa exceção feita ao nosso filósofo e professor Olavo de Carvalho, que Deus o tenha, único a discorrer com regularidade sobre o problema e cuja atividade – ainda que focada quase unicamente em brasileiros – me conforta, por excluir de meu senso de ridículo a impressão de que somente eu estaria vendo coisas em um país imaginário.

Ora, todos temos amigos que batem no peito estufado dizendo-se “direitistas” mas, ao mesmo tempo e sem ver nisso nenhuma contradição, apoiam a vacinação obrigatória contra a COVID 19, resmungando que “deveria ter uma lei que obrigasse essa gente a se vacinar”.

Esse mesmo povo, que gasta suas noites e finais de semana assistindo canais conservadores no YouTube, sacode o derrière às primeiras batidas de um “pancadão” e se diverte com as letras obscenas da, digamos assim, canção. É natural, eles acham, votar em Jair Bolsonaro mas nada enxergar de errado na contradição entre esta auto definição e a existência, por exemplo, de Conselhos Tutelares ou a reivindicação de grupos gay pela legalização de seu casamento, se não no religioso, ao menos no civil. Alegam, tais direitistas, questões de divisão de bens, heranças e outras justificativas que promovam seu caráter bom e imparcial.

Pergunto se já ocorreu a essa gente ser o casamento uma instituição destinada a constituir famílias, oriundas da procriação entre homens e mulheres? Não conseguiriam jamais separar a discussão material de bens, heranças ou pensões, do propósito fundamental de um dos pilares de nossa sociedade judaico-cristã? Ou, para eles, isso é apenas um moralismo retrógrado?

E quanto ao outro exemplo citado, os Conselhos Tutelares? A osmose de conceitos esquerdizantes terá sido tão profunda que encaram como natural o Estado impor seu braço forte sobre o pátrio poder? Com que naturalidade enxergam um poder estatal arrogar saber mais que nós, pais e mães, o que é melhor para nossos filhos? Ou simplesmente afastam esses pensamentos, lembrando-se das monstruosidades ou crimes praticados por uma minoria contra seus próprios rebentos? Tomam as exceções como regra?

Um outro ponto digno de nota: a posse e uso de armas de fogo. Dentro desta mesma mentalidade – crítica feroz da violência nas cidades grandes e até mesmo arguta observadora do Estado paralelo do crime nas periferias – cabe a indignação contra a perda do direito ás ruas, sofrida pelo cidadão comum, e a aprovação do desarmamento total da população. Creem piamente que somos todos uns celerados, desprovidos de equilíbrio emocional, e que fuzilaremos o primeiro barbeiro que raspar o para-lamas de nosso carro. Alegam ainda que o revólver .38, que o tiozão tem guardado na gaveta da mesinha de cabeceira, será invariavelmente roubado e se transformará em acervo do arsenal bélico da bandidagem urbana, ao lado de fuzis de guerra AR-15.

Em suma, para tal mentalidade o casamento não é um sacramento com o propósito de perpetuação da espécie e da sociedade através do amor entre um casal mas, sim, um direito contratual oferecido pelo Estado, o mesmo Estado que sabe o que é melhor para nossos filhos e nos conhece tão bem a ponto de proibir a posse de armas de fogo – afinal somos todos uns imaturos mentais.

Em que momento os citados direitistas aceitaram calados a perda da condição de adultos e abraçaram, gostosamente, a eterna adolescência imposta pelas instituições? Que espécie de cegueira os impede de ver a evidente contradição entre seu alegado conservadorismo e o culto socialista do Estado grande, poderoso e forte?

Seria fácil apontar inúmeros aspectos desse nonsense ambulante que é o brasileiro do século XXI, não esquecendo que semelhantes idiossincrasias são visivelmente manifestadas por povos de diversos países, notadamente os que sofreram maior influência da cultura de massas norte-americana durante os últimos 80 ou 90 anos.

Para compreendermos este fenômeno – por que pensamos como esquerdistas se somos de direita – é preciso retroceder na linha do tempo e traçar um cronograma de acontecimentos capitais na moldagem deste tipo de personalidade, sempre levando em conta a conjuntura do momento social, econômico, político e cultural nas quais tais fatos se deram. Tal é o enredo desta obra e é sobre isso que trataremos a partir de agora.

MINHA CIDADE EM UMA ELEIÇÃO SEM ANÁLISE -

Andei revirando velharias da imprensa da cidade onde moro - Cabo Frio, RJ, e o resultado foi decepcionante.

De um militante que persegue diplomas e usa como exemplo de suprema humildade a maiêutica socrática para fazer uma análise pretensiosa, acadêmica e esquerdista das eleições - embora o texto seja antigo e o blog esteja desativado - até luminares do ridículo como os blogueiros e professores Chicão e Totonho - desavergonhadamente militantes - cujas páginas prudentemente sumiram, tudo o que resta para lermos sobre...vá lá, "análises políticas" da cidade são os comentários - alguns muito bons, por sinal - de Manoel Atanásio, personagem local.

Cabe aqui o destaque a esta exceção porque meu amigo Atanásio jamais teve a pretensão de ser quem não é, nunca teve aspirações filosóficas e sempre concentrou seu foco em um jornalismo feroz, tal como a velha escola ensinava.

Um furibundo blogueiro, Álex Garcia, em seus dias de bom - ou mau - humor também era assim mas o mesmo, creio, cansou desta labuta ingrata.

Temo em pensar que tudo o que o cabofriense contará para se informar nestas eleições seja o mercantilismo de Moacir Cabral, donoi do mais antigo jornal local, a ovariana militância de uma ex repórter policial Renata Cristiane, que se meteu a ser "analista política", a cegueira de um aposentado Álvaro Neves ou os velhos mercenários das rádios e TV's.

Não é justo nem prudente deixar tudo nas mãos do pobre Atanásio.

Onde estão os verdadeiros professores?

 Professores possuem um dom admirável, divino, que é a didática. Confundir o ato de ensinar com a baixeza de conscientizar é reduzir ao mais humano estelionato uma missão dada por Deus.


A didática da chinelada funcionava

 Penso que a didática exige amor e paciência infinitos com os que apresentam dificuldades. Já a conscientização doutrinária vale-se da discriminação pura e simples aos recalcitrantes. Expurgo, exclusão e zoação.

É o que vemos nas salas de aula hoje.


Professor, eu?

 Jamais, nem de longe imaginei-me um dia professor. Minha megalomania levou-me ao jornalismo, a catarse da didática ditatorial.

Quem nunca acreditou ser a voz da verdade jamais sentará numa redação.

Beleza

Não confunda estética com conjuntivite.

A beleza não está nos olhos de quem vê, está no que acolhe e inspira nossa alma.

Artis gratia artis é conversa de cego que se acha pintor. 

O TOVARISH VLADMIR VLADMIROVICH -

Putin não tem como não ser, intrinsecamente, comunista. 

Ele foi criado e formado pela KGB - e sabemos que não existe isso de "ex KGB" - todo o seu ser, seu pensamento, foi formado e moldado por ela. 

Por outro lado é hoje notoriamente sabido que o comunismo - na acepção básica do proposto por Karl Marx e levado a efeito por Lenin - há muito não existe: ele sobrevive, unicamente, como caminho para o poder graças a práxis dialética, ao pensamento dúbio, triplo, multiforme, que não cultiva dogmas e tudo se utiliza em seu benefício para chegar ao comando. 

Com este modo de agir, o eurasianismo de Alexandr Dugin (nada além de uma colcha de retalhos ideológica, encomendada pela KGB no pós muro de Berlim) caiu gostosamente no colo de Putin, que hoje ousa posar até de "conservador", como chamado por alguns direitosos míopes ou com disfunção cognitiva.

Apoiado nesse eurasianismo, Vladmir Vladmirovich finge ser defensor da Igreja Ortodoxa Russa (nada além de uma instituição estatal) ao mesmo tempo em que apoia grupos muçulmanos que matam católicos e destroem suas igrejas. 

Prega, para o povo russo, a moralidade - chegando até mesmo a perseguir gays - enquanto a influência gramsciana do veneno russo é sentida diariamente em nossa cultura de massas e em nossa atual vivência da total emasculação do homem ocidental - a frouxidão dos líderes diante da crise Rússia X Ucrânia é notória.

Nesta brevíssima pincelada mostro apenas alguns poucos dados e informações, públicas, pelas quais enxergamos facilmente que Putin nada mais é que comunista, seguindo a velha estratégia de camaleão das narrativas.

A diferença entre um burro e um gênio, hoje, é a data de nascimento

 Se eu, com todo o conhecimento que tenho agora, levantasse questões políticas, teológicas ou filosóficas em meus 20 anos de idade, certamente diriam: "Até que ele não é tão burro". 

Nos dias de hoje, este mesmo conhecimento me coloca no pretenso pedestal de "elite pensante". 

Não sei se agradeço ou amaldiçôo Paulo Freire.

Assassinato da gravidez

 Aprendi não só com minha vivência nas ruas mas, também, com o professor Olavo a chamar as coisas pelo nome.

Manuela Dávila e todos os políticos, magistrados, artistas, influenciadores ou mesmo pessoas comuns que defendem o aborto são - nada mais, nada menos - ASSASSINOS.

Travestem sua apologia ao crime de assassinato com pomposo disfarce de "defesa do direito da mulher", esquecendo-se que o que está na barriga de uma grávida não é um tumor: É UM SER HUMANO!

É impossível conviver com celerados amorais que ostentem tais tipos de ideias. A companhia destas pessoas é cancerígena para a alma, e seu lugar é na CADEIA!

Quem sois vós?

 Quem é você, na verdade?

O que você mostra aqui ou o que você jamais poderá esconder de Deus?

Não reclame da falsidade das relações humanas: a mentira começa quando você prefere apresentar seu personagem das redes sociais do que sua essência de alma.

Você tem livre arbítrio.

Você escolhe o que mostrar e envergonhar.

Diploma é papel pintado

 Exibindo total descompromisso com a verdade de suas premissas, a cavalgadura uspiana (*) Mário Sérgio Cortella revela sua submissão a grande mídia, enchendo o peito para arrotar delirantes acusações a Bolsonaro, em recente entrevista: "Quando nós temos pessoas que não declaram na sua trajetória simpatia pela democracia, o risco fica mais evidente", diz o "diplomado".

Seus temores mostram não só estreiteza de bitola filosófica como, ele próprio, exige de seus seguidores pagamento do dízimo ideológico requerido pela "inteligentzia" do DCE da faculdade.

Tal boçalidade óbvia exime este escriba de qualquer necessidade comprobatória das causas de seu ranço contra a atual divinização acadêmica. O eristico boy magia dos manuais de auto ajuda, com suas belas barbas brancas de teólogo, é fortemente recomendado por balzaquianas ociosas e universitários de cabelo roxo seguidores de Leonardo Boff.

(*) Cortella, na realidade, não é egresso da USP e sim da PUC.
O adjetivo "uspiano" apenas é mais reconhecível em seu significado pedante e sofista, gêmeo da PUC em falsidades filosóficas, ainda que sem a hipocrisia de ostentar "católica" no nome.

Olavo sempre professor, sempre Mestre

 Acabrunhado pela solidão intelectual sobre a qual tracei resmungos auto-piedosos ontem, resolvi buscar alento n'O Imbecil Coletivo, de O.C.

Qual chinelada paterna na bunda, esbofeteou minha miséria moral o escrito pelo mestre, na página 454: "A solidão, desde os antigos, é um requisito para a conquista da sabedoria. Hoje, entretanto, é tida como um obstáculo, uma doença, um vício redibitório".

Após chupar essa manga e recolher-me a devida ignorância, voltei aos estudos.
Inteligir ao menos 1/3 da Suma Teologica há de granjear-me algum perdão do Pai.

Redes sociais

 Alguns "influencers" da direita brasileira replicam, ipsis litteris, "la Espana miserable, envuelta en sus andrajos, desprecia todo lo cuanto ignora" (Antonio Machado).

É mais que urgente a necessidade de pararem de se comportar como uma torcida organizada de time de futebol.

A análise profunda da realidade sócio-politica brasileira desapareceu, com honrosas e solitárias exceções, do panorama das redes sociais de hoje.

Arrogância

 Se eu, em minha ignorância patética, sinto-me absolutamente sozinho - sem ter com quem debater, compreender ou mesmo estudar - fico imaginando o inferno solitário vivido por Olavo de Carvalho, do alto de seu Everest de sabedoria e cultura.

Não é arrogância: apenas pasmo e perplexidade.

EFEITOS COLATERAIS DO JORNALISMO -

 Minha capacidade de argumentar pró ou contra as mesmas circunstâncias transformou-me numa espécie de Protágoras: fez-me descrer da objetividade do intelecto e acabei por descambar em um vergonhoso ceticismo relativista - quem era leitor do Lagos Jornal, na primeira década deste século desvairado, acompanhou isso.

  Em boa hora meu professor, Olavo de Carvalho, entubou meus neurônios terminais em poderosos pulmões filosóficos, que trouxeram-me de volta ao conservadorismo.

  Salvo in extremis da apnéia cognitiva, devo a Olavo minha ressurreição.

  Olavo Roots.

  Olavo Semper Rectum.

Ex multis ad unum - pensamentos ao fazer barba

"Olavo tem razão", hoje, é pleonasmo.

A rotina é só uma ilusão de segurança, cujo efeito colateral é o tédio.

Que o legado de Olavo una todos os brasileiros de bem.

A verdade é que existem verdades.

Estou absolutamente certo que existem certezas e absolutos.

OLAVO RULES:

Não parar,

Não precipitar,

Não retroceder!

O livro de quem não valia nada, hoje vale muito.

 Carlos Andreazza - o pseudo intelectual que jamais acertou nenhuma de suas previsões - é um dos diretores executivos da Editora Record que, em um rompante pré menstrual, cancelou unilateralmente seu contrato com Olavo de Carvalho.

O último livro lá publicado pelo professor foi "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", que há muito não está mais disponível e, provavelmente, jamais será reimpresso.

Pois bem, tal livro de tal autor - amplamente esculhambado pela esquerda - atingiu, de ontem para hoje, a cifra de 900 reais nos sebos.

Mais que a ganância de uns, fica a lição de que quem lacra não lucra.

Pobres almas que pretendem deter a imortalidade...


Olavo de Carvalho

Olavo foi uma cruza perfeita entre Aristóteles e Dercy Gonçalves, não fossem seus palavrões, o povo jamais teria ouvido falar dele.

Pois eis que morreu meu professor: um dos maiores intelectuais e filósofos do planeta está, agora, sob a graça e proteção do Pai.

A dor da perda só é compensada por saber que a morte de um pensador é sua ascenção á perenidade humana.

Olavo sempre teve razão.

A palavra mais certa

 A dificuldade de entendermos Deus deve-se, basicamente, ao fato da Divina Essência transcender o conteúdo significativo de qualquer palavra existente.

Com isso, torna-se claro o valor que precisamos dar a preservação da língua portuguesa tal como ela é: não conseguimos racionalizar sobre aquilo que não dispomos de palavras para significar.

Novidades como "todes" ou desvios como o termo "inclusão" são propostos com dolo, restringindo sua capacidade de compreensão ao diminuir suas ferramentas gramaticais para tal.

Acorde, antes que seja tarde!

Nuremberg

 Diante de tantas mortes - adultos, atletas, jovens e crianças - em decorrência da vacinação, o mínimo que se espera dos líderes mundiais é um novo Tribunal de Nuremberg.

Agora o xingamento leviano "genocida" faz sentido.

Entendeu, esquerda?

Você é marxista?

Marxista é quem leu Karl Marx. 
Anti-marxista é quem o leu e entendeu.

Simples assim.

Conservadorismo é ideologia?

Sempre existiu a discussão se o bom senso, o senso comum, a sabedoria popular poderia ser considerada como uma das gêneses da filosofia.

Obviamente existem os que a defendem, bem como os que a repudiam, mas adivinhem quais tipos de filósofos defendem ou negam uma e outra?

Evidentemente filósofos conservadores aceitam e abraçam o bom senso enquanto os pensadores esquerdistas o repudiam - pois NAO É POSSÍVEL CRIAR IDEOLOGIAS quando temos a tradição como base!

Conservadorismo não é ideologia. É o resultado do aprendizado humano durante séculos.

Liberalismo não é ideologia. É, no máximo, um pensamento econômico.

Já o "progressismo", a esquerda, é o desejo individual de um grupo para que o mundo se curve às suas idiossincrasias!

Então não diga que "minha ideologia é de direita" se você é conservador e não sofre desta doença chamada "ideologia"! 

Apenas defendamos que a vida humana seja como sempre foi!


Fraqueza em Combate

O ponderável, o razoável, ambos só são cabíveis até a deflagração da guerra.Uma vez iniciados os conflitos o raciocínio torna-se binário: amigo ou inimigo, ponto final.

Pois que da dúvida nasce a fraqueza em combate.

sábado, 1 de setembro de 2012

Do jornal Opinião, "Coisas da vida" - João Sem-sonho



João Sem-sonho

João era um orgulhoso marinheiro, que servia na Base Aero-naval de São Pedro da Aldeia.
Militar entusiasmado, conseguira chegar rapidamente à posições de destaque junto aos seus pares e a gozar de certo prestígio naquele restrito círculo.
Mesmo pagando mal, com condições de trabalho por vezes quase torturantes, o Sargento João prosseguia em sua carreira – ainda mais depois de haver conhecido uma bela mocinha, pela qual se apaixonara e casara tão rapidamente que pegara de surpresa amigos chegados e até mesmo parentes.
Estela era o nome de sua amada que, além de uma fatal beleza física, trabalhava e sustentava-se – coisa rara naqueles idos de 1970, ainda mais em uma pequena cidade como Cabo Frio.
Sua dedicação à João era comparável somente ao amor que nutria pela pintura, que retribuía sua atenção em obras incontestavelmente belas. Um crítico exigente até poderia apontar aqui e alí alguns senões, mas o que importava? Ela amava aquele homem que conhecera e aprendera a admirar como um bravo e competente militar, e nada seria maior que isso.
A vida seguia bela e feliz, coisa que desde que o mundo é mundo sempre irritou as invejas alheias, e com o casal não foi diferente: um superior de João, intimamente irritado com tanta felicidade, enviou-o para um dos piores trabalhos daqueles tempos – ajudar no aparelho repressor do governo, contra os subversivos.
O sargento não tinha saída: ou cumpria as ordens ou seria transferido para Rio do Sumiço, sabe-se lá onde. Como bom militar que era, cumpriu suas ordens o melhor que pode no frágil equilibrio entre seu dever e o que não lhe repugnaria a consciência.
Um dia, em um confronto com os tais subversivos, o Sargento João levou um tiro na perna que o deixou imobilizado durante meses. Uma longa recuperação se seguiu, com sua mulher o ajudando e amparando em todas as situações, até que o Alto Comando deu baixa em sua carreira.
João agora não era mais militar, e dias difíceis começaram.
O ex-sargento era agora um homem frustrado, irritadiço, que capengava pela casa mantida pela mulher que – além de tudo – ainda ouvia seus queixumes. Apegara-se João à promessa de um Almirante que, dizia-se, admirara sua bravura em combate, e iria providenciar seu retorno à ativa.
E assim os anos passaram, pingando lentamente como gotas de fel em uma taça de cristal que – percebia-se agora – embaçara.

* * *
Verdade seja dita, João até tentara trabalhar em outros empregos mas já não era jovem e, além do mais, talvez a única coisa que soubesse fazer bem fosse ser militar.
Persistia aferrado à promessa do Almirante, cada vez mais estereotipado no papel de homem em casa, cada vez mais desestimando-se, descendo lentamente os degraus que levariam o comum dos mortais à depressão.
Sua mulher, por sua vez, era apenas um ser humano. Abrigava-se daquele homem que agora desconhecia em suas telas e pincéis, produzindo obras cada vez mais angustiadas, escuras e distantes da vida que um dia imaginara.
Tudo tornara-se um círculo vicioso: João sabia que sua mulher o conhecera soldado, admirara o soldado e somente o amor que ainda nutria pelo homem a fazia suportar a amputação da alma de seu marido, estrangeiro agora á ela e até á ele mesmo.
Um dia conversaram muito sério e Estela suplicou-lhe que esquecesse o sonho de voltar à ativa. Ela não aguentava mais aquele trapo assombrando sua vida e seu pedido era tão desesperado de amor que se esquecia do que significava. Se abandonasse seu sonho, quem seria João? Ela amaria aquele sujeito amorfo, sem profissão, sem história, quase um recém-nascido em vias de encanecer?
João sabia disso, mas mesmo assim arriscou, pelo igual amor que devotava à sua amada e bela mulher: foi ao Comando Naval e cancelou formalmente todos os inúmeros pedidos de reintegração que o Almirante fizera requerer.

* * *
Em 1970 Cabo Frio mal aparecia nos mapas do Rio de Janeiro. Quem vivesse na bela cidadezinha teria de se conformar em passar sua existência adulta como pescador, salineiro, empregado da Álcalis ou Prefeitura – as duas últimas opções apenas para um restrito número de privilegiados, seja por formação acadêmica, seja por apadrinhamento. João não tinha padrinhos nem formação, e vagou em vão pelas ainda salitradas ruas da cidade durante meses, errando de porta em porta, fazendo bicos insignificantes e vendo-se nitidamente diminuir cada vez mais diante de sua mulher.
Quem era João? Era apenas um homem sem sonhos, como a maioria dos mortais que amadurecem. Mas acostumara-se a viver com eles, acostumara-se com o brilho da farda – que, no íntimo, bulia com sua tôsca vaidade – e, sobretudo, acostumara-se a ser não só amado como admirado por Estela, cujos olhos enevoavam em mágoas e decepções por todo cada dia seus juntos. João amargava-se, Estela pintava e esperava dias melhores. A pobre mulher acreditava tanto em seu amor que confiava poder continuar amando aquele homem, ainda que ele fizesse a vida atrás de um balcão de açougue.
Mas, prudentemente, jamais cogitara se continuaria admirando.
Por alguma intuição misteriosa, João sabia que não haveria mais retorno em sua vida e resolveu ir embora. Ao menos sua mulher – ainda bela e jovem – teria a chance de refazer sua vida ao lado de gente normal, que jamais tivesse tido o desatino de afundar-se em um enlouquecido combate à comunistas, e que estivesse em condições de disputar seu lugar na vida como homem prestante e arrimo de família – coisa que, no fundo, envaidece uma mulher normal.

* * *
Estela não soube mais de João. Nem ela, nem seus amigos, ninguém.
Em uma cidade tão pequena como Cabo Frio, era um absurdo que ninguém houvesse ao menos avistado ele pelas ruas, mas era o que acontecia.
Suspeitara mesmo que houvesse ido embora tentar a sorte em outro lugar, até que um dia, tomando um suco no Café Society, os olhos treinados de pintora deram à Estela a visão de um homem que lia as manchetes dos jornais expostos na banca: era apenas um homem, mas não se podia dizer que roupas trajava, qual sua altura, que rosto tinha. Era uma figura difusa, sem contornos, sem alma.
Era um homem sem sonhos.
E Estela compreendeu que João se fora.

Walter Biancardine

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Sem script, sem bússola, sem prognósticos

Existem pessoas que possuem o dom de fazer com que nos sintamos crianças - pelo que elas tem de pior, ignorantes de tudo, até de si mesmos.
Observam-nos, analisam-nos, medem-nos.
E pior, concluem.
O espontâneo ou involuntário torna-se premeditado e mau.
Não sabem que voamos cegos, sem a menor idéia de onde ou como estamos.
E nem imaginam que, quanto mais nos sentimos vigiados e observados como num Big Brother, mais metemos os pés pelas mãos para escapar do paredão.
E pior: involuntariamente.
E se o silêncio for apenas sentir-se out?
E se a distância for apenas achar-se indigno?
E se? E se?
Mas quando a mágoa se instala, ela expulsa os bons olhos.
Poderia eu culpar alguem por isso?
As vezes, uma mão estendida é tudo o que o náufrago quer.
Ele, mais do que ninguém, sabe que vai morrer.